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Enviado: Dom Out 21, 2007 10:52 am
por LeandroGCard
Plinio Jr escreveu:
Gostei do seu comentário Leandro, mas realmente não pagaria para ver um conflito nuclear no Oriente Médio ou mesmo acreditar que não haveria consequencias mundo afora....preferiria que isto não acontecesse.


É Plínio, tenho que concordar inteiramente com você.

É verdade que um conflito nuclear de proporções pequenas ou médias (digamos até umas 200 ou 300 bombas na faixa de 100 ou 150 Ktons lançadas de cada lado) teria pouco efeito sobre países que não fossem atingidos diretamente, e praticamente nenhum em regiões distantes das zonas de conflito. Com um número significativamente maior de bombas já não se sabe, há controvérsias sobre o que isto causaria ao clima do planeta.

Mas eu também prefiro não ver nada disto acontecer, e nem mesmo um ataque terrorista com uma bombinha só que seja. A destruição causada por artefatos nucleares em cidades populosas (alvo prioritário destas bombas) é uma coisa horrível, comparável a pouquíssimos eventos na história registrada. E as vítmas seriam em sua maioria civis, que jamais poderiam ter feito nada tão grave a ponto de justificar sofrerem este castigo.

Mas enquanto um único governo no planeta insistir em manter um estoque deste tipo de armas, não importando quão "responsável" este país tenha se mostrado ao longo de sua história, será muito difícil evitar que outros governos também queiram possuir as suas por garantia, e aí como impedir a proliferação nuclear? A Coréia do Norte foi contida (pelo menos por enquanto), o Irã é a bola da vez, e quem será o próximo, a Venezuela?

A humanidade muitas vezes me parece uma coisa completamente louca!

Leandro G. Card

Enviado: Sex Out 26, 2007 12:42 pm
por joaozinho
quem começou a loucura foi tio sam

Enviado: Sex Out 26, 2007 12:44 pm
por P44
joaozinho escreveu:quem começou a loucura foi tio sam


OH SEU HEREGEEEEEEEEEEEEEEEEEEE :twisted:

Enviado: Sex Out 26, 2007 1:04 pm
por joaozinho
quem começou a corrida nuclear, quem detonou a primeira bomba? qual o único país a usar até hj uma arma nuclear sobre civis? Armas nucleares são perigosas nas mãos de quem?

Enviado: Sex Out 26, 2007 1:05 pm
por P44
joaozinho escreveu:quem começou a corrida nuclear, quem detonou a primeira bomba? qual o único país a usar até hj uma arma nuclear sobre civis? Armas nucleares são perigosas nas mãos de quem?


estava a ser Irónico :lol:

:wink:

Enviado: Sex Out 26, 2007 3:35 pm
por Kratos
joaozinho escreveu:quem começou a corrida nuclear?


Hitler, senão me engano os nazistas tinham objetivos de construir uma arma nuclear, mas parece que o prgrama deles esbarrou em algum osbtáculo técnico intransponível e depois disso o projeto foi devidamente engavetado pra não consumir recursos da guerra. Bom, foi o que eu ouvi falar.

Enviado: Sex Out 26, 2007 5:38 pm
por Bolovo
Kratos escreveu:
joaozinho escreveu:quem começou a corrida nuclear?


Hitler, senão me engano os nazistas tinham objetivos de construir uma arma nuclear, mas parece que o prgrama deles esbarrou em algum osbtáculo técnico intransponível e depois disso o projeto foi devidamente engavetado pra não consumir recursos da guerra. Bom, foi o que eu ouvi falar.

Na verdade, tanto EUA, URSS e Alemanha Nazista estavam desenvolvendo essas bombas.

Os EUA chegaram na frente e lançaram elas. Na verdade, se eu fosse o presidente Trumman, teria lançado umas 12 sobre o Japão. Eu sempre exagero, mas é o que faria. O que importava naquele momento era ganhar a guerra, levar o Japão a rendição total. Esticar a guerra até 1946 e 47 para invadir o Japão e matar mais um monte de gente eu diria que seria burrice.

