Guerra das Malvinas / Falkland
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Re: Guerra das Malvinas
EDSON:
Na frente central, era evidente que o objetivo diretamente visado pelos alemães era Moscou; ao Sul, eles continuavam rumo ao Cáucaso e às grandes jazidas de petróleo, indispensáveis ao esforço de guerra soviético;' ao Norte, seu alvo principal era Leningrado, que já tinham cercado quase por completo. Hitler tinha planos especiais para a antiga capital imperial russa, partindo do princípio de que a cidade havia sido o berço da Revolução de Outubro. De início, estava disposto simplesmente a ocupá-la. A obstinada resistência oferecida pelo Exército e pela Marinha em defesa da cidade exasperaria a tal ponto o líder alemão que, em setembro, ele ordenou que as eventuais ofertas de rendição das forças que defendiam Leningrado fossem ignoradas. A cidade deveria ser inteiramente destruída, com tudo o que representava, e todos os seus habitantes, civis e militares, exterminados sem contemplação. Depois de concluída tal missão, as forças do general Von Leeb deveriam convergir sobre Moscou, desfechando contra a capital soviética um ataque coordenado com as forças do Grupo de Exércitos Centro, comandados por Von Bock.
Era precisamente o que o comando soviético mais temia. Além de constituir um importantíssimo centro industrial, Leningrado constituía um símbolo tão precioso para os soviéticos como Moscou e sua perda teria um efeito psicológico catastrófico, dentro e fora do país. Além disso, a rápida junção das forças de Von Leeb com as de Van Bock, antes que novas reservas soviéticas pudessem ser mobilizadas, tornaria a ofensiva alemã rumo a Moscou realmente irresistível.
O moral da população civil de Leningrado, onde Zhdanov atuava como principal comissário, era excelente. O mesmo não acontecia, entretanto, em relação às forças de defesa, comandadas por Voroshilov. Eram frequentes os recuos, os abandonos não autorizados ds posições, as deserções. A disciplina deteriorava-se rapidamente, ordens importantes deixavam de ser cumpridas e os alemães estavam a ponto de completar o cerco da antiga capital imperial.
Foi para garantir a defesa da cidade ameaçada que Stalin chamou Jukov a Moscou, no dia 8 de setembro. Vinte e quatro horas depois, investido de poderes quase absolutos, Jukov voava para Leningrado.
As ordens que tinha recebido de Stalin eram simples: "Siga para Leningrado. Ali, a situação é extremamente difícil. Se os alemães completarem o cerco de Lenhigrado, unindo-se aos finlandeses, poderão convergir sobre Moscou partindo do Nordeste e a situação se tornará ainda mais crítica do que a atual".
E no dia 9 de setembro, Jukov, com os oficiais de seu estado-maior, que selecionara cuidadosamente, chegava a Leningrado, para defrontar-se com a mais difícil missão de sua carreira.
Dispensando protocolo e cerimonial de recepção, Jukov dirigiu-se diretamente da esburacada pista do aeroporto de Leningrado para o Smolny — de onde Lenin desfechara e comandara a Revolução de Outubro e que agora servia de sede ao quartel-general de Leningrado — apresentou suas credenciais e tomou posse de seu novo comando. Dali mesmo, telefonou ao marechal Vassilevsky, representante da Stavka em Moscou, para anunciar: "Fala Jukov. Assumi o comando. Pretendo atuar mais ativamente que meu predecessor".
Foi assim que Jukov deu a entender, duramente, ao marechal Voroshilov, que se encontrava na mesma sala, o que pensava a respeito de sua capacidade. Uma hora mais tarde, o marechal e seus assessores estavam a caminho de Moscou, para jamais voltar a tomar parte ativa no conflito.
A simples troca de comando, entretanto, não afetava de forma alguma a situação geral: os alemães continuavam estreitando cerco à cidade e Leningrado estava no centro de um círculo de aço quase fechado. No dia 13, Jukov, que estava completando um levantamento geral das defesas internas da cidade, foi informado pelo seu estado-maior de que os alemães se preparavam para lançar um ataque frontal e final contra a cidade.
Imediatamente, Jukov convocou o coronel-engenheiro Bychevsky, responsável pelas fortificações internas e externas, ouviu impacientemente sua exposição e foi informado de que os grupos de tanques encarregados da defesa de determinado setor vital do perímetro não existiam mais — tinham sido substituídos por simulacros de madeira, construídos num teatro local. Era sobre esses falsos tanques que a artilharia alemã concentrava seu fogo naquele momento.
Jukov ordenou-lhe que providenciasse naquela mesma noite mais cem falsos tanques, para dispô-los em outros dois setores ameaçados. Bychevsky respondeu que o teatro não tinha condições para produzi-los naquela noite. — "Muito bem" — replicou Jukov — "como se chama seu comissário, camarada coronel?"
— "Coronel Mukha."
— "Pois diga a esse coronel Mukha que se até amanhã de manhã os tanques não estiverem nos pontos que escolhi, vocês dois serão submetidos a um conselho de guerra. Fui claro? Amanhã, eu mesmo farei a verificação".
Os falsos tanques foram providenciados a tempo e a determinação inabalável de Jukov logo se tornou conhecida de toda a guarnição. Quem não cumpria as suas ordens era imediatamente punido. Dois generais e um comissário foram destituídos e enviados para Moscou no primeiro avião disponível, depois de terem sido qualificados de incompetentes. Para pôr fim à indisciplina, valendo-se dos poderes especiais de que estava investido, Jukov mandou fuzilar sumariamente oficiais, comissários e soldados que tinham abandonado sem ordens expressas suas posições. Determinadas unidades em que se tinham registrado casos de insubordinação — tanto do Exército como da Marinha — foram dissolvidas e seus integrantes incorporados a outras. Em todos os níveis e todos os setores, a ordem era sempre a mesma, fossem quais fossem as condições — atacar, atacar, atacar!
Deixar de cumpri-las equivalia a ser sumariamente fuzilado ou destacado para os "batalhões de choque", unidades especiais encarregadas de silenciar posições alemãs de artilharia durante a noite.
Preparando-se para o pior, Jukov convocou Bychevsky e ordenou-lhe que minasse sistematicamente todos os principais setores do centro de Leningrado, a começar pelas pontes. Destacamentos especiais da polícia secreta — NKVD — foram encarregados de organizar a defesa interna, mobilizando não apenas prisioneiros políticos mas a própria população civil de Leningrado não empenhada nas indústrias e serviços vitais — mais de 100 mil pessoas — na construção de fortificações internas. Se os alemães chegassem à cidade, teriam de lutar rua por rua e casa por casa para ocupá-la. Até mesmo crianças e mulheres foram mobilizadas para a defesa.
Havia uma grande falta de armas para equipar os batalhões organizados às pressas e Jukov ordenou que se recorresse até mesmo às velhas armas dos museus militares. Canhões antitanque foram montados em velhos bondes, caminhões e ônibus, dezenas de milhares de coquetel Molotov e de granadas eram diariamente fabricadas pelas indústrias civis convertidas em pequenas oficinas improvisadas. Estacas com pontas de aço foram cravadas e ninhos de metralhadoras montados em todos os espaços abertos da cidade e nos seus arredores, para prevenir lançamentos de pára-quedistas alemães. Menos de uma semana após a chegada de Jukov, Leningrado havia perdido seu aspecto normal — todas as ruas e avenidas da grande cidade estavam bloqueadas por treliças de trilhos de aço, casamatas de concreto, embasamentos de artilharia e ninhos de metralhadora. Nas praças e sobre os edifícios mais altos estavam concentrados os canhões antitanque e antiaéreos. Todos os navios da Marinha ancorados estavam empenhados no bombardeio incessante das posições alemãs.
Nesse meio tempo, Jukov tudo inspecionava várias vezes por dia. Verificava o cumprimento estrito do racionamento de géneros, o estado das defesas internas, as posições avançadas do perímetro externo de defesa. A estas, a ordem de Jukov, que não levava em conta baixas sofridas, carência de material, falta de combustível, posições insustentáveis, doença, sono, exaustão, era sempre e invariavelmente a mesma: atacar, atacar, atacar! Não era mais preciso fazer ameaças ou advertências. Ante opção inexorável — obedecer sem vacilar ou ser fuzilado —, ninguém vacilava. E foi esse espírito que conteve, mais que as armas e os homens, os alemães nos subúrbios de Leningrado.
A 12 de setembro, enquanto o general Halder, chefe do Estado-maior alemão registrava em seu diário que a queda de Leningrado era iminente, Hitler ordenava a Von Leeb que a eventual capitulação da cidade não devia ser aceita. A população civil deveria ser exterminada juntamente com a guarnição militar. O bombardeio aéreo e terrestre da cidade devia ser intensificado. Para manter o cerco da cidade, até sua destruição total, Leeb devia conservar toda a sua artilharia e suas unidades de blindados. Somente depois do esmagamento da última resistência eles seriam incorporados às forças que convergiriam do Nordeste sobre Moscou, para atacar a capital soviética, simultaneamente com as de Von Bock.
A noite de 17 de setembro de 1941 foi crucial para a defesa da cidade. As defesas externas, a despeito de todos os esforços, pareciam a ponto de ruir ante as maciças investidas alemãs e Jukov ordenou que se completassem os últimos preparativos para a destruição da cidade. O porto, os navios fundeados, os grandes armazéns, os entroncamentos ferroviários e todos os principais edifícios estavam minados e tudo deveria voar pelos ares a uma palavra de Jukov, no momento em que os alemães penetrassem no perímetro interno de Leningrado.
Naquela mesma noite, lançando à luta todas as suas reservas — e entre essas reservas havia batalhões de civis, adolescentes, trabalhadores que tinham cumprido seu turno diário de doze horas nas fábricas, milicianos, marinheiros, intendentes e almoxarifes, escriturários e ferradores —, Jukov conseguiu conter os alemães.
Todos os esforços desenvolvidos por Von Leeb, com ajuda da aviação, artilharia e infantaria motorizada para cortar a derradeira via de suprimento que ainda ligava Leningrado ao resto da URSS — as linhas estabelecidas através do lago Ladoga — falharam. Seus ataques encontravam sempre a obstinada resistência dos contra-ataques de Jukov, apoiados por uma arma até então desconhecida pêlos alemães e que produzia terríveis efeitos sobre seus blindados e infantaria motorizada: os foguetes terra-terra do tipo Katyusha, lançados de baterias múltiplas montadas sobre caminhões.
Para cobrir os claros da artilharia de que careciam, os russos usavam os lançadores de foguetes, deslocando-os de um setor para outro, para dar cobertura aos seus contra-ataques.
Todo esse imenso esforço de defesa tinha uma única origem — Jukov.
"Naqueles dias de setembro, ele era um homem terrível. Não há outra palavra para descrevê-lo. Ameaçava comandante após comandante de fuzilamento sumário. Continuava a removê-los, substituí-los e dispensá-los incessantemente. Insistia apenas e sempre num único ponto: Atacar! Atacar! Atacar! Esta era a essência de sua primeira ordem ao assumir o comando. Não importava que a unidade lançada ao ataque fosse débil e desfalcada. Não importava que não tivesse armas nem munições, que viesse de uma sequência de retiradas. Atacar! Essa era a ordem permanente. Desobedecê-la levava à corte marcial.
Atacar ou ser fuzilado — uma equação simples".
E foi a vontade de ferro de Jukov que acabou prevalecendo sobre uma guarnição desmoralizada e carente de recursos, sobre a população civil faminta e privada de tudo, na cidade incessantemente submetida a duro bombardeio, levando-a a resistir com as forças do desespero ao inimigo mais forte, durante a noite crucial de 17 de setembro.
Na noite de 18, os ataques alemães começaram a perder o ímpeto e em determinados setores dos subúrbios, apoiados por barragens dos navios de guerra surtos no porto e concentrações de lançadores de foguetes, os defensores de Leningrado conseguiram recuperar algumas das posições perdidas nos dias e semanas anteriores.
Os russos cercados em Leningrado ainda não sabiam a que atribuir a redução da pressão alemã e as minas instaladas na cidade continuavam ligadas e preparadas para fazê-la voar pelos ares.
No último momento, Leningrado tinha sido salva da destruição total, por uma combinação de fatores.
