FLOTILHA DO AMAZONAS RECEBE LANCHAS COLOMBIANAS
Enviado: Sex Abr 11, 2014 4:52 pm
por jambockrs
Meus prezados:
FLOTILHA DO AMAZONAS RECEBE LANCHAS COLOMBIANAS
![Imagem](http://www.defesanet.com.br/site/upload/news_image/2014/03/19083.jpg)
Foto - 9 DN
A Marinha do Brasil (MB), por intermédio do Comando do 9º Distrito Naval, em 11 de março, a Cerimônia de Entrega de duas Lanchas-Patrulha de Rio (LPR) ao Comando da Flotilha do Amazonas (ComFlotAM), no Cais da Estação Naval do Rio Negro (ENRN), localizado na BR 319, Km 4,5, Distrito Industrial em Manaus, no Amazonas
As LPR foram adquiridas na Colômbia e pertencem a uma série de quatro unidades adquiridas pelo Brasil, em decorrência do contrato firmado, em 26 de dezembro de 2012, entre a empresa"Corporación de Ciencia y Tecnologia para El Desarrollo de La Industria Naval Marítima e Fluvial" (COTECMAR) – Colômbia, e a Marinha do Brasil, pelo qual foram projetadas e construídas em Cartagena/Colômbia, com base em embarcações semelhantes empregadas naquele país, em situações de conflito real.
A este projeto foram agregados conceitos de emprego doutrinário particulares das Forças Armadas Brasileiras, provenientes de experiências no teatro de operações da região e de tecnologias utilizadas no Brasil. Coube à Diretoria de Engenharia Naval (DEN) a responsabilidade técnica por estabelecer os requisitos de aquisição desejados, a fiscalização da construção e a avaliação técnica das embarcações e à Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM) o recebimento e transferência das lanchas.
A obtenção foi possível com um esforço conjunto e integrado da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro, à luz de diretrizes emanadas pelo Ministério da Defesa, evidenciando a intenção de consolidar uma parceria Brasil/Colômbia, fortalecendo a base industrial de defesa sul-americana, em consonância com o acordo sobre cooperação em matéria de Defesa firmado pelos Ministérios de Defesa dos dois países.
A Cerimônia foi presidida pelo Diretor-Geral do Material da Marinha, Almirante-de-Esquadra Luiz Guilherme Sá de Gusmão, e contou com as presenças:
- Comandante Militar da Amazônia (CMA), General-de-Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas;
- Comandante do 9º Distrito Naval, Vice-Almirante Domingos Savio Almeida Nogueira;
- Diretor de Engenharia Naval, Vice-Almirante Francisco Roberto Portella Deiana;
- Chefe do Estado-Maior do CMA, General-de-Brigada Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira;
- Presidente da COTECMAR, Contralmirante Jorge Enrique Carreño Moreno;
do Assessor Parlamentar do CMA, General-de-Brigada (R1) Thaumaturgo Sotero Vaz; e,
-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, Desembargador David Alves de Mello Júnior;
Participaram também outras Autoridades Militares e Civis, Soamarinos e do Grupo de Escoteiro do Mar “Almirante Barroso”
As LPR apresentam as seguintes características:
- Material – composto laminado e reforçado de fibra de vidro, com blindagem.
- Deslocamento máximo – 11.000 Kg;
- Comprimento – 12,70 m;
- Boca – 2,90 m;
- Calado máximo – 0,90 m;
- Velocidade máxima (carregado) – 32 nós;
- Autonomia – 200 MN (370 Km);
- Tripulação – 6 militares;
- Tropa máxima – 10 militares;
- Propulsão – 2 unidades de hidrojatos;
- Armamento – 4 estações de metralhadoras 0.50 situadas na proa (dupla), pelos bordos e na popa. Uma unidade lança-granadas MK-19 na popa;
- Sistemas embarcados – radar de navegação, navegador satelital (GPS), sistema de vigilância por imagens térmicas e sistemas de comunicação rádio e visual.
