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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 12:34 am
por pafuncio
O argie foi defenestrado. Mas quem sao os outros integrantes dessa Comissao?

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 8:49 am
por Penguin
DELTA22 escreveu:""Embora ligada à OEA, é um órgão formalmente independente...""

Tem tantos órgãos "formalmente independentes" por ai... :roll:

Formalmente é uma coisa, já na prática sabe-se que não é assim que funciona.

[]'s.
Site do CIDH: http://www.cidh.org/Default.htm

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 10:29 am
por DELTA22
Santiago, faço votos que você tenha entendido o que eu quis dizer. :wink:

[]'s.

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 2:19 pm
por Hader
:roll:

Independência em órgãos diplomáticos não existe. Os homens e mulheres que atuam lá são indicados pelo máquina diplomática e trabalham alinhados a ela. Tem dó.
A atuação foi uma declaração de que a justiça brasileira (ou seja, o Estado Brasileiro) não cumpre seus presupostos deliberadamente, com objetivo de favorecer grupos. Isto é algo gravíssimo, que não se faz de modo "independente" e impensado. Só não vê quem não quer. Isto é tão óbvio que a reação brasileira foi a mais alta na escala diplomática.

[]'s

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 7:56 pm
por Pablo Maica
:roll: :roll: :roll: :roll: :roll: :roll: :roll:


Um abraço e t+ :D

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 8:36 pm
por Penguin
DELTA22 escreveu:Santiago, faço votos que você tenha entendido o que eu quis dizer. :wink:

[]'s.

Qual a conseqüência quando o CIDH notifica os EUA sobre Guantanamo ou sobre seu sistema judiciário ou a violência no México, Colômbia etc?

Me parece que estão dando muita importância por aqui ao CIDH. A imprensa o está confundindo com a OEA (embora seja um orgão ligado a ele).

[]s

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 8:56 pm
por romeo
Pablo Maica escreveu:Sinceramente eu acho que ha um tempo a OEA perdeu o seu foco e tem perdido os sentidos. O comportamento dela durante a crise em Honduras mostra bem isso.

Aliás a OEA sempre sofreu grande influência dos EUA inegavelmente, apesar disse ter se modificado um pouco atualmente ainda existe.



Um abraço e t+ :D
A mascara da hipocrisia por tras da OEA caiu à época da Guerra das Malvinas. Foi desmascarada aos olhos de todos e "acabou a ilusão".

Uma pena.

Romeo

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 8:59 pm
por Centurião
Penguin escreveu:
DELTA22 escreveu:Santiago, faço votos que você tenha entendido o que eu quis dizer. :wink:

[]'s.

Qual a conseqüência quando o CIDH notifica os EUA sobre Guantanamo ou sobre seu sistema judiciário ou a violência no México, Colômbia etc?

Me parece que estão dando muita importância por aqui ao CIDH. A imprensa o está confundindo com a OEA (embora seja um orgão ligado a ele).

[]s
Não há consequência nenhuma, simplesmente porque o órgão é consultativo e os EUA e o Canadá ignoram decisões que são contra seus respectivos países. O Brasil entrou nessa por uma decisão infeliz da época do FHC e deve sair dessa comissão se eles não recuarem.

Mas é claro que esse tipo de decisão visa colocar injustamente o Brasil como vilão na história da usina de Belo Monte. Já há pressão de outros setores, não é preciso jogar mais lenha.

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 9:38 pm
por Penguin
Centurião escreveu:
Penguin escreveu:
Qual a conseqüência quando o CIDH notifica os EUA sobre Guantanamo ou sobre seu sistema judiciário ou a violência no México, Colômbia etc?

Me parece que estão dando muita importância por aqui ao CIDH. A imprensa o está confundindo com a OEA (embora seja um orgão ligado a ele).

[]s
Não há consequência nenhuma, simplesmente porque o órgão é consultativo e os EUA e o Canadá ignoram decisões que são contra seus respectivos países. O Brasil entrou nessa por uma decisão infeliz da época do FHC e deve sair dessa comissão se eles não recuarem.

Mas é claro que esse tipo de decisão visa colocar injustamente o Brasil como vilão na história da usina de Belo Monte. Já há pressão de outros setores, não é preciso jogar mais lenha.
A repercussão internacional disso foi zero.