Se a Alemanha tivesse a bomba no meio da guerra, teriam lançado umas 30 na URSS e umas 10 na Inglaterra, eu não teria dúvida. Se a URSS tivesse ela, Berlim e todas as outras cidades importantes sumiriam em poucos dias de guerra. Se os EUA chegassem um pouquinho antes a bomba, as teriam lançado em Berlim. Eu não dúvido de nenhum desses casos.

Eu considero como um tipo de hipocrisia julgar os EUA pelas bombas no Japão. Estavamos em plena Guerra Mundial, potências contra potências, naquela época estava valendo de tudo para vencer o inimigo. Quanto digo fazendo de TUDO, é de TUDO mesmo. Qualquer país no lugar dos EUA em 1945 teria feito o mesmo, não duvido MESMO!

MAS, essa é a minha opinião, se quiserem me crucificar, comecem...

Enviado: Sex Out 26, 2007 5:43 pm
por zela
Bolovo escreveu:Se a Alemanha tivesse a bomba no meio da guerra, teriam lançado umas 30 na URSS e umas 10 na Inglaterra, eu não teria dúvida. Se a URSS tivesse ela, Berlim e todas as outras cidades importantes sumiriam em poucos dias de guerra. Se os EUA chegassem um pouquinho antes a bomba, as teriam lançado em Berlim. Eu não dúvido de nenhum desses casos.


É por aí...
O pessoal pensa que todos possuíam as bombas, mas só os EUA (grande satã) foram sacanas e resolveram usá-las...

Enviado: Sex Out 26, 2007 7:46 pm
por Plinio Jr
Bolovo escreveu:
Kratos escreveu:
joaozinho escreveu:quem começou a corrida nuclear?


Hitler, senão me engano os nazistas tinham objetivos de construir uma arma nuclear, mas parece que o prgrama deles esbarrou em algum osbtáculo técnico intransponível e depois disso o projeto foi devidamente engavetado pra não consumir recursos da guerra. Bom, foi o que eu ouvi falar.

Na verdade, tanto EUA, URSS e Alemanha Nazista estavam desenvolvendo essas bombas.

Os EUA chegaram na frente e lançaram elas. Na verdade, se eu fosse o presidente Trumman, teria lançado umas 12 sobre o Japão. Eu sempre exagero, mas é o que faria. O que importava naquele momento era ganhar a guerra, levar o Japão a rendição total. Esticar a guerra até 1946 e 47 para invadir o Japão e matar mais um monte de gente eu diria que seria burrice.

Se a Alemanha tivesse a bomba no meio da guerra, teriam lançado umas 30 na URSS e umas 10 na Inglaterra, eu não teria dúvida. Se a URSS tivesse ela, Berlim e todas as outras cidades importantes sumiriam em poucos dias de guerra. Se os EUA chegassem um pouquinho antes a bomba, as teriam lançado em Berlim. Eu não dúvido de nenhum desses casos.

Eu considero como um tipo de hipocrisia julgar os EUA pelas bombas no Japão. Estavamos em plena Guerra Mundial, potências contra potências, naquela época estava valendo de tudo para vencer o inimigo. Quanto digo fazendo de TUDO, é de TUDO mesmo. Qualquer país no lugar dos EUA em 1945 teria feito o mesmo, não duvido MESMO!

MAS, essa é a minha opinião, se quiserem me crucificar, comecem...


Critiquei muito o uso das nukes sobre o Japão, mas depois de muito tempo, cheguei a conclusão de que quem as tivesse, faria uso delas, s/ o menor pudor, poderia ter sido os soviéticos, nazistas, ingleses, japoneses e aí vai....

Enviado: Dom Out 28, 2007 6:26 pm
por ademir
Irã adverte: petróleo vai a US$ 200 em caso de guerra


O governo do Irã advertiu nesta sexta-feira (26) que o preço do petróleo superaria os US$ 200 o barril em caso de um conflito bélico no Golfo Pérsico devido às atividades nucleares do país.


