MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#811 Mensagem por Loki » Qua Abr 21, 2010 6:53 pm

AL BANCO DO BRASIL
Confirman la venta del Banco Patagonia
El Banco Patagonia tuvo que salir ayer a confirmar que, en apenas unos días, el control de la entidad podría pasar a manos del Banco do Brasil, la principal entidad financiera del país vecino y de América latina, con activos por más de US$ 250.000 millones. Así, los capitales del país vecino, que ya dominan en frigoríficos, cemento, zapatillas y cerveza, crecen también en la banca.

"Las negociaciones con Banco do Brasil se encuentran muy avanzadas y se estima que en los próximos días podría llegarse a un acuerdo, que podría incluir la adquisición del control de Banco Patagonia", comunicó la institución que comandan los Stuart Milne.

La inminencia de la operación hizo disparar la acción del banco, que subió 6,2%, a 4,43 pesos, en medio de una caída casi generalizada de los papeles del Merval. La suba fue la mayor en tres meses del Patagonia, el tercer banco del país por capitalización de mercado.

"El Patagonia podría llegar a venderse a dos veces su valor libros de 2009 o cerca de 5 a 5,10 pesos la acción", dijo Guido Bizzozero, analista de la sociedad de Bolsa Allaria Ledesma a la agencia Bloomberg. Y agregó: "Los estatutos del Patagonia podrían forzar al Banco do Brasil a ofrecer el mismo precio a todos los accionistas".

fontes: http://www1.uol.com.br/clarin/




Loki
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#812 Mensagem por Loki » Qua Abr 21, 2010 7:10 pm

E está atacando em mais de uma frente!!!!!

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_N ... NIDOS.html




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#813 Mensagem por delmar » Qua Abr 21, 2010 7:19 pm

Realmente são boas noticias. Para um brasileiro no exterior é um momento de alegria entrar em uma agência de um banco brasileiro e poder operar em um caixa eletrônico como se estivesse no Brasil.




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Bourne
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#814 Mensagem por Bourne » Qua Abr 21, 2010 7:33 pm

Acho que não.

O objetivo do BB, Itau/Unibanco e, bem mais tímido, Bradesco é entrar nos mercados onde podem ganhar dinheiro e bater de frente com os bancos locais. Provavelmente, se colocar um cartão no BB de algum outro país não vai funcionar. Apesar de a entrada no mercado possivelmente de dar comprando algum banco local e expandir. Por exemplo, quando o ABN Ambro comprou o Banco Real, manteve o nome Banco Real, e quando o vendeu para o Santander continua como Banco Real. É uma questão de como penetrar no mercado.

Também acho bem difícil achar algum brasileiro na agência ou alguém que fale português. A não ser nos pontos chaves de operação do Banco.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#815 Mensagem por Loki » Qua Abr 21, 2010 7:49 pm

Já funcionam Bourne, você pode sacar dinheiro local de sua conta corrente com seu cartão de débito na Argentina, em qualquer caixa eletrônico, no meu caso Itau/unibanco, :evil: cobraram-me uma módica quantia de 12,5 réis pelo saque em Buenos Ayres. A taxa do BB é muito mais barata. :wink:




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#816 Mensagem por delmar » Qua Abr 21, 2010 8:40 pm

Bourne escreveu:Acho que não.

O objetivo do BB, Itau/Unibanco e, bem mais tímido, Bradesco é entrar nos mercados onde podem ganhar dinheiro e bater de frente com os bancos locais. Provavelmente, se colocar um cartão no BB de algum outro país não vai funcionar. Apesar de a entrada no mercado possivelmente de dar comprando algum banco local e expandir. Por exemplo, quando o ABN Ambro comprou o Banco Real, manteve o nome Banco Real, e quando o vendeu para o Santander continua como Banco Real. É uma questão de como penetrar no mercado.

Também acho bem difícil achar algum brasileiro na agência ou alguém que fale português. A não ser nos pontos chaves de operação do Banco.
Na agência do BB em New York eles falam português e tem os caixas eletrônicos iguais aos que funcionam nas agências brasileiras.




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#817 Mensagem por Bourne » Qua Abr 21, 2010 9:03 pm

Mas ai é diferente. A agência é um tipo de escritório no exterior. Se não estou trocando os nomes o Santander tem um escritório de representação no Brasil desde idos da década de 1960.

Quando se fala em internacionalização bancária é referente a uma banco estrangeiro indo competir com os bancos locais no mercado deles. Esse é o grande fenômeno recente dos grandes bancos brasileiros.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#818 Mensagem por GustavoB » Qua Abr 21, 2010 10:05 pm

Banco do Brasil adquire Banco Patagonia por US$ 479 milhões

Recomendar!Por: Vitor Silveira Lima Oliveira
21/04/10 - 19h10
InfoMoney

SÃO PAULO - O Banco do Brasil (BBAS3) acertou a aquisição de 51% do capital social do banco argentino Patagonia por US$ 479,6 milhões, anunciou a instituição adquirida por meio de fato relevante nesta quarta-feira (21).

De acordo com o comunicado, foram vendidas 366.825.016 ações ordinárias de classe B pelos sócios Jorge Guillermo Stuart Milne, Ricardo Alberto Stuart Milne e Emilio Carlos González Moreno, que continuarão como parceiros no negócio, cuja participação conjunta na companhia era anteriormente de 61,5%.

Deste modo, o preço pago por ação pelo BB chegou a US$ 1,3076, sendo 40% do valor total pago no momento da concretização da operação e o restante será financiado em prazo não especificado.

Mais detalhes

A concretização da operação ainda está sujeita às aprovações das autoridades reguladoras dos sistemas financeiros de Brasil e Argentina, além da assembléia de acionistas do BB.