Fonte: Nomar 17 de Março, 2014 - 23:12 ( Brasília )
LANCHA PATRULHA DE RIO COMEÇA A OPERAR NA TRÍPLICE FRONTEIRA
![Imagem](http://www.defesanet.com.br/site/upload/news_image/2014/04/19602.jpg)
ha de Rio (LPR-01) em Tabatinga (AM)
No dia 31 de março, após uma travessia de seis dias navegando na calha do Rio Solimões, de Manaus a Tabatinga, no Amazonas, a Lancha Patrulha de Rio (LPR-01), subordinada ao Comando da Flotilha do Amazonas chegou à região de Tríplice Fronteira entre o Brasil, Colômbia e Peru.
Durante todo o percurso, a Lancha teve o apoio do Navio-Patrulha Fluvial (NPaFlu) “Raposo Tavares”, com fornecimento de combustível, água e gêneros, o que possibilitou a realização da logística inerente à região amazônica.
Em Tabatinga, a LPR será empregada nas ações de patrulha naval, sob coordenação do NPaFlu “Raposo Tavares” e atuará, também, em inspeções navais coordenadas pela Capitania Fluvial de Tabatinga (CFT).
Devido a sua blindagem completa e equipamento FLIR, instalado a bordo, a operação da LPR-01 em Tabatinga garantirá maior segurança para o pessoal a bordo, além do incremento na qualidade e quantidade das abordagens às embarcações daquela região, especialmente no período noturno.
As Lanchas Patrulhas de Rio foram adquiridas na Colômbia em decorrência do contrato firmado entre a empresa Corporacion de Ciencia y Tecnologia para El Desarrollo de La Industria Naval Maritima e Fluvial e a Marinha do Brasil.
Fonte: Nomar 11 de Abril, 2014 - 10:45 ( Brasília )
Re: NOTICIAS
Enviado: Dom Abr 27, 2014 9:19 am
por gogogas
Marinha do Brasil vai incorporar 2 navios no Comando da Flotilha de Mato Grosso
![Imagem](http://www.defesaaereanaval.com.br/wp-content/uploads/2014/04/Navio-Transporte-Fluvial-%E2%80%9CAlmirante-Leverger%E2%80%9D-G-16-600x416.jpg)
A Marinha do Brasil por meio do Comando do 6° Distrito Naval realizará, no dia 02 de maio, a Cerimônia de Incorporação a Armada, do Navio-Transporte Fluvial Almirante Leverger G 16 e do Aviso Hidroceanográfico Fluvial Caravelas H 17.
O evento acontecerá às 09h no Comando da Flotilha de Mato Grosso e contará com a presença do Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto, do Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante-de-Esquadra Carlos Augusto de Sousa e do Comandante de Operações Navais, Almirante-de-Esquadra Wilson Barbosa Guerra, além de diversas autoridades Federais, Estaduais e Municipais.
A Marinha do Brasil realizou as aquisições dos navios durante o mês de novembro de 2013.
O Navio-Transporte Fluvial Almirante Leverger, antiga embarcação Albatroz da Empresa Arara Pantaneira Transporte Fluvial e Turismo, tem a capacidade de transportar equipamentos e 130 militares componentes da Força de Emprego Rápido. O navio será empregado, prioritariamente, no transporte fluvial, além de executar tarefas de apoio às operações ribeirinhas, atendimentos médicos e odontológicos, assistência cívico social, patrulha fluvial, inspeções navais bem omo atividades de Defesa Civil. A partir da incorporação o Comando da Flotilha de Mato Grosso passará a ter dez navios subordinados.
![Imagem](http://www.defesaaereanaval.com.br/wp-content/uploads/2014/04/Aviso-Hidroceanogr%C3%A1fico-Fluvial-%E2%80%9CCaravelas%E2%80%9D-H-17.png)
Já o Aviso Hidroceanográfico Fluvial Caravelas, antiga embarcação Sereia do Pantanal, da Empresa Drefhi Turismo LTDA – ME, tem a capacidade para transportar 30 militares e executará, entre outras, as tarefas principais de cartografia, hidrografia e manutenção e instalação de sinalização náutica, contribuindo assim para elevar o nível de segurança do tráfego aquaviário na região. O navio ficará subordinado a Serviço de Sinalização Náutica do Oeste.
