Não necessariamente, mas acaba se tornando uma consequência por conta dos requisitos. Um VCI, diferente da VBTP, entra diferentemente em combate, portanto necessitam de melhor proteção. O Túlio sabidamente falou do STANAG 4569, segundo essa norma, um VCI moderno tem nível 5 de proteção (necessita aguentar um disparo de 25mm APDS-T a 500 metros). Qual a consequência disso? Aumento de peso. Por exemplo, um Puma alemão com blindagem adicional pode chegar a 43t. E somada a proteção, um VCI precisa ter mobilidade, e as lagartas deixam o veículo com uma mobilidade muito maior do que qualquer veículo sobre rodas, além de exercer uma menor pressão no solo. A versão VCI do VBCI 8x8 francês tem 25t. Tente imaginar um blindado de 30~43t, como o Puma, sobre rodas. Não vai rolar, vai atolar na primeira lama que aparecer. É como dizem: aonde as rodas patinam, as lagartas passeiam. Isso explica, bem por cima, a predominância quase absoluta das lagartas sobre as rodas nos VCI do mundo todo.gabriel219 escreveu:Pra ser IFV precisa ser sobre lagartas?Túlio escreveu: Não conheço nenhum verdadeiro IFV sobre rodas, à exceção do Nexter, que pesa pronto para combate umas 28+ tons, e notar que os Franceses tiveram que se contentar com Pç 25 mm para que a VTR pudesse contemplar os requisitos necessários à aceitação para a função que, aliás, não foram criados no Brasil.
Abs
PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Apenas uma suposição:Túlio escreveu:De fato. O que não entendo é como uma VTR tão grande e pesada necessita de kit de reforço apenas para emular a proteção antiminas do bem mais leve Guarani (8 kg), já que sua original é projetada para deter apenas até 6 kg.
O objetivo da proteção anti-minas é garantir que a tripulação sobreviva, e a dificuldade disso é que a tripulação consiste de humanos e que, geralmente, ficam em uma posição desfavorável, com sua coluna vertebral alinhada com a direção do impacto das minas, uma proteção anti-minas não exige, necessariamente, blindagem expeça, mas algumas forma de absorver o impacto da explosão, coisas simples como assentos mais ergonômicos podem ajudar.
Ok, tudo isso é contra uma carga explosiva, mas e contra uma carga oca colocada no solo e detonada contra o assoalho, qual dos dois veículos tem mais chances de impedir que ela penetre o assoalho e mate os tripulantes?
São coisas diferentes, uma peça 40mm teria pouco efeito contra uma posição fortificada, um míssil até teria, mas a que custo? Um tiro 105mm é relativamente barato, você pode demolir um prédio com ele gastando menos do que o disparo de um míssil.Túlio escreveu:EDIT - Não sei VOSMEÇÊS mas o conceito do Jaguar me parece bem melhor do que o de um Guarani esticado e com Pç 105 ou mesmo 120, não? Afinal, nem precisaria Pç 40, um Rh 30 ABM e uns Msl AC poderiam dar bastante trabalho, mantendo o dispositivo In sob constante risco de flanqueamento, emboscadas, etc...
E no Brasil são jipes... É sério, tem dois para cada Cascavel nos regimentos de cavalaria mecanizada.Reginaldo Bacchi escreveu:Tulio, reconhecimento é uma das coisas mais variáveis nos exércitos.
Na Alemanha, hoje, por exemplo, o veiculo de reconhecimento é um carro com sensores, armado com metralhadora 7,62 mm - o Fennec.
No Reino Unido era o Scorpion com canhão de 30 mm; vai ser o Ajax com canhão de 40 mm.
Na França era o Panhard VBL com metralhadora 7,62 mm e misseis guiados anti carro; vai ser o Jaguar com canhão de 40 mm e misseis guiados anti carro, mais o Véhicule Blindé Multi Rôle Léger (a ser definido).
Na Itália é o Centauro.
Embora todos os veículos acima tenham a missão de "reconhecimento" o que eles realmente fazem muda muito de um país para outro.
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Um 90mm ou mesmo um 76mm teriam a mesma capacidade, não? Com menor peso, menor recuo e carregando mais munição. O 105mmm é usado basicamente como anti-tanque, para demolição não acredito que seja significativamente superior.Marechal-do-ar escreveu:São coisas diferentes, uma peça 40mm teria pouco efeito contra uma posição fortificada, um míssil até teria, mas a que custo? Um tiro 105mm é relativamente barato, você pode demolir um prédio com ele gastando menos do que o disparo de um míssil.