A fim de cumprir com as determinações legais argentinas, as partes - BB e acionistas do Patagonia - lançarão uma OPA (Oferta Pública de Aquisição de Ações) conjunta pelo mesmo preço ofertado ao antigo bloco controlador. Estes, por sua vez, poderão comprar ações até o limíte de 25% do capital social, ficando o restante exlcusivamente para o BB.

Conheça o Patagónia

O banco argentino possuia, em dezembro de 2009, base de ativos equivalente a US$ 2,5 bilhões. Sua carteira de crédito chegava a US$ 1,1 bilhão, contando com 775 mil clientes.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#819 Mensagem por WalterGaudério » Qui Abr 22, 2010 10:03 am

cvn73 escreveu:
Brasil é um dos países latino-americanos que mais deve crescer, diz FMI


da Reportagem Local
O Brasil deve ter um dos crescimentos mais vigorosos entre os países na região da América Latina e Caribe, de acordo com projeções divulgadas nesta quarta-feira pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), em seu relatório "World Economic Outlook" (Panorama Econômico Mundial).

Os especialistas do Fundo estimam um crescimento do PIB (soma das riquezas do país) de 5,5% neste ano. Entre os chamados Brics (grupo de potências emergentes), o país perde para a China (projeção de 10%) e Índia (8,8% de crescimento previsto), mas supera a Rússia (4%).


O desempenho do Brasil se mostra muito melhor em comparação com os países mais próximos geograficamente. A projeção de 5,5% está acima do crescimento médio esperado para a América do Sul neste ano (4,1%, segundo os cálculos do FMI), incluindo até mesmo o México na conta.

Na comparação país a país, o crescimento brasileiro supera o desempenho das principais economias do subcontinente, como México (projeção de 4,2%), Argentina (3,5%), Colômbia (2,2%), Chile (4,7%) e o colega de Mercosul Paraguai (5,3%).

O potencial desempenho brasileiro é batido na comparação com o crescimento do Peru (previsão de 6,3%) e Uruguai (5,7%).

Arte/Folha
Imagem
Entre todos os países da América Latina e Caribe para o qual o FMI divulgou projeções, o organismo somente projeta recessão para um: a Venezuela, onde se espera uma contração do PIB de 2,6%.

"Superaquecimento"

O Brasil, na visão dos especialistas do Fundo, faz parte do grupo de nações que já precisa se preocupar com o risco de um potencial "superaquecimento" da demanda doméstica e está mais próximo, portanto, de um "ponto de virada" em suas políticas de estímulo.

"Na medida em que as disparidades de produção estão se estreitando, e as pressões inflacionárias estão evoluindo em diferentes velocidades, algumas economias com regimes de meta de inflação (Brasil) parecem mais perto de um ponto de virada do que outras (Colômbia, México)", consideram os economistas do FMI, numa referência às políticas de combate aos efeitos da crise.

Os especialistas do Fundo não esclarecem, explicitamente, o que seria esse "ponto de virada". Apenas sublinham a necessidade de alguns países revisarem suas medidas de estímulo à economia concedidas no auge da crise mundial de 2008 (e 2009).

O Brasil, como muitos outros países, concedeu subsídios às empresas e reduziu as taxas básicas de juros. Em outros lugares, como os EUA e os países da Europa, grandes quantias de dinheiro foram aplicadas no sistema financeiro para impedir a quebra de bancos e a paralisia do sistema de crédito.

Na visão do FMI, esses estímulos concedidos pelos governos foram necessários para combater os efeitos da crise mundial, mas agora devem ser revistos, sob pena de gerarem outros problemas (aumento dos deficit públicos), que podem comprometer a retomada do crescimento econômico.
Eu tenho certeza que depois que a Dilma assumir vai haver um pé no freio da economia, para salva-la.




Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...

Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.


Os sábios PENSAM
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Os Idiotas PLANTAM e os
Os Imbecis FINANCIAM...
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#820 Mensagem por Bourne » Qui Abr 22, 2010 10:27 am

WalterGaudério escreveu:Eu tenho certeza que depois que a Dilma assumir vai haver um pé no freio da economia, para salva-la.
Olhe bem, já está se começando a usar o freio motor, logo após as eleições ou antes, começa a pisar no freio. É uma questão de tempo. O Meirelles já defende os benefícios e a necessidade de aumentar as taxas de juros. Só espero que não seja suicida, mas é esperado e está no manual.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#821 Mensagem por marcelo l. » Sex Abr 23, 2010 10:57 am

O inventor do futuro

http://www.riobravo.com.br/noticias/con ... p?id=12498
Valor Econômico - 29/01/2010
Por Gillian Tett, do Financial Times

Economia: Quando Jim O'Neill criou a sigla Bric para representar as economias do Brasil, Rússia, Índia e China, sabia ter detectado algo grande. O que não percebeu foi quão grande.

Sobre a mesa de Jim O'Neill, economista-chefe do Goldman Sachs, há quatro bandeirinhas. Os pequenos pedaços de tecido são flâmulas que representam grandes países: Brasil, Rússia, Índia e China. E quase uma década atrás, O'Neill decidiu começar a pensar neles como um grupo - para o qual cunhou a sigla Bric. Era um simples lembrete mental. O gesto mais ousado foi prever - publicamente, e em nome do Goldman - que em 2041 (mais tarde revisto para 2039 e 2032) as nações do Bric ultrapassariam as seis maiores economias ocidentais em termos de poderio econômico. As quatro bandeiras viriam a representar os pilares da economia do século XXI.