A despeito da intensidade dos bombardeios alemães, o perímetro das defesas externas resistira e a passagem do lago Ladoga continuava aberta, garantindo, ainda que em termos precaríssimos, as ligações da antiga capital imperial com o resto da nação.
Ao mesmo tempo, o Grupo de Exércitos Centro, que reiniciara sua ofensiva em direção a Moscou, começava a esbarrar em resistência cada vez mais intensa. Ainda progredia, mas o custo em baixas e material aumentava progressivamente. As chuvas de outono tinham começado e os veículos montados sobre pneumáticos — praticamente todo o sistema de transporte e abastecimento dos alemães — sofrera uma paralisação, uma vez que as estradas de terra do interior da URSS se tinham convertido em atoleiros. Somente os tanques e os veículos do tipo meia-lagarta podiam progredir e assim mesmo dentro de um raio de ação limitado, uma vez que dependiam de abastecimento de combustível e de reposição de peças. Ante tal emergência, o Estado-maior alemão foi compelido a recorrer às forças blindadas de Von Leeb, que se encontravam no setor Norte, empenhadas no ataque a Leningrado. Sem elas, o progresso da ofensiva rumo a Moscou estaria ameaçado. Von Leeb, que tinha a vitória à vista, relutou em abrir mão de seus blindados, sabendo que sem eles a conquista da cidade seria praticamente impossível. Solicitou a Halder um último prazo para a conquista da cidade. O prazo foi-lhe concedido e a 15, 16 e 17 de setembro os alemães desenvolveram um esforço máximo para conquistar Leningrado. Mas embora tivessem chegado às portas da cidade, ocupando algumas posições no perímetro de defesa externa, não conseguiram rompê-la.
E na manhã de 18, Von Leeb, sem esconder sua irritação, foi compelido a acatar as ordens recebidas de Berlim, deslocando o grosso de suas forças blindadas e infantaria motorizada para a frente central, rumo a Moscou.
Leningrado estava salva — embora seus defensores ainda não soubessem disso. Sabiam apenas que a pressão constante exercida pêlos alemães começara a decrescer. Um número crescente de informações sobre movimentação de unidades alemãs em torno de Leningrado chegava continuamente ao QG de Jukov. Entre os oficiais de seu Estado-maior prevalecia a impressão de que o maior perigo que pesava sobre a cidade tinha sido afastado.
Jukov, porém, acolhia com grande ceticismo essas informações. Fora testemunha dos imensos desastres militares na frente ocidental e não pretendia deixar-se surpreender. As ordens de fazer voar a cidade, caso os alemães ultrapassassem o perímetro externo, continuavam em vigor. Todas as notícias sobre a redução da pressão inimiga eram cuidadosamente verificadas. A produção de armas e munições era intensificada, enquanto o racionamento se tornava mais rigoroso, para poupar os géneros cada vez mais escassos. Simultaneamente, novos contingentes — de fuzileiros navais liberados de suas funções a bordo da frota, de marinheiros que faziam parte de serviços administrativos, de operários que trabalhavam em indústrias não-essenciais, de adolescentes aceitos como voluntários — eram equipados e enviados aos vários setores de defesa. As ordens aos comandantes e comissários eram invariavelmente as mesmas que Jukov dava desde sua chegada a Leningrado: atacar, atacar, atacar! As primeiras informações sobre deslocação de forças alemãs da área foram qualificadas por Jukov de "simples provocações" , destinadas a amolecer a disposição dos defensores de resistir a qualquer custo. Entretanto, alguns observadores sustentam que Jukov estava a par do deslocamento dos tanques e forças blindadas alemãs do setor de Leningrado e só não confirmava publicamente essa movimentação para não afetar o moral dos defensores de Leningrado.
Com o correr do tempo, contudo, tornou-se público e notório que a pressão alemã tendia a perder sua intensidade. Prisioneiros alemães, capturados durante contra-ataques, revelaram que as forças atacantes tinham sofrido baixas pesadíssimas e, desistindo finalmente de tomar a cidade de assalto, estavam construindo posições permanentes para sitiá-la. Em voos de observação, pilotos soviéticos confirmaram o deslocamento de parte das forças de Von Leeb para a frente central.
No início de outubro, os alemães intensificaram a ação de sua artilharia pesada contra Leningrado — e Jukov finalmente admitiu reservadamente aos integrantes de seu Estado-maior que os maiores riscos que pesavam sobre a cidade tinham sido afastados. A intensificação dos bombardeios da artilharia pesada alemã, a partir de posições fortificadas e previamente preparadas, era um indício seguro dos dois objetivos imediatos de Von Leeb: mascarar a retirada parcial de seus blindados e forças de infantaria mecanizada, reclamados pela frente central, e manter o cerco à cidade que não conseguira conquistar.
Somente então Jukov autorizou a desconexão dos cabos elétricos que ligavam milhares de cargas de explosivos, espalhadas pelo centro da cidade, ao seu QG. Depois de quase um mês de angústia permanente, o coronel engenheiro Bychevsky e demais encarregados da destruição de Leningrado, que parecera inevitável, respiravam, aliviados.
O desmantelamento de algumas das obras de defesa erguidas febrilmente no centro da cidade, em fins de setembro, permitiu a consolidação do perímetro defensivo externo. Embasadas em posições fortificadas, artilharia de campanha e armas automáticas impediam eficazmente a penetração da infantaria alemã, enquanto uma comissão especial, constituída por artilheiros da Marinha, regulava o sistema de fogo de contrabateria. O potencial de fogo das unidades navais ancoradas no porto era enorme e seu fogo de contrabateria, regulado por observadores situados em balões cativos ou no topo dos edifícios mais altos da cidade, silenciava eventualmente as grandes baterias alemãs.
Jukov sabia que, se a ameaça imediata estava afastada, os dias de sofrimento impostos a Leningrado ainda estavam muito longe de seu fim. Não havia possibilidade de ampliar a brecha do lago Ladoga no círculo de aço imposto pêlos alemães aos defensores. Leningrado continuaria a ser submetida, durante quase três anos, a ataques quase incessantes da aviação e da artilharia — e no terrível inverno de 1941, a fome e o frio cobrariam da população um preço ainda mais elevado do que as balas e granadas alemãs: milhares de pessoas morreriam diariamente de fome e de frio, casos de canibalismo seriam registrados; papel de parede, cascas de árvore e couro de velhos cintos e sapatos seriam usados como alimento; faltaria água não contaminada até mesmo para intervenções cirúrgicas de urgência .
Leningrado deveria arcar com sacrifícios indizíveis até 1944, quando o longo cerco alemão foi finalmente levantado, mas não se deixaria dominar — e mais que ninguém, quem inspirou esse espírito de inquebrantável resistência da guarnição e da população civil da cidade foi Jukov. Em circunstâncias dificílimas, contando com recursos precários, compelido a improvisar, premido pelo tempo e enfrentando uma atmosfera de derrotismo e quase pânico, ele lograra erguer o moral de Leningrado, impondo-lhe, a ferro e fogo, o esprit de corps que prevaleceria até a vitória final.
Era de generais como Jukov que o comando soviético precisava desesperadamente naquele momento no setor central, onde a situação era mais que crítica. E foi a Jukov que Stalin apelou mais uma vez, a 6 de outubro, solicitando-lhe informações sobre Leningrado. Pelo telefone, Jukov informou que a cidade seria submetida a um longo cerco, mas que tinha condições de resistir ao assédio inimigo e que não cairia. A defesa estava consolidada. Informou também que suas patrulhas aéreas de reconhecimento haviam fotografado colunas blindadas alemãs, acompanhadas de contingentes de infantaria motorizada, que desciam de Leningrado rumo ao Sul, aparentemente em direção a Moscou.
As informações fornecidas por Jukov conferiam com as que Stalin tinha em seu poder. "Transfira o seu comando em Leningrado ao chefe do Estado-maior, general Khozin" — ordenou Stalin — "e venha imediatamente para Moscou."
Na tarde do dia seguinte, a bordo de um bimotor da Força Aérea, Jukov partiu para a capital, onde Stalin o aguardava ansiosamente.
Já no espaço, enquanto o avião circulava, ganhando altitude, ele podia avistar a cidade devastada pelo bombardeio inimigo. Esta, contudo, estava numa situação muito diversa daquela em que a encontrara no início de setembro. Como produto de sua energia, esforço e capacidade profissional, deixava atrás de si uma fortaleza inexpugnável. Em quatro semanas, Leningrado tinha sido salva. Tentando ocupá-la, os alemães tinham perdido semanas de tempo precioso e irrecuperável. A fórmula simples e brutal utilizada por Jukov para garantir a defesa de Leningrado — atacar ou ser fuzilado — funcionara.
Mas funcionaria também na frente central, onde a situação era desastrosa?
Segundo o capitão Yuri Artibachev, o piloto que o conduziu de Leningrado a Moscou, Jukov não teve tempo para preocupar-se com isso. A despeito da importância de sua próxima missão, estava tão exausto que dormiu durante todo o tempo de voo Leningrado—Moscou.
Na frente central, era evidente que o objetivo diretamente visado pelos alemães era Moscou; ao Sul, eles continuavam rumo ao Cáucaso e às grandes jazidas de petróleo, indispensáveis ao esforço de guerra soviético;' ao Norte, seu alvo principal era Leningrado, que já tinham cercado quase por completo. Hitler tinha planos especiais para a antiga capital imperial russa, partindo do princípio de que a cidade havia sido o berço da Revolução de Outubro. De início, estava disposto simplesmente a ocupá-la. A obstinada resistência oferecida pelo Exército e pela Marinha em defesa da cidade exasperaria a tal ponto o líder alemão que, em setembro, ele ordenou que as eventuais ofertas de rendição das forças que defendiam Leningrado fossem ignoradas. A cidade deveria ser inteiramente destruída, com tudo o que representava, e todos os seus habitantes, civis e militares, exterminados sem contemplação. Depois de concluída tal missão, as forças do general Von Leeb deveriam convergir sobre Moscou, desfechando contra a capital soviética um ataque coordenado com as forças do Grupo de Exércitos Centro, comandados por Von Bock.
Era precisamente o que o comando soviético mais temia. Além de constituir um importantíssimo centro industrial, Leningrado constituía um símbolo tão precioso para os soviéticos como Moscou e sua perda teria um efeito psicológico catastrófico, dentro e fora do país. Além disso, a rápida junção das forças de Von Leeb com as de Van Bock, antes que novas reservas soviéticas pudessem ser mobilizadas, tornaria a ofensiva alemã rumo a Moscou realmente irresistível.
O moral da população civil de Leningrado, onde Zhdanov atuava como principal comissário, era excelente. O mesmo não acontecia, entretanto, em relação às forças de defesa, comandadas por Voroshilov. Eram frequentes os recuos, os abandonos não autorizados ds posições, as deserções. A disciplina deteriorava-se rapidamente, ordens importantes deixavam de ser cumpridas e os alemães estavam a ponto de completar o cerco da antiga capital imperial.
Foi para garantir a defesa da cidade ameaçada que Stalin chamou Jukov a Moscou, no dia 8 de setembro. Vinte e quatro horas depois, investido de poderes quase absolutos, Jukov voava para Leningrado.
As ordens que tinha recebido de Stalin eram simples: "Siga para Leningrado. Ali, a situação é extremamente difícil. Se os alemães completarem o cerco de Lenhigrado, unindo-se aos finlandeses, poderão convergir sobre Moscou partindo do Nordeste e a situação se tornará ainda mais crítica do que a atual".
E no dia 9 de setembro, Jukov, com os oficiais de seu estado-maior, que selecionara cuidadosamente, chegava a Leningrado, para defrontar-se com a mais difícil missão de sua carreira.
Dispensando protocolo e cerimonial de recepção, Jukov dirigiu-se diretamente da esburacada pista do aeroporto de Leningrado para o Smolny — de onde Lenin desfechara e comandara a Revolução de Outubro e que agora servia de sede ao quartel-general de Leningrado — apresentou suas credenciais e tomou posse de seu novo comando. Dali mesmo, telefonou ao marechal Vassilevsky, representante da Stavka em Moscou, para anunciar: "Fala Jukov. Assumi o comando. Pretendo atuar mais ativamente que meu predecessor".
