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Re: NOTÍCIAS

Enviado: Seg Ago 10, 2015 9:13 pm
por Dhoff
Oi Marechal,
Sou Professor e posso te dizer que tenho alguns colegas de trabalho que não apoiaram e não apoiam qualquer tipo de cota racial, e sim cota social, mais defender essa ideia se tornou perigoso no governo PT, mais uma verdade que foi imposta e muitos abraçaram, bem pior que falar que bolsa família é um programa de transferência direta de renda.
Obs.: Minha esposa é negra e excelente professora de matemática, e é contra cota racial.

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qua Ago 12, 2015 1:15 pm
por FCarvalho
Marechal-do-ar escreveu:
FCarvalho escreveu:Isto sinceramente já passou do cúmulo do ridículo. É patético, e risível. Já não bastasse ter que aturar uma legião de semi-analfabetos e despreparados nas IES, por causa de uma legislação tão absurda quanto ordinária, ainda se vê isso. :?
FCarvalho, você é professor?
Se for, por favor, conte um pouco da sua experiência, geralmente os professores com quem converso não são contra as cotas.
Olá Marechal, bom dia. Desculpe pela demora na resposta, mas aqui vai.

Sim, sou professor em IES federal. E pedagogo, acrescente-se. Trabalho princiapalmente nas áreas de gestão/políticas publicas educacionais e em história da educação.

Em todo caso, de modo bem resumido, não sou a favor de nenhum tipo de cota, seja ela racial, social ou o que venham a chamar, e por um motivo bem simples: este tipo de "politica" tira todo o foco dos problemas principais, e reais, da educação no Brasil. E qual são os problemas reais da educação no Brasil? Cinco questões fulcrais postas na lei de diretrizes e bases da educação: o Estado tem a obrigação de garanti os seguintes direitos: acesso, permanência, sucesso e qualidade na educação básica. Cumprimos hoje quase que integralmente com o primeiro, ainda que os números sejam muito díspares em termos regionais, mesmo dentro de um mesmo estado, e mal e porcamente todo o restante no Brasil inteiro.

Então, na verdade o que acontece nas IES, sejam federais ou estaduais, em função das cotas - que não são mais do que um mero paliativo de fundo político-ideológico e, penso, uma das maiores jogadas de marketing ideológico e social dos últimos vinte anos, frente às massas - é que os problemas da educação básica não se resolvem, e não são resolvidos, pura e simplesmente em um ou dois mandatos, e nem mesmo em uma década. O que estamos vendo hoje no Brasil, como bem disse o colega Dholf é a venda, ou imposição, de mais uma daquelas verdades incontestes cheias de rótulos e mistificações que as esquerdas políticas sempre adotaram como bandeira, incentivando e alardeando um eterno, e quase etéreo, conflito de classes, de pessoas, interesses, etc, etc, etc..

E com base nisso, ela apela frequentemente para as diferenças entre as pessoas, e não suas similaridades e aproximações como modelo de identificação social, embasando assim suas soluções em teses há muito descabidas e desanparadas mesmo em países como os USA hoje, onde as cotas estão encontrando cada vez menos espaço como solução das mazelas sociais, econõmicas e educacionais, apenas para citar o principal exemplo de onde veio a idéia base das cotas aqui. Lá eles fizeram o dever de casa. Ou seja, investiram nos cinco pontos acima por primeiro e em prioridade a qualquer outro tipo de opção, mesmo com as cotas.

No nosso presente caso, isso aqui não se aplica, porque, para dar um exemplo, o nosso Plano Nacional de Educação, que é decenal, já vai para a sua segunda edição, com bastante atraso, diga-se, e ainda contempla metas, agora estipuladas para serem alcançadas em 2024, que já o tinham sido ainda em 2002 quando de sua primeira edição. Cito, alfabetização completa de crianças até os 8 anos de idade, e da população adulta analfabeta no Brasil (hoje em cerca de 13,9 milhões).

O que se está tentando fazer hoje com as cotas é simplesmente tapar o sol com a peneira. Porque elas simplesmente não irão alterar significativamente o quadro de adultos ou jovens que ingressam no ensino superior a cada ano, e no médio/longo prazo, ajudam, quer gostemos ou não de admitir isso, a diminuir a qualidade do processo ensino-aprendizagem nas IES, que tem necessariamete que tentar fazer um trabalho de educação de base que obviamente não foi feito ou foi mal feito pelas escolas públcias, que é de onde vêem a maioria dos cotistas. Neste sentido atesto aqui minha própria experiência. A imensa maioria dos meus alunos, que serão futuros professores, não tem a mínima condição intelectual, emocional ou mesmo maturidade para estar frequentando um curso superior. Tais são os óbices imposto a eles na educação básica que nunca tierem em qualidade, ou mesmo, em quantidade suficiente para prover-lhes a condição de seguir ao ensino superior. E isso ocorre independente da cor de sua pele ou condição social. Todos eles sofrem por demais, pelo simples fato de não estarem preparados para estar em uma IES.