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Fiz uma pesquisa sobre quantidade de explosivo nos HE e HESH. Encontrei o seguinte:
75/76 mm - explosivo varia de 600 a 662 g, sendo o explosivo TNT, TNT/RDX e Composto B. O HESH tem 600 g e o explosivo é RDX/Cera.
90 mm - explosivo varia de 975 g a 1,45 kg (maioria oscila em torno de 1,0 kg), sendo o explosivo Composto B e TNT. Os HESH tem de 1,3 kg a 1,9 kg sendo o explosivo Composto A3
105 mm - explosivo varia de 1,9 kg a 2 kg, sendo os explosivos TNT/HNS e Hexolite. O HESH tem 2,9 kg.
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75/76 mm - explosivo varia de 600 a 662 g, sendo o explosivo TNT, TNT/RDX e Composto B. O HESH tem 600 g e o explosivo é RDX/Cera.
90 mm - explosivo varia de 975 g a 1,45 kg (maioria oscila em torno de 1,0 kg), sendo o explosivo Composto B e TNT. Os HESH tem de 1,3 kg a 1,9 kg sendo o explosivo Composto A3
105 mm - explosivo varia de 1,9 kg a 2 kg, sendo os explosivos TNT/HNS e Hexolite. O HESH tem 2,9 kg.
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Como disse alguns dias atrás, um 105mm faz tudo o que um 90mm, e funciona também quando o 90mm não, é a maior arma disponível na brigada, já tem um monte de armas pequenas e rápidas, mas se precisar algo maior, ferrou.LeandroGCard escreveu:Um 90mm ou mesmo um 76mm teriam a mesma capacidade, não? Com menor peso, menor recuo e carregando mais munição. O 105mmm é usado basicamente como anti-tanque, para demolição não acredito que seja significativamente superior.
Até pouco tempo os ingleses usavam um canhão de 165mm com munição HESH para demolição, quando o objetivo é destruir qualquer coisa que armas pequenas não consigam o tamanho da ogiva faz diferença.
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Obrigado Bacchi, informações interessantes.
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Além do mais, "demolir um prédio" não é, exatamente, o que se espera de uma viatura de apoio de fogo que vá substituir os "Cascavel". Até mesmo enfrentar "posições fortificadas" só deve ser tentado caso não exista outra forma de prosseguir com a missão de reconhecimento que é primordial para uma tropa de cavalaria mecanizada.LeandroGCard escreveu:Um 90mm ou mesmo um 76mm teriam a mesma capacidade, não? Com menor peso, menor recuo e carregando mais munição. O 105mmm é usado basicamente como anti-tanque, para demolição não acredito que seja significativamente superior.Marechal-do-ar escreveu:São coisas diferentes, uma peça 40mm teria pouco efeito contra uma posição fortificada, um míssil até teria, mas a que custo? Um tiro 105mm é relativamente barato, você pode demolir um prédio com ele gastando menos do que o disparo de um míssil.
Talvez seja para a eventualidade de lidar com essas missões mais "dramáticas" que as brigadas de cavalaria mecanizada sempre tenham contado com tanques de verdade (M-41, M-60 ou "Leopard").
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Após uma rápida consulta ao Google:Reginaldo Bacchi escreveu:Fiz uma pesquisa sobre quantidade de explosivo nos HE e HESH. Encontrei o seguinte:
75/76 mm - explosivo varia de 600 a 662 g, sendo o explosivo TNT, TNT/RDX e Composto B. O HESH tem 600 g e o explosivo é RDX/Cera.
90 mm - explosivo varia de 975 g a 1,45 kg (maioria oscila em torno de 1,0 kg), sendo o explosivo Composto B e TNT. Os HESH tem de 1,3 kg a 1,9 kg sendo o explosivo Composto A3
105 mm - explosivo varia de 1,9 kg a 2 kg, sendo os explosivos TNT/HNS e Hexolite. O HESH tem 2,9 kg.