As principais características do Navio de Transporte Fluvial Almirante Leverger são:
Comprimento total: 44m – Boca: 10m – Calado moldado de projeto: 1,10m - Deslocamento leve: 231,9 ton - Deslocamento carregado: 285,9 ton - Raio de ação: 1800 milhas náuticas - Velocidade de serviço: 12 km/h - Autonomia: 30 dias de operação - Capacidade de operar com aeronave de asa rotativa.
FONTE: Jornal Dia Dia
Re: NOTICIAS
Enviado: Seg Jun 02, 2014 9:44 pm
por Penguin
![Imagem](http://www.defense-aerospace.com/base/util/154325_1F.jpg)
Navantia, which originally built the ship, will repair and upgrade the Venezuelan navy’s PC-22 “Warao” offshore patrol vessel in Brazil. (Navantia photo)
Navantia Signs Contract with Brazilian Company for Repair of Venezuelan OPV PC-22 Warao
(Source: Navantia; issued May 29, 2014)
(Issued in Spanish; unofficial translation by Defense-Aerospace.com)
Navantia, which originally built the ship, will repair and upgrade the Venezuelan navy’s PC-22 “Warao” offshore patrol vessel in Brazil. (Navantia photo) Navantia and the Brazilian company ECOVIX - ENGEVIX have signed a contract for technical consulting and advisory services by Navantia for the assembly and commissioning of the propulsion, automation and power generation systems of PC-22 “Warao," an offshore patrol vessel (OPV) built by Navantia for the navy of Venezuela and delivered in 2011.
Additionally, Navantia will provide the propulsion, power generation and automated control systems for the ship’s hull, the vast majority of which will be produced in Cartagena by the Fábrica de Motores y en Sistemas (Engines and Systems Factory).
This contract, which represents 40,000 hours of work for Navantia, also means a further step in the consolidation of the company’s presence in Brazil, again demonstrating a clear commitment by the company to that country.
Repairs to the “Warao” will be prepared and carried out at the Brazilian Navy Arsenal at Rio de Janeiro, where Navantia is already working on the modernization of the Brazilian corvette "Julio de Noronha." By modifying the engine control systems, according to an ad-hoc design by the FMS, will enable the automation of the design.
Re: NOTICIAS
Enviado: Sex Jul 04, 2014 10:57 am
por Marino
Este mar é meu
Por Monica Gugliano | Para o Valor, de São Paulo
Houve um tempo, há 200 milhões de anos, em que toda a terra do mundo era uma só. Lentamente, como todas as grandes mudanças geológicas que ocorrem no planeta, essa enorme massa foi se dividindo. As imensas fraturas originaram a América do Sul, África, Austrália, Antártica e Índia. Passaram-se outros muitos milhões de anos, América e África se separaram e, entre elas, surgiu o Oceano Atlântico. Esse mar, que ninguém sabia onde e se iria terminar, amedrontou e seduziu civilizações. Até que destemidos navegadores, entre os séculos XV e XVII, singraram essas águas. Depois de meses, viajando a bordo de precárias embarcações, encontraram aquele pedaço de terra que, havia milênios, se desprendera da África. Era um continente, a América. Na época, os países se envolveram em uma verdadeira corrida marítima para alcançar o território rico em ouro, pedras preciosas, outros minerais e recursos naturais.
Nas últimas décadas, uma nova competição nos oceanos se desencadeia entre as nações. Dessa vez, pelas riquezas de outra terra - aquela que está no fundo do mar. Nessa corrida, o Brasil poderá, ainda neste ano, desfraldar sua primeira bandeira em águas internacionais além do limite das 200 milhas náuticas (370 km). A partir desta sexta- feira, os integrantes da International Seabed Authority (ISA) - em português denominada de Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (Isba) - se reúnem em Kingston, na Jamaica, e dirão se aceitam o plano de trabalho para exploração e pesquisa de uma área do Atlântico Sul conhecida como Elevação do Rio Grande.
Se a permissão for concedida, o governo brasileiro ganha, por um período de 15 anos, o direito de pesquisar o potencial do território. Ele está a 1,5 mil quilômetros de distância da costa e recebeu o nome de elevação porque está a, aproximadamente, mil metros da superfície, numa região onde o oceano alcança quatro mil metros de profundidade. Nele já foi constatada a existência de cobalto, níquel, cobre e manganês e outros metais: zircônio, tântalo, telúrio, tungstênio, nióbio, tório, bismuto, platina, cério, európio, molibdênio e lítio essenciais para a indústria de alta tecnologia. Cientificamente, eles são chamados de nódulos polimetálicos.
