Re: Noticias de Portugal
Enviado: Dom Jul 02, 2017 9:24 pm
Confesso que há aqui algo que me está a escapar... Vamos aos factos:
- O Ministro da Defesa Nacional anuncia finalmente em 01JUL2017 que assume responsabilidade politica pelo roubo de armamento de 28JUN2017, mas não só não se demite desse cargo como manipula a verdade sobre a sua real responsabilidade nos atrasos na disponibilização de meios materiais para a segurança dos paióis. Se como disse publicamente as verbas estão na LPM e esta lei tem anos, sabia necessariamente das limitações, caso contrário, se estava tudo bem para quê investir nisso? Pior, vem agora dizer afinal que só em 2018 é que haverá realmente dinheiro para isso!
- O Chefe do Estado-Maior do Exército foi este Sábado às televisões informar a opinião pública que exonerou 5 coronéis (*) comandantes das unidades que forneciam o pessoal para a segurança com a finalidade de não prejudicarem as investigações. Dando de barato que no caso dos Comandos tal não lhe pareceu necessário - e houve mortos - é de salientar que o próprio Exército, em comunicado público de 30JUN2017, assume as limitações dos meios físicos e tecnológicos que deviam proteger os paióis. Assim sendo, esta decisão só pode querer dizer que no seu entendimento a responsabilidade do sucedido não tem a ver com falta de condições materiais (apesar de reconhecer as suas limitações) mas com a acção dos militares subordinados a estes coronéis.
Assim, até este momento - 02H39 de 02JUL2017 - apesar de não haver as condições físicas e tecnológicas que quer o Ministro da Defesa Nacional quer o Chefe do Estado-Maior do Exército consideram necessárias à segurança dos paióis teve lugar uma "punição na praça pública" de 5 coronéis, e agora as averiguações irão decorrer para determinar o que se terá passado.
A não demissão quer do Ministro da Defesa Nacional que tutela politicamente o Exército - e nesse sentido é o responsável do governo por lhe fornecer meios materiais e humanos necessários ao cumprimento da missão - quer do Chefe do Estado-Maior do Exército, responsável máximo pelo ramo onde foi cometido o roubo sem paralelo na nossa história militar recente, só pode querer dizer - mesmo antes das averiguações realizadas - que ambos, ministro e chefe militar, acreditam que mesmo sem meios materiais e tecnológicos adequados os militares da guarda tinham obrigação de detectar e travar o assalto.
Assim pode ser, na realidade não sabemos o que se passou no terreno, quais as instruções fornecidas ao sargento e aos praças da guarda e como as cumpriram. CEME e Ministro podem de facto saber mais do que dizem nas televisões.
A objectiva culpabilização pública dos 5 coronéis pelo Comandante do Exército - certamente com a aprovação prévia do Ministro, homem da comunicação que conhece muito bem as dinâmicas mediáticas e as suas consequências - é um facto que certamente vai marcar as suas carreiras e vidas mas também a do próprio CEME, seja qual for o resultado dessas averiguações.
Como no "caso" do Colégio Militar em Abril de 2016 também aqui o CEMGFA, principal conselheiro militar do Ministro da Defesa Nacional, não tomou até ao momento posição pública sobre esta matéria.
Miguel Silva Machado, 02JUL2017
(*) Comandante do Regimento de Infantaria 15, coronel; comandante do Regimento de Paraquedistas, coronel; comandante do Regimento de Engenharia 1, coronel; comandante da Unidade de Apoio de Material do Exército, coronel; comandante da Unidade de Apoio da Brigada de Reação Rápida, tenente-coronel.
- O Ministro da Defesa Nacional anuncia finalmente em 01JUL2017 que assume responsabilidade politica pelo roubo de armamento de 28JUN2017, mas não só não se demite desse cargo como manipula a verdade sobre a sua real responsabilidade nos atrasos na disponibilização de meios materiais para a segurança dos paióis. Se como disse publicamente as verbas estão na LPM e esta lei tem anos, sabia necessariamente das limitações, caso contrário, se estava tudo bem para quê investir nisso? Pior, vem agora dizer afinal que só em 2018 é que haverá realmente dinheiro para isso!
- O Chefe do Estado-Maior do Exército foi este Sábado às televisões informar a opinião pública que exonerou 5 coronéis (*) comandantes das unidades que forneciam o pessoal para a segurança com a finalidade de não prejudicarem as investigações. Dando de barato que no caso dos Comandos tal não lhe pareceu necessário - e houve mortos - é de salientar que o próprio Exército, em comunicado público de 30JUN2017, assume as limitações dos meios físicos e tecnológicos que deviam proteger os paióis. Assim sendo, esta decisão só pode querer dizer que no seu entendimento a responsabilidade do sucedido não tem a ver com falta de condições materiais (apesar de reconhecer as suas limitações) mas com a acção dos militares subordinados a estes coronéis.
Assim, até este momento - 02H39 de 02JUL2017 - apesar de não haver as condições físicas e tecnológicas que quer o Ministro da Defesa Nacional quer o Chefe do Estado-Maior do Exército consideram necessárias à segurança dos paióis teve lugar uma "punição na praça pública" de 5 coronéis, e agora as averiguações irão decorrer para determinar o que se terá passado.
A não demissão quer do Ministro da Defesa Nacional que tutela politicamente o Exército - e nesse sentido é o responsável do governo por lhe fornecer meios materiais e humanos necessários ao cumprimento da missão - quer do Chefe do Estado-Maior do Exército, responsável máximo pelo ramo onde foi cometido o roubo sem paralelo na nossa história militar recente, só pode querer dizer - mesmo antes das averiguações realizadas - que ambos, ministro e chefe militar, acreditam que mesmo sem meios materiais e tecnológicos adequados os militares da guarda tinham obrigação de detectar e travar o assalto.
Assim pode ser, na realidade não sabemos o que se passou no terreno, quais as instruções fornecidas ao sargento e aos praças da guarda e como as cumpriram. CEME e Ministro podem de facto saber mais do que dizem nas televisões.
A objectiva culpabilização pública dos 5 coronéis pelo Comandante do Exército - certamente com a aprovação prévia do Ministro, homem da comunicação que conhece muito bem as dinâmicas mediáticas e as suas consequências - é um facto que certamente vai marcar as suas carreiras e vidas mas também a do próprio CEME, seja qual for o resultado dessas averiguações.
Como no "caso" do Colégio Militar em Abril de 2016 também aqui o CEMGFA, principal conselheiro militar do Ministro da Defesa Nacional, não tomou até ao momento posição pública sobre esta matéria.
Miguel Silva Machado, 02JUL2017
(*) Comandante do Regimento de Infantaria 15, coronel; comandante do Regimento de Paraquedistas, coronel; comandante do Regimento de Engenharia 1, coronel; comandante da Unidade de Apoio de Material do Exército, coronel; comandante da Unidade de Apoio da Brigada de Reação Rápida, tenente-coronel.