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120mm - HE tem 3,2kg
155mm - entre 6,6kg e 7kg, TNT e Composto B
165mm - HESH tem 18kg de C4
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Clermont, pelos planos, as brigadas de infantaria mecanizada receberão Guaranis armados com torres de 105mm, e é essa missão de suporte que supostamente eles vão realizar, se vão chamar eles de VBR, VBCI, VBCC ou ketchup é o que menos importa.Clermont escreveu:Além do mais, "demolir um prédio" não é, exatamente, o que se espera de uma viatura de apoio de fogo que vá substituir os "Cascavel". Até mesmo enfrentar "posições fortificadas" só deve ser tentado caso não exista outra forma de prosseguir com a missão de reconhecimento que é primordial para uma tropa de cavalaria mecanizada.
Talvez seja para a eventualidade de lidar com essas missões mais "dramáticas" que as brigadas de cavalaria mecanizada sempre tenham contado com tanques de verdade (M-41, M-60 ou "Leopard").
E quanto as brigadas de cavalaria mecanizada, ao que parece muitos aqui tem dúvidas sobre elas, o plano original era a simples substituição dos Cascavel por VBR, mas, suspeito que já tenham alterado os planos.
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
É o caso do Guarani. Piso e assentos presos ao teto da VTR idem. A questão é que a carga (no caso, 8 kg) não pode ter efeitos no interior do habitáculo. Isso foi testado na Alemanha e o Guarani "passou".Marechal-do-ar escreveu:
Apenas uma suposição:
O objetivo da proteção anti-minas é garantir que a tripulação sobreviva, e a dificuldade disso é que a tripulação consiste de humanos e que, geralmente, ficam em uma posição desfavorável, com sua coluna vertebral alinhada com a direção do impacto das minas, uma proteção anti-minas não exige, necessariamente, blindagem expeça, mas algumas forma de absorver o impacto da explosão, coisas simples como assentos mais ergonômicos podem ajudar.
Sugiro uma leitura mais calma da Norma Stanag 4569. Ali fica claro que o que vale para o espaço sob as rodas vale igual para o resto da parte inferior da VTR. Eis a razão de se gastar mais para ter algo como o double V hull (novamente, o Guarani tem e foi igualmente testado na Alemanha)...Marechal-do-ar escreveu:Ok, tudo isso é contra uma carga explosiva, mas e contra uma carga oca colocada no solo e detonada contra o assoalho, qual dos dois veículos tem mais chances de impedir que ela penetre o assoalho e mate os tripulantes?
Aqui me vejo obrigado a comentar que vários colegas, ao postarem sobre uma VBR, na verdade imaginam uma VBC, uma espécie de CC sobre rodas ou caça-tanques. Na verdade uma VBR é o equivalente a um Sniper. Normalmente o associamos a um sujeito com um Fz potente e preciso, acompanhado por seu Spotter e cuja única ou principal missão é se infiltrar no dispositivo In e causar baixas. Não é.Marechal-do-ar escreveu:São coisas diferentes, uma peça 40mm teria pouco efeito contra uma posição fortificada, um míssil até teria, mas a que custo? Um tiro 105mm é relativamente barato, você pode demolir um prédio com ele gastando menos do que o disparo de um míssil.
A principal função do Sniper/Spotter e da VBR é produzir Intel em proveito de sua GU; secundariamente, montar emboscadas e, em terceiro lugar, ameaçar diretamente a integridade física da FA com possíveis ações ofensivas em maior escala, usando da discrição para um rápido e duro golpe e logo a seguir, retrair. Assim, nem Snipers precisam de capacetes e coletes balísticos nem VBRs precisam de vastas blindagens, pois sua maior defesa é a furtividade, não a capacidade de resistir ao fogo In nem de responder a ele. Resumindo, é assim:
1 - Manter o QG bem informado sobre o dispositivo e movimentos do In.
2 - Conforme ordens (derivadas da intel recebida pelo QG, e que é produzida por várias fontes além da VBR ou Sniper/Spotter), abrir mão de sua furtividade por algum tempo, o suficiente para colocar o In na defensiva, de preferência em pontos onde não se intenta realmente atacar. Isso se chama finta e é bem antigo, pode ser encontrado até em Sun Tzu ("parecer fraco onde se é forte, parecer forte onde se é fraco"). Um rápido porém violento ataque contra pontos em que a FA se acha segura poderá causar o deslocamento de parte importante de suas capacidades para longe de onde se pretende montar o ataque principal.