A advertência foi feita pelo general Yahya Safavi, assessor para Assuntos Militares do líder supremo iraniano, Ali Khamenei, que considerou que esta possível alta é uma das razões pelas quais "a América (Estados Unidos) não pode iniciar uma guerra" contra a República Islâmica.


Safavi, ex-comandante geral da Guarda Revolucionária, não se referiu às novas sanções econômicas americanas ao corpo militar, enquanto acusou os EUA de "tentarem controlar o petróleo da região e vender armas".


"Aqueles que defendem a guerra e apóiam a estratégia unilateral da América são os donos dos cartéis petrolíferos, incluindo o vice-presidente (americano) Dick Cheney", disse Safavi.


"Um dos principais objetivos das agressões dos americanos contra o Iraque e Afeganistão foi o controle do petróleo nesta região. (..) Outro objetivo americano é a venda de armas", ressaltou.


Três razões para não haver guerra

No entanto, o militar iraniano considerou que as atuais "circunstâncias políticas e econômicas da América não capacitam o país a abrir uma nova frente e lançar uma terceira guerra", após a invasão de Iraque e Afeganistão.


Segundo ele, "a América não pode atacar o Irã por três razões; a primeira é que não sabe como será a reação iraniana, e a segunda é o problema da energia, já que só a América consome quase 25% da energia do mundo, e, em caso de um conflito bélico no Golfo Pérsico, o preço de petróleo superará os US$ 200 o barril".


"A terceira razão é que a América está preocupada com a situação da entidade sionista (Israel)", acrescentou Safavi, enquanto acusou os EUA e Israel de ser "a fonte da tensão e o terrorismo de Estado no mundo todo".


Ele afirmou que "os europeus, incluindo Alemanha e França, assim como as fábricas e a tecnologia britânicas, foram os que colocaram as armas químicas mais complicadas à disposição do regime (do ex-presidente iraquiano) de Saddam Hussein".


O Irã acusa o regime de Saddam, derrubado em 2003 pela coalizão anglo-americana, de ter utilizado armas químicas em sua guerra contra a República Islâmica (1980-88) e assegura que há pelo menos 45 mil iranianos que ainda sofrem as conseqüências do uso dessas armas.


Fonte: Efe

Ex-embaixador americano critica política de Bush

Enviado: Sáb Nov 10, 2007 9:24 am
por mau_geografia
Ex-embaixador americano critica política de Bush no Paquistão e Irã
10/11 - 00:32 - EFE

Nações Unidas, 9 nov (EFE).- O ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU John Bolton criticou hoje a política adotada por seu antigo chefe, o presidente George W.

Bush, em resposta às crises do Paquistão e seus esforços para deter o programa nuclear iraniano.

Bolton considerou que a Casa Branca deveria apoiar sem reservas o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, para evitar que o arsenal nuclear desse país caia em mãos de radicais islâmicos.

"Ninguém deve gostar do que está acontecendo no Paquistão, mas é preciso levar em consideração os interesses estratégicos dos EUA, que são assegurar que as armas nucleares estejam sob controle", disse o ex-diplomata no lançamento de seu livro "Surrender is Not an Option" ("Render-se Não é Uma Opção", em tradução livre).

Bolton, que relata na obra sua experiência como embaixador na ONU entre agosto de 2005 e dezembro de 2006, considerou que Washington contribuiu para a atual instabilidade no Paquistão por não "apoiar suficientemente" o Governo de Islamabad.

"Não defendo Musharraf, nem o que fez com (a ex-primeira-ministra paquistanesa) Benazir Bhutto, mas a história do Paquistão demonstra que não é seguro que um Governo civil possa manter o controle das armas nucleares", acrescentou o ex-diplomata.

Bolton, que conta com influência na ala conservadora da política externa americana, ainda acusou o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, de fazer "apologia ao Irã" e ignorar as diretrizes do Conselho de Segurança.