Na época, muitos zombaram dessa ideia. As previsões viraram a sabedoria convencional ocidental de cabeça para baixo, e O'Neill não parecia um arauto óbvio para o conceito. No entanto, na última década, Bric tornou-se um termo financeiro quase onipresente, modelando como uma geração de investidores, financiadores e formuladores de políticas vê os mercados emergentes: empresas, da Nissan à WPP, têm desenvolvido estratégias de negócios centradas nos Bric, dezenas de instituições financeiras agora operam fundos Bric e escolas de negócios têm lançado cursos focados nos Bric.

Para alguns críticos, o termo é bombástico: marketing terminológico de um banco e de um setor bancário acostumados a disfarçar tolices na forma de novas ideias e conceitos genuínos para melhor aproveitá-las. "Bric é apenas lorota de marketing, um disparate!", disse Charles Dumas, economista em Londres que contesta muitos elementos do conceito Bric, por exemplo a ideia de que esses países vão continuar a crescer inexoravelmente no futuro.

Reinaldo Canato/Folha Imagem Prédio da BM&FBovespa, em São Paulo: desde 2003, as bolsas nos Bric cresceram de 2% para 9% em capitalização mundial de mercado Mas, mesmo que o Bric seja um lance autointeressado de marketing político, esse tipo de jogada pode assumir vida própria, além do alcance em que seus criadores acreditam ou mesmo almejam. O'Neill, de 52 anos, redesenhou o mapa cognitivo dos "senhores do universo", ajudando-os a articular uma mudança fundamental de influência distante do mundo ocidental. E se você acredita que a maneira de pensar e falar dos seres humanos não só reflete a realidade, mas pode moldar o futuro, então esse rótulo Bric veio tanto para refletir como direcionar mudanças, embora a partir de uma semente improvável.

No verão de 2001, Gavyn Davies, extremamente respeitado codiretor do Goldman Sachs, anunciou sua saída, deixando O'Neill como líder único, e sob enorme pressão para mostrar desempenho. "Pensei: 'Oh, meu Deus, tenho de colocar minha marca nesse departamento'", relembra. "Estava em busca de um tema e de uma ideia nova."

AP Chinesa acompanha movimentação da Bolsa de Xangai: Jim O'Neill prevê que as bolsas dos Bric representarão quase 50% do mercado mundial em 2050 A inspiração veio na forma de uma dádiva ambivalente. Em 11 de setembro, quando o primeiro avião aproximou-se das Torres Gêmeas, onde ele proferira uma palestra alguns dias antes, O'Neill comandava uma teleconferência mundial. No meio da palestra, os rostos de Nova York desapareceram da tela. O'Neill soube mais tarde que os funcionários tinham sido retirados ilesos, mas ele ainda ficou atordoado, em choque. Nos dias que se seguiram, sua mente começou a zumbir. Como analista de mercados de câmbio, O'Neill era defensor da globalização e estava fascinado com o poder crescente da Ásia. "O que o 11 de Setembro me disse foi não haver maneira de a globalização, no futuro, ser sinônimo de americanização - nem deveria ser", diz. "Para fazer a globalização avançar, ela teve que ser aceita por mais pessoas, mas não impondo as crenças sociais e filosóficas e as estruturas dominantes americanas."

Em termos práticos, concluiu ele, isso significava que os economistas tinham de examinar mais detidamente como as economias não ocidentais poderiam exercer maior poder no futuro. Ao perscrutar o mundo, ficou fascinado com quatro países: Brasil, Rússia, Índia e China. Em certo sentido, os quatro pareciam distintos, separados geográfica e culturalmente, pois em nenhum sentido já haviam atuado como bloco, nunca haviam se concebido como unidade. Mas o que compartilhavam em 2001 eram grandes populações, economias subdesenvolvidas e governos que pareciam dispostos a abraçar mercados mundiais e alguns elementos da globalização. Para O'Neill, essas características os tornavam irmãos: todos tinham potencial para crescer rapidamente.

Em 30 de novembro de 2001, ele lançou sua grande ideia: o estudo nº 66 do Goldman Sachs, "Building Better Global Economic Brics". Ele previu, cautelosamente, que "nos próximos dez anos o peso dos países do Bric, e especialmente da China, no Produto Interno Bruto (PIB) mundial iria crescer", e advertiu, talvez um pouco menos sobriamente, que "em consonância com essas perspectivas, os fóruns formuladores de políticas para o mundo deve ser reorganizado" para dar mais poder ao grupo que O'Neill denominara Bric.

O estudo logo despertou interesse de empresas clientes, especialmente aquelas que já estavam vendendo ou tentando vender produtos de consumo para os mercados emergentes. "Achei o conceito Bric fascinante desde o início", diz Martin Sorrell, diretor de mídia do grupo WPP. "Ele captou o que nós já estávamos discutindo." Mas, para muitos investidores e banqueiros, inclusive para algumas pessoas no Goldman, tudo parecia um pouco fantasioso, sobretudo tendo em conta que países como o Brasil tinham, recentemente, sofrido hiperinflação. "Na primeira vez em que falei a um grande grupo no Rio [após o estudo ter sido publicado], foi para mil investidores da América Latina", recorda O'Neill. "A pessoa que estava me apresentando sussurrou ao meu ouvido, ao dirigir-se ao púlpito, 'todos nós sabemos que a inclusão do 'B' é porque sem ele não haveria uma sigla'."

Mas O'Neill continuou discutindo o conceito com colegas e, em 2003, sua equipe produziu sua contribuição seguinte: um documento chamado de "Dreaming with Brics: The Path to 2050". Ele declarou que em 2039 os Bric poderiam superar as maiores economias ocidentais em escala. Essa previsão lançou a equipe de O'Neill no que ele chama de "Briclife". Em poucos dias, as caixas postais dos economistas da Goldman foram inundadas com e-mails de executivos de inúmeras companhias - da Vodafone, grupo em telefonia móvel, à mineradora BHP Billiton, Ikea e Nissan. Por sorte ou brilhantismo, O'Neill criou a sigla no momento em que empresas ocidentais estavam tentando aprimorar suas estratégias para vender produtos ao mundo não ocidental ou para usar regiões como a China como base de produção. A referência Bric proporcionou a executivos uma forma ágil de discutir estratégias. Melhor, ao contrário dos "mercados emergentes" ou "mundo em desenvolvimento", Bric não é paternalista ou pouco promissor.