Internamente há muitos grupos que verdadeiramente atrapalham, inocentemente ou não, com razão ou não, obras de infraestrutura pelo Brasil afora. Muitas vezes tb esses projetos são inciados sem um bom planejamento e depois se complicam devido a ações na justiça.

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Enviado: Dom Mai 01, 2011 10:21 pm
por Centurião
Penguin escreveu: A repercussão internacional disso foi zero.
Isso foi usado para gerar mais ruído no "front" interno.
Penguin escreveu:
Muitas vezes tb esses projetos são inciados sem um bom planejamento e depois se complicam devido a ações na justiça.
Verdade. Mas não é o caso de Belo Monte.

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Bra

Enviado: Qui Mai 17, 2012 5:43 pm
por rodrigo
Assad tem armas de destruição em massa, diz Patriota

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, 58, disse nessa quinta-feira que Bashar al Assad possui armas de destruição em massa e defendeu o diálogo com o ditador sírio, além de afirmar que o Brasil monitora de perto a situação no país.

"Algum tipo de diálogo com o Assad é fundamental. Assad tem armas de destruição em massa na Síria. Então, como é que você faz (...)?", declarou o ministro durante sabatina patrocinada pela Folha em parceria com o UOL.

"(...) Você tem que ver com quem é que ficam essas armas, como é que isso aí evolui. Você imagina se uma evolução inteiramente caótica na Síria, o potencial desestabilizador que isso pode ter", afirmou ainda o ministro.

Durante o evento, Patriota defendeu ainda o diálogo com Assad, e disse que o Brasil acompanha a crise de perto.

"Em situações como essa, temos que analisar alternativas. Nos últimos meses, a posição da comunidade internacional evoluiu bastante", afirmou ele. "Há um enviado da Liga Árabe e o Conselho de Segurança da ONU aprovou o programa de seis pontos de Kofi Annan, que vem sendo implementado agora, e visa garantir acesso humanitário, libertação de presos, entre outros pontos. Trabalhamos em cima desse acordo", disse ainda o ministro.

No entanto, Patriota admitiu que a situação ainda não é satisfatória. "Há extremismo, violência, mas consideramos que o diálogo é fundamental. Muitos líderes que pediram a saída imediata de Assad, hoje, de maneira mais realista, acham que um governo democrático exigem uma transição", acrescentou.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1091 ... iota.shtml

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Bra

Enviado: Qui Mai 17, 2012 8:43 pm
por Sterrius
Armas biologicas e quimicas? Quais? Elas andam meio esquecidas mas é realmente verdade que muitos paises ainda tem estoque delas.