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Mas isso não sai de graça.Marechal-do-ar escreveu:Como disse alguns dias atrás, um 105mm faz tudo o que um 90mm, e funciona também quando o 90mm não, é a maior arma disponível na brigada, já tem um monte de armas pequenas e rápidas, mas se precisar algo maior, ferrou.
Até pouco tempo os ingleses usavam um canhão de 165mm com munição HESH para demolição, quando o objetivo é destruir qualquer coisa que armas pequenas não consigam o tamanho da ogiva faz diferença.
Uma torre de 105mm é maior, mais pesada, mais cara, tem maior recuo e o veículo pode transportar menor quantidade de munição. E se for para enfrentar realmente MBT´s modernos, 105mm também não vai ser o ideal.
É óbvio que canhões no calibre 105mm tendem a ser mais poderosos que os de 90mm (tendem a ser, porque depende também da pressão de trabalho, comprimento do cano, peso do projétil, tipo de munição e etc...), questionar isso seria bobagem. A questão é outra, até que ponto vale à pena colocar um canhão maior em um veículo como o Guarani? Para que missões?
Pensando agora pelo outro lado: Existe alguma torre moderna com canhão de 90 ou 76mm para blindados disponível no mercado?
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Preferia que fosse maior, fazer o que?LeandroGCard escreveu:105mm também não vai ser o ideal.
Canhões acredito que sim, a CMI oferece uma torre nesse calibre! Mas quanto a munição tenho quase certeza que não, ficaria a cargo do cliente.LeandroGCard escreveu:Pensando agora pelo outro lado: Existe alguma torre moderna com canhão de 90 ou 76mm para blindados disponível no mercado?
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Claro que existe. Por exemplo, a Cockerill LCTS 90MPLeandroGCard escreveu:Mas isso não sai de graça.Marechal-do-ar escreveu:Como disse alguns dias atrás, um 105mm faz tudo o que um 90mm, e funciona também quando o 90mm não, é a maior arma disponível na brigada, já tem um monte de armas pequenas e rápidas, mas se precisar algo maior, ferrou.
Até pouco tempo os ingleses usavam um canhão de 165mm com munição HESH para demolição, quando o objetivo é destruir qualquer coisa que armas pequenas não consigam o tamanho da ogiva faz diferença.
Uma torre de 105mm é maior, mais pesada, mais cara, tem maior recuo e o veículo pode transportar menor quantidade de munição. E se for para enfrentar realmente MBT´s modernos, 105mm também não vai ser o ideal.
É óbvio que canhões no calibre 105mm tendem a ser mais poderosos que os de 90mm (tendem a ser, porque depende também da pressão de trabalho, comprimento do cano, peso do projétil, tipo de munição e etc...), questionar isso seria bobagem. A questão é outra, até que ponto vale à pena colocar um canhão maior em um veículo como o Guarani? Para que missões?
Pensando agora pelo outro lado: Existe alguma torre moderna com canhão de 90 ou 76mm para blindados disponível no mercado?
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ou a CSE 90LP da mesma fabricante
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Sobre torres, artigo que escrevi há anos, ainda antes do da T&D:
OBS: as imgs não aparecem porque troquei de host quando o Imageshack passou a cobrar hospedagem. Aliás, nunca tinha visto de perto um Guarani, muito menos andado nele, isso só aconteceu mais de um ano depois...Túlio escreveu:[justificar]Outro projeto de artigo para o Site
TORRES PARA A VERSÃO DE RECONHECIMENTO DO BLINDADO GUARANI
Por Túlio Ricardo Moreira
Muito se tem falado sobre as possíveis torres e peças principais que seriam aplicadas a uma possível versão de reconhecimento do Guarani. As duas mais citadas têm sido a LCTS 90 e a CT-CV 105, ambas belgas, e parece interessante analisá-las, tendo em mente que o Exército Brasileiro parece estar mais interessado em uma torre com arma de 90 mm. Mas vamos a elas:
1 - TORRE CT-CV 105
A torre biplace em si é totalmente estabilizada, permitindo fogo preciso em movimento, sendo sua peça principal o CT Gun 105, arma de alma raiada e apta a disparar qualquer munição padrão OTAN no calibre, embora seu melhor desempenho seja com munição especificamente desenvolvida, como a APFSDS-T MECAR M1060CV, cujo desempenho com a arma é inegavelmente impressionante, atingindo o penetrador de 3,31 kg a velocidade inicial de 1620 m/s, ou seja, impacto inicial de 4,34 MJ, mais poderoso que o maior possível de ser produzido pelas peças L7/M68 dos nossos M-60A3TTS e Leopard 1A5. O interessante é que, dada a baixa taxa de desaceleração desse tipo de projétil, na prática um alvo a 2000 m (distância na qual se alega capacidade de penetração de aprox. 560 mm RHAs a 60°. Apenas para demonstração, citamos que o CC mais poderoso da América do Sul é o Leopard 2A4 do Exército do Chile, cuja blindagem frontal na torre é equivalente a 690 mm de RHAs mas cuja inclinação é bem menos aguda que 60º o que, em tese, o tornaria vulnerável a esse conjunto arma/munição e isso a 2 km) seria atingido pouco mais de um segundo após o disparo, ou seja, quase sem ou mesmo sem chance de reação.