Em pouco tempo, bancos rivais estavam lançando fundos de investimento com marketing sob o rótulo Bric. "Perguntamos a nossos advogados se poderíamos tornar o termo Bric uma marca registrada, mas eles nos disseram não - aparentemente, não se trata de um produto", diz O'Neill. Incessantemente, a marca se disseminou, assumindo uma vida fora dos limites do Goldman. À medida que os investidores começaram a comprar ativos especificamente ligados à ascensão dos países do Bric, fundos de hedge perceberam que a maneira como a China, por exemplo, estava produzindo carros poderia afetar a demanda por cobre no Brasil. Novas correlações foram se desenvolvendo nos preços dos ativos, em meio a fortes fluxos de investimentos (desde 2003, as bolsas nos Bric cresceram de 2% para 9% em capitalização mundial de mercado, e O'Neill prevê que elas representarão quase 50% do mercado mundial em 2050).

Rivais de O'Neill começaram a disparar críticas. Alguns economistas disseram ser ridículo fazer previsões tão distantes quanto para 2050, especialmente porque muitas das projeções de O'Neill pareciam extrapolar o crescimento corrente sobre uma linha reta. Outros discordaram da ideia de que os quatro países do Bric poderiam ou deveriam ser descritos como grupo. "Economicamente, financeiramente e politicamente, a China ofusca, e vai continuar ofuscando, os outros Bric", argumentaram analistas do Deutsche Bank. Alguns bancos tentaram proibir seus funcionários de usar "a palavra que começa com 'B'".

Talvez o aspecto mais notável da criação de O'Neill esteja no que não lhe aconteceu: submetida a análise, naufragar sob o impacto da crise de crédito. Na verdade, durante a grande rerreavaliação, o conceito Bric floresceu. A maioria dos países do Bric emergiu da crise relativamente bem. "Como resultado", O'Neill escreveu, "julgamos que as nossas projeções 'douradas' de longo prazo para os Bric em 2050 têm maiores, e não menores, chances de se concretizar". O Goldman agora prevê que até 2027 a economia chinesa terá se tornado tão grande quanto a dos EUA, ao passo que até 2032 os Bric como um todo eclipsarão as grandes economias ocidentais quase uma década antes do que se pensava.

Isso, argumenta O´Neill, vai derrubar muitas premissas ocidentais sobre como o mundo funciona. Atualmente, o Goldman recomenda agressivamente que os investidores decidam em que empresas ocidentais investir com base em se estão vendendo para os Bric, em vez de apenas para consumidores ocidentais. "Estimamos que até 2030 poderão ter entrado na classe média mundial 2 bilhões de pessoas, principalmente nos Bric", afirma o Goldman em recente nota de pesquisa.

Investidores adoram o raciocínio. "Se você tivesse dado atenção ao trabalho de O'Neill e começado a investir nos mercados de ações desses quatro países [nos idos de 2001], teria ganho mais dinheiro, nesta década, do que fazendo praticamente qualquer outra coisa imaginável", declarou Joshua Brown, influente comentarista de investimentos, em seu blog sobre Wall Street no mês passado.

Outros temem que se trata da próxima grande bolha. Para alguns, a exclusão de países como a África do Sul, ou até mesmo a Indonésia, parece cada vez mais estranha. E a inclusão da Rússia está constituindo-se em dor de cabeça cada vez maior, uma vez que foi especificamente a economia russa, entre as dos Bric, que sofreu real impacto durante a crise de crédito - tão severo, na verdade, que alguns investidores (e até alguns executivos bancários no Goldman) desconfiam que chegou a hora de tirar a Rússia do grupo.

O'Neill reluta em prejudicar as relações do Goldman com Moscou fazendo isso. Embora admita que a Rússia tenha "desapontado", ele também insiste que, se o país "se recuperar vigorosa e rapidamente em 2010 e 2011, como esperamos, acreditamos que merecerá seu status de membro do Bric".

Agora está emergindo outro fenômeno relacionado com os Bric. Nos primeiros anos da "bricolândia", os quatro países escolhidos por O'Neill tiveram reações distintas ao rótulo. Houve satisfação na Rússia, perplexidade na China, cinismo no Brasil e indiferença na Índia. Agora, os países estão pondo em prática a ideia de forjar tentativas de ligação de investimentos - na realidade, e não apenas no mundo das ideias. Em maio de 2008, a Rússia sediou a primeira cúpula formal dos Bric, reunião de ministros de Relações Exteriores dos países do Bric. Em julho de 2009, os russos deram seguimento com uma reunião de chefes de Estado dos países do Bric.

Como é típico nessas reuniões, elas foram simbólicas, e não substantivas. Embora os quatro países tenham discutido como poderiam coordenar melhor seus interesses para conquistar maior influência - e buscar alternativas ao uso do dólar -, não houve consenso em torno de passos concretos. Mas no início do segundo semestre, os quatro países deverão reunir-se no Brasil. Em antecipação, as autoridades brasileiras estão formando um grupo de acadêmicos e um think-tank formal, para lançar ideias sobre como desenvolver ainda mais a agenda dos Bric.