Considerou que a decisão de Bush de aceitar a proposta de seus aliados europeus de buscar uma solução diplomática ao conflito com o Irã "foi um fracasso", que deu quatro anos a Teerã para aperfeiçoar seu programa nuclear.

Bolton reconheceu que a resposta iraniana a um ataque militar pode ser letal, mas afirmou que a perspectiva de o Irã possuir um arsenal atômico é ainda pior.

"Os Estados Unidos têm de atuar em defesa de seus interesses estratégicos, mesmo que o custo possa ser alto. Mas seria mais alto se não defendesse seus interesses", argumentou o ex-embaixador, que afirma que a derrocada de Saddam Hussein no Iraque foi "uma vitória". EFE jju mh

Enviado: Sáb Nov 10, 2007 9:25 am
por mau_geografia
Tudo em nome dos interesses americanos. Essa Bolton é um FACISTA!!

Enviado: Seg Nov 12, 2007 11:31 am
por Tigershark
Folha de São Paulo

Assunto: Mundo
Título: 1h Estudioso vê alto risco de guerra entre EUA e Irã
Data: 12/11/2007
Crédito: Sérgio Dávila de Washington

SÉRGIO DÁVILA DE WASHINGTON

Segundo Trita Parsi, os países "estão se encurralando", Bush está sob pressão e mesmo "acidente" pode detonar um confronto

A recente aliança do Exército norte-americano com os sunitas mirando os xiitas no Iraque e, em última análise, no Irã não é muito realista. Os EUA precisam de uma política externa de verdade em relação ao Irã e de menos xingamento de ambos os lados. É o que pensa Trita Parsi, presidente do Conselho Nacional Iraniano-Americano, de Washington.
O iraniano naturalizado americano acaba de lançar "Treacherous Alliance -The Secret Dealings of Iran, Israel and the United States (alianças traiçoeiras -os acordos secretos entre Irã, Israel e EUA, Yale University Press), no qual analisa as pouco transparentes relações entre os três países desde a criação de Israel, em 1948.
Sua opinião ganha relevância num momento em que aumenta o volume da retórica belicosa do governo Bush contra o Irã. Por conta do livro, Parsi, professor na universidade Johns Hopkins, foi chamado de traidor pelos neoconservadores americanos e de anti-semita por parte da comunidade judaica. Leia trechos da entrevista que ele deu à Folha.
FOLHA - No livro, o sr. defende que não é verdade que o Irã quer destruir Israel. Não?
TRITA PARSI - Não há nenhuma indicação de que o Irã teria alguma vantagem com a destruição de Israel. Quando os iranianos decidiram sabotar o processo de paz no Oriente Médio, fizeram-no porque imaginaram que ele faria o país ficar ainda mais isolado. Mas a destruição de Israel não faz parte da política externa iraniana, caso contrário eles já teriam feito muito mais do que fizeram. Não se esqueça de que, durante a Revolução Islâmica (1979) e mesmo antes, Irã e Israel já colaboraram um com o outro.
FOLHA - O sr. acha que os EUA vão à guerra contra o Irã?
PARSI - Acho que há um grande risco, provavelmente entre 60% e 70%.
FOLHA - Por quê?
PARSI - Porque os dois países estão se encurralando. O governo Bush vem freqüentemente acusando o Irã de matar soldados norte-americanos. Mais cedo ou mais tarde, os neoconservadores vão forçar o governo a tomar alguma atitude a respeito disso. Além do mais, há um grande risco de acontecer um acidente por causa da maneira como tanto os EUA quanto o Irã decidiram culpar um ao outro por tudo.