Foi assim que Jukov deu a entender, duramente, ao marechal Voroshilov, que se encontrava na mesma sala, o que pensava a respeito de sua capacidade. Uma hora mais tarde, o marechal e seus assessores estavam a caminho de Moscou, para jamais voltar a tomar parte ativa no conflito.
A simples troca de comando, entretanto, não afetava de forma alguma a situação geral: os alemães continuavam estreitando cerco à cidade e Leningrado estava no centro de um círculo de aço quase fechado. No dia 13, Jukov, que estava completando um levantamento geral das defesas internas da cidade, foi informado pelo seu estado-maior de que os alemães se preparavam para lançar um ataque frontal e final contra a cidade.
Imediatamente, Jukov convocou o coronel-engenheiro Bychevsky, responsável pelas fortificações internas e externas, ouviu impacientemente sua exposição e foi informado de que os grupos de tanques encarregados da defesa de determinado setor vital do perímetro não existiam mais — tinham sido substituídos por simulacros de madeira, construídos num teatro local. Era sobre esses falsos tanques que a artilharia alemã concentrava seu fogo naquele momento.
Jukov ordenou-lhe que providenciasse naquela mesma noite mais cem falsos tanques, para dispô-los em outros dois setores ameaçados. Bychevsky respondeu que o teatro não tinha condições para produzi-los naquela noite. — "Muito bem" — replicou Jukov — "como se chama seu comissário, camarada coronel?"
— "Coronel Mukha."
— "Pois diga a esse coronel Mukha que se até amanhã de manhã os tanques não estiverem nos pontos que escolhi, vocês dois serão submetidos a um conselho de guerra. Fui claro? Amanhã, eu mesmo farei a verificação".
Os falsos tanques foram providenciados a tempo e a determinação inabalável de Jukov logo se tornou conhecida de toda a guarnição. Quem não cumpria as suas ordens era imediatamente punido. Dois generais e um comissário foram destituídos e enviados para Moscou no primeiro avião disponível, depois de terem sido qualificados de incompetentes. Para pôr fim à indisciplina, valendo-se dos poderes especiais de que estava investido, Jukov mandou fuzilar sumariamente oficiais, comissários e soldados que tinham abandonado sem ordens expressas suas posições. Determinadas unidades em que se tinham registrado casos de insubordinação — tanto do Exército como da Marinha — foram dissolvidas e seus integrantes incorporados a outras. Em todos os níveis e todos os setores, a ordem era sempre a mesma, fossem quais fossem as condições — atacar, atacar, atacar!
Deixar de cumpri-las equivalia a ser sumariamente fuzilado ou destacado para os "batalhões de choque", unidades especiais encarregadas de silenciar posições alemãs de artilharia durante a noite.
Preparando-se para o pior, Jukov convocou Bychevsky e ordenou-lhe que minasse sistematicamente todos os principais setores do centro de Leningrado, a começar pelas pontes. Destacamentos especiais da polícia secreta — NKVD — foram encarregados de organizar a defesa interna, mobilizando não apenas prisioneiros políticos mas a própria população civil de Leningrado não empenhada nas indústrias e serviços vitais — mais de 100 mil pessoas — na construção de fortificações internas. Se os alemães chegassem à cidade, teriam de lutar rua por rua e casa por casa para ocupá-la. Até mesmo crianças e mulheres foram mobilizadas para a defesa.
Havia uma grande falta de armas para equipar os batalhões organizados às pressas e Jukov ordenou que se recorresse até mesmo às velhas armas dos museus militares. Canhões antitanque foram montados em velhos bondes, caminhões e ônibus, dezenas de milhares de coquetel Molotov e de granadas eram diariamente fabricadas pelas indústrias civis convertidas em pequenas oficinas improvisadas. Estacas com pontas de aço foram cravadas e ninhos de metralhadoras montados em todos os espaços abertos da cidade e nos seus arredores, para prevenir lançamentos de pára-quedistas alemães. Menos de uma semana após a chegada de Jukov, Leningrado havia perdido seu aspecto normal — todas as ruas e avenidas da grande cidade estavam bloqueadas por treliças de trilhos de aço, casamatas de concreto, embasamentos de artilharia e ninhos de metralhadora. Nas praças e sobre os edifícios mais altos estavam concentrados os canhões antitanque e antiaéreos. Todos os navios da Marinha ancorados estavam empenhados no bombardeio incessante das posições alemãs.
Nesse meio tempo, Jukov tudo inspecionava várias vezes por dia. Verificava o cumprimento estrito do racionamento de géneros, o estado das defesas internas, as posições avançadas do perímetro externo de defesa. A estas, a ordem de Jukov, que não levava em conta baixas sofridas, carência de material, falta de combustível, posições insustentáveis, doença, sono, exaustão, era sempre e invariavelmente a mesma: atacar, atacar, atacar! Não era mais preciso fazer ameaças ou advertências. Ante opção inexorável — obedecer sem vacilar ou ser fuzilado —, ninguém vacilava. E foi esse espírito que conteve, mais que as armas e os homens, os alemães nos subúrbios de Leningrado.
A 12 de setembro, enquanto o general Halder, chefe do Estado-maior alemão registrava em seu diário que a queda de Leningrado era iminente, Hitler ordenava a Von Leeb que a eventual capitulação da cidade não devia ser aceita. A população civil deveria ser exterminada juntamente com a guarnição militar. O bombardeio aéreo e terrestre da cidade devia ser intensificado. Para manter o cerco da cidade, até sua destruição total, Leeb devia conservar toda a sua artilharia e suas unidades de blindados. Somente depois do esmagamento da última resistência eles seriam incorporados às forças que convergiriam do Nordeste sobre Moscou, para atacar a capital soviética, simultaneamente com as de Von Bock.
A noite de 17 de setembro de 1941 foi crucial para a defesa da cidade. As defesas externas, a despeito de todos os esforços, pareciam a ponto de ruir ante as maciças investidas alemãs e Jukov ordenou que se completassem os últimos preparativos para a destruição da cidade. O porto, os navios fundeados, os grandes armazéns, os entroncamentos ferroviários e todos os principais edifícios estavam minados e tudo deveria voar pelos ares a uma palavra de Jukov, no momento em que os alemães penetrassem no perímetro interno de Leningrado.
Naquela mesma noite, lançando à luta todas as suas reservas — e entre essas reservas havia batalhões de civis, adolescentes, trabalhadores que tinham cumprido seu turno diário de doze horas nas fábricas, milicianos, marinheiros, intendentes e almoxarifes, escriturários e ferradores —, Jukov conseguiu conter os alemães.
Todos os esforços desenvolvidos por Von Leeb, com ajuda da aviação, artilharia e infantaria motorizada para cortar a derradeira via de suprimento que ainda ligava Leningrado ao resto da URSS — as linhas estabelecidas através do lago Ladoga — falharam. Seus ataques encontravam sempre a obstinada resistência dos contra-ataques de Jukov, apoiados por uma arma até então desconhecida pêlos alemães e que produzia terríveis efeitos sobre seus blindados e infantaria motorizada: os foguetes terra-terra do tipo Katyusha, lançados de baterias múltiplas montadas sobre caminhões.
Para cobrir os claros da artilharia de que careciam, os russos usavam os lançadores de foguetes, deslocando-os de um setor para outro, para dar cobertura aos seus contra-ataques.
Todo esse imenso esforço de defesa tinha uma única origem — Jukov.
"Naqueles dias de setembro, ele era um homem terrível. Não há outra palavra para descrevê-lo. Ameaçava comandante após comandante de fuzilamento sumário. Continuava a removê-los, substituí-los e dispensá-los incessantemente. Insistia apenas e sempre num único ponto: Atacar! Atacar! Atacar! Esta era a essência de sua primeira ordem ao assumir o comando. Não importava que a unidade lançada ao ataque fosse débil e desfalcada. Não importava que não tivesse armas nem munições, que viesse de uma sequência de retiradas. Atacar! Essa era a ordem permanente. Desobedecê-la levava à corte marcial.
Atacar ou ser fuzilado — uma equação simples".
E foi a vontade de ferro de Jukov que acabou prevalecendo sobre uma guarnição desmoralizada e carente de recursos, sobre a população civil faminta e privada de tudo, na cidade incessantemente submetida a duro bombardeio, levando-a a resistir com as forças do desespero ao inimigo mais forte, durante a noite crucial de 17 de setembro.
Na noite de 18, os ataques alemães começaram a perder o ímpeto e em determinados setores dos subúrbios, apoiados por barragens dos navios de guerra surtos no porto e concentrações de lançadores de foguetes, os defensores de Leningrado conseguiram recuperar algumas das posições perdidas nos dias e semanas anteriores.
Os russos cercados em Leningrado ainda não sabiam a que atribuir a redução da pressão alemã e as minas instaladas na cidade continuavam ligadas e preparadas para fazê-la voar pelos ares.
No último momento, Leningrado tinha sido salva da destruição total, por uma combinação de fatores.
A despeito da intensidade dos bombardeios alemães, o perímetro das defesas externas resistira e a passagem do lago Ladoga continuava aberta, garantindo, ainda que em termos precaríssimos, as ligações da antiga capital imperial com o resto da nação.
Ao mesmo tempo, o Grupo de Exércitos Centro, que reiniciara sua ofensiva em direção a Moscou, começava a esbarrar em resistência cada vez mais intensa. Ainda progredia, mas o custo em baixas e material aumentava progressivamente. As chuvas de outono tinham começado e os veículos montados sobre pneumáticos — praticamente todo o sistema de transporte e abastecimento dos alemães — sofrera uma paralisação, uma vez que as estradas de terra do interior da URSS se tinham convertido em atoleiros. Somente os tanques e os veículos do tipo meia-lagarta podiam progredir e assim mesmo dentro de um raio de ação limitado, uma vez que dependiam de abastecimento de combustível e de reposição de peças. Ante tal emergência, o Estado-maior alemão foi compelido a recorrer às forças blindadas de Von Leeb, que se encontravam no setor Norte, empenhadas no ataque a Leningrado. Sem elas, o progresso da ofensiva rumo a Moscou estaria ameaçado. Von Leeb, que tinha a vitória à vista, relutou em abrir mão de seus blindados, sabendo que sem eles a conquista da cidade seria praticamente impossível. Solicitou a Halder um último prazo para a conquista da cidade. O prazo foi-lhe concedido e a 15, 16 e 17 de setembro os alemães desenvolveram um esforço máximo para conquistar Leningrado. Mas embora tivessem chegado às portas da cidade, ocupando algumas posições no perímetro de defesa externa, não conseguiram rompê-la.
E na manhã de 18, Von Leeb, sem esconder sua irritação, foi compelido a acatar as ordens recebidas de Berlim, deslocando o grosso de suas forças blindadas e infantaria motorizada para a frente central, rumo a Moscou.
Leningrado estava salva — embora seus defensores ainda não soubessem disso. Sabiam apenas que a pressão constante exercida pêlos alemães começara a decrescer. Um número crescente de informações sobre movimentação de unidades alemãs em torno de Leningrado chegava continuamente ao QG de Jukov. Entre os oficiais de seu Estado-maior prevalecia a impressão de que o maior perigo que pesava sobre a cidade tinha sido afastado.
Jukov, porém, acolhia com grande ceticismo essas informações. Fora testemunha dos imensos desastres militares na frente ocidental e não pretendia deixar-se surpreender. As ordens de fazer voar a cidade, caso os alemães ultrapassassem o perímetro externo, continuavam em vigor. Todas as notícias sobre a redução da pressão inimiga eram cuidadosamente verificadas. A produção de armas e munições era intensificada, enquanto o racionamento se tornava mais rigoroso, para poupar os géneros cada vez mais escassos. Simultaneamente, novos contingentes — de fuzileiros navais liberados de suas funções a bordo da frota, de marinheiros que faziam parte de serviços administrativos, de operários que trabalhavam em indústrias não-essenciais, de adolescentes aceitos como voluntários — eram equipados e enviados aos vários setores de defesa. As ordens aos comandantes e comissários eram invariavelmente as mesmas que Jukov dava desde sua chegada a Leningrado: atacar, atacar, atacar! As primeiras informações sobre deslocação de forças alemãs da área foram qualificadas por Jukov de "simples provocações" , destinadas a amolecer a disposição dos defensores de resistir a qualquer custo. Entretanto, alguns observadores sustentam que Jukov estava a par do deslocamento dos tanques e forças blindadas alemãs do setor de Leningrado e só não confirmava publicamente essa movimentação para não afetar o moral dos defensores de Leningrado.