A torre pesa, em condição leve (sem munição nem blindagens adicionais, as quais está apta a receber), principalmente para transporte aéreo na VTR na qual estiver instalada, cerca de 4 ton. A munição consiste em até 16 tiros prontos (a capacidade de munição adicional dependerá do espaço disponível na VTR onde será instalada), alimentados por carregador automático à peça principal, capaz de cadência de seis a oito RPM. Tanto o giro da torre quanto o rebaixamente e elevação da peça principal (impressionantes 42º, mais que o dobro da maioria das peças deste calibre, o que proporciona funcionalidades adicionais, como tiro indireto e muito melhores capacidades para combate em regiões montanhosas e ambientes urbanos). Outra característica é a possibilidade de emprego do míssil AC Falarick 105, desenvolvido em conjunto com a estatal Kyiv Design Bureau “Luch”, da Ucrânia. É um projétil guiado a laser e com duas ogivas em tandem, alegadamente capaz de penetrar aprox. 550 mm de RHAs (após ultrapassar a ERA ou blindagem equivalente) a até 5.000 m. Aliás, o uso deste míssil, transportado no depósito normal de tiros prontos e carregado normalmente pelo mesmo alimentador automático, quando associado à grande capacidade de elevação do tubo da peça principal permite mesmo atirar contra aeronaves (como helicópteros) com alta possibilidade de êxito.
Os sistemas de pontaria tanto do comandante quando do atirador são dois displays idênticos para cada um, sendo um para visão diurna e outro para visão noturna. Um visor panorâmico proporciona ao comandante uma grande capacidade de detectar-atirar primeiro. A mira do atirador também é totalmente estabilizada e dotada de computador balístico e telêmetro laser para permitir fogo em movimento tanto diurno quanto noturno e contra alvos também em movimento. Aliás, a eletrônica é toda digital de última geração. O equipamento ainda pode ser acrescido de alerta-laser (para quando o veículo for "iluminado" por algum atirador inimigo), além de metralhadora coaxial e superior.
Foi dada uma especial atenção à segurança e conforto dos tripulantes, que ficam sentados em uma posição bem baixa na torre, obtendo a vantagem da proteção extra oferecida pelo casco blindado do carro. Ademais, a tripulação é separada da munição por uma parede blindada, havendo ainda um dispositivo que ejeta por detonação a parte superior do depósito de munições, minimizando os riscos em caso de impacto por ação inimiga.
A peça principal de 105 mm conta com cano de 53 calibres de comprimento (5.586 mm) com uma distância máxima de recuo de 580 mm, sendo a força máxima do mesmo inferior a 15 ton, graças à ajuda do compensador/freio de boca. A pressão interna suportada pela arma excede em cerca de 20% a dos tradicionais L7/M68.
Sobre a torre CT-CV 105 é singelamente informado pelo fabricante que é "indicada para veículos blindados leves e médios sobre rodas ou lagartas" sem menção a peso. É sintomático, no entanto, que todos os veículos sobre rodas que a empregam são 8 x 8, como o Piranha III e IV e Pandur II.