Em outra etapa, o país poderá explorar e até extrair esse minério. "Além do caráter estratégico, a iniciativa brasileira permitirá o desenvolvimento de recursos humanos e desenvolvimento tecnológico", explica o diretor de Geologia e Recursos Minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), um órgão governamental.
O plano de trabalho na Elevação, entregue à ISA no último dia de dezembro de 2013, foi movido pelo interesse econômico, mas principalmente estratégico. Se o Brasil não se capacitar e explorar essa riqueza, outros países o farão. Há também um item importante incluído na permissão: o país que detém o controle da região pesquisada pode usar suas Forças Armadas para protegê-la. "As nações descobriram o mar, desenvolveram pesquisas e tecnologia para uso em grandes profundidades e perceberam que ali há tanta riqueza ou mais do que existe no continente", diz o almirante Marcos Silva Rodrigues, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), um colegiado com a participação de 16 ministérios.
A Isba é uma organização internacional autônoma pertencente ao sistema das Nações Unidas. Por intermédio dela, 166 Estados partes organizam e controlam as atividades no mar, particularmente com vista à gestão de seus recursos minerais. Ela surgiu para aplicar as determinações da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, criada em dezembro de 1982 e em vigor desde julho de 1994. A lei maior da organização, como se fosse a sua Constituição, afirma que o leito marinho, além das jurisdições nacionais, passa a ser considerado a "Área". Todos os recursos que ali estiverem, inclusive os minerais, são patrimônio da humanidade. É como se houvesse uma linha na água demarcando o que é de cada um e o que pertence a todos. Procurada pelo Valor, a Divisão do Mar, da Antártida e do Espaço do Ministério das Relações Exteriores preferiu não se pronunciar sobre o tema antes da reunião em Kingston.
No século XXI cresceu o interesse no mundo pela exploração mineral dos oceanos na chamada Área. A China já realizou prospecções na região e, não faz muito tempo, a China Ocean Mineral Resources Research and Development Association, estatal chinesa, anunciou a descoberta de depósitos hidrotermais (sinal da existência de minérios) no Atlântico Sul. Os chineses já mapearam os locais onde eles estão e vêm manifestando interesse em associar-se, em joint ventures, e cooperar com outros países com o objetivo de conseguir concessões da Autoridade.
A Elevação do Rio Grande tem sido visitada pela Alemanha e pela Rússia. O Instituto de Pesquisa Alemão IFM- Geomar anunciou que ainda neste ano fará uma expedição oceanográfica no Atlântico Sul para ampliar o conhecimento sobre possíveis minerais identificados por britânicos e chineses. A Rússia, que já faz pesquisas no Oceano Pacífico e no Atlântico Norte, quer marcar sua presença também no Atlântico Sul. "Se não investirmos, corremos o risco de ter um país estrangeiro extraindo riquezas ao lado das nossas fronteiras marítimas", diz Roberto Ventura, diretor do CPRM.
O valor dessas riquezas, por enquanto, é incomensurável. Mas os produtos que dependem desses minérios para existir são mais do que conhecidos. O cobalto é indispensável na produção de ligas metálicas na indústria de aviação; nos eletrodos das baterias elétricas dos chamados "carros verdes", movidos a eletricidade; e nos equipamentos que usam a radiação gama para os tratamentos de câncer.
Os depósitos de fosforita, que estão sendo mapeados nas bacias de Santos e Pelotas (RS), poderão fornecer esse mineral, imprescindível à indústria de fertilizantes. O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes, mas responde por apenas 2% da produção mundial. O uso desses produtos aumentou de 3,1 milhões de toneladas em 1990 para 12,2 milhões de toneladas em 2012. Até 2017, acredita-se que o incremento será de 3,8% ao ano.
As principais culturas que dependem dos fertilizantes são: soja (34%), milho (18%), cana-de-açúcar (15%), café (7%), algodão (6%) e arroz (2%). "Considerando o volume de recursos que a mineração gera ao país e as perspectivas que se abrem com a exploração no mar, o governo precisa tratar desse assunto mais seriamente e aumentar essa discussão no Marco Regulatório da Mineração que tramita no Congresso", reclama o geólogo Agamenon Dantas, da consultoria Oceanis Mineral International.