FOLHA - O que acha da estratégia do Exército americano de se aliar com os sunitas?
PARSI - Fazia sentido no começo da guerra [quando os sunitas foram exilados da vida pública pelos americanos, o que acabaria insuflando a insurgência]. Mas não tenho certeza de que essa idéia soe muito realista nos dias de hoje.
FOLHA - Analistas dizem que este governo não tem nem tempo nem gente para outra guerra...
PARSI - Este governo é especialista em tomar decisões irracionais. E é irracional pensar que sua política para o Oriente Médio vá mudar subitamente.
FOLHA - Um dos motivos pelos quais os EUA poderiam iniciar uma guerra contra o Irã é a idéia de que o país ajuda a insurgência a se armar. O sr. acha que isso acontece de fato?
PARSI - Não tenho nenhuma informação concreta. O governo Bush não apresentou nenhuma prova até agora. Eu certamente acredito que os iranianos ajudam os xiitas, mas a idéia de que eles poderiam ajudar também os sunitas me parece um pouco estranha.
FOLHA - A outra acusação, claro, é a de que o programa nuclear iraniano não é pacífico. O sr. concorda?
PARSI - Sim. Mas, mais uma vez, temos um problema aí. A AIEA [agência nuclear da ONU] diz que não tem nenhuma prova de que um programa militar se sustente, eles dizem que o Irã está blefando, e agora os EUA precisam mostrar um pouco mais de provas para mostrar se o Irã tem de fato um programa de armas nucleares. Uma coisa é dizer que o comportamento do Irã não inspira confiança, e outra é afirmar que eles têm um programa nuclear belicoso sem provas.
FOLHA - O sr. defende que o debate sobre a política americana em relação ao Irã carece de informações.
PARSI - Estados Unidos e Irã não se comunicam há 28 anos, não existe uma embaixada do Irã nos EUA nem vice-versa. Tem um bando de gente em Washington tentando adivinhar o que os iranianos estão fazendo e pensando, e não é nada surpreendente que adivinhem errado.
FOLHA - Um desses erros pode ser dar muita importância ao presidente Mahmoud Ahmadinejad?
PARSI - Esse é um dos aspectos. A mídia tem sido muito generosa com ele, dizendo que é uma figura muito importante no Irã. Claramente ele não é um ninguém, mas também não é o tomador de decisões do país.
FOLHA - Os dois lados podem usá-lo como escape, não?
PARSI - Sem dúvida, para os radicais de ambos os lados ele é uma figura muito útil. Aqueles que querem muito que essa guerra aconteça tendem a falar bastante do Ahmadinejad. E os iranianos que querem impedir os EUA de atacar também falam bastante do presidente.

Enviado: Qua Nov 21, 2007 9:42 am
por cabeça de martelo
O Triângulo EUA/ Rússia/Irão

O Triângulo EUA/ Rússia/Irão

Alexandre Reis Rodrigues



O Iraque, ao contrário do que acontecia há dois ou três meses atrás, quase que deixou de aparecer nas páginas dos jornais; quando é referido é mais a propósito da possibilidade de ser invadido no norte pelas Forças Armadas turcas, em perseguição dos guerrilheiros do PKK, do que pela continuação da guerra civil.


De facto, a segurança e estabilidade interna têm vindo a melhorar de dia para dia. Tudo se pode alterar a qualquer momento e voltar ao passado, mas para já o que há a registar é uma redução das confrontações e do número de baixas para quase metade (de 5300 baixas em Junho passou-se para 3000 em Setembro). Estes números respeitam tanto a baixas civis como a militares, o que significa que os progressos estão a verificar-se nas duas guerras principais em que o país tem estado mergulhado: a guerra contra a ocupação americana e a guerra civil, entre sunitas e xiitas, entre sunitas e jiadistas e entre facções rivais dos xiitas.


Parte dos progressos alcançados são certamente atribuíveis ao esforço militar, sob a liderança do general Patraeus mas a redução do nível de confrontação interna tem que ter a ver, sobretudo, com alterações no quadro político em que a guerra civil nasceu. É este último aspecto que importa salientar e tentar analisar; é nele que pode residir o ponto de viragem de que já se vêm alguns sinais, ainda que muito ténues. A situação continua frágil mas é mais promissora do que se devesse apenas à acção militar; neste último caso, provavelmente, estaríamos apenas perante um recuo táctico das forças de insurreição, numa espera de melhor oportunidade para retomar as hostilidades.