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Bra

Enviado: Dom Jul 01, 2012 2:52 pm
por Marino
O Globo:
A trajetória decadente do Itamaraty
Sede do Império português, reino independente, república, o Brasil se notabiliza por se assentar
há séculos num grande aparato estatal - até paga um preço por isso, na forma de uma burocracia
impenetrável, de uma tentação sempre presente de o poder público exercer uma tutela sobre a
sociedade. Construiu, porém, máquinas administrativas de grande tradição, donas de culturas próprias e
de razoável profissionalismo. Entre elas está o Itamaraty, um dos únicos segmentos civis da burocracia a
ter patrono, como as Forças Armadas, outro braço secular do Estado brasileiro.
José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco, se confunde com as bases da
moderna diplomacia brasileira, chefiada por ele entre 1902 e 1912, na República. Diplomata ainda no
Império, Rio Branco marcou de tal forma o estilo da política externa brasileira que ela se converteu em
marca do Itamaraty, independentemente do governo de turno.
Sem uso da força, Rio Branco - nome que manteve com o fim do Império - negociou e consolidou
as fronteiras brasileiras, ao exercitar ao extremo a diplomacia, no sentido mais técnico da palavra.
Moldou uma política externa serena e firme, sem interferir em assuntos internos de outros países, sem
arroubos e com um entendimento claro dos interesses nacionais.
Pois esta herança tem sido dilapidada nos últimos nove anos, sendo a crise com o Paraguai - em
que o governo Dilma foi conduzido a partir de interesses externos - um cristalino e preocupante exemplo.
Se o Itamaraty costumava trabalhar para afastar turbulências das fronteiras, deixou-se levar por
interesses do nacional-populismo chavista e turbinou uma crise com um aliado estratégico - responsável
por 15% do fornecimento da energia consumida no país, onde há uma comunidade de brasiguaios de
400 mil pessoas, parceiro comercial forte etc.
O Itamaraty perdeu a agenda própria. Infelizmente, a agenda da diplomacia brasileira passou a
ser a do projeto político do grupo no poder. O Itamaraty tende a ser um ministério qualquer, com rala
visão estratégica. Impensável repetir-se o reconhecimento do governo angolano da guerrilha do MPLA,
apoiada pelos russos e sustentada por tropas cubanas, num lance de grande profissionalismo do
Itamaraty, responsável, nesta decisão, por abrir as portas para grande influência brasileira na costa
ocidental africana. Não importou que naquele 1975 o Brasil estivesse sob ditadura militar, sem relações
diplomáticas com Havana e a uma fria distância de Moscou. O presidente-general Ernesto Geisel, radical
anticomunista, ouviu as ponderações do ministro Antônio Azeredo da Silveira, Silveirinha, do embaixador
Ítalo Zappa e ficou do lado certo, do ponto de vista do Estado brasileiro - não do governo.
No início dos anos 80, até por simpatias ideológicas, o governo, ainda militar, de João Baptista
Figueiredo tenderia a se alinhar à Casa Rosada, na aventura do general Leopoldo Galtieri na invasão
das Malvinas. Mas o Itamaraty de Saraiva Guerreiro manejou a situação com habilidade. O Brasil ficou
com a Argentina - como deveria ser, por motivos geopolíticos -, mas não rompeu com a Inglaterra, nem
deixou de alertar os americanos para a inviolabilidade do território sul-americano.
Nove anos de subordinação do Itamaraty a um projeto político-partidário já tornam visíveis
amplas fi

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Bra

Enviado: Dom Jul 01, 2012 2:54 pm
por Marino
Elio Gaspari
Dilma deveria pedir uma aula a FH
A doutora Dilma e o chanceler Antonio Patriota deveriam revisitar a estudantada em que se
meteram no Paraguai, comparando os próprios erros com outro episódio, ocorrido em 1996, quando as
coisas deram certo, sem espetáculo.
Durante as festividades da Rio+20, Dilma e Patriota souberam que a Câmara dos Deputados
aprovara a abertura do processo de impedimento do presidente Fernando Lugo por 76 votos a um. O
doutor foi mandado ao Paraguai numa comitiva da Unasul para recolocar a pasta de dentes no tubo. A
embaixada do Brasil em Assunção já advertira o governo, há semanas, a respeito da gravidade da
situação. Fizeram o quê? Nada.
Havia o que fazer? Em abril de 1996, o presidente Juan Carlos Wasmozy soube que o
comandante do Exército, Lino Oviedo, pretendia derrubá-lo. Pediu apoio ao Brasil, e o embaixador
Márcio Dias disse-lhe que Fernando Henrique Cardoso não concordaria com um golpe. Era pouco. Ele
queria ouvir isso pessoalmente. O diplomata combinou que Wasmozy iria a Brasília (pilotando seu avião),
seria recebido no aeroporto pelo chanceler Sebastião do Rego Barros (dirigindo seu próprio carro) e
seguiria para o Palácio da Alvorada. Conversou com FH e retornou durante a madrugada. O presidente
brasileiro entrou em contato com seu colega Bill Clinton, e ele telefonou para Wasmozy dizendo-lhe que,
em caso de ameaça, deveria ir para a embaixada americana.
Dias depois, Oviedo deu um ultimato a Wasmozy, anunciando que atacaria o palácio ao
amanhecer. O presidente paraguaio foi para a embaixada americana com o ato de renúncia redigido. Lá
estava o embaixador Márcio Dias, que o rasgou. (Wasmozy guardou o picadinho.) O dia amanheceu, e o
golpe evaporou-se.Tudo isso aconteceu sem holofotes ou estudantadas de um multilateralismo que no
caso da patrulha dos chanceleres da Unasul serviu apenas para colocar o Brasil a reboque de uma
política de ameaças inócuas.
Uma diplomacia profissional, a americana, falou o mínimo possível. Resultado: a doutora Dilma e
seus companheiros fizeram a empada, compraram a azeitona, deram o mimo aos americanos e ficaram
com o caroço. Como dizia o chanceler Azeredo da Silveira, atravessaram a rua para escorregar na casca
de banana que estava na outra calçada.
A diplomacia multilateral faz espetáculos, arma consensos e, geralmente, dá em nada. A
bilateral, como a do Brasil no Paraguai em 1996, dá trabalho.