Pode parecer irônico que esses quatro países viessem a escolher um termo criado por um banco americano para se definirem. Mas não é algo sem precedentes. Quando a Índia começou a desenvolver seu primeiro senso de identidade nacional e rebelou-se contra os britânicos - ou quando repúblicas soviéticas, como o Uzbequistão ,desenvolveram um nacionalismo similar - fizeram-no com as fronteiras que tinham também sido impostas, artificial e arbitrariamente, por uma potência externa. Quando o mapa cognitivo é redesenhado por uma potência dominante, mesmo no mundo do marketing e da propaganda de bancos de investimento, ele tende mais a não ser apagado, e sim apropriado.

Em Nova York, alguns dos gestores mais antigos no Goldman estão conscientes das ironias culturais da febre dos Bric. Durante os primeiros 120 anos de sua história, o Goldman obteve a maior parte de seus lucros em mercados americanos. Ao entrar em sua sede, na Broad Street, em Manhattan, a primeira coisa que vemos é uma bandeira americana pairando acima do saguão de mármore. Mas as aparências podem enganar. Enquanto O'Neill escavou seu próprio nicho intelectual e divulgou as economias dos Bric, também o Goldman foi se refazendo - bem mais discretamente -, estruturando atividades fora do reduto americano para capturar o crescimento previsto por O'Neill. Na década passada, o banco abriu mais escritórios em todo o mundo do que em toda a sua história, e enquanto as receitas das Américas representaram 60% de seu lucro dez anos atrás, elas agora representam cerca de metade (e muito menos, se for excluída a América Latina). Executivos sênior do Goldman acreditam que dentro de poucos anos os lucros "made in US" serão minoria no lucro total.

Esse padrão não é certamente exclusivo do Goldman: a maioria dos outros bancos ocidentais vêm se expandindo em todo o mundo nos últimos anos. O Deutsche Bank, por exemplo, vem habilmente montando operações com derivativos de mercados emergentes, ao passo que o HSBC está tão convencido de que seu futuro está na Ásia, que seu executivo-chefe recentemente mudou-se de Londres para Hong Kong.

Ainda assim, a mudança é particularmente notória no Goldman, em vista de seu passado exclusivamente americano. Hoje, a ideia é que o banco deve construir negócios ao redor do mundo que ofereçam aos clientes locais não apenas serviços internacionais, mas serviços em seus mercados locais. Em vez de tratar os países não ocidentais como fronteiras remotas ou peões num jogo financeiro, a nova retórica empresarial insiste em que os países do Bric (e outros países não ocidentais) justificam, em si, empreendimentos financeiros. Por isso, no Brasil, o Goldman começou, recentemente, a vender fundos de investimento brasileiros para brasileiros. No Japão, há funcionários que mal falam uma palavra de inglês. E, na China, o banco está patrocinando uma escola de administração e negócios chinesa, para garantir acesso a um fluxo de estudantes chineses autenticamente "locais".

Tudo isso poderia soar reminiscente da forma como o império britânico operou no século XIX, ou a maneira como o partido comunista soviético tentou reunir os diversos povos da União Soviética numa única nação com base em ideologia. Mas, desta vez, trata-se de programas de MBA e cursos de treinamento do Goldman - em vez de escolas particulares britânicas ou campos de formação comunista - que fornecem a "cola cultural". E talvez o fator mais importante de todos: o Goldman (ao contrário de impérios anteriores) não está agindo segundo agenda nacionalista ou política; sua fidelidade real, até onde a pratica, é a seus próprios lucros. (Tradução de Sergio Blum)




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#822 Mensagem por cvn73 » Qua Abr 28, 2010 4:04 pm

Começa a década da infraestrutura
O Brasil inicia o maior ciclo de grandes obras dos últimos 30 anos. Nos próximos cinco anos, meio trilhão de dólares deverão ser investidos. A realidade - felizmente - vai além dos discursos do PAC

Imagem
Germano Lüders Construção do metrô em São Paulo: tirar do papel os projetos para atender às carências do país é uma grande oportunidade

Por Fabiane Stefano | 14.04.2010 | 11h06


No meio de uma imensa planície litorânea, recoberta por coqueirais e pastos abandonados, uma ponte avança em direção ao mar. Vista de cima, a estrutura de 2,9 quilômetros de concreto e ferro parece perdida no meio do nada. Ali, num ponto remoto do município de São João da Barra, no litoral norte do Rio de Janeiro, está sendo construído o superporto do Açu, obra da LLX, braço de logística do grupo empresarial do bilionário Eike Batista. O projeto, orçado em 3 bilhões de reais, é a ponta de um empreendimento que poderá ser muito maior. Se os planos de Eike forem concretizados, em torno do porto serão instaladas duas siderúrgicas, duas mineradoras, um polo metal-mecânico e até uma montadora de automóveis. Juntas, essas empresas demandariam investimentos de 40 bilhões de reais. "O Açu é o quintal da bacia de Campos", diz Otávio Lazcano, presidente da LLX. "Além da possibilidade de exportar petróleo, estamos criando uma nova rota para despachar para o exterior o minério de ferro de Minas Gerais." A estimativa é que o complexo possa gerar 50 000 empregos na região de São João da Barra - o que, segundo previsão da empresa, demandará a construção de uma nova cidade ao lado do porto para abrigar 200 000 habitantes.

