Essa é uma das típicas coisas curiosas e interessantes que voce encontra sem querer na net,não sei se já foi postado,não sabia onde colocar,então vai aqui mesmo,tem a ver,o sitio parece estar morto desde 2001
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Aviação Naval da Marinha do Brasil
O início da história da aviação militar no Brasil e da história da aviação naval se confundem, essa história se iniciando em 14 de outubro de 1911, quando o oficial da Marinha Jorge Möller foi o primeiro militar do país a ter brevê de piloto. Pouco tempo depois, em 1914 foi criada a Escola Brasileira de Aviação e o Tenente Antônio Augusto Schorcht tornando-se o primeiro brasileiro instrutor militar de vôo. Em 23 de agosto de 1916 a Marinha fundava a Escola de Aviação da Marinha sediada na Ilha das Enxadas, na Baía de Guanabara, e no mesmo mês de agosto, faria o primeiro vôo de um avião militar brasileiro, um Hidroavião Curtiss F.
Durante o período entre-guerras, a Marinha procurou fortalecer sua aviação, contando inclusive com a fabricação sob licença de biplanos de treinamento Focke-Wulf Fw-44J Stieglitz e bombardeiros navais Focke-Wulf Fw-58 Weihe. Essas aeronaves foram produzidas na Fábrica do Galeão, em acordo com a Alemanha. Mas logo chegou a Segunda Grande Guerra, e todas as aeronaves e pessoal da Aviação do Exército e da Aviação Naval foram transferidos para a recém-criada Força Aérea Brasileira.
Após a guerra, ficou clara a necessidade de qualquer força naval dispor de seus próprios meios aéreos, tanto de defesa quanto de ataque, e logo a Marinha iniciava a reorganização de aviação. A partir de 1950, a Marinha fez intercâmbios com a US Navy (Marinha dos EUA) e treinamentos com a FAB, em missões com navios e submarinos. Em 1952 foi criada a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), e em 1956 o Centro de Instrução e Adestramento Aero-Naval (CIAAN) sediado na Avenida Brasil, Rio de Janeiro. No final de 1956, a Marinha comprou o porta-aviões britânico HMS Vengeance (lançado em 1945) e logo rebatizado de Navio-Aeródromo Ligeiro (NAel) Minas Gerais. O navio seguiu para o estaleiro holandês Verolme United Shipyards, onde foi completamente reformado. A Inglaterra também vendeu outros porta-aviões, o Arromanches para a França e o porta-aviões Virkant para a Índia. É importante ressaltar que os navios foram modernizados e aperfeiçoados, sendo o Minas Gerais o últimos deles, incorporando os melhores sistemas. O Minas Gerais, após a finalizaçõ da reforma, tinha a chegada prevista no Rio de Janeiro em 15 de janeiro de 1960, mas como o presidente recém-eleito Jânio Quadros não queria que o navio entrasse no Rio de Janeiro antes de sua posse em 31 de janeiro, o Minas Gerais teve que fazer várias escalas até chegar no Rio de Janeiro em 2 de fevereiro. Já a partir da aquisição do NAeL, iniciava-se uma disputa com a FAB, o que após a chegada do Minas Gerais fez com que iniciasse o rompimento da boa relação que existia entre a Marinha e a Força Aérea. Alguns fatos foram as principais causas desse início: a igual qualificação de militares das duas forças, capazes de ocupar os mesmos cargos e funções; e antes mesmo do término da reforma do Minas Gerais ficar concluída, a FAB criou o 1o Grupo de Aviação Embarcada - 1o GAE -, cuja missão era missões anti-submarino a partir do NAeL Minas Gerais, e recebendo aeronaves as para uso embarcado Grumman S-2A/E Tracker em 1961.
