orestespf escreveu:
Olá Albernaz,
classificar o que é "hi" e o que é "lo" me parece uma tarefa mais do que ingrata. Tipicamente o low é "classificado" como um caça muito capaz, mas com baixo custo de manutenção e também de preço; discordo desta análise, passa a ideia que é um produto feito para ser abatido a baixo custo, não gosto disso.
Não acho boa a comparação Rafale X M-2000 como exemplo de hi-lo, até porque o custo do M-2000, bem como sua manutenção é muito próximo daquela do Rafale, porém, sabidamente, o M-2000 tem menos "poder" do que o Rafale.
A pergunta que resta é: o que é "hi" e "lo"? Bem, o que é low para um dado país pode ser hi para outro. Por exemplo, analisando os F-5M e os M-2000C do Brasil, qual seria o low??? O F-5M é mais barato para se obter e para manter do que o M-2000C, porém o primeiro tem uma eletrônica bem mais atual.
Cada país tem o seu conceito (e jamais definição) do que seria hi ou lo, no caso do Brasil, hoje, um F-16 novo seria um hi, sem dúvida, mas não para os EUA. Digamos, em suma, que um "lo" seria um caça pau pra toda obra e jamais um Gripen (qualquer modelo, C ou NG) seria um deles. Hoje, talvez amanhã, o nosso único lo será o ST, sendo otimista.
Hoje o Brasil tem quatro vetores aptos ao combate: Super Tucano, A-1, F-5 e M-2000. Qual seria o hi e o lo? Pra mim, todos são lo. Se a FAB optar, unicamente, pelo Gripen NG, F-18 SH ou Rafale, só teremos hi, em comparação ao que temos hoje.
E se optarmos por F/A-18 SH e Gripen NG, por exemplo (pelo fato de ter o mesmo motor, exemplo novamente), pra mim teremos dois hi, jamais um hi e um lo, apenas o tempo poderá dizer quem é hi ou lo. Explico, se o F-18 ficar mais parado (muito) do que o NG, quem seria o hi de fato? O tal hi não deveria ser aquele que está mais apto ao combate? E se o NG ficar mais estocado (como o A-1) do que o ST, quem seria o lo nesta história?
Este papo é relativo, pra mim o hi e lo é consequência do que realmente acontece em uma dada Força e não o alcance, preço, custo de manutenção, e capacidade de carga de um caça, assim penso.
Pra encerrar, quem era o hi e o lo nos combates aéreos das Malvinas, os supersônicos M-III da Argentina ou os subsônicos Sea Harrier da Inglaterra? Aqui, por exemplo, seria o caso de classificar entre hi e lo aquele que venceu ou perdeu o combate?
Resumindo, não existe hi e lo, isso só existe na cabeça dos entusiastas, sob a ótica dos militares o que existe é um vetor apto (ou não) para cumprir uma dada missão.
Grande abraço,
Orestes
Minha visão é MUUUUUUUUUUUITO diferente e sou adepto visceral do HI-LO-MIX desde décadas, assim, se amarrem às cadeiras porque vai começar
A LUTA DO SÉCULO - PAI DINAH X CABÔCO!!!!!!!!!!!!!
1º round
Bueno, vou para uma Força Aérea grande e necessitada de muitos meios para cobrir o vasto leque de interesses da Nação a que serve: USAF!