2 - TORRE LCTS 90
Muitas das apresentações desta torre são similares ou mesmo iguais às da CT-CV, como ser biplace, estabilizada, modular, ter peça principal com carregamento automático, eletrônica digital com sensores de última geração, atuação eletromecânica tanto no giro quanto na elevação e rebaixamento do armamento, além da capacidade de proteção (integral contra munição perfurante calibre 7,62 mm; com blindagens modulares adicionais, ambas podem atingir o nível 5 das especificações da OTAN STANAG 4569 (como resistir a um impacto direto de munição 25mm APDS-T (M791) ou TLB 073 com velocidade de 1258 m/s a 500 metros ou a uma explosão de granada de artilharia de 155 mm a 25 m). Tendo sido desenvolvidas pela mesma empresa, sendo praticamente da mesma geração e para propósitos semelhantes, isso é bastante natural. Assim, nos concentremos nas diferenças, que residem principalmente na peça principal e munição disponível, além de a torre, principalmente por seu armamento, ser mais leve.
O comprimento da peça é de 4,365 mm, ou seja, 48,5 calibres. Atinge seu melhor desempenho AC com munição APFSDS M603 MECAR Kenerga 90/46, que dispara um penetrador de 1,73 kg com velocidade inicial de 1430 m/s, entregando assim uma energia cinética (KE) de aproximadamente 1,77 MJ sendo, de acordo com a empresa fabricante, capaz de penetrar cerca de 150 mm de RHAs a 2.000 m em ângulo de 60º. Os valores de elevação e rebaixamento da peça são outra grande diferença em relação à torre CT-CV, sendo de -9º a + 20º o que, mesmo assim, são muito bons para peças embarcadas em veículos blindados de combate.
Ainda segundo o fabricante, esta torre e sua arma são particularmente adequados ao emprego por VTRs com peso entre 10 e 20 toneladas, sendo vista tanto sobre VTRs 6 x 6 como o Pandur quanto 8 x 8 como o Piranha IIIC. Outra característica que a diferencia é que não há míssil AC disponível para emprego na peça principal. Por outro lado, a LCTS 90 conduz um total de 37 cartuchos em seu interior, sendo 20 no compartimento blindado para emprego imediato e outras 17 estocadas em um compartimento inferior, dentro da própria torre, com a finalidade de agilizar a recarga.
CONCLUSÃO
Ao nosso ver, a escolha da torre depende principalmente da decisão final do Exército Brasileiro em relação ao Programa Guarani: se for manter a configuração 6 x 6 mesmo em uma versão mais "brava", orientada ao reconhecimento e portanto mais exposta à possibilidade de engajar alvos "duros", é bastante provável que leve à adoção da LCST 90 ou alguma similar; se partir para uma versão 8 x 8, a CT-CV 105 seria uma escolha excelente (embora mesmo na 8 x 8 possa ser usada a LCST) pelo seu poderio, sofisticação e mais amplo leque de opções, em que se destacam a muito maior capacidade de elevação da peça principal e a capacidade adicional (flexibilidade) proporcionada pelo míssil Falarick 105.
Acrescentamos, não obstante, que ambas ao opções são moderníssimas e certamente cumprirão perfeitamente seu papel. A modularidade permite a escolha de outros sensores, comunicações e eletrônicos em geral, o que poderia aumentar a padronização da frota. Ainda sobre as torres, sua capacidade de giro fica em torno de 60º/s (para comparação, a do M-60A3TTS fica em cerca de 22,5ºs). Isso, combinado aos excelentes sistemas a bordo, proporciona uma rapidíssima capacidade de adquirir-priorizar-mirar-atirar-acertar, capacidade fundamental num TO moderno e atual.[/justificar]
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Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Salve Mestre Bacchi,Reginaldo Bacchi escreveu:eligioep, saudações.
É um prazer ler um comentário teu!
Tua opinião para mim é uma das mais importantes. Todavia chamo a atenção de que estou cansado de ver fotografias de VBTPs 8X8 carregando externamente verdadeiras mudanças!!!
Porque, se eles tem mais espaço interno?
Qual era o comentário a respeito sobre o Urutu EE-11?
Abraços
\bacchi
só coloquei o que a gente está vislumbrando, agora que o blindado está na tropa.
Sempre há a necessidade de transporte de material suplementar, mesmo que seja para o combate aproximado.
Munição obrigatoriamente, AT4 ou similar, mochila são o básico.
E não cabem lá dentro.....
Já no Urutu e no M113 eles tem a capacidade de transportar estes materiais. Logicamente não na quantia necessária, mas no Guarani, simplesmente os diversos sistemas ocupam todo os espaços atrás dos bancos e entre os bancos, à frente dos pés dos combatentes, não cabem....