Para não me alongar mais, pois o assunto é extenso, ainda digo o seguinte. Hoje não existe mais um processo verdadeiramente seletivo para o ingresso nas IES. O que há na verdade é apenas um processo, digamos, organizatório e medianeiro que visa integralizar as vagas dispostas pelas IES públicas de forma a dar a este um certo ar de acesso mais democrático, entre todos, o que de fato não ocorre, mas que visa principalmente tentar favorecer, ainda que de forma indireta, o alunado das escolas públicas que concorrem obviamente em desvantagem com os alunos das escolas particulares, pelos motivos já sabidos. Neste sentido, além de termos alunos que não tem condições de estarem em um curso superior, ainda se tem a falsa idéia de colaborar para democratizar o acesso, o que nem de longe é verdade, principalmente nas IES públicas.

Por fim, eu tenho um ditado comigo, e que vez ou outra o expresso aos meus alunos e por aí. A universidade é um direito de todos. Mas ela não é para todos.

Agora, se queremos mesmo resolver o problema da educação superior, concretamente, precisamos primeiro, e com urgentíssma pressa, atentar para as questões postas da educação básica. Sem isso, e que levará muito, mas muito tempo mesmo, não vai ter cota que resolva, ou amenize as coisas, como se alardeia.

ps: eu estudei em escola pública e particular. e meus pais nunca foram ricos ou bem de vida, e lutaram a vida toda para bancar a educação dos filhos. sem cotas, sem bolsas-esmola, e nem nenhuma outra vantagem adicional do Estado. E se eu cheguei até aqui com 2 faculdades, uma especialização, um mestrado e um doutorado por vim, não foi por causa da cor da minha pele ou da minha condição social, mas porque a minha família me deu a condição, e a oportunidade, de conseguir por meus próprios méritos e esforços, chegar onde cheguei. se eu consegui, porque os meus alunos não podem também?

abs.

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qua Ago 12, 2015 3:14 pm
por prp
Uma pergunta:

Como está a qualidade do ensino superior do Brasil depois das cotas?
Se manteve?
Caiu?
Subiu?
Se caiu, caiu muito ou pouco?
Se subiu, subiu muito ou pouco?

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qua Ago 12, 2015 7:16 pm
por Viktor Reznov
prp escreveu:Uma pergunta:

Como está a qualidade do ensino superior do Brasil depois das cotas?
Se manteve?
Caiu?
Subiu?
Se caiu, caiu muito ou pouco?
Se subiu, subiu muito ou pouco?
A única coisa que eu sei é que na época que ainda existia vestibular, a nota do ponto de corte de cursos de engenharia despencou uma média de 30 pontos na UFG, considerando que o normal pra por exemplo Engenharia de Computação era mais ou menos 161,25 pts. Notas de ponto de corte de ciências da saúde (com exceção de medicina) caiu mais ainda, uns 40 à 60 pontos. As cotas permitiram uma entrada de um pessoal que era basicamente analfabeto funcional e não sabiam nem fazer divisão com casa decimal sem auxílio de calculadora.

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qua Ago 12, 2015 10:08 pm
por FIGHTERCOM
Viktor Reznov escreveu:
prp escreveu:Uma pergunta:

Como está a qualidade do ensino superior do Brasil depois das cotas?
Se manteve?
Caiu?
Subiu?
Se caiu, caiu muito ou pouco?
Se subiu, subiu muito ou pouco?
A única coisa que eu sei é que na época que ainda existia vestibular, a nota do ponto de corte de cursos de engenharia despencou uma média de 30 pontos na UFG, considerando que o normal pra por exemplo Engenharia de Computação era mais ou menos 161,25 pts. Notas de ponto de corte de ciências da saúde (com exceção de medicina) caiu mais ainda, uns 40 à 60 pontos. As cotas permitiram uma entrada de um pessoal que era basicamente analfabeto funcional e não sabiam nem fazer divisão com casa decimal sem auxílio de calculadora.
Sem mencionar que a grade curricular de alguns cursos foram modificadas para a inclusão de disciplinas como “Matemática Básica” e “Leitura e Produção de Textos” no primeiro período.