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Bra

Enviado: Dom Jul 01, 2012 4:17 pm
por Marino
Isto É:

Barbeiragem diplomática
Atuação desencontrada do Itamaraty no Paraguai coloca a cúpula da diplomacia brasileira em xeque. O chanceler Antonio Patriota e o assessor internacional da Presi dência, Marco Aurélio Garcia, se desgastam no governo
Claudio Dantas Sequeira e Michel Alecrim


DESENCONTRO
Ação do chanceler Antonio Patriota durante a crise
paraguaia foi questionada por setores do governo

A crise deflagrada pela queda do presidente Fernando Lugo extrapolou as fronteiras do Paraguai, ganhou contornos de conflito regional e ameaça se transformar numa grande dor de cabeça para o governo Dilma Rousseff. Não bastassem todos os questionamentos sobre um impeach-ment com ares de golpe branco, a ação atrapalhada do Itamaraty pôs o Brasil numa situação delicada com um vizinho estratégico e desgastou a cúpula da diplomacia. Setores do governo pressionam a presidenta Dilma Rousseff pela demissão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Os grupos contrários à permanência de Patriota espalharam nos últimos dias que Dilma até já teria cogitado nomear uma mulher para o lugar do chanceler: a embaixadora Maria Luiza Viotti, chefe da missão do Brasil na ONU, em Nova York. O primeiro a ser atingido pela crise diplomática foi o embaixador aposentado Samuel Pinheiro Guimarães, obrigado a renunciar ao cargo de alto representante do Mercosul – uma espécie de chanceler do bloco regional. Foi ele um dos responsáveis por influenciar de forma equivocada o Palácio do Planalto a apoiar medidas drásticas de retaliação ao novo governo paraguaio, como a suspensão do País do Mercosul até as eleições de 2013. Embora a sanção política tenha sido respaldada por Dilma, a presidenta impediu que as punições se estendessem às relações econômicas e comerciais. A ideia de Samuel Guimarães era isolar totalmente o parceiro comercial. Esse radicalismo fragilizou ainda mais a situação de Guimarães e tornou inviável sua permanência no cargo. Oficialmente, o diplomata deu diferentes versões para a saída, falou primeiro em “falta de apoio” e depois em “motivos pessoais”.

Conhecido por suas posições favoráveis aos governos chamados de bolivarianos, Guimarães havia sido indicado para o posto por sugestão do ex-chanceler Celso Amorim, hoje ministro da Defesa, de quem é amigo e cossogro – a filha de um é casada com o filho do outro. Ele também teve o apoio do assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, com quem Dilma não andaria muito satisfeita, segundo assessores do Planalto. Garcia foi outro que propagou a tese de interdição do Paraguai tanto no Mercosul como na Unasul. Ele e Guimarães alimentaram também a ideia de aproveitar a suspensão do Paraguai para aprovar a entrada da Venezuela no Mercosul, uma tese controversa, sem base jurídica nos acordos regionais e desconsiderando o fato de que Assunção é depositária de todos os acordos do bloco.

As articulações atabalhoadas da cúpula da diplomacia irritaram a presidenta, que foi pega de surpresa com o anúncio do impeachment de Fernando Lugo durante a Rio+20. O embaixador brasileiro no Paraguai, Eduardo dos Santos, enviou, nos últimos seis meses, inúmeros informes alertando o Itamaraty do risco de deterioração da governabilidade no Paraguai, mas essas informações não sensibilizaram a cúpula. Nem Patriota nem Marco Aurélio Garcia acharam que o problema era sério. Pressionado por Dilma, o assessor internacional argumentou que já havia recebido 23 alertas de intenção de impeachment contra Lugo, desde sua posse em 2008. Em sua opinião, não havia razão para suspeitar que o último prosperaria. Garcia e Patriota sugeriram a Dilma atuar por meio da Unasul, para compartilhar a responsabilidade na crise. Até aí, tudo bem. O problema é que a missão de chanceleres sul-americanos que desembarcou em Assunção na sexta-feira 22, dia em que o Congresso iniciou o julgamento político, teve efeito inverso ao esperado.