Megalomania do oitavo homem mais rico do mundo? O tempo dirá. O que já se sabe é que Eike não está sozinho em sua aposta no futuro do Brasil. A milhares de quilômetros dali, em plena Amazônia, duas enormes usinas hidrelétricas no rio Madeira ganham corpo e em breve devem entrar em operação. No meio do sertão nordestino, centenas de quilômetros de trilhos deverão ligar uma região produtora de grãos no sul do Piauí aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco. A Petrobras toca obras em diversos pontos do país e posiciona o Brasil como uma das mais promissoras regiões petrolíferas do mundo. Empresas e investidores privados, incluindo fundos de investimento nacionais e estrangeiros, são atraídos em número crescente para os projetos de usinas, portos, ferrovias e estradas. O capital busca, afinal, um terreno onde há quase tudo a fazer ou a melhorar. Tais obras ainda são uma gota num oceano de necessidades? Sim. A máquina governamental foi montada para que as coisas não aconteçam? Sem dúvida. Qualquer obra no Brasil precisa vencer uma maratona burocrática antes de virar realidade? Verdade. Mas o que vemos é um impulso à infraestrutura como não se via desde os anos 70, quando o governo militar tocou planos quinquenais que levaram a grandes acertos, como a construção de Itaipu, usina que até hoje responde por um quinto da energia consumida no país, e a erros monumentais, como a Ferrovia do Aço. "Este é o melhor momento da infraestrutura no Brasil nos últimos 30 anos", diz o economista Ricardo Amorim. "E estamos só no começo." Quarenta anos após o milagre econômico, está se forjando uma nova década da infraestrutura.

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O cenário mais auspicioso no presente e, principalmente, a expectativa de dias muito melhores no futuro são a conclusão de uma série de estudos feitos por especialistas no tema. Um levantamento exclusivo do ANUÁRIO EXAME DE INFRAESTRUTURA 2009-2010 identificou 1 200 obras com orçamento total de 332 bilhões de reais em andamento ou em projeto. Algumas dezenas de empreendimentos superam 1 bilhão de reais em investimentos - a maior delas, a ampliação do metrô de São Paulo, consome 23 bilhões. De acordo com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), os investimentos públicos e privados no setor mais que dobraram de 2003 a 2009, de 31 bilhões para 64 bilhões de dólares. Ainda aquém dos 100 bilhões apontados pela associação como o mínimo necessário para o país, o impulso parece já mostrar resultado. Um estudo do Banco Mundial em 155 países, com mais de 1 000 operadores logísticos internacionais, mostrou que a infraestrutura brasileira passou do 61o lugar para o 41o de 2007 a 2009, um dos maiores avanços registrados no ranking. A consultoria Deloitte estima que já neste ano o país deverá aplicar 100 bilhões de dólares em infraestrutura e 140 bilhões em 2012. São números condizentes com as necessidades apontadas pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, que estima em 500 bilhões de dólares o volume de investimentos em infraestrutura nos próximos cinco anos, incluindo os gastos com as dependências esportivas e outras melhorias para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Se confirmados, o país deverá avançar no front internacional. Hoje, o Brasil é o décimo no ranking de investimentos totais, aí computadas não apenas as obras de infraestrutura mas também a área industrial e a construção civil. A consultoria LCA estima que o investimento passará dos atuais 261 bilhões de dólares para 1 trilhão em 2020. O país poderá ser, então, o quarto maior canteiro de obras do mundo - em linha com a perspectiva de quinta potência mundial.

A infraestrutura começa a tomar impulso

Embora a taxa de investimento na economia brasileira ainda esteja muito abaixo do desejável... (valor investido em máquinas, equipamentos e construção(1) em 2009):


Imagem
(1) Formação bruta de capital fixo (2) Estimativa (3) Previsão (4) Obras com valor acima de 1 milhão de reais, catalogadas no ANUÁRIO EXAME DE INFRAESTRUTURA 2009-2010 (5) Recursos necessários para a conclusão das obras

No passado, o Brasil já flertou algumas vezes com o crescimento sustentado, mas sistematicamente deixou escapar as oportunidades. Os avanços no sistema econômico nas duas últimas décadas, porém, parecem indicar que o momento atual se assenta em bases mais profundas. O Brasil nos últimos anos - com exceção de 2009, marcado pela retração global - voltou a registrar um ritmo de expansão superior a 5%. Isso é fundamental, pois há uma correlação direta entre economia mais parruda e investimentos maiores em infraestrutura. A perspectiva de crescimento forte dá aos investidores confiança, sem a qual não há investimento em obras que duram anos, quando não décadas, para gerar retorno. Não surpreende que boa parte da base brasileira de estradas e energia tenha sido construída na década de 70, justamente quando o país chegou a crescer em ritmo chinês. Naquele período, durante anos seguidos foram registradas taxas de mais de 20% do PIB investidos na chamada formação bruta de capital fixo, termo que resume os gastos com máquinas, equipamentos e construção. Desde os anos 80, essa taxa varia conforme o humor da economia. Em 2009, a formação bruta de capital fixo caiu abaixo de 17% do PIB, mas a previsão é que neste ano o país volte a investir cerca de 20%, algo que não ocorre desde 1994. Segundo a LCA, a partir de 2012 o país terá taxas de investimento acima de 20% do PIB. É exatamente o que ainda está por vir que caracteriza o momento como um ciclo capaz de influenciar o desempenho econômico do país. De acordo com o ANUÁRIO EXAME DE INFRAESTRUTURA, quase 40 bilhões de reais deverão ser gastos para a conclusão de 515 obras até o fim de 2010. Neste ano, também deverão ser iniciadas quase 300 que, juntas, movimentarão mais 52 bilhões de reais. "O Brasil nunca esteve tão perto de deslanchar numa área há muito marcada por desalento", diz Anand Hemnani, vice-presidente da consultoria americana CG-LA. Recentemente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principal financiador de obras no país, mapeou os investimentos até 2013 e identificou 274 bilhões de reais destinados a energia elétrica, telecomunicações, saneamento e logística.