A empresa trabalha com 40 profissionais da área que fazem diagnósticos e traçam perspectivas do setor para a iniciativa privada e governos. Um desses consultores é o geólogo Kaiser Gonçalves de Souza. Formado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Souza é mestre e doutor pela Université de Paris VI em geologia marinha. Nascido no interior do Maranhão, registrado em Pernambuco - o pai pernambucano queria que o filho tivesse a mesma origem que ele -, Souza foi criado em Porto Alegre. Cedo se apaixonou pelo mar. Trabalhou na Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos e como diretor do Serviço Geológico do Brasil (CPRM - sigla advinda da razão social Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais).
Na década passada, com sua equipe, realizou aquele que é considerado o primeiro mapeamento da região submersa, agora requerido pelo governo brasileiro. O pedido informa a área pleiteada, cerca de 3 mil km2 no Atlântico Sul, e os investimentos, previstos em US$ 11 milhões nos primeiros cinco anos de contrato. "Não é muito, mas, nesse tipo de trabalho, o maior custo é com o aluguel de navios de outros países, porque não temos embarcações apropriadas para essa finalidade, e com as análises dos materias coletados", explica Souza, que acredita no sinal verde da Autoridade para o pedido.
Em 2011, foi fretado o navio de pesquisa Marion Dufresne, do Instituto Polar Francês. O CPRM contratou o navio com recursos financeiros do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Ministério de Minas e Energia - aproximadamente R$ 60 milhões. No ano passado, uma parceria científica entre o Brasil e o Japão permitiu coletar amostras - a 4.200 metros de profundidade - das rochas na Elevação do Rio Grande. Isso foi feito com o minissubmarino Sinkai - um dos poucos no mundo capaz de enfrentar as condições de profundidade até 6.500 metros -, equipado com braços mecânicos e câmeras de altíssima resolução.
Essas expedições também serviram para corroborar outra tese dos cientistas brasileiros em defesa da propriedade da Elevação. Ela faria parte de uma das montanhas da cadeia que ficou submersa em todo o Atlântico Sul, com alturas que chegam a 3.200 metros a partir do leito do oceano. Ainda que localizada em águas internacionais, as rochas que foram encontradas demonstram que a região seria uma extensão das terras brasileiras inundadas pelo oceano, separando a margem continental brasileira das grandes profundidades oceânicas. "É como se um enorme pedaço de nosso continente tivesse sido coberto pela água. E, de fato, foi", afirma Ventura.
A busca por essa nova fronteira e seus recursos deu origem a mais do que um projeto: Levantamento da Plataforma Continental (Leplac), iniciado há duas décadas por cientistas; o Remplac, que avalia a potencialidade mineral da Plataforma Continental Jurídica Brasileira; e o Proarea (Programa de Prospecção e Exploração de Recursos Minerais do Atlântico Sul e Equatorial), onde está a pesquisa da Elevação do Rio Grande. "Eles são idênticos no objetivo, mas diferentes na área em que atuam. Um está na jurisdição brasileira e outro na zona internacional dos oceanos. Na Plataforma - uma extensão geológica, como se fosse um minicontinente - encontram-se as mesmas rochas que na terra", explica Kaiser Souza.
"Se comprovarmos que o continente submerso é parte do Brasil, isso pode mudar toda a dimensão atual de nosso mar territorial", acrescenta Lauro Calliari, professor e doutor em oceanografia geológica do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), um dos mais importantes centros de estudos brasileiros sobre o assunto.
O Levantamento da Plataforma foi entregue à ONU em 2004 e é uma das vertentes da Amazônia Azul. A expressão foi criada pelo ex-comandante da Marinha Roberto de Guimarães Carvalho com o objetivo de mostrar à população que o mar brasileiro era tão importante quanto a Amazônia. "A Marinha nunca teve a intenção de promover uma disputa para medir a importância de uma ou outra área. Ambas são estratégicas para nosso país", diz o almirante José Roberto Bueno Junior, diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha.