Com o correr do tempo, contudo, tornou-se público e notório que a pressão alemã tendia a perder sua intensidade. Prisioneiros alemães, capturados durante contra-ataques, revelaram que as forças atacantes tinham sofrido baixas pesadíssimas e, desistindo finalmente de tomar a cidade de assalto, estavam construindo posições permanentes para sitiá-la. Em voos de observação, pilotos soviéticos confirmaram o deslocamento de parte das forças de Von Leeb para a frente central.
No início de outubro, os alemães intensificaram a ação de sua artilharia pesada contra Leningrado — e Jukov finalmente admitiu reservadamente aos integrantes de seu Estado-maior que os maiores riscos que pesavam sobre a cidade tinham sido afastados. A intensificação dos bombardeios da artilharia pesada alemã, a partir de posições fortificadas e previamente preparadas, era um indício seguro dos dois objetivos imediatos de Von Leeb: mascarar a retirada parcial de seus blindados e forças de infantaria mecanizada, reclamados pela frente central, e manter o cerco à cidade que não conseguira conquistar.
Somente então Jukov autorizou a desconexão dos cabos elétricos que ligavam milhares de cargas de explosivos, espalhadas pelo centro da cidade, ao seu QG. Depois de quase um mês de angústia permanente, o coronel engenheiro Bychevsky e demais encarregados da destruição de Leningrado, que parecera inevitável, respiravam, aliviados.
O desmantelamento de algumas das obras de defesa erguidas febrilmente no centro da cidade, em fins de setembro, permitiu a consolidação do perímetro defensivo externo. Embasadas em posições fortificadas, artilharia de campanha e armas automáticas impediam eficazmente a penetração da infantaria alemã, enquanto uma comissão especial, constituída por artilheiros da Marinha, regulava o sistema de fogo de contrabateria. O potencial de fogo das unidades navais ancoradas no porto era enorme e seu fogo de contrabateria, regulado por observadores situados em balões cativos ou no topo dos edifícios mais altos da cidade, silenciava eventualmente as grandes baterias alemãs.
Jukov sabia que, se a ameaça imediata estava afastada, os dias de sofrimento impostos a Leningrado ainda estavam muito longe de seu fim. Não havia possibilidade de ampliar a brecha do lago Ladoga no círculo de aço imposto pêlos alemães aos defensores. Leningrado continuaria a ser submetida, durante quase três anos, a ataques quase incessantes da aviação e da artilharia — e no terrível inverno de 1941, a fome e o frio cobrariam da população um preço ainda mais elevado do que as balas e granadas alemãs: milhares de pessoas morreriam diariamente de fome e de frio, casos de canibalismo seriam registrados; papel de parede, cascas de árvore e couro de velhos cintos e sapatos seriam usados como alimento; faltaria água não contaminada até mesmo para intervenções cirúrgicas de urgência .
Leningrado deveria arcar com sacrifícios indizíveis até 1944, quando o longo cerco alemão foi finalmente levantado, mas não se deixaria dominar — e mais que ninguém, quem inspirou esse espírito de inquebrantável resistência da guarnição e da população civil da cidade foi Jukov. Em circunstâncias dificílimas, contando com recursos precários, compelido a improvisar, premido pelo tempo e enfrentando uma atmosfera de derrotismo e quase pânico, ele lograra erguer o moral de Leningrado, impondo-lhe, a ferro e fogo, o esprit de corps que prevaleceria até a vitória final.
Era de generais como Jukov que o comando soviético precisava desesperadamente naquele momento no setor central, onde a situação era mais que crítica. E foi a Jukov que Stalin apelou mais uma vez, a 6 de outubro, solicitando-lhe informações sobre Leningrado. Pelo telefone, Jukov informou que a cidade seria submetida a um longo cerco, mas que tinha condições de resistir ao assédio inimigo e que não cairia. A defesa estava consolidada. Informou também que suas patrulhas aéreas de reconhecimento haviam fotografado colunas blindadas alemãs, acompanhadas de contingentes de infantaria motorizada, que desciam de Leningrado rumo ao Sul, aparentemente em direção a Moscou.
As informações fornecidas por Jukov conferiam com as que Stalin tinha em seu poder. "Transfira o seu comando em Leningrado ao chefe do Estado-maior, general Khozin" — ordenou Stalin — "e venha imediatamente para Moscou."
Na tarde do dia seguinte, a bordo de um bimotor da Força Aérea, Jukov partiu para a capital, onde Stalin o aguardava ansiosamente.
Já no espaço, enquanto o avião circulava, ganhando altitude, ele podia avistar a cidade devastada pelo bombardeio inimigo. Esta, contudo, estava numa situação muito diversa daquela em que a encontrara no início de setembro. Como produto de sua energia, esforço e capacidade profissional, deixava atrás de si uma fortaleza inexpugnável. Em quatro semanas, Leningrado tinha sido salva. Tentando ocupá-la, os alemães tinham perdido semanas de tempo precioso e irrecuperável. A fórmula simples e brutal utilizada por Jukov para garantir a defesa de Leningrado — atacar ou ser fuzilado — funcionara.
Mas funcionaria também na frente central, onde a situação era desastrosa?
Segundo o capitão Yuri Artibachev, o piloto que o conduziu de Leningrado a Moscou, Jukov não teve tempo para preocupar-se com isso. A despeito da importância de sua próxima missão, estava tão exausto que dormiu durante todo o tempo de voo Leningrado—Moscou.
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Guerra das Malvinas
Veja bem, não estou repassando todo o auto comando soviético já que todas as operações que envolviam grupos de Exércitos tinham em sua maior parte a supervisão de Zuckov.Túlio escreveu:EDSON:
Na frente central, era evidente que o objetivo diretamente visado pelos alemães era Moscou; ao Sul, eles continuavam rumo ao Cáucaso e às grandes jazidas de petróleo, indispensáveis ao esforço de guerra soviético;' ao Norte, seu alvo principal era Leningrado, que já tinham cercado quase por completo. Hitler tinha planos especiais para a antiga capital imperial russa, partindo do princípio de que a cidade havia sido o berço da Revolução de Outubro. De início, estava disposto simplesmente a ocupá-la. A obstinada resistência oferecida pelo Exército e pela Marinha em defesa da cidade exasperaria a tal ponto o líder alemão que, em setembro, ele ordenou que as eventuais ofertas de rendição das forças que defendiam Leningrado fossem ignoradas. A cidade deveria ser inteiramente destruída, com tudo o que representava, e todos os seus habitantes, civis e militares, exterminados sem contemplação. Depois de concluída tal missão, as forças do general Von Leeb deveriam convergir sobre Moscou, desfechando contra a capital soviética um ataque coordenado com as forças do Grupo de Exércitos Centro, comandados por Von Bock.
Era precisamente o que o comando soviético mais temia. Além de constituir um importantíssimo centro industrial, Leningrado constituía um símbolo tão precioso para os soviéticos como Moscou e sua perda teria um efeito psicológico catastrófico, dentro e fora do país. Além disso, a rápida junção das forças de Von Leeb com as de Van Bock, antes que novas reservas soviéticas pudessem ser mobilizadas, tornaria a ofensiva alemã rumo a Moscou realmente irresistível.
O moral da população civil de Leningrado, onde Zhdanov atuava como principal comissário, era excelente. O mesmo não acontecia, entretanto, em relação às forças de defesa, comandadas por Voroshilov. Eram frequentes os recuos, os abandonos não autorizados ds posições, as deserções. A disciplina deteriorava-se rapidamente, ordens importantes deixavam de ser cumpridas e os alemães estavam a ponto de completar o cerco da antiga capital imperial.
Foi para garantir a defesa da cidade ameaçada que Stalin chamou Jukov a Moscou, no dia 8 de setembro. Vinte e quatro horas depois, investido de poderes quase absolutos, Jukov voava para Leningrado.
As ordens que tinha recebido de Stalin eram simples: "Siga para Leningrado. Ali, a situação é extremamente difícil. Se os alemães completarem o cerco de Lenhigrado, unindo-se aos finlandeses, poderão convergir sobre Moscou partindo do Nordeste e a situação se tornará ainda mais crítica do que a atual".
E no dia 9 de setembro, Jukov, com os oficiais de seu estado-maior, que selecionara cuidadosamente, chegava a Leningrado, para defrontar-se com a mais difícil missão de sua carreira.
Dispensando protocolo e cerimonial de recepção, Jukov dirigiu-se diretamente da esburacada pista do aeroporto de Leningrado para o Smolny — de onde Lenin desfechara e comandara a Revolução de Outubro e que agora servia de sede ao quartel-general de Leningrado — apresentou suas credenciais e tomou posse de seu novo comando. Dali mesmo, telefonou ao marechal Vassilevsky, representante da Stavka em Moscou, para anunciar: "Fala Jukov. Assumi o comando. Pretendo atuar mais ativamente que meu predecessor".
Foi assim que Jukov deu a entender, duramente, ao marechal Voroshilov, que se encontrava na mesma sala, o que pensava a respeito de sua capacidade. Uma hora mais tarde, o marechal e seus assessores estavam a caminho de Moscou, para jamais voltar a tomar parte ativa no conflito.
A simples troca de comando, entretanto, não afetava de forma alguma a situação geral: os alemães continuavam estreitando cerco à cidade e Leningrado estava no centro de um círculo de aço quase fechado. No dia 13, Jukov, que estava completando um levantamento geral das defesas internas da cidade, foi informado pelo seu estado-maior de que os alemães se preparavam para lançar um ataque frontal e final contra a cidade.
Imediatamente, Jukov convocou o coronel-engenheiro Bychevsky, responsável pelas fortificações internas e externas, ouviu impacientemente sua exposição e foi informado de que os grupos de tanques encarregados da defesa de determinado setor vital do perímetro não existiam mais — tinham sido substituídos por simulacros de madeira, construídos num teatro local. Era sobre esses falsos tanques que a artilharia alemã concentrava seu fogo naquele momento.
Jukov ordenou-lhe que providenciasse naquela mesma noite mais cem falsos tanques, para dispô-los em outros dois setores ameaçados. Bychevsky respondeu que o teatro não tinha condições para produzi-los naquela noite. — "Muito bem" — replicou Jukov — "como se chama seu comissário, camarada coronel?"
— "Coronel Mukha."
— "Pois diga a esse coronel Mukha que se até amanhã de manhã os tanques não estiverem nos pontos que escolhi, vocês dois serão submetidos a um conselho de guerra. Fui claro? Amanhã, eu mesmo farei a verificação".
Os falsos tanques foram providenciados a tempo e a determinação inabalável de Jukov logo se tornou conhecida de toda a guarnição. Quem não cumpria as suas ordens era imediatamente punido. Dois generais e um comissário foram destituídos e enviados para Moscou no primeiro avião disponível, depois de terem sido qualificados de incompetentes. Para pôr fim à indisciplina, valendo-se dos poderes especiais de que estava investido, Jukov mandou fuzilar sumariamente oficiais, comissários e soldados que tinham abandonado sem ordens expressas suas posições. Determinadas unidades em que se tinham registrado casos de insubordinação — tanto do Exército como da Marinha — foram dissolvidas e seus integrantes incorporados a outras. Em todos os níveis e todos os setores, a ordem era sempre a mesma, fossem quais fossem as condições — atacar, atacar, atacar!
Deixar de cumpri-las equivalia a ser sumariamente fuzilado ou destacado para os "batalhões de choque", unidades especiais encarregadas de silenciar posições alemãs de artilharia durante a noite.
Preparando-se para o pior, Jukov convocou Bychevsky e ordenou-lhe que minasse sistematicamente todos os principais setores do centro de Leningrado, a começar pelas pontes. Destacamentos especiais da polícia secreta — NKVD — foram encarregados de organizar a defesa interna, mobilizando não apenas prisioneiros políticos mas a própria população civil de Leningrado não empenhada nas indústrias e serviços vitais — mais de 100 mil pessoas — na construção de fortificações internas. Se os alemães chegassem à cidade, teriam de lutar rua por rua e casa por casa para ocupá-la. Até mesmo crianças e mulheres foram mobilizadas para a defesa.