...na área de infraestrutura, o investimento começou a crescer e deve dobrar até 2012 (em bilhões de dólares)

O país tem cerca de 1 200 obras(4) de infraestrutura em diversos estágios de evoluçãoImagem

UM ELEMENTO CENTRAL para quem aposta numa nova fase de investimentos no país é a perspectiva de mais dinheiro disponível. Sozinho, o governo não tem os recursos necessários. O Estado parece também incapaz de gerenciar projetos e a execução de grandes obras - apesar de toda a propaganda envolvida no assunto. Há, ainda, recorrentes denúncias de corrupção envolvendo obras públicas, o que faz com que sejam - corretamente - paralisadas. Segundo dados do próprio governo, apenas 40% das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007, foram concluídas até agora. O site independente Contas Abertas dá outro número: 11%. Ainda assim, uma segunda edição do PAC foi anunciada recentemente, com estardalhaço típico de véspera de eleição. Atualmente, segundo levantamento de EXAME, há 731 obras de vulto iniciadas, que somam 149 bilhões de reais. Sozinho, o setor público responde por apenas 8% desse total. Os 92% restantes dividem-se em obras tocadas exclusivamente por empresas privadas ou na forma de concessões e parcerias com o setor público. Felizmente, há no mundo hoje um enorme estoque de dinheiro gerido por profissionais que começam a ver oportunidades na carência brasileira de infraestrutura. São fundos com vocação para o investimento de retorno previsível e de longo prazo - a característica dos projetos desse setor bem montados. Uma dessas fontes são os fundos soberanos constituídos pelos governos de países que acumularam reservas com exportações, caso das nações árabes e da China. Apenas os fundos soberanos chineses somam um patrimônio de 2,5 trilhões de dólares - boa parte aplicada em títulos dos Estados Unidos. Como a rentabilidade desses títulos hoje é muito baixa, os gestores cogitam diversificar as aplicações. "Se 1% desse capital chinês viesse para o Brasil, seriam 25 bilhões de dólares, uma enormidade. Mas creio que virá mais", diz Amorim. Além dessa bolada, existem outros 2 trilhões em fundos soberanos de países da Ásia e do Oriente Médio. Em março, a Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, assinou um entendimento com o fundo soberano do Catar, cujos ativos somam 50 bilhões de dólares. A diretoria da Previ se reuniu ainda com representantes de um fundo soberano da China dono de 300 bilhões de dólares. "O objetivo é a troca de informações de possíveis negócios tanto aqui como lá fora. Mas o foco vai ser a nossa infraestrutura", diz Fabio Moser, diretor de investimentos da Previ. Com ou sem parceiros internacionais, a Previ planeja investir 7 bilhões de reais no setor, principalmente em projetos de energia, até 2016.

A conjuntura criada pela crise global favorece o Brasil ainda de outra maneira. Recentemente, a infraestrutura virou a tábua de salvação para ricos e grandes emergentes temerosos dos efeitos da crise. China, Estados Unidos e União Europeia anunciaram estímulos centrados em infraestrutura que somam mais de 1 trilhão de dólares. Todos, porém, escolheram investir dinheiro governamental para tocar as grandes obras. Esse avanço estatal tem deixado o setor privado órfão de investimentos na área. "Investidores privados procuram oportunidades nos emergentes por falta de opção nos seus países", diz Artur Simonson, diretor para a área de infraestrutura da Standard & Poor's. Esse movimento já começa a ser percebido. Em janeiro, o banco australiano Macquarie, gestor de 319 bilhões de dólares em ativos, criou um fundo de infraestrutura no México com capital de 408 milhões de dólares. O Macquarie estaria em fase de prospecção no Brasil. O fundo americano Global Infrastructure Partners, com investimentos em energia, transporte e saneamento, também estaria de olho no país.
Continua...




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#823 Mensagem por cvn73 » Qua Abr 28, 2010 4:16 pm

ENQUANTO OS INVESTIDORES estrangeiros não chegam com força, o novo ciclo da infraestrutura brasileira tem sido tocado essencialmente por capital nacional. No front público, o BNDES é o grande provedor de recursos. Em 2009, os desembolsos para a área somaram 48,6 bilhões de reais. Do lado privado, começam a despontar os fundos de private equity. "Os altos e baixos nos investimentos em infraestrutura no Brasil não permitiam um fluxo contínuo de projetos. Sem isso, não havia interesse dos investidores", diz Ricardo Bisordi, presidente da AG Angra, gestora de um fundo de 700 milhões de reais que já comprou participações em cinco empresas de setores como saneamento e logística. "Em 2011, deveremos montar um novo fundo para infraestrutura", afirma Bisordi. Quem também está reafirmando sua aposta no setor é o Pátria Investimentos, em fase de captação do segundo fundo dedicado à infraestrutura. A estimativa é que a carteira alcance 1 bilhão de dólares - a maior parte deve vir de aplicadores estrangeiros. "Fundos de infraestrutura são uma classe de investimento nova para nós", diz Octavio Castello Branco, sócio do Pátria. "Há cinco anos isso nem existia no Brasil."