Att.,

Wesley

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qui Ago 13, 2015 12:09 am
por Mathias
E qual é a porcentagem dos cotistas que são "analfabetos"?
E basta se inscrever nas cotas e entra, não tem disputa nem entre os cotistas, é isso?
E enquanto não resolvemos os problemas que existem há séculos, fazemos o que, nada?

Outra coisa, enquanto tivermos professores universitários com vários títulos escrevendo "mais" e querendo dizer "mas", creio que realmente temos muito que melhorar, até em relação aos mestres e doutores.

Sou contra cotas raciais e favorável, em princípio, às cotas sociais.

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qui Ago 13, 2015 12:10 am
por prp
Viktor Reznov escreveu:
prp escreveu:Uma pergunta:

Como está a qualidade do ensino superior do Brasil depois das cotas?
Se manteve?
Caiu?
Subiu?
Se caiu, caiu muito ou pouco?
Se subiu, subiu muito ou pouco?
A única coisa que eu sei é que na época que ainda existia vestibular, a nota do ponto de corte de cursos de engenharia despencou uma média de 30 pontos na UFG, considerando que o normal pra por exemplo Engenharia de Computação era mais ou menos 161,25 pts. Notas de ponto de corte de ciências da saúde (com exceção de medicina) caiu mais ainda, uns 40 à 60 pontos. As cotas permitiram uma entrada de um pessoal que era basicamente analfabeto funcional e não sabiam nem fazer divisão com casa decimal sem auxílio de calculadora.
A queda na pontuaçao dos vestibulares náo se deu por causa das cotas, se deu porque a concorrência diminuiu muito, porque aumentou muito o leque de escolha das pessoas.

Aqui na minha cidade, por exemplo, pra se fazer faculdade na pública você tinha que ter uma excelente formaçao básica, porque o vestibular era dificílimo, em qualquer curso, até pedagogia e essas matérias menos visadas. Hoje não se completa nem as classes todas.

A culpa não foi das cotas...

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qui Ago 13, 2015 12:46 am
por Marechal-do-ar
Mathias escreveu:E enquanto não resolvemos os problemas que existem há séculos, fazemos o que, nada?
A questão da educação tem vários aspectos, não pretendo discutir todos, só fiz aquela pergunta por estranhar a posição de um professor contrária a opinião que geralmente vejo, mas sobre essa parte que eu quotei, especificamente, lembro de quando começaram as discussões sobre as cotas, já faz tanto tempo que, uma criança que tivesse entrado no primeiro ano do fundamental, hoje, estaria prestando vestibular, ou seja, mais de uma década, acho que é tempo suficiente para melhorar o ensino básico a ponto de deixar os alunos de escolas públicas em igualdades de condições, pergunta, melhorou?

Ao que parece a resposta varia entre "não" e "muito pouco", as cotas, apresentadas como solução provisória, vão aos poucos se tornando uma solução permanente, acho que todos vão concordar que as únicas cotas que devem ser permanentes são as cotas para alunos inteligentes...

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qui Ago 13, 2015 6:43 pm
por FCarvalho
prp escreveu:Uma pergunta:
Como está a qualidade do ensino superior do Brasil depois das cotas?
Se manteve?
Caiu?
Subiu?
Se caiu, caiu muito ou pouco?
Se subiu, subiu muito ou pouco?
Essa é uma questão prp que não possui uma resposta única, e é bem complexa. O país é gigantesco, e até por isso fica difícil avaliar por um único parâmetro como estão as coisas. A diversidade dos sistemas de educação no Brasil é de tal envergadura que dificilmente se consegue chegar a um consenso sobre o atual estado da qualidade do ensino que represente efetivamente a realidade do contexto nacional.

Posso falar pela realidade que me compete aqui, e consigo afirmar com boa margem de segurança que ela não é das melhores. E um dado interessante. O advento das cotas, em termos gerais, não implicou significativamente no qualidade em si do ensino, que continua mediana para a realidade do meu estado, e do norte do país, mas, impactou particularmente, no desempenho geral dos alunos ingressantes de 10 anos para cá, principalmente nos primeiros períodos, onde as dificuldades se mais se fazem sentir em virtude da má qualidade da educação básica e do despreparo com que estes mesmos alunos chegam a universidade.