"Guerra" com a FAB
O já empossado presidente Jânio Quadros queira assistir a uma demonstração dos Tracker da FAB, realizando pousos no Minas Gerais, sem nunca a FAB ter pousado alguma de suas aeronaves no porta-aviões. Uma lancha levou na véspera da data marcada todo o pessoal da FAB para o navio, mas no dia seguinte, de surpresa, foi recebida a notícia da renúncia de Jânio Quadros, o que provocou o cancelamento da demonstração e a retirada de todo o pessoal da FAB no navio. Em 1966 foi transferido o Centro de Instrução e Adestramento Aero-Naval (CIAAN) da Avenida Brasil para a recém-criada Base Aero-Naval de São Pedro d'Aldeia (BAeNSPA), curiosamente o trabalho de transferência de material e de pessoal sendo realizado à noite, tudo para evitar o reconhecimento aéreo que vinha sendo feito diariamente pela FAB.
Na verdade a Marinha estava em processo de ampliação de instalações e de seus meios aéreos, à revelia da FAB. As primeiras aeronaves próprias da Aviação Naval desde sua desativação em 20 de janeiro de 1941 foram dois helicópteros de fabricação britânica Westland WS-51 Widgeon Mk.2 e em 1962 foi colocado em operação o primeiro esquadrão próprio, o 1o Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), composto de três helicópteros Westland WS-55 Whirlwind que vieram junto com o Minas Gerais. Também outras aeronaves vieram a fazer parte, nessa época, da Aviação Naval, entre eles três bombardeiros navais General Motors TBM-3 Avenger (também vieram junto com o Minas Gerais, mas apenas para
treinamento de tripulação e de manobra no convés, hangaragem e acomodação, foram colocados em condições de vôo por um grupo da US Navy e pessoal da Marinha durante a viagem de vinda para o Brasil, acabando por operar a partir do solo) e seis aviões de treinamento de fabricação suíça Pilatus PC-3-04, que vieram no início de 1963 desmontados em contâiners no navio-transporte G-16 Barroso Pereira. Aliás, os Pilatus foram protagonistas de vários episódios.
Os Pilatus foram levados até o CIAAN, na Avenida Brasil e lá montados em completo segredo, mas a lá não havia pista de decolagem, o que levou a Marinha a iniciar a construção de uma pista, mas disfarçando as taxiways como ruas e a pista como uma avenida, conseguindo com que a FAB não soubesse nem identificasse que lá havia uma pista! Após os aviões estarem montados e aptos para o vôo, foram transladados em vôo para a BAeNSPA antes do nascer do sol, conseguindo que o pessoal da aeronáutica também não tivesse conhecimento do translado. A FAB só conseguiu descobrir os Pilatus em meados de 1963, quando um T-6
Texan em missão de reconhecimento foi interceptado quando passava pela base por um Pilatus, que simulando um dogfight não teve dificuldade em se colocar nas "seis horas" do antigo T-6.
Logo após esse acontecimento, um piloto da FAB tirou fotografias da BAeNSPA que logo foram distribuídas ao público, a FAB afirmando que a Marinha estaria realizando "atividades clandestinas". O que se segui foi quase o início de um confronto geral armado, com aeronaves da FAB que sobrevoavam a BAeNSPA sendo recebidas à bala pela artilharia anti-aéreas, o que fez com que o presidente João Goulart paralisasse todas as atividades da Marinha e da FAB por 60 dias. Apesar dos problemas, a Marinha continuou seu processo de aumento de seu poderio aéreo, agora seria a escolha de qual aeronave iria operar a bordo do Minas Gerais, sendo o North American T-28 R1 Trojan o escolhido, em um lote de seis aeronaves. Apesar da pressão exercida pela FAB pela não-liberação, a Marinha conseguiu a liberação das aeronaves. Os Trojan foram montados dentro do Minas Gerais e a Marinha criou o 1o Esquadrão de Aviões Anti-Submarino (depois renomeado 1o Esquadrão Misto de Aviões Anti-Submarino e de Ataque) para operá-los, e foram os Trojans os primeiros aviões a pousarem no Minas Gerais.