Como tudo o que diz respeito à infraestrutura, não será da noite para o dia que os problemas desaparecerão. Décadas de paralisia cobrarão seu preço para a atual e as próximas gerações. Não basta um porto ser eficiente na movimentação de cargas se as ferrovias e as rodovias que levam a ele são incapazes de escoar com velocidade os produtos que entram e saem. "A situação é esquizofrênica no Brasil. Há áreas em que o investimento em infraestrutura está acontecendo, mas seu efeito ficará limitado em função daquelas onde não está", diz Richard Dubois, sócio da consultoria PricewaterhouseCoopers. Esse descompasso é evidente no caso do terminal de contêineres da Santos Brasil, no porto de Santos, o maior do país. Desde que ganhou o direito de exploração do terminal, em 1997, a empresa já investiu 1,2 bilhão de reais para acelerar a operação de carga e descarga. Esse dinheiro fez com que a velocidade de movimentação de contêineres fosse multiplicada de 11 para 132 unidades por hora. Restou, no entanto, um entrave: mesmo depois do embarque, os navios esperam horas para zarpar, dado o congestionamento no acesso ao porto. "O gargalo não acaba. Ele só muda de lugar", diz Antonio Sepúlveda, presidente da Santos Brasil. O caso também é ilustrativo de outra diferença notável: o que está nas mãos da iniciativa privada caminha rapidamente, enquanto o que fica por conta do poder público se arrasta. A boa notícia para todos que operam em Santos é que pelo menos uma demanda antiga - de responsabilidade do governo - está em via de ser resolvida. Dois navios chineses começaram a fazer a dragagem do porto em fevereiro para elevar a profundidade do canal de 12 para 15 metros, o que permitirá a entrada de cargueiros capazes de transportar 30% de carga a mais. "Até 2024, deveremos movimentar 240 milhões de toneladas, quase o triplo do volume atual", diz José Roberto Serra, superintendente do porto de Santos.

Nesta nova fase da infraestrutura brasileira, convém olhar para lições do passado. Inúmeras obras em fase de conclusão hoje são projetos que haviam ficado no meio do caminho, talvez a forma mais acabada de desrespeito ao contribuinte. As eclusas do Tucuruí são um exemplo eloquente. Espécie de elevadores de navios, as eclusas deverão ser inauguradas em 2010, quase 26 anos após o início da operação da hidrelétrica de mesmo nome, no Pará. A obra permitirá retomar a navegação comercial no rio Tocantins, interrompida desde a inauguração da usina. Outra obra tirada do limbo é a ferrovia Transnordestina. A degradação da via era tal que ela deixou de operar nos últimos dez anos, desconectando os estados do Nordeste do restante da malha ferroviária do país. "Nada descia de trem para baixo de Recife", diz Tufik Daher, presidente da concessionária Nova Trans nordestina, controlada pela CSN. Há quatro anos um novo trajeto foi desenhado, mas só recentemente o dinheiro para retomar a obra começou a sair.

Ao mesmo tempo que o estoque de obras inacabadas vai sendo passado a limpo, começam a andar projetos concebidos para o Brasil das próximas décadas. Oportunidades não faltam, de metrôs e trens para as capitais a estradas e ferrovias país afora. Obras como o trem de alta velocidade para ligar São Paulo ao Rio de Janeiro ou a ferrovia Leste-Oeste, que trará a soja do oeste baiano para o porto de Ilhéus, estão prestes a ser licitadas. É possível que passem pelo calvário usual de obras no país até que virem realidade. Basta ver o enrosco para levar a leilão a construção de uma hidrelétrica nas cachoeiras de Belo Monte, no trecho paraense do rio Xingu. A polêmica usina - caso concretizada, será a terceira do mundo em capacidade de geração - sofre por erros do governo, derivados da pressa em incorporar a obra à propaganda eleitoral, e com o questionamento do Ministério Público, de ambientalistas e de índios e ribeirinhos que seriam atingidos. O nó ambiental, aliás, talvez seja o maior empecilho ao bom andamento das obras. O país ainda precisa decidir o que pode ser feito, onde e como - e, a partir daí, deixar que as coisas permitidas por lei aconteçam.

Há pelo menos dois outros obstáculos ao sucesso da década da infraestrutura. Um deles é o preconceito em relação ao capital privado, e mais ainda o de origem estrangeira. Menos ideologia e mais pragmatismo em relação a como aproveitar o dinheiro de quem quer apenas fazer bons negócios é não apenas desejável, é imprescindível. Junto com isso, o país necessita definir rapidamente regras claras e estáveis para todos os setores. Não é para menos que as áreas da infraestrutura que mais conseguiram avançar nos últimos anos foram aquelas em que, ao mesmo tempo, o governo bateu o martelo quanto à regulação e admitiu mais a participação do capital privado, seja com concessões, seja com parcerias. Entre os analistas é unanimidade que o maior gargalo de infraestrutura do país é o do setor aeroportuário. "Existe um mundo de coisas para fazer nos aeroportos brasileiros. A situação de Guarulhos é absurda", diz Giovanni Fiorentino, sócio da consultoria Bain. O maior problema do setor? Exatamente a manutenção de um monopólio estatal, o da Infraero, empresa que acumula suspeitas de mau uso do dinheiro público e assiste ao atulhamento dos saguões. Do mesmo modo, o saneamento, apesar de uma lei geral aprovada há três anos, ainda depende da eliminação de travas no âmbito dos governos, do federal aos municipais, e diante delas as companhias privadas têm conseguido penetrar pouco na oferta de serviços. O setor tem investido apenas um quinto das necessidades estimadas em 10 bilhões de reais por ano. Numa enquete feita por EXAME com consultores sobre seis setores da infraestrutura, só o de energia recebeu sinal verde quanto ao nível de investimentos em curso. Rodovias, ferrovias e portos foram considerados em situação razoável. Aeroportos e saneamento, obviamente, foram reprovados.

INFRAESTRUTURA NÃO É exatamente a área mais charmosa da economia. Afora os engenheiros, a maioria prefere não gastar seu tempo discutindo as perspectivas do mercado de ferro-gusa ou os problemas no fornecimento de vergalhões. Mas poucas coisas são tão importantes para um país. Nos últimos dias, os brasileiros ficaram estarrecidos com a sequência de horrores causada pelas enchentes que castigaram o Rio de Janeiro. À contabilidade dos estragos materiais, transtornos ao cotidiano dos cidadãos e embaraço às atividades das empresas acrescentou-se o pior: uma lista de 250 perdas de vidas humanas. Nenhuma nação está livre de sofrer com cataclismos naturais - há pouco tempo, o leste dos Estados Unidos também foi varrido