É aquele negócio. Não tem como comparar a minha realidade aqui no Alto Solimões com a de uma USP ou mesmo de uma UFSM da vida. São mundos, e realidades, muito, mas muito mesmo diferentes, embora façamos parte de um mesmo sistema de ensino superior.

abs.

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qui Ago 13, 2015 7:11 pm
por FCarvalho
Mathias escreveu:E qual é a porcentagem dos cotistas que são "analfabetos"?
Em relação ao analfabetismo funcional CM, posso lhe garantir, aqui na minha realidade, ela é bem alta. Coloque aí na conta tranquilamente entre 70 e 90%. E não tome isso como um demérito contra eles. Credite sim ao sistema educacional público que não lhes proveu a aprendizagem necessária e suficiente depois de 12 anos de educação básica. Nas demais regiões este mesmo índice varia pouca coisa, para mais ou para menos, de acordo com a distância dos grandes centros no sul-sedeste do país.

E basta se inscrever nas cotas e entra, não tem disputa nem entre os cotistas, é isso?
Tem disputa sim Mathias. Mas ela na prática é menos meritocrática do que burocrática. É assim que funciona na prática, goste-se ou não disso.

E enquanto não resolvemos os problemas que existem há séculos, fazemos o que, nada?
Sim, começamos do básico, pelo dever de casa. Mudar a educação básica, antes de mais nada. E o que foi feito de estrago antes disso, sinto muito, mas não pode ser mudado por soluções meia boca do tipo cota e semelhantes. Ademais, muita coisa pode ser feita em termos de ensino superior no Brasil de forma a, senão elevar, no mínimo, não deixar cair a já não tão excelente qualidade do mesmo no Brasil. Em primeiro lugar, e mais óbvio, é o governo melhorar a gestão dos gastos públicos em educação. Com melhor aplicação das verbas que se tem, muita coisa pode ser mudada, tanto em termos humanos como materiais; segundo, salários dignos e atrativos para quem trabalha no sistema, a fim de que se possa conseguir duas coisas simples, e que se faz em qualquer país civilizado que queira um futuro minimamente decente: manter os professores/pesquisadores que aí estão e incentivá-los funcional, institucional e profissionalmente, e por incrível que pareça, atrair novos e mais qualificados profissionais para o magistério superior, que diga-se de passagem, é sempre bom lembrar, não vive só de "giz e quadro negro", mas, e também, importa em pesquisa e extensão. Parece simples, mas não é. Afinal, do que adianta "democratizar" o ingresso na universidade, se quem está dentro não encontra motivos para ficar? :roll:


Outra coisa, enquanto tivermos professores universitários com vários títulos escrevendo "mais" e querendo dizer "mas", creio que realmente temos muito que melhorar, até em relação aos mestres e doutores.
Já vi e li coisas bem piores escritas aqui no DB ao longo destes últimos 12 anos, e de gente supostamente inteligente, formada e educada, e nem por isso me escandalizei CM. Aliás, se eu fosse me escandalizar todas as vezes que corrijo trabalhos e provas dos meus alunos, provavelmente sequer seria professor a estas altura da vida. :?

Sou contra cotas raciais e favorável, em princípio, às cotas sociais.
Cotas CM são o que elas são: um paliativo em meio a tempestade. Não foram feitas para solucionar o problema, mas escamotear as soluções reais, e urgentes, que são necessárias, mas que, como custam muito dinheiro, e só trazem resultados no longuíssimo prazo, invariavelmente não interessam a quem deveria por ofício cuidar para que assim se fizesse. Essa é a educação no Brasil.
abs.

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Qui Ago 13, 2015 11:40 pm
por prp
FCarvalho. Você dá aula na UFAM ou na UEAM?

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Sex Ago 14, 2015 1:11 am
por Mathias
Bem, eu não sou professor, estou do outro lado dessa corda.
Isso de primeiro investir na educação e quando tivermos a educação norueguesa nos trópicos não precisaremos de cotas, etc; isso é muito legal enquanto teoria e intenções, mas enquanto isso, quem quer melhorar de vida fica na mesma eternamente, esperando que essa solução utópica chegue, como se espera há séculos.

Os que entram sem condições devem ser eliminados conforme não conseguirem seguir nos seus cursos, mas e os que têm condições?
Voltem ao velho vestibular, que aprovava 99% de estudantes dos caros cursinhos preparatórios?

É como dizer pra uma criança faminta que come lagarto na caatinga que ela vai ter que esperar trinta anos pra melhorarmos nossa situação, e que enquanto isso o que o ela precisa é de meritocracia, vai pescar.

