Creio que exista uma combinação de fatores que culminam na determinação da orientação sexual no ser humano. Fatores biológicos (genéticos, hormonais...) e psicossociais, cada um com um peso, que não necessariamente é igual na formação de cada um.
Passa também uma questão bastante importante: Pode-se dizer que o ser humano possui
instinto?
Da definição da Wikipedia (com fonte citada), instintos são
predisposições inatas para a realização de determinadas sequências de ações (comportamentos) caracterizadas sobretudo por uma realização estereotipada, padronizada, predefinida.
Acredito que ninguém aqui, homem ou mulher, tenha nascido ou chegado até a puberdade já sabendo praticar o coito, assim, de forma inata. O ser humano depende do conhecimento acumulado por outros para desenvolver suas habilidades (até mesmo andar em pé) e, na ausência do comportamento instintivo, direcionar suas pulsões.
Ocorre que até a puberdade, que é onde a sexualidade toma formas mais definidas, a pessoa já atravessou toda uma vida, com todos os estímulos possíveis, vindos dos pais, irmãos, amigos, sociedade, meninos e meninas. Até este ponto, tudo o que possamos chamar de
inato já foi completamente transfigurado pela socialização, restando apenas pulsões básicas, manejadas por comportamento aprendido.
E faço questão ainda de deixar claro neste ponto, que não estou chamando
comportamento aprendido de
comportamento ensinado, por pais ou quem quer que seja. Não acredito ser possível de se prever, de maneira determinística, a resultante, lá pelos 11 ou 12 anos, dos inputs recebidos pelo indivíduo desde o nascimento, intermediados pela sua estrutura psíquica inata e orgânica/hormonal. Claro, na maioria das vezes, a somatória dos vetores genéticos e psicossociais aponta para uma orientação heterossexual, já que tanto a genética (ditando as pulsões reprodutivas mais básicas) quanto o meio social convergem para este resultado. Não de forma inexorável, mas sujeita a fatores individuais e muitas vezes subjetivos, inerentes ao desenvolvimento individual.
Por fim, com relação às imagens cerebrais, temos de saber também se estas diferenças são "o ovo ou a galinha", já que os cérebros são "treinados" desde a mais tenra idade a se comportarem de uma ou outra forma, a resolverem tipos de problemas ou lidarem com tipos de situações específicos a cada gênero que lhes são atribuídos, e assim se especializam e maturam segundo tais padrões. E não nego aqui também que hajam diferenças anatômicas importantes entre os cérebros femininos e masculinos, mas questiono se boa parte dessa diferenciação (se se tratam de cérebros adultos) também não tem origem no processo de socialização. Até mesmo há pesquisas que realmente negam a existência de diferenças tão grandes:
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11 ... 09014.html
Recomendo fortemente a seguinte leitura, As origens da moral sexual, de Wilhelm Reich. Link disponível:
E quanto ao Exército, francamente, não sei qual seria o problema. Homossexualidade diz respeito a um tipo de atração sexual, e morre aí. As durezas típicas do serviço militar que podem ser suportadas por um corpo masculino não podem ser afetadas pela orientação sexual do militar, que é algo a ser vivenciado no ambiente privado. Sobre tomar banho junto, ou fazer primeiros socorros, é muito mais uma questão individual de se ter ou não respeito pelo próximo, do que outra coisa, até porque homens héteros também podem abusar sexualmente de outros homens héteros, quando o respeito já foi para o espaço, basta ver o tipo de humilhações a que prisioneiros iraquianos eram vítimas, em boa parte das vezes nus, obrigados a se tocarem e em situação de flagrante abuso sexual.