Havia uma grande falta de armas para equipar os batalhões organizados às pressas e Jukov ordenou que se recorresse até mesmo às velhas armas dos museus militares. Canhões antitanque foram montados em velhos bondes, caminhões e ônibus, dezenas de milhares de coquetel Molotov e de granadas eram diariamente fabricadas pelas indústrias civis convertidas em pequenas oficinas improvisadas. Estacas com pontas de aço foram cravadas e ninhos de metralhadoras montados em todos os espaços abertos da cidade e nos seus arredores, para prevenir lançamentos de pára-quedistas alemães. Menos de uma semana após a chegada de Jukov, Leningrado havia perdido seu aspecto normal — todas as ruas e avenidas da grande cidade estavam bloqueadas por treliças de trilhos de aço, casamatas de concreto, embasamentos de artilharia e ninhos de metralhadora. Nas praças e sobre os edifícios mais altos estavam concentrados os canhões antitanque e antiaéreos. Todos os navios da Marinha ancorados estavam empenhados no bombardeio incessante das posições alemãs.
Nesse meio tempo, Jukov tudo inspecionava várias vezes por dia. Verificava o cumprimento estrito do racionamento de géneros, o estado das defesas internas, as posições avançadas do perímetro externo de defesa. A estas, a ordem de Jukov, que não levava em conta baixas sofridas, carência de material, falta de combustível, posições insustentáveis, doença, sono, exaustão, era sempre e invariavelmente a mesma: atacar, atacar, atacar! Não era mais preciso fazer ameaças ou advertências. Ante opção inexorável — obedecer sem vacilar ou ser fuzilado —, ninguém vacilava. E foi esse espírito que conteve, mais que as armas e os homens, os alemães nos subúrbios de Leningrado.
A 12 de setembro, enquanto o general Halder, chefe do Estado-maior alemão registrava em seu diário que a queda de Leningrado era iminente, Hitler ordenava a Von Leeb que a eventual capitulação da cidade não devia ser aceita. A população civil deveria ser exterminada juntamente com a guarnição militar. O bombardeio aéreo e terrestre da cidade devia ser intensificado. Para manter o cerco da cidade, até sua destruição total, Leeb devia conservar toda a sua artilharia e suas unidades de blindados. Somente depois do esmagamento da última resistência eles seriam incorporados às forças que convergiriam do Nordeste sobre Moscou, para atacar a capital soviética, simultaneamente com as de Von Bock.
A noite de 17 de setembro de 1941 foi crucial para a defesa da cidade. As defesas externas, a despeito de todos os esforços, pareciam a ponto de ruir ante as maciças investidas alemãs e Jukov ordenou que se completassem os últimos preparativos para a destruição da cidade. O porto, os navios fundeados, os grandes armazéns, os entroncamentos ferroviários e todos os principais edifícios estavam minados e tudo deveria voar pelos ares a uma palavra de Jukov, no momento em que os alemães penetrassem no perímetro interno de Leningrado.
Naquela mesma noite, lançando à luta todas as suas reservas — e entre essas reservas havia batalhões de civis, adolescentes, trabalhadores que tinham cumprido seu turno diário de doze horas nas fábricas, milicianos, marinheiros, intendentes e almoxarifes, escriturários e ferradores —, Jukov conseguiu conter os alemães.
Todos os esforços desenvolvidos por Von Leeb, com ajuda da aviação, artilharia e infantaria motorizada para cortar a derradeira via de suprimento que ainda ligava Leningrado ao resto da URSS — as linhas estabelecidas através do lago Ladoga — falharam. Seus ataques encontravam sempre a obstinada resistência dos contra-ataques de Jukov, apoiados por uma arma até então desconhecida pêlos alemães e que produzia terríveis efeitos sobre seus blindados e infantaria motorizada: os foguetes terra-terra do tipo Katyusha, lançados de baterias múltiplas montadas sobre caminhões.
Para cobrir os claros da artilharia de que careciam, os russos usavam os lançadores de foguetes, deslocando-os de um setor para outro, para dar cobertura aos seus contra-ataques.
Todo esse imenso esforço de defesa tinha uma única origem — Jukov.
"Naqueles dias de setembro, ele era um homem terrível. Não há outra palavra para descrevê-lo. Ameaçava comandante após comandante de fuzilamento sumário. Continuava a removê-los, substituí-los e dispensá-los incessantemente. Insistia apenas e sempre num único ponto: Atacar! Atacar! Atacar! Esta era a essência de sua primeira ordem ao assumir o comando. Não importava que a unidade lançada ao ataque fosse débil e desfalcada. Não importava que não tivesse armas nem munições, que viesse de uma sequência de retiradas. Atacar! Essa era a ordem permanente. Desobedecê-la levava à corte marcial.
Atacar ou ser fuzilado — uma equação simples".
E foi a vontade de ferro de Jukov que acabou prevalecendo sobre uma guarnição desmoralizada e carente de recursos, sobre a população civil faminta e privada de tudo, na cidade incessantemente submetida a duro bombardeio, levando-a a resistir com as forças do desespero ao inimigo mais forte, durante a noite crucial de 17 de setembro.
Na noite de 18, os ataques alemães começaram a perder o ímpeto e em determinados setores dos subúrbios, apoiados por barragens dos navios de guerra surtos no porto e concentrações de lançadores de foguetes, os defensores de Leningrado conseguiram recuperar algumas das posições perdidas nos dias e semanas anteriores.
Os russos cercados em Leningrado ainda não sabiam a que atribuir a redução da pressão alemã e as minas instaladas na cidade continuavam ligadas e preparadas para fazê-la voar pelos ares.
No último momento, Leningrado tinha sido salva da destruição total, por uma combinação de fatores.
A despeito da intensidade dos bombardeios alemães, o perímetro das defesas externas resistira e a passagem do lago Ladoga continuava aberta, garantindo, ainda que em termos precaríssimos, as ligações da antiga capital imperial com o resto da nação.
Ao mesmo tempo, o Grupo de Exércitos Centro, que reiniciara sua ofensiva em direção a Moscou, começava a esbarrar em resistência cada vez mais intensa. Ainda progredia, mas o custo em baixas e material aumentava progressivamente. As chuvas de outono tinham começado e os veículos montados sobre pneumáticos — praticamente todo o sistema de transporte e abastecimento dos alemães — sofrera uma paralisação, uma vez que as estradas de terra do interior da URSS se tinham convertido em atoleiros. Somente os tanques e os veículos do tipo meia-lagarta podiam progredir e assim mesmo dentro de um raio de ação limitado, uma vez que dependiam de abastecimento de combustível e de reposição de peças. Ante tal emergência, o Estado-maior alemão foi compelido a recorrer às forças blindadas de Von Leeb, que se encontravam no setor Norte, empenhadas no ataque a Leningrado. Sem elas, o progresso da ofensiva rumo a Moscou estaria ameaçado. Von Leeb, que tinha a vitória à vista, relutou em abrir mão de seus blindados, sabendo que sem eles a conquista da cidade seria praticamente impossível. Solicitou a Halder um último prazo para a conquista da cidade. O prazo foi-lhe concedido e a 15, 16 e 17 de setembro os alemães desenvolveram um esforço máximo para conquistar Leningrado. Mas embora tivessem chegado às portas da cidade, ocupando algumas posições no perímetro de defesa externa, não conseguiram rompê-la.
E na manhã de 18, Von Leeb, sem esconder sua irritação, foi compelido a acatar as ordens recebidas de Berlim, deslocando o grosso de suas forças blindadas e infantaria motorizada para a frente central, rumo a Moscou.
Leningrado estava salva — embora seus defensores ainda não soubessem disso. Sabiam apenas que a pressão constante exercida pêlos alemães começara a decrescer. Um número crescente de informações sobre movimentação de unidades alemãs em torno de Leningrado chegava continuamente ao QG de Jukov. Entre os oficiais de seu Estado-maior prevalecia a impressão de que o maior perigo que pesava sobre a cidade tinha sido afastado.
Jukov, porém, acolhia com grande ceticismo essas informações. Fora testemunha dos imensos desastres militares na frente ocidental e não pretendia deixar-se surpreender. As ordens de fazer voar a cidade, caso os alemães ultrapassassem o perímetro externo, continuavam em vigor. Todas as notícias sobre a redução da pressão inimiga eram cuidadosamente verificadas. A produção de armas e munições era intensificada, enquanto o racionamento se tornava mais rigoroso, para poupar os géneros cada vez mais escassos. Simultaneamente, novos contingentes — de fuzileiros navais liberados de suas funções a bordo da frota, de marinheiros que faziam parte de serviços administrativos, de operários que trabalhavam em indústrias não-essenciais, de adolescentes aceitos como voluntários — eram equipados e enviados aos vários setores de defesa. As ordens aos comandantes e comissários eram invariavelmente as mesmas que Jukov dava desde sua chegada a Leningrado: atacar, atacar, atacar! As primeiras informações sobre deslocação de forças alemãs da área foram qualificadas por Jukov de "simples provocações" , destinadas a amolecer a disposição dos defensores de resistir a qualquer custo. Entretanto, alguns observadores sustentam que Jukov estava a par do deslocamento dos tanques e forças blindadas alemãs do setor de Leningrado e só não confirmava publicamente essa movimentação para não afetar o moral dos defensores de Leningrado.
Com o correr do tempo, contudo, tornou-se público e notório que a pressão alemã tendia a perder sua intensidade. Prisioneiros alemães, capturados durante contra-ataques, revelaram que as forças atacantes tinham sofrido baixas pesadíssimas e, desistindo finalmente de tomar a cidade de assalto, estavam construindo posições permanentes para sitiá-la. Em voos de observação, pilotos soviéticos confirmaram o deslocamento de parte das forças de Von Leeb para a frente central.
No início de outubro, os alemães intensificaram a ação de sua artilharia pesada contra Leningrado — e Jukov finalmente admitiu reservadamente aos integrantes de seu Estado-maior que os maiores riscos que pesavam sobre a cidade tinham sido afastados. A intensificação dos bombardeios da artilharia pesada alemã, a partir de posições fortificadas e previamente preparadas, era um indício seguro dos dois objetivos imediatos de Von Leeb: mascarar a retirada parcial de seus blindados e forças de infantaria mecanizada, reclamados pela frente central, e manter o cerco à cidade que não conseguira conquistar.
Somente então Jukov autorizou a desconexão dos cabos elétricos que ligavam milhares de cargas de explosivos, espalhadas pelo centro da cidade, ao seu QG. Depois de quase um mês de angústia permanente, o coronel engenheiro Bychevsky e demais encarregados da destruição de Leningrado, que parecera inevitável, respiravam, aliviados.
O desmantelamento de algumas das obras de defesa erguidas febrilmente no centro da cidade, em fins de setembro, permitiu a consolidação do perímetro defensivo externo. Embasadas em posições fortificadas, artilharia de campanha e armas automáticas impediam eficazmente a penetração da infantaria alemã, enquanto uma comissão especial, constituída por artilheiros da Marinha, regulava o sistema de fogo de contrabateria. O potencial de fogo das unidades navais ancoradas no porto era enorme e seu fogo de contrabateria, regulado por observadores situados em balões cativos ou no topo dos edifícios mais altos da cidade, silenciava eventualmente as grandes baterias alemãs.
Jukov sabia que, se a ameaça imediata estava afastada, os dias de sofrimento impostos a Leningrado ainda estavam muito longe de seu fim. Não havia possibilidade de ampliar a brecha do lago Ladoga no círculo de aço imposto pêlos alemães aos defensores. Leningrado continuaria a ser submetida, durante quase três anos, a ataques quase incessantes da aviação e da artilharia — e no terrível inverno de 1941, a fome e o frio cobrariam da população um preço ainda mais elevado do que as balas e granadas alemãs: milhares de pessoas morreriam diariamente de fome e de frio, casos de canibalismo seriam registrados; papel de parede, cascas de árvore e couro de velhos cintos e sapatos seriam usados como alimento; faltaria água não contaminada até mesmo para intervenções cirúrgicas de urgência .