Com medo de que a interferência de outros países acabasse por inviabilizar o impeachment, deputados e senadores paraguaios aceleraram o processo. Na quinta-feira 21, dia em que souberam da ida de representantes da Unasul para o País, os parlamentares paraguaios decidiram não acatar o pedido de Lugo de abrir um prazo de três dias para apresentar sua defesa. Ficou estipulado o prazo de 24 horas. Ou seja, a ação precipitou o julgamento de Lugo, que teve resultado acachapante: foram 39 votos a favor e apenas quatro contra sua saída. Entre a abertura do impeachment e a homologação da decisão do Congresso pela Suprema Corte decorreram 30 horas. O vice-presidente Federico Franco, do Partido Liberal, assumiu rapidamente com a justificativa de “evitar uma guerra civil”. Nas ruas, com exceção de pequenos grupos, não houve reação popular. Muito menos as Forças Armadas reagiram. Mesmo assim, Lugo se disse vítima de um “golpe de Estado parlamentar”.


EQUÍVOCO
Marco Aurélio Garcia (abaixo) argumentou que já havia recebido 23 alertas
de intenção de impeachment contra Fernando Lugo (acima), desde 2008.
E não haveria razão para suspeitar que o último prosperaria



 

Golpe, propriamente, não houve. Mas a forma como se deu o processo indica uma ruptura democrática no país vizinho. Embora o julgamento político tenha observado as normas constitucionais, não há lei paraguaia que regulamente o tempo que o presidente teria para sua defesa. A própria peça de acusação deixa evidente que Lugo estava condenado de antemão, ao dizer que “todas as causas para o impeachment são de notoriedade pública, motivo pelo qual não precisam ser provadas, conforme o ordenamento jurídico vigente”.

A maneira como se deu o impeach-ment revelou também que Lugo se tornou um presidente solitário, sem o mínimo de apoio político. Ex-bispo de esquerda, adepto da Teologia da Libertação, Lugo alcançou o poder com o apoio popular ante o desgaste do tradicional Partido Colorado, que governou o país por quase cinco décadas. Mas sempre foi considerado um “outsider”, sem experiência política e apoio dentro do Congresso. Para governar, precisou fazer concessões, aliar-se ao direitista Partido Liberal, e negociar com os colorados. Em pouco mais de três anos de mandato, o agora ex-presidente decepcionou. A reforma agrária, sua grande bandeira de campanha, avançou timidamente. Pouco foi feito também em relação ao crime organizado, ao tráfico de drogas e de pessoas – questões que afetam diretamente o Brasil.

De acordo com setores do governo que pressionam pela saída de Patriota do cargo, a impaciência de Dilma com o ministro das Relações Exteriores não é de agora. Segundo essas fontes, desde abril, quando esteve nos Estados Unidos, a presidenta fez duras críticas à atuação de Patriota no governo. A presidenta evitou despachar com Patriota até a lista de laureados da comenda do Rio Branco, e desprestigiou a cerimônia. Já o problema de Marco Aurélio Garcia, para Dilma, é que ele falaria demais. Em março, ela o desautorizou publicamente depois que o assessor vazou que o Banco Central reduziria a taxa de juros. Na crise paraguaia, a presidenta mandou Garcia consertar suas declarações à imprensa e deixar claro que o impeachment de Lugo era um problema interno do Paraguai. Mas o estrago, mais uma vez, já estava feito.

“O Patriota fez o que deveria ter feito antes, quando viajou para o Paraguai. Talvez tenha ido tarde demais”, avalia o embaixador aposentado José Botafogo Gonçalves, vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Além da reação lenta, Botafogo acha que a crise deveria ter sido discutida no âmbito do Mercosul, não da Unasul, organismo novo e ainda disperso. Essa ação permitiu a interferência dos bolivarianos Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia), fazendo coro com o discurso inflamado da presidenta argentina, Cristina Kirchner. Estrago feito, a estratégia de Dilma agora é tentar restringir a crise ao Mercosul. Ela também colocou em campo o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, que passou a falar com a imprensa e foi enviado como representante do governo à 13ª Cúpula Social do Mercosul, evento paralelo à cúpula presidencial do bloco, em Mendoza, na Argentina.



Foto: Eraldo Peres/AP Photo