Não se julga que o novo quadro político se tenha gerado no Iraque, por vontade própria das facções em confronto, esgotadas por uma luta fratricida, sem desfecho à vista; a origem da mudança está no exterior, em alterações, talvez ainda pouco perceptíveis mas nem por isso menos reais, no relacionamento dos EUA com o Irão e na agenda política da Rússia com ambos.


É verdade que o tom extremamente belicoso, quer da parte da Bush (possibilidade de uma III Guerra Mundial se o Irão tiver armas nucleares), quer da parte de Ahmadinejad (irreversibilidade do programa nuclear) continua a ocupar os cabeçalhos da imprensa mas, não obstante isso, há também sinais de que uma complexa e subtil ofensiva diplomática, em curso há algum tempo, pode estar a dar os primeiros frutos. A recente visita de Putin a Teerão, no âmbito da Cimeira do Mar Cáspio, veio, acelerar esse processo. Vejamos como.


Para a Rússia, um Irão com armas nucleares, é tanto ou mais difícil de aceitar do que pelos EUA. Não é o receio de um ataque que preocupa os russos; é a ascensão do Irão como potência regional numa área de interesse directo para a Rússia, originando, provavelmente uma corrida aos armamentos por parte dos países do Golfo e uma maior interferência americana na zona para a protecção dos seus aliados tradicionais (Arábia Saudita, Kuwait, etc.). Calcula-se que Putin, nas conversações que manteve com Khamenei, pediu contenção nas questões nucleares, oferecendo em troca a solidariedade da Rússia e a oposição a um ataque americano.


Os detalhes desta proposta terão sido discutidos, duas semanas mais tarde, no final de Outubro, na visita que Lavrov fez a Teerão. Nada consta em termos oficiais sobre o que possa ter ficado acordado; no entanto, certamente ligado com este assunto, foi posteriormente anunciado que a Rússia estava a preparar, sob a supervisão da IAEA, o primeiro fornecimento de urânio para permitir a entrada em funcionamento da central nuclear de Bushehr. É um sinal de boa vontade da Rússia depois de ter suspendido a colaboração que estava a dar para conclusão da central, sob alegação de pagamentos em atraso. O sinal, em qualquer caso, é mais político do que prático: sabe-se que a central só entrará em funcionamento seis meses depois da recepção do urânio e ainda não foi anunciada qualquer data para a sua entrega. Por outras palavras, a Rússia continua a não querer largar de mão a chave para a entrada de funcionamento da central, presumivelmente à espera que o Irão confirme primeiro que abandona a pretensão de ter armas nucleares.


Teerão não poupou esforços a chamar a atenção de todo o mundo para as promessas de solidariedade russa mas a proposta de Putin, na prática, provocou uma intensificação do debate sobre o rumo a dar à política externa, pondo em dúvida a consistência do caminho que o Presidente Ahmadinejad protagoniza, em nome da ala radical: que é a altura de correr riscos, para aproveitar as circunstâncias especialmente favoráveis do momento (EUA enfraquecidos, Iraque com um governo amigo, inesperado maior rendimento do petróleo e gás, etc.).


O debate entre as elites iranianas vai continuar por mais algum tempo; a questão central é a de decidir o que é melhor para o Irão: se possuir armas nucleares em detrimento de uma parceria com a Rússia (a posição dos radicais) ou seguir um caminho com menos riscos - entendimento com a Rússia e postura mais racional em relação aos EUA - mas, eventualmente, menos conducente à obtenção do estatuto de potência regional (a posição de Rafsanjani, Al Larijani que se demitiu recentemente das elevadas funções que tinha na estrutura do Estado, etc.). Khamenei, que tomará a decisão final, ainda hesita; provavelmente, vai esperar pelas eleições presidenciais de Março, no próximo ano, e decidir depois, em função da correlação de forças entre radicais e reformadores que o acto eleitoral revelar.