O episódio que desencadeou a proibição da operação de aeronaves de asas fixas pela Marinha foi quando o Minas Gerais entrou na Baía de Guanabara com seu pessoal e aeronaves perfilados no convés de vôo, traduzindo o orgulho da Aviação Naval, o que foi recebido como provocação explícita pela Força Aérea. O que se seguiu foi a FAB impedindo qualquer aeronave da Marinha de utilizar pistas de pouso ou qualquer instalação aeroportuária controlada pela Aeronáutica, vetando até mesmo o reabastecimento. Isso fez com que a Marinha procurasse outros meios de apoio para suas aeronaves.
A situação era realmente tensa, atingindo seu limite quando um helicóptero da Marinha pousou numa estação de navegação ( que era controlado pela companhia aérea Cruzeiro do Sul, que era bastante ligada à Marinha, dando constante apoio as aeronaves da mesma) para reabastecimento e seus tripulantes foram surpreendidos por uma tropa da FAB que acabara de dar ordem de prisão. Os aviadores negaram-se a acatar a ordem de prisão e decolaram a aeronave, que recebeu uma rajada de metralhadora na cauda, obrigando o piloto a fazer um pouso de emergência. Com a gravidade do episódio e o movimento militar que há pouco tinha deposto o presidente João Goulart, o então presidente Castello Branco tomou uma decisão que acabasse com a disputa entre as duas corporações. Em 26 de janeiro de 1965, Castello Branco assinou o Decreto 55.627, que definia que a exclusivamente a FAB operaria com todas as aeronaves de asas fixas, dando liberdade à Marinha do Brasil de operar com aeronaves de asas rotativas. No mesmo ano, os Tracker finalmente iniciaram suas operações no Minas Gerais, só sendo retirado de serviço em 1996 - 31 anos -, assim como a unidade.
Apesar de impossibilitada de operar aeronaves de asas fixas, a Marinha sempre buscou operar aeronaves eficientes e modernas. Contando hoje com cerca de 103 aeronaves (incluindo os Skyhwaks), a Marinha do Brasil possui uma frota de helicópteros modernas, bem equipadas e armadas, sempre demonstrando suas qualidades em exercícios com outras marinhas. Um dos maiores exemplos é o Westland Super Lynx, um dos mais modernos e eficientes helicóptero para ataque anti-superfície do mundo.
A Marinha volta a operar asas fixas
Em 8 de abril de 1998, o Presidente Fernando Henrique Cardoso assinou o Decreto 2.538, que revoga o Decreto 55.627 e determinando que a Marinha do Brasil passaria a dispor de aviões e helicópteros destinados ao guarnecimento dos navios de superfície, além de aeronaves asas rotativas em geral. No mesmo ano, a Marinha fechava a compra dos McDonnell Douglas A-4KU Skyhawk, pertecentes ao Kuwait, aqui designados AF-1 na versão monoplace e AF-1A na versão biplace, a nomenclatura seguindo a já adotada pela marinha. A chegada dos Skyhawks abre novas possibilidades para a Aviação Naval, sendo que a principal é a de dispor de seus próprios meios de defesa da frota, notadamente nas interceptações à aeronaves inimigas e também ao retorno das operações com
aeronaves de asas fixas embarcadas. Já se comenta na Marinha a necessidade de aviões de alerta aéreo antecipado (AWACS) para o incrementar a capacidade de interceptação dos próprios Skyhawks na detecção de aeronaves inimigas. No início do próximo ano deverá entrar em operação o NAe São Paulo, ex-Foch comprado à Marinha francesa. De maiores dimensões quando comparado ao Minas, o São Paulo pode operar com aeronaves de até 20.000kg e com engate na bequilha, já que o navio serviu para os testes de pouso e de catapultagem do Rafale-M, possibilitando a Marinha do Brasil adquirir, no futuro, aeronaves mais modernas que os Skyhawk.
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