Começou com o F-15 no início dos anos 70. Este caça foi desenvolvido para se contrapor ao até então considerado 'imbatível' MiG-25. Quando começavam a voar os F-15 um Piloto chamado Viktor Belenko fugiu da URSS para o Japão, possibilitando à tigrada dar uma bela olhada no temido supercaça: caíram duros! Não era nada daquilo que se pensava, era pouco mais que um 'pé-de-boi' de mach 3, apenas isso, sua sofisticação tecnológica não alcançava sequer a do Phantom. Então lá ficaram os ianques com um caça caríssimo e sem rivais no mundo. Muitas missões não precisariam de tanta sofisticação, alcance e poder de fogo. Bueno, e eles precisavam de muitos caças mas tinham restrições orçamentárias também. O que fazer diante deste quadro? Oras, vamos escolher um segundo caça, menor e mais barato, oras. Fizeram um concurso em que foram para a final o YF-16 da então General Dynamics e o YF-17 da Northrop. O pulo do gato do F-16: era LO até dizer chega, inferior em tudo ao F-15 (e ainda por cima usando uma versão da mesma turbina, baita economia e simplificação logística para gente que volta e meia arruma uma guerrinha para se divertir) exceto manobrabilidade e naquele tempo BVR não era a barbada de hoje, usava-se mísseis enormes e pesados, que não tinham radar ativo e sim semi-ativo (o que obrigava o caça lançador a manter o alvo 'travado' até a hora do 'deu pra ti'.), com a louvável exceção do imenso e caríssimo Phoenix da USN. Mas mesmo para esta o principal era mesmo o Sparrow SARH. WVR também era brabo, nada de mísseis High-Off-Boresight e IIR, era no braço que o Piloto ganhava ou caía! Bueno, tinha-se então um caça que era muito mais barato para comprar e manter do que o F-15, podendo-se distribuir este caça pelos TOs ianques mundo afora sem dificuldades orçamentárias maiores. Claro que era um caça diurno - hoje nem se sabe mais o que é isso - para bom tempo e capaz apenas de combate aproximado e ataque ao solo sem grande sofisticação mas, se a kôza engrossasse sempre haveria Eagles para resolver. O YF-17, bimotor, maior e muito mais caro, nunca teve realmente chance na USAF...
Bueno, o tempo passou, a miniaturização dos sistemas se acentuou e apareceram kôzaz como o radar APG-68, LANTIRN e o AMRAAM e PRESTO: se podia agora dotar o F-16 de capacidade BVR! POWS, dava para aumentar várias vezes o poder de fogo da USAF sem gastar tanto assim...
Só que o F-16 já não era tão LO em relação ao F-15, agora podia enfrentá-lo na arena BVR também. Apenas um pouco menos de carga, um pouco menor o alcance mas ainda assim um caça 'quase-HI', ao menos para as necessidades ianques e ainda bem mais barato de comprar e operar que o F-15.
O tempo passou mais ainda e eles começaram a ter de encarar - sob a ótica da guerra fria, claro - a substituição desse mix e acham tão ruim que fizeram o quê? EXATAMENTE A MESMA KÔZA! Começaram pelo bimotor - mais caro - para substituir os bimotores, que eram mesmo os mais antigos. Apareceram os F-22. Caros e complicados como o diabo e ainda por cima acabou-se de vez a idéia de guerra fria, a URSS desmoronara junto com a cambada do Pacto de Varsóvia. Pior, já se preparava - dizem que ainda se prepara - a substituição dos F-16 pelo monoturbina F-35, só que agora ainda menos LO para o F-22 do que o F-16 em relação ao F-15. E com custos igualmente estratosféricos...
O conceito HI-LO, pelo que se vê, não é absolutamente preso à RIQUEZA mas à NECESSIDADE de uma Nação em dispor de determinado número de meios para tales & quales missões. Nem os EUA em seu auge puderam ter uma USAF puramente HI com as quantidades que julgavam fundamentais de caças.
Eu pergunto: 36 caças resolvem para nós? 84? 120? Basta isso a quem tem trilhões em riquezas a proteger no solo e no mar e uma posição cada vez mais proeminente no mundo? E ainda por cima mais de oito milhões e meio de km2 só de terra, além de mais de metade dessa superfície em ZEE?
Eu também pergunto: quando se identificar claramente a ÓBVIA necessidade de muito mais aeronaves de combate do que os números acima expostos vamos ter $$$ para comprar e manter centenas de caças exclusivamente HI? Passamos os EUA em riqueza e ninguém me contou? Teremos como dotar a II FAe de muito mais cargueiros? Sim, porque turbinas têm o péssimo costume de dar pane ou ao menos se tornarem pouco confiáveis de vez em quando e um pior ainda de fazê-lo em locais em que não há outras disponíveis, daí terem de ser transportadas até onde são necessárias. Isso tudo se fará em uma única geração? Afinal, se for em mais de uma essa charla de FX-2 perde o sentido, já passa a FX-3, FX-4 e por aí vai...
Túlio, de novo às ordens para levar pedrada...