O que ninguém tem dúvidas, em Teerão, é sobre a necessidade de «segurar» o Iraque, isto é, garantir que um governo sunita com exclusão de todos os xiitas, como o que governou o país durante o tempo de Saddam, é hipótese que não se repetirá. O risco, aos olhos do Irão, pode ter existido durante algum tempo, quando os EUA começaram a apoiar-se nos sunitas, inclusivamente armando as suas milícias, perante a incapacidade do governo xiita controlar minimamente a situação.


Perdida a expectativa de uma retirada próxima dos americanos, o Irão começou a ajustar a sua estratégia para dissipar esse perigo, ao mesmo tempo que concordava com conversações bilaterais com os EUA sobre a segurança no Iraque. Os resultados estão à vista: as hostilidades entre as duas principais facções xiitas (Supreme Iraqi Islamic Council e a de Muqtad al Sadr) parecem começar a ser coisa do passado, com o anúncio de que o Mahdi Army recebeu ordem para suspender todas as acções e iniciar o processo de transformação num movimento político legal. Os sunitas terão tido garantias de que não seriam marginalizados. Por isso é que a situação geral no país tem melhorado.


Onde não parece haver qualquer flexibilidade por parte do Irão é sobre as exigências do ONU para parar as actividades de enriquecimento de urânio. O relatório da IAEA, para apresentação ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e servir de base à possível aprovação de um novo pacote de sanções económicas, mostra que o Irão não fez qualquer esforço para levar a IAEA a suavizar os termos empregues quanto à falta de colaboração. Calcula-se, no entanto, que estando em curso um processo de negociações com os EUA, Teerão tenha preferido não mostrar-se flexível. Quando chegar essa altura será para receber algo de substantivo em troca, directamente dos EUA.


Estes acompanham estas evoluções, obviamente, com a maior atenção e interesse. Se a Rússia for bem sucedida nos seus actuais esforços de contenção do Irão, a solução do problema do Iraque terá boas hipóteses de continuar no bom sentido. Naturalmente, a Rússia vai ligar esta sua intervenção com as conversações em curso com os EUA, procurando contrapartidas; os primeiros contornos deste tema já estão à vista com a declaração do Secretário da Defesa americano, de que o elemento europeu do escudo de protecção antimíssil, na Polónia e na República Checa, só avançará se a ameaça iraniana se confirmar!


Note-se que até há pouco tempo esta hipótese não se punha; a instalação dos mísseis e dos radares era assunto inquestionável, para avançar como planeado, independentemente dos apoios que, em alternativa, a Rússia pudesse dar, nomeadamente através do radar de Gamala. A flexibilidade americana é, de facto, maior, quer em relação à Rússia, quer em relação ao Irão; muita coisa mudou desde o tempo, não muito distante, em que Rumsfeld costumava dizer que o «Irão precisava tanto de uma central nuclear como de areia do deserto». Presentemente, os EUA já não falam da central nuclear de Bushehr.


É possível, nestas novas circunstâncias, que a melhoria do relacionamento entre os três se vá consolidando. Porém, nada está assegurado. Há um perigo especialmente importante que continuará pendente: se o Irão se sentir marginalizado por qualquer entendimento bilateral dos EUA com a Rússia o mais provável é que tudo faça para o boicotar; obviamente, a Rússia fará o mesmo numa situação semelhante. Qualquer entendimento para ser consistente terá que ser sempre a três mas isso será muito difícil porque os interesses são muito diversos.


http://www.jornaldefesa.com.pt/noticias_v.asp?id=529

Enviado: Qua Nov 21, 2007 9:53 am
por P44
mau_geografia escreveu:Tudo em nome dos interesses americanos. Essa Bolton é um FACISTA!!


esse individuo asqueroso é mais um Criminoso de Guerra que devia ser julgado por Crimes contra a Humanidade (sonhar não custa...)!!!

Cada vez que leio ou oiço essa criatura a destilar o ódio, mete-me mm nojo!