O Brasil tem cerca de 8,5 mil km de costa e uma área oceânica que totaliza quase 4,5 milhões de km2 sob sua jurisdição, divididos da seguinte forma: nas primeiras 12 milhas náuticas (22,2 km), o país tem a soberania total sobre a área, como se ela fosse uma extensão do continente; depois disso, nas outras 12 milhas subsequentes está a chamada Zona Contígua (de 12 a 24 milhas), onde as autoridades brasileiras têm a prerrogativa de fazer cumprir as legislações aduaneira, fiscal, sanitária ou imigratória. Essas duas áreas estão dentro da Zona Econômica Exclusiva. Ela é definida como o espaço marítimo onde o país é soberano para fins de exploração, conservação e gestão dos recursos ali existentes, como, por exemplo, os do pré-sal. Atualmente, 91% do petróleo brasileiro vem do mar e grandes depósitos de gás natural foram encontrados na bacia de Santos e no litoral do Espírito Santo.
A Amazônia Azul - 4,5 milhões de quilômetros quadrados, que equivalem a 52% do território continental do país - engloba projetos e ações nas áreas econômica, ambiental, científica e de soberania. No mar, as fronteiras não existem fisicamente. Portanto, é a existência de formas de dissuasão que permitem a um país mostrar aos outros seu domínio sobre a região. "Temos uma tradição de olhar o mar de maneira lúdica que precisa mudar. É necessário pensar no mar estrategicamente. Só para citar um exemplo, podemos lembrar que mais de 95% das exportações brasileiras são transportadas pelo mar", observa Bueno.
Se tantas riquezas circulam e estão nessas águas, resguardar a soberania sobre elas é uma das grandes preocupações das autoridades. "Somos, sim, um país com muitas carências. Sabemos também que nossas Forças Armadas não podem ser maiores do que a capacidade do Brasil de mantê-las. Tudo isso, no entanto, não nos exime da obrigação de proteger a nação", afirma o secretário da Secirm, almirante Rodrigues. A Marinha desenvolve diversos projetos nesse sentido, como o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que prevê a construção do submarino a propulsão nuclear e um sistema de vigilância e de monitoramento semelhante ao Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Nem todos os desafios para iniciar a conquista do território marítimo além das atuais fronteiras estão encaminhados. Um deles é o de convencer a iniciativa privada a investir e a participar dos trabalhos na Elevação do Rio Grande, ainda que em etapas futuras. "Qualquer atividade no mar sempre será muito cara. A ciência fez já uma parte, identificando os minerais que ali estão. Agora a indústria brasileira, os grandes conglomerados de mineração, têm que participar também", afirma o professor Kaiser Souza.
Outro obstáculo a ser superado é o da proteção ambiental, que preocupa a comunidade científica. "Por mais que se trabalhe com projetos que busquem a sustentabilidade, sempre haverá algum impacto no ambiente marinho. Não é tão simples. Não é só ir até o fundo e tirar o minério", alerta o professor Calliari.
Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, um dos assessores da comissão do Ministério da Ciência e Tecnologia que organiza a criação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceanográficas e Hidrovias, concorda com a posição de Calliari. Ele é especialista em oceanografia física e coordena a participação brasileira, financiada pela Fapesp, na análise da circulação de calor no Atlântico Sul, o Samoc (South Atlantic Meridional Overtuning Circulation). "Já foi comprovado que essa região não é completamente destituída de vida. Sabe-se que há muitos organismos vivos ali que nem sequer foram classificados. Machuca os ouvidos dos cientistas a possibilidade de que eles desapareçam sem ter sido conhecidos", afirma Campos.
Atividades de mineração em águas profundas, observa Campos, são passíveis de acidentes cujos danos podem até atingir a costa. "O Brasil deve fazer as pesquisas. Mas não pode levar isso adiante sem um estudo criterioso do impacto. Há uma série de perguntas sobre esses trabalhos que não foram respondidas ainda", adverte.
Responder a todas as perguntas sobre o que existe nas profundezas do mar, considerada a última fronteira do mundo, é tarefa para muitas gerações. Até que o homem chegue lá, as descobertas científicas deverão diminuir, aos poucos, o sem-fim dessas questões. Mas certamente não conseguirão impedir que os segredos ocultos no fundo das águas, por muito tempo ainda, atemorizem e estimulem a imaginação daqueles que tentam decifrá-los.