Leningrado deveria arcar com sacrifícios indizíveis até 1944, quando o longo cerco alemão foi finalmente levantado, mas não se deixaria dominar — e mais que ninguém, quem inspirou esse espírito de inquebrantável resistência da guarnição e da população civil da cidade foi Jukov. Em circunstâncias dificílimas, contando com recursos precários, compelido a improvisar, premido pelo tempo e enfrentando uma atmosfera de derrotismo e quase pânico, ele lograra erguer o moral de Leningrado, impondo-lhe, a ferro e fogo, o esprit de corps que prevaleceria até a vitória final.
Era de generais como Jukov que o comando soviético precisava desesperadamente naquele momento no setor central, onde a situação era mais que crítica. E foi a Jukov que Stalin apelou mais uma vez, a 6 de outubro, solicitando-lhe informações sobre Leningrado. Pelo telefone, Jukov informou que a cidade seria submetida a um longo cerco, mas que tinha condições de resistir ao assédio inimigo e que não cairia. A defesa estava consolidada. Informou também que suas patrulhas aéreas de reconhecimento haviam fotografado colunas blindadas alemãs, acompanhadas de contingentes de infantaria motorizada, que desciam de Leningrado rumo ao Sul, aparentemente em direção a Moscou.
As informações fornecidas por Jukov conferiam com as que Stalin tinha em seu poder. "Transfira o seu comando em Leningrado ao chefe do Estado-maior, general Khozin" — ordenou Stalin — "e venha imediatamente para Moscou."
Na tarde do dia seguinte, a bordo de um bimotor da Força Aérea, Jukov partiu para a capital, onde Stalin o aguardava ansiosamente.
Já no espaço, enquanto o avião circulava, ganhando altitude, ele podia avistar a cidade devastada pelo bombardeio inimigo. Esta, contudo, estava numa situação muito diversa daquela em que a encontrara no início de setembro. Como produto de sua energia, esforço e capacidade profissional, deixava atrás de si uma fortaleza inexpugnável. Em quatro semanas, Leningrado tinha sido salva. Tentando ocupá-la, os alemães tinham perdido semanas de tempo precioso e irrecuperável. A fórmula simples e brutal utilizada por Jukov para garantir a defesa de Leningrado — atacar ou ser fuzilado — funcionara.
Mas funcionaria também na frente central, onde a situação era desastrosa?
Segundo o capitão Yuri Artibachev, o piloto que o conduziu de Leningrado a Moscou, Jukov não teve tempo para preocupar-se com isso. A despeito da importância de sua próxima missão, estava tão exausto que dormiu durante todo o tempo de voo Leningrado—Moscou.
Só relembrei que Tchuikov é o comandante do 62º Exército que defendeu Stalingrado e participou da invasão de Berlim. No mesmo patamar fica General Meretskov que comandou as tropas que levantaram o cerco de Leningrado mas com certeza menos famoso. Já sei o bastante do cerco de Leningrado e as privações da população e dos defensores do Exército Vermelho ( que nem existe mais).
Sobre ir atrás do petróleo do Caucáso, esta idiotice estratégica de Hitler que o Estado Maior alemão condenou desde o inicío, sendo os maiores críticos general von Rundstedt e mesmo o general Halder que não queriam estender as tropas alemãs de maneira que pudessem ser flankeadas depois desta Rundstedt substituído do comando do grupo de Exércitos Sul por sua teimosia e Halder caiu ainda mais na esquerda de Hitler. Os dois estavam certos já que eram discípulos de von Seckt . Mais tarde se provaram verdadeiros seus temores nas operações de inverno de 1942 e 43, com o movimento de de duas grandes pinças envolvendo o 6º Exército em Stalingrado os russos atacaram tropas de valor duvidoso como os romenos e italianos, já que com a frente ampla não havia tropas alemãs suficientes.
Editado pela última vez por EDSON em Seg Mar 15, 2010 9:42 am, em um total de 1 vez.
Re: Guerra das Malvinas
Entrevista com David M. Glantz, autor de Confronto de Titãs.EDSON escreveu:Veja bem, não estou repassando todo o auto comando soviético já que todas as operações que envolviam grupos de Exércitos tinham em sua maior parte a supervisão de Zuckov.Túlio escreveu:EDSON:
Na frente central, era evidente que o objetivo diretamente visado pelos alemães era Moscou; ao Sul, eles continuavam rumo ao Cáucaso e às grandes jazidas de petróleo, indispensáveis ao esforço de guerra soviético;' ao Norte, seu alvo principal era Leningrado, que já tinham cercado quase por completo. Hitler tinha planos especiais para a antiga capital imperial russa, partindo do princípio de que a cidade havia sido o berço da Revolução de Outubro. De início, estava disposto simplesmente a ocupá-la. A obstinada resistência oferecida pelo Exército e pela Marinha em defesa da cidade exasperaria a tal ponto o líder alemão que, em setembro, ele ordenou que as eventuais ofertas de rendição das forças que defendiam Leningrado fossem ignoradas. A cidade deveria ser inteiramente destruída, com tudo o que representava, e todos os seus habitantes, civis e militares, exterminados sem contemplação. Depois de concluída tal missão, as forças do general Von Leeb deveriam convergir sobre Moscou, desfechando contra a capital soviética um ataque coordenado com as forças do Grupo de Exércitos Centro, comandados por Von Bock.
Era precisamente o que o comando soviético mais temia. Além de constituir um importantíssimo centro industrial, Leningrado constituía um símbolo tão precioso para os soviéticos como Moscou e sua perda teria um efeito psicológico catastrófico, dentro e fora do país. Além disso, a rápida junção das forças de Von Leeb com as de Van Bock, antes que novas reservas soviéticas pudessem ser mobilizadas, tornaria a ofensiva alemã rumo a Moscou realmente irresistível.
O moral da população civil de Leningrado, onde Zhdanov atuava como principal comissário, era excelente. O mesmo não acontecia, entretanto, em relação às forças de defesa, comandadas por Voroshilov. Eram frequentes os recuos, os abandonos não autorizados ds posições, as deserções. A disciplina deteriorava-se rapidamente, ordens importantes deixavam de ser cumpridas e os alemães estavam a ponto de completar o cerco da antiga capital imperial.
Foi para garantir a defesa da cidade ameaçada que Stalin chamou Jukov a Moscou, no dia 8 de setembro. Vinte e quatro horas depois, investido de poderes quase absolutos, Jukov voava para Leningrado.
As ordens que tinha recebido de Stalin eram simples: "Siga para Leningrado. Ali, a situação é extremamente difícil. Se os alemães completarem o cerco de Lenhigrado, unindo-se aos finlandeses, poderão convergir sobre Moscou partindo do Nordeste e a situação se tornará ainda mais crítica do que a atual".
E no dia 9 de setembro, Jukov, com os oficiais de seu estado-maior, que selecionara cuidadosamente, chegava a Leningrado, para defrontar-se com a mais difícil missão de sua carreira.
Dispensando protocolo e cerimonial de recepção, Jukov dirigiu-se diretamente da esburacada pista do aeroporto de Leningrado para o Smolny — de onde Lenin desfechara e comandara a Revolução de Outubro e que agora servia de sede ao quartel-general de Leningrado — apresentou suas credenciais e tomou posse de seu novo comando. Dali mesmo, telefonou ao marechal Vassilevsky, representante da Stavka em Moscou, para anunciar: "Fala Jukov. Assumi o comando. Pretendo atuar mais ativamente que meu predecessor".
Foi assim que Jukov deu a entender, duramente, ao marechal Voroshilov, que se encontrava na mesma sala, o que pensava a respeito de sua capacidade. Uma hora mais tarde, o marechal e seus assessores estavam a caminho de Moscou, para jamais voltar a tomar parte ativa no conflito.
A simples troca de comando, entretanto, não afetava de forma alguma a situação geral: os alemães continuavam estreitando cerco à cidade e Leningrado estava no centro de um círculo de aço quase fechado. No dia 13, Jukov, que estava completando um levantamento geral das defesas internas da cidade, foi informado pelo seu estado-maior de que os alemães se preparavam para lançar um ataque frontal e final contra a cidade.
Imediatamente, Jukov convocou o coronel-engenheiro Bychevsky, responsável pelas fortificações internas e externas, ouviu impacientemente sua exposição e foi informado de que os grupos de tanques encarregados da defesa de determinado setor vital do perímetro não existiam mais — tinham sido substituídos por simulacros de madeira, construídos num teatro local. Era sobre esses falsos tanques que a artilharia alemã concentrava seu fogo naquele momento.
Jukov ordenou-lhe que providenciasse naquela mesma noite mais cem falsos tanques, para dispô-los em outros dois setores ameaçados. Bychevsky respondeu que o teatro não tinha condições para produzi-los naquela noite. — "Muito bem" — replicou Jukov — "como se chama seu comissário, camarada coronel?"
— "Coronel Mukha."
— "Pois diga a esse coronel Mukha que se até amanhã de manhã os tanques não estiverem nos pontos que escolhi, vocês dois serão submetidos a um conselho de guerra. Fui claro? Amanhã, eu mesmo farei a verificação".
Os falsos tanques foram providenciados a tempo e a determinação inabalável de Jukov logo se tornou conhecida de toda a guarnição. Quem não cumpria as suas ordens era imediatamente punido. Dois generais e um comissário foram destituídos e enviados para Moscou no primeiro avião disponível, depois de terem sido qualificados de incompetentes. Para pôr fim à indisciplina, valendo-se dos poderes especiais de que estava investido, Jukov mandou fuzilar sumariamente oficiais, comissários e soldados que tinham abandonado sem ordens expressas suas posições. Determinadas unidades em que se tinham registrado casos de insubordinação — tanto do Exército como da Marinha — foram dissolvidas e seus integrantes incorporados a outras. Em todos os níveis e todos os setores, a ordem era sempre a mesma, fossem quais fossem as condições — atacar, atacar, atacar!
Deixar de cumpri-las equivalia a ser sumariamente fuzilado ou destacado para os "batalhões de choque", unidades especiais encarregadas de silenciar posições alemãs de artilharia durante a noite.
Preparando-se para o pior, Jukov convocou Bychevsky e ordenou-lhe que minasse sistematicamente todos os principais setores do centro de Leningrado, a começar pelas pontes. Destacamentos especiais da polícia secreta — NKVD — foram encarregados de organizar a defesa interna, mobilizando não apenas prisioneiros políticos mas a própria população civil de Leningrado não empenhada nas indústrias e serviços vitais — mais de 100 mil pessoas — na construção de fortificações internas. Se os alemães chegassem à cidade, teriam de lutar rua por rua e casa por casa para ocupá-la. Até mesmo crianças e mulheres foram mobilizadas para a defesa.
Havia uma grande falta de armas para equipar os batalhões organizados às pressas e Jukov ordenou que se recorresse até mesmo às velhas armas dos museus militares. Canhões antitanque foram montados em velhos bondes, caminhões e ônibus, dezenas de milhares de coquetel Molotov e de granadas eram diariamente fabricadas pelas indústrias civis convertidas em pequenas oficinas improvisadas. Estacas com pontas de aço foram cravadas e ninhos de metralhadoras montados em todos os espaços abertos da cidade e nos seus arredores, para prevenir lançamentos de pára-quedistas alemães. Menos de uma semana após a chegada de Jukov, Leningrado havia perdido seu aspecto normal — todas as ruas e avenidas da grande cidade estavam bloqueadas por treliças de trilhos de aço, casamatas de concreto, embasamentos de artilharia e ninhos de metralhadora. Nas praças e sobre os edifícios mais altos estavam concentrados os canhões antitanque e antiaéreos. Todos os navios da Marinha ancorados estavam empenhados no bombardeio incessante das posições alemãs.
Nesse meio tempo, Jukov tudo inspecionava várias vezes por dia. Verificava o cumprimento estrito do racionamento de géneros, o estado das defesas internas, as posições avançadas do perímetro externo de defesa. A estas, a ordem de Jukov, que não levava em conta baixas sofridas, carência de material, falta de combustível, posições insustentáveis, doença, sono, exaustão, era sempre e invariavelmente a mesma: atacar, atacar, atacar! Não era mais preciso fazer ameaças ou advertências. Ante opção inexorável — obedecer sem vacilar ou ser fuzilado —, ninguém vacilava. E foi esse espírito que conteve, mais que as armas e os homens, os alemães nos subúrbios de Leningrado.
