gabriel219 escreveu:Já sabemos o tipo de gente que faz uma coisa dessa.
Eu recebi a notícia da suposta agressão antes mesmo de sair na mídia e nunca imaginei que tomaria tamanha repercussão:
Militares suspeitos de agredir irmãos do Rio dos Macacos são afastados
A Marinha do Brasil, por intermédio do Comando do 2º Distrito Naval, decidiu afastar nesta sexta-feira (10) os militares denunciados por agressão feita pelos dois irmãos moradores do Quilombo Rio dos Macacos, em Simões Filho, na última segunda-feira (6).
Em nota enviada à imprensa, a Marinha informou que instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar os fatos e, como medida preventiva, decidiu pelo afastamento dos oficiais dos postos de serviço na Vila Naval da Barragem, localizada na Base Naval de Aratu, Região Metropolitana de Salvador.
Na última segunda-feira (6), os dois irmãos alegaram que foram agredidos por oficiais da Marinha no Quilombo Rio dos Macacos, quando estavam a caminho de casa. Leia abaixo a nota da Marinha na íntegra:
A Marinha do Brasil (MB), por intermédio do Comando do 2º Distrito Naval, esclarece que, em decorrência do episódio envolvendo a detenção de dois moradores da chamada “comunidade Rio dos Macacos”, no último dia 6 de janeiro, instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar os fatos, as circunstâncias e as responsabilidades pelo ocorrido.
O procedimento investigativo contará com a assistência do Ministério Público Militar e será conduzido com transparência e imparcialidade.
Como medida preventiva, os militares envolvidos no episódio foram afastados dos postos de serviço na Vila Naval da Barragem.
Registra-se que as demandas do Ministério Público Federal sobre o tema serão atendidas tempestivamente.
Cabe ressaltar que a MB é uma Instituição secular, com longa tradição no cumprimento de tarefas em apoio às necessidades da população, estando permanentemente comprometida com o Estado Democrático de Direito e com o respeito à dignidade humana, repudiando, portanto, quaisquer atos de violência.
Investigações
O Ministério Público Federal (MPF) vai investigar a denúncia dos dois irmãos que alegaram agressão por parte de oficiais da Marinha, na tarde de segunda-feira (6), no Quilombo Rio dos Macacos, em Simões Filho.
Rosimeire dos Santos afirma que levou murros e tapas do oficial enquanto estava amarrada. “Ele montou em cima de mim, me amarrou de costas, enfiou meu rosto no chão, me deu muitos tapas, murros, meu corpo todo está doendo, só porque eu ia para casa”, relata Rosimeire, que é moradora do Quilombo.
Já o irmão de Rosimeire, Edinei dos Santos, também afirma que foi agredido e está com hematomas no rosto e no braço. De acordo com os irmãos, as agressões ocorreram na entrada do Complexo da Base naval de Aratu. O local é o único acesso ao Quilombo Rio dos Macacos. A comunidade fica dentro do complexo e distante 1,5 km da guarita da Base.
A área é da União e administrada pela Marinha. Para entrar e sair de casa, os moradores sempre precisam se identificar e os carros são revistados. De acordo com Edinei, os oficiais não querem que eles transitem no fluxo de saída e entrada do complexo. “Eles não querem que a gente saia da comunidade e nem entre, é pra gente ficar preso. Se a gente sair, não pode entrar, se tiver algum parente de fora e for entrar pra visitar a gente, eles não querem que entrem também”, conta Edinei.
O Comando do 2º Distrito Naval disse, em nota, que Edinei fez ameaças a um sentinela que estava de serviço e Rosemeire teria tentado pegar a arma de um dos militares, por isso os dois foram detidos.
A Marinha negou que o acesso seja restrito, mas confirmou que todas as pessoas que passam pelo local precisam ser identificadas.
Histórico
Desde 2009, membros da comunidade e da Marinha disputam na Justiça Federal a área conhecida como Barragem Rio dos Macacos, localizada na Base Naval de Aratu, Região Metropolitana de Salvador.
Uma decisão liminar proferida em novembro de 2010 foi favorável ao pedido da ação reivindicatória proposta pela Marinha e ordenou o despejo das famílias. Há um ano, o juiz Evandro Reimão dos Reis, titular da 10ª Vara Federal, manteve a sentença, sem suspender seus efeitos até o pronunciamento da instância superior, e ordenou o despejo dos quilombolas, mas até agora nenhuma medida de execução foi tomada.
O governo federal tenta acordo para transferir os moradores para outro terreno da União, mas os quilombolas, que há várias gerações ocupam a área, resistem em sair do local. Estudo técnico realizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) apurou detalhes sobre a ocupação e reconheceu a área como terreno quilombola.
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2014/ ... tados.html