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Sex Ago 14, 2015 10:56 am
por FCarvalho
prp escreveu:FCarvalho. Você dá aula na UFAM ou na UEA?
Ufam.

abs.

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Sex Ago 14, 2015 2:34 pm
por prp
FCarvalho escreveu:
prp escreveu:FCarvalho. Você dá aula na UFAM ou na UEA?
Ufam.

abs.
Na UEA as vagas são destinadas 90% para amazonenses.

A sua condição é o extremo dos extremos, a UFAM do alto Solimões está na região mais pobre do país e, diferente do nordeste, ninguém se dispõe ir estudar aí. Então as cotas permanecem para a população dessa região, ou seja, os cotistas da UFAM são os menos preparados do país. Isso quer dizer que aí a diferença é multiplicada por mil em comparação com as outras universidades.

Os cotistas da UFMG são a nata da nata das escolas públicas, os cotistas daí são advindos do pior sistema de ensino do país, o do interior amazonense.

Re: NOTÍCIAS

Enviado: Sex Ago 14, 2015 6:00 pm
por FCarvalho
prp escreveu:
FCarvalho escreveu: Ufam.
abs.
Na UEA as vagas são destinadas 90% para amazonenses.
A sua condição é o extremo dos extremos, a UFAM do alto Solimões está na região mais pobre do país e, diferente do nordeste, ninguém se dispõe ir estudar aí. Então as cotas permanecem para a população dessa região, ou seja, os cotistas da UFAM são os menos preparados do país. Isso quer dizer que aí a diferença é multiplicada por mil em comparação com as outras universidades.
Os cotistas da UFMG são a nata da nata das escolas públicas, os cotistas daí são advindos do pior sistema de ensino do país, o do interior amazonense.
Olá prp.

A UEA, se eu te contar, que foi a universidade mais rapidamente criada e institucionalizada do país... :roll:
Mas, enfim, ela tem hoje os seus méritos, e foi criada para isso mesmo, com fins de atender as demandas, principalmente do interior do Amazonas, desde sempre alijado de toda e qualquer política educacional do Amazoas. E por incrível que possa parecer, na minha opinião, ela já fez mais em ensino, pesquisa e extensão, em menos de uma década, do que a Ufam conseguiu fazer em mais de um século de história.

A nossa situação aqui no Alto Solimões é algo meio que sui generis. Nasceu de um projeto interno de expansão e interiorização da universidade, mas que no fundo, nunca conseguiu prover até hoje as mínimas condições necessárias para o funcionamento integral de uma IES aqui, e em nenhum dos outros 5 pólos espalhados pelo interior do Amazonas. Soluções de compromisso, conveniencias político-eleitorais e econõmicas... etc, de um tudo um pouco.

Hoje basicamente somos, como o pessoal costuma chamar, um "escolão" em nível supeior, que aos trancos e barrancos vai tentando sobreviver essencialmente do ensino, o que de fato, é basicamente a cobrança que nos fazem quase que diariamente, seja da sociedade local, seja, incrível, da própria administração superior da universidade, e indiretamente do governo federal via Mec. Pesquisa e extensão que é bom... nada. Eu mesmo sofro na pele por isso, pois estava tudo acertado para sair no ano que vem para o doutorado... aí, alguém veio aqui, não mais que por acaso, fazer uma "reporcagem", e eis-me aqui, no mínimo, por mais 3 anos, sem perspectivas críveis de liberação, já que alguém em Manaus não gostou nada de ver na tv que aqui havia "mais de 40 turmas sem professor" enquanto "muitos professores se encontravam afastados para pós-graduação..." :roll:

Bom, com relação ao cotistas, no nosso caso realmente, aqui ele quase que inexiste, visto que nosso público é formado fundalmentamente pelos egressos do ensino médio do Alto Solimões, em sua quase totalidade sem precisar de cotas. Embora tenhamos tal realidade, é mister apontar que vez por outra aparecem casos de alunos de outras regiões que, como tem se tornado bastante comum dentro do SISU, concorre para a vaga aqui já pensando na transferência mais ali adiante. E nós não podemos fazer nada quanto a isso.

Para não falar nos que aqui advogam, principalmente o povo da antropologia, vagas específicas destinadas aos indígenas. Bem, isso já outra história complicada, também.

Enfim, é uma realidade bem dura, e não raro, intransigente. Mas nós vamos que vamos assim mesmo.

Um dia a gente acerta. :)

abs.