A 12 de setembro, enquanto o general Halder, chefe do Estado-maior alemão registrava em seu diário que a queda de Leningrado era iminente, Hitler ordenava a Von Leeb que a eventual capitulação da cidade não devia ser aceita. A população civil deveria ser exterminada juntamente com a guarnição militar. O bombardeio aéreo e terrestre da cidade devia ser intensificado. Para manter o cerco da cidade, até sua destruição total, Leeb devia conservar toda a sua artilharia e suas unidades de blindados. Somente depois do esmagamento da última resistência eles seriam incorporados às forças que convergiriam do Nordeste sobre Moscou, para atacar a capital soviética, simultaneamente com as de Von Bock.
A noite de 17 de setembro de 1941 foi crucial para a defesa da cidade. As defesas externas, a despeito de todos os esforços, pareciam a ponto de ruir ante as maciças investidas alemãs e Jukov ordenou que se completassem os últimos preparativos para a destruição da cidade. O porto, os navios fundeados, os grandes armazéns, os entroncamentos ferroviários e todos os principais edifícios estavam minados e tudo deveria voar pelos ares a uma palavra de Jukov, no momento em que os alemães penetrassem no perímetro interno de Leningrado.
Naquela mesma noite, lançando à luta todas as suas reservas — e entre essas reservas havia batalhões de civis, adolescentes, trabalhadores que tinham cumprido seu turno diário de doze horas nas fábricas, milicianos, marinheiros, intendentes e almoxarifes, escriturários e ferradores —, Jukov conseguiu conter os alemães.
Todos os esforços desenvolvidos por Von Leeb, com ajuda da aviação, artilharia e infantaria motorizada para cortar a derradeira via de suprimento que ainda ligava Leningrado ao resto da URSS — as linhas estabelecidas através do lago Ladoga — falharam. Seus ataques encontravam sempre a obstinada resistência dos contra-ataques de Jukov, apoiados por uma arma até então desconhecida pêlos alemães e que produzia terríveis efeitos sobre seus blindados e infantaria motorizada: os foguetes terra-terra do tipo Katyusha, lançados de baterias múltiplas montadas sobre caminhões.
Para cobrir os claros da artilharia de que careciam, os russos usavam os lançadores de foguetes, deslocando-os de um setor para outro, para dar cobertura aos seus contra-ataques.
Todo esse imenso esforço de defesa tinha uma única origem — Jukov.
"Naqueles dias de setembro, ele era um homem terrível. Não há outra palavra para descrevê-lo. Ameaçava comandante após comandante de fuzilamento sumário. Continuava a removê-los, substituí-los e dispensá-los incessantemente. Insistia apenas e sempre num único ponto: Atacar! Atacar! Atacar! Esta era a essência de sua primeira ordem ao assumir o comando. Não importava que a unidade lançada ao ataque fosse débil e desfalcada. Não importava que não tivesse armas nem munições, que viesse de uma sequência de retiradas. Atacar! Essa era a ordem permanente. Desobedecê-la levava à corte marcial.
Atacar ou ser fuzilado — uma equação simples".
E foi a vontade de ferro de Jukov que acabou prevalecendo sobre uma guarnição desmoralizada e carente de recursos, sobre a população civil faminta e privada de tudo, na cidade incessantemente submetida a duro bombardeio, levando-a a resistir com as forças do desespero ao inimigo mais forte, durante a noite crucial de 17 de setembro.
Na noite de 18, os ataques alemães começaram a perder o ímpeto e em determinados setores dos subúrbios, apoiados por barragens dos navios de guerra surtos no porto e concentrações de lançadores de foguetes, os defensores de Leningrado conseguiram recuperar algumas das posições perdidas nos dias e semanas anteriores.
Os russos cercados em Leningrado ainda não sabiam a que atribuir a redução da pressão alemã e as minas instaladas na cidade continuavam ligadas e preparadas para fazê-la voar pelos ares.
No último momento, Leningrado tinha sido salva da destruição total, por uma combinação de fatores.
A despeito da intensidade dos bombardeios alemães, o perímetro das defesas externas resistira e a passagem do lago Ladoga continuava aberta, garantindo, ainda que em termos precaríssimos, as ligações da antiga capital imperial com o resto da nação.
Ao mesmo tempo, o Grupo de Exércitos Centro, que reiniciara sua ofensiva em direção a Moscou, começava a esbarrar em resistência cada vez mais intensa. Ainda progredia, mas o custo em baixas e material aumentava progressivamente. As chuvas de outono tinham começado e os veículos montados sobre pneumáticos — praticamente todo o sistema de transporte e abastecimento dos alemães — sofrera uma paralisação, uma vez que as estradas de terra do interior da URSS se tinham convertido em atoleiros. Somente os tanques e os veículos do tipo meia-lagarta podiam progredir e assim mesmo dentro de um raio de ação limitado, uma vez que dependiam de abastecimento de combustível e de reposição de peças. Ante tal emergência, o Estado-maior alemão foi compelido a recorrer às forças blindadas de Von Leeb, que se encontravam no setor Norte, empenhadas no ataque a Leningrado. Sem elas, o progresso da ofensiva rumo a Moscou estaria ameaçado. Von Leeb, que tinha a vitória à vista, relutou em abrir mão de seus blindados, sabendo que sem eles a conquista da cidade seria praticamente impossível. Solicitou a Halder um último prazo para a conquista da cidade. O prazo foi-lhe concedido e a 15, 16 e 17 de setembro os alemães desenvolveram um esforço máximo para conquistar Leningrado. Mas embora tivessem chegado às portas da cidade, ocupando algumas posições no perímetro de defesa externa, não conseguiram rompê-la.
E na manhã de 18, Von Leeb, sem esconder sua irritação, foi compelido a acatar as ordens recebidas de Berlim, deslocando o grosso de suas forças blindadas e infantaria motorizada para a frente central, rumo a Moscou.
Leningrado estava salva — embora seus defensores ainda não soubessem disso. Sabiam apenas que a pressão constante exercida pêlos alemães começara a decrescer. Um número crescente de informações sobre movimentação de unidades alemãs em torno de Leningrado chegava continuamente ao QG de Jukov. Entre os oficiais de seu Estado-maior prevalecia a impressão de que o maior perigo que pesava sobre a cidade tinha sido afastado.
Jukov, porém, acolhia com grande ceticismo essas informações. Fora testemunha dos imensos desastres militares na frente ocidental e não pretendia deixar-se surpreender. As ordens de fazer voar a cidade, caso os alemães ultrapassassem o perímetro externo, continuavam em vigor. Todas as notícias sobre a redução da pressão inimiga eram cuidadosamente verificadas. A produção de armas e munições era intensificada, enquanto o racionamento se tornava mais rigoroso, para poupar os géneros cada vez mais escassos. Simultaneamente, novos contingentes — de fuzileiros navais liberados de suas funções a bordo da frota, de marinheiros que faziam parte de serviços administrativos, de operários que trabalhavam em indústrias não-essenciais, de adolescentes aceitos como voluntários — eram equipados e enviados aos vários setores de defesa. As ordens aos comandantes e comissários eram invariavelmente as mesmas que Jukov dava desde sua chegada a Leningrado: atacar, atacar, atacar! As primeiras informações sobre deslocação de forças alemãs da área foram qualificadas por Jukov de "simples provocações" , destinadas a amolecer a disposição dos defensores de resistir a qualquer custo. Entretanto, alguns observadores sustentam que Jukov estava a par do deslocamento dos tanques e forças blindadas alemãs do setor de Leningrado e só não confirmava publicamente essa movimentação para não afetar o moral dos defensores de Leningrado.
Com o correr do tempo, contudo, tornou-se público e notório que a pressão alemã tendia a perder sua intensidade. Prisioneiros alemães, capturados durante contra-ataques, revelaram que as forças atacantes tinham sofrido baixas pesadíssimas e, desistindo finalmente de tomar a cidade de assalto, estavam construindo posições permanentes para sitiá-la. Em voos de observação, pilotos soviéticos confirmaram o deslocamento de parte das forças de Von Leeb para a frente central.
No início de outubro, os alemães intensificaram a ação de sua artilharia pesada contra Leningrado — e Jukov finalmente admitiu reservadamente aos integrantes de seu Estado-maior que os maiores riscos que pesavam sobre a cidade tinham sido afastados. A intensificação dos bombardeios da artilharia pesada alemã, a partir de posições fortificadas e previamente preparadas, era um indício seguro dos dois objetivos imediatos de Von Leeb: mascarar a retirada parcial de seus blindados e forças de infantaria mecanizada, reclamados pela frente central, e manter o cerco à cidade que não conseguira conquistar.
Somente então Jukov autorizou a desconexão dos cabos elétricos que ligavam milhares de cargas de explosivos, espalhadas pelo centro da cidade, ao seu QG. Depois de quase um mês de angústia permanente, o coronel engenheiro Bychevsky e demais encarregados da destruição de Leningrado, que parecera inevitável, respiravam, aliviados.
O desmantelamento de algumas das obras de defesa erguidas febrilmente no centro da cidade, em fins de setembro, permitiu a consolidação do perímetro defensivo externo. Embasadas em posições fortificadas, artilharia de campanha e armas automáticas impediam eficazmente a penetração da infantaria alemã, enquanto uma comissão especial, constituída por artilheiros da Marinha, regulava o sistema de fogo de contrabateria. O potencial de fogo das unidades navais ancoradas no porto era enorme e seu fogo de contrabateria, regulado por observadores situados em balões cativos ou no topo dos edifícios mais altos da cidade, silenciava eventualmente as grandes baterias alemãs.
Jukov sabia que, se a ameaça imediata estava afastada, os dias de sofrimento impostos a Leningrado ainda estavam muito longe de seu fim. Não havia possibilidade de ampliar a brecha do lago Ladoga no círculo de aço imposto pêlos alemães aos defensores. Leningrado continuaria a ser submetida, durante quase três anos, a ataques quase incessantes da aviação e da artilharia — e no terrível inverno de 1941, a fome e o frio cobrariam da população um preço ainda mais elevado do que as balas e granadas alemãs: milhares de pessoas morreriam diariamente de fome e de frio, casos de canibalismo seriam registrados; papel de parede, cascas de árvore e couro de velhos cintos e sapatos seriam usados como alimento; faltaria água não contaminada até mesmo para intervenções cirúrgicas de urgência .
Leningrado deveria arcar com sacrifícios indizíveis até 1944, quando o longo cerco alemão foi finalmente levantado, mas não se deixaria dominar — e mais que ninguém, quem inspirou esse espírito de inquebrantável resistência da guarnição e da população civil da cidade foi Jukov. Em circunstâncias dificílimas, contando com recursos precários, compelido a improvisar, premido pelo tempo e enfrentando uma atmosfera de derrotismo e quase pânico, ele lograra erguer o moral de Leningrado, impondo-lhe, a ferro e fogo, o esprit de corps que prevaleceria até a vitória final.
Era de generais como Jukov que o comando soviético precisava desesperadamente naquele momento no setor central, onde a situação era mais que crítica. E foi a Jukov que Stalin apelou mais uma vez, a 6 de outubro, solicitando-lhe informações sobre Leningrado. Pelo telefone, Jukov informou que a cidade seria submetida a um longo cerco, mas que tinha condições de resistir ao assédio inimigo e que não cairia. A defesa estava consolidada. Informou também que suas patrulhas aéreas de reconhecimento haviam fotografado colunas blindadas alemãs, acompanhadas de contingentes de infantaria motorizada, que desciam de Leningrado rumo ao Sul, aparentemente em direção a Moscou.
As informações fornecidas por Jukov conferiam com as que Stalin tinha em seu poder. "Transfira o seu comando em Leningrado ao chefe do Estado-maior, general Khozin" — ordenou Stalin — "e venha imediatamente para Moscou."
Na tarde do dia seguinte, a bordo de um bimotor da Força Aérea, Jukov partiu para a capital, onde Stalin o aguardava ansiosamente.
Já no espaço, enquanto o avião circulava, ganhando altitude, ele podia avistar a cidade devastada pelo bombardeio inimigo. Esta, contudo, estava numa situação muito diversa daquela em que a encontrara no início de setembro. Como produto de sua energia, esforço e capacidade profissional, deixava atrás de si uma fortaleza inexpugnável. Em quatro semanas, Leningrado tinha sido salva. Tentando ocupá-la, os alemães tinham perdido semanas de tempo precioso e irrecuperável. A fórmula simples e brutal utilizada por Jukov para garantir a defesa de Leningrado — atacar ou ser fuzilado — funcionara.
Mas funcionaria também na frente central, onde a situação era desastrosa?
Segundo o capitão Yuri Artibachev, o piloto que o conduziu de Leningrado a Moscou, Jukov não teve tempo para preocupar-se com isso. A despeito da importância de sua próxima missão, estava tão exausto que dormiu durante todo o tempo de voo Leningrado—Moscou.
Só relembrei que Tchuikov é o comandante do 62º Exército que defendeu Stalingrado e participou da invasão de Berlim. No mesmo patamar fica General Meretskov que comandou as tropas que levantaram o cerco de Leningrado mas com certeza menos famoso. Já sei o bastante do cerco de Leningrado e as privações da população e dos defensores do Exército Vermelho ( que nem exixte mais).
Sobre ir atrás do petróleo do Caucáso, esta idiotice estratégica de Hitler que o Estado Maior alemão condenou desde o inicío, sendo os maiores críticos general von Rundstedt e mesmo o general Halder que não queriam estender as tropas alemãs de maneira que pudessem ser flankeadas sendo Rundstedt substituído do comando do grupo de Exércitos Sul por sua teimosia e Halder caiu ainda mais na esquerda de Hitler. Os dois estavam certos já que eram discípulos de von Seckt . Mais tarde se provaram verdadeiros seus temores nas operações de inverno de 1942 e 43, com o movimento de de duas grandes pinças envolvendo o 6º Exército em Stalingrado atacando tropas de valor duvidoso como os romenos e italianos, já que com a frente ampla não havia tropas alemãs suficientes.
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Re: Guerra das Malvinas
Por falar nisso, procurei pra caramba aqui no Rio o "Duelo de Titãs"
do David Glantz e não achei. Alguma dica ?
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Re: Guerra das Malvinas
Veja no site da editora Rogério. Dava para comprar on-line.Rogério Lima escreveu:Por falar nisso, procurei pra caramba aqui no Rio o "Duelo de Titãs"
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Re: Guerra das Malvinas
Adquiri através da Saraiva, por encomenda.Rogério Lima escreveu:Por falar nisso, procurei pra caramba aqui no Rio o "Duelo de Titãs"
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Re: Guerra das Malvinas
Compra pela Internê. Tem na Livraria Cultura. Eu peguei um lá e dei uma lida, livro muito bom e detalhado. Quero comprar mas falta grana e tenho outras prioridades no momento.Rogério Lima escreveu:Por falar nisso, procurei pra caramba aqui no Rio o "Duelo de Titãs"
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Re: Guerra das Malvinas
Eu chamei Astiz de covarde. Meyer, de assassino psicótico. Leia com atenção Túlio.Túlio escreveu:Que se dane se é off-topic, mas sobre KURT PANZERMEYER:
Era tão covarde e incompetente que, apenas com seu Regimento de fanáticos da Hitler Jugend - todos efetivamente o eram - isolou, cercou e destruiu ou capturou divisões soviéticas inteiras. Sua maior reclamação era a de que sistematicamente lhe negavam apoio aéreo, em sua opinião porque a Lufwaffe não gostava dos Waffen SS, claro que por sua fama de inaudita crueldade. Os Soviéticos, se e quando chegavam a saber que o tinham nas proximidades, só lutavam se não tivessem outra alternativa. Notem, ele não estava enfrentando seu própruio Povo mas forças militares muito superiores em número e com equipamento melhor, no caso os T-34, que foram os primeiros tanques a realmente receberem o nome de MBT, embora ainda os chamasssem de tanques médios.
É conhecido o péssimo conceito de Rommel sobre as SS. Pois bem, ele teve PANZERMEYER sob seu comando. O elogiou por escrito e recomendou condecoração. Aliás, o 'covarde' teve muitas, várias delas por bravura em combate. Já no fim da guerra, encarando a derrota certa:
Onze tanques, uma dúzia de 88s e 300 infantes contra o grosso das forças aliadas. Baita covardia a desse cara, né?Meyer passou o dia 15 conduzindo uma retirada tática de Laizon, coberto pela 85ª Divisão de Infantaria alemã. No entanto, os canadenses lograram romper o dispositivo da 85ª e a dispersar, mas a 12ª Panzer SS mais uma vez obstou seu avanço e, pela manhã do dia 16 de agosto, ainda sustentava uma linha de três milhas ao sul de Falaise. A esta altura a 12ª SS estava reduzida a onze tanques, uma dúzia de canhões 88mm e 300 soldados de infantaria. Mais tarde, naquele mesmo dia, os canadenses tomaram Falaise.
http://www.grandesguerras.com.br/artigo ... art_id=152
Olhem, não estou defendendo o Astiz, nem conheço por nada, o fato é que a maneira Russa de guerrear sempre (não é primazia dos COMUNAZZZZ) levou em alta consideração que SANGUE é mais barato que AÇO. Basta ver a defesa de Leningrado, e quem comandava? O 'valente' Tchuikov...![]()
Mas se Astiz tivesse resolvido lutar à moda Russa, ou mais precisamente à Meyer, já que dispunha de algum equipamento moderno para a época, teria apenas comandado o massacre de suas próprias tropas...
Pois bem, um assassino... Como bem sabe as mães de 18 prisioneiros canadenses, mortos a mando dele. Aliás, se a memória não me falha, o psicopata entregou-se em Caem justamente para unidades do Canadá. Era para ter seus dias findos, com o pescoço pendurado na ponta da corda, mas, devido a uma estranha pressão dos EUA, a justiça militar canadense o apenou em 10 anos. A URSS, por várias vezes pleiteou a transferência deste assassino para responder perante a um tribunal soviético, o que foi sistematicamente negado. Meyer encontrou a morte em 1961, gozando de plena saúde. Há quem diga, que a sua morte foi obra de envenenamento tóxico, aplicado pela KGB. Especulações, especulações...
Se você o admira como soldado, saiba que um dos grandes feitos de Meyer, foi na verdade uma grande “cagada”: Na terceira e última batalha de Karkov, vencida pelas armas vermelhas, Meyer, não se sabe se por vaidade ou estupidez, liderou um ataque impetuoso contra uma formação de infantaria soviética, terminando por ficar isolado numa grande praça. Cercado por uma companhia de Fuzileiros do Exército Vermelho, recuperou-se da sua besteira, ordenando rapidamente o abandono da posição. Como ainda era tênue o cerco, conseguiu evadir-se, não sem perder 2/3 dos seus comandados, bem como vasto material. Isto foi propagandeado pelos nazistas como um “grande feito militar” (uma derrota clamorosa), exagerando, como é de hábito nas “mentiras do tipo”, o efetivo do inimigo.
Para os historiadores, no entanto, os registros soviéticos e mesmos os alemães, denunciaram a fraude de propaganda.
Desta história toda, estranha-me apenas, o uso de um psicótico como exemplo. Vá gostar de psicopatas assim lá na China!
Não digo “o inferno”, porque lá já tem demais.
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Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
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Re: Guerra das Malvinas
Bem, cupincha, retiro então o teor sarcástico, eis que o dirigia A TI e resultava efetivamente de minha má interpretação de teus posts. Minhas desculpas, COMUNA!!!
Mas devo ter provado, ainda que sem ser essa precisamente a minha intenção, que psicopatas podem ser excelentes comandantes de tropas...
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Mas devo ter provado, ainda que sem ser essa precisamente a minha intenção, que psicopatas podem ser excelentes comandantes de tropas...

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Re: Guerra das Malvinas
Ilya Ehrenburg escreveu:Adquiri através da Saraiva, por encomenda.Rogério Lima escreveu:Por falar nisso, procurei pra caramba aqui no Rio o "Duelo de Titãs"
do David Glantz e não achei. Alguma dica ?
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Valeu Tovarich, by the way... Já deu uma olhada no Haaretz de hoje ?
Tá valendo o artigo sobre o pulso de Jerusalém com a visita de "Nosso Guia".
Postei no GEOPOLÍTICA.
Editado pela última vez por Rock n Roll em Seg Mar 15, 2010 10:33 am, em um total de 1 vez.
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Re: Guerra das Malvinas
Valeu companheiro vou conferir todas as dicas.Bolovo escreveu:Compra pela Internê. Tem na Livraria Cultura. Eu peguei um lá e dei uma lida, livro muito bom e detalhado. Quero comprar mas falta grana e tenho outras prioridades no momento.Rogério Lima escreveu:Por falar nisso, procurei pra caramba aqui no Rio o "Duelo de Titãs"
do David Glantz e não achei. Alguma dica ?
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Sai de baixo que é a INF PQDT !!!
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Re: Guerra das Malvinas
Valeu companheiro; Obrigado. ÉKFANGO na área !!!!Hader escreveu:Veja no site da editora Rogério. Dava para comprar on-line.Rogério Lima escreveu:Por falar nisso, procurei pra caramba aqui no Rio o "Duelo de Titãs"
do David Glantz e não achei. Alguma dica ?
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[]'s
- Ilya Ehrenburg
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Re: Guerra das Malvinas
Túlio... Não é por nada, mas... Por força da vossa profissão, devias ter um ódio profundo por todos os psicopatas da face da terra.Túlio escreveu:Bem, cupincha, retiro então o teor sarcástico, eis que o dirigia A TI e resultava efetivamente de minha má interpretação de teus posts. Minhas desculpas, COMUNA!!!![]()
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Mas devo ter provado, ainda que sem ser essa precisamente a minha intenção, que psicopatas podem ser excelentes comandantes de tropas...![]()

Psicopatas são extremamente egoístas e vaidosos, bem como calculistas ao extremo. Se a racionalidade e a frieza os ajudam, a vaidade e a presunção os prejudicam. Daí que não se saem bem em posições de comando pleno, pois na adversidade, perdem-se.
Aliás, pressionar o psicopata para que ele cometa um erro, é uma tática clássica das forças policiais americanas, que muita experiência possui em enfrentar elementos psicóticos. São pioneiros e vanguardistas, sobre este assunto.
Abraços, direitista.

Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
Ilya Ehrenburg
Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
Ilya Ehrenburg
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Re: Guerra das Malvinas
WalterGaudério escreveu:
Ilya concordo com sua opinião sobre o Astiz, um autêntico Playboy do regime argentino. Uma vergonha para as forças militares portenhas. O general argentino que arquitetou a ocupação e enfrentamento as Forças britânicas, teve uma atuação lamentável.
Resultado o Astiz teve que ouvir a música Rule Brittania(de melodia muito bonita, mas de letra repugnante principalmente se vc nasceu na índia ou boa parte da África) durante 15 dias a bordo de um navio britânico.
Quer dizer que os marinheiros de sua majestade, sem tocar num fio de cabelo de Astiz, o fizeram "sofrer" por 15 dias!
Aí está, apesar de alinhar-me com os interesses soberanos latino-americanos, não posso deixar de congratular os anglos pelo feito. Adorei saber. Os ingleses obrigaram Astiz a receber uma pequena paga pelos seus crimes, que de resto, cabe aos argentinos julgarem, em sua plenitude.
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
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Re: Guerra das Malvinas
Comendo ração R2 de corned beef com chá preto (constipante)....Ilya Ehrenburg escreveu:WalterGaudério escreveu:
Ilya concordo com sua opinião sobre o Astiz, um autêntico Playboy do regime argentino. Uma vergonha para as forças militares portenhas. O general argentino que arquitetou a ocupação e enfrentamento as Forças britânicas, teve uma atuação lamentável.
Resultado o Astiz teve que ouvir a música Rule Brittania(de melodia muito bonita, mas de letra repugnante principalmente se vc nasceu na índia ou boa parte da África) durante 15 dias a bordo de um navio britânico.
Quer dizer que os marinheiros de sua majestade, sem tocar num fio de cabelo de Astiz, o fizeram "sofrer" por 15 dias!
Aí está, apesar de alinhar-me com os interesses soberanos latino-americanos, não posso deixar de congratular os anglos pelo feito. Adorei saber. Os ingleses obrigaram Astiz a receber uma pequena paga pelos seus crimes, que de resto, cabe aos argentinos julgarem, em sua plenitude.
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Santa é a guerra, e sagradas são as armas para aqueles que somente nelas podem confiar.
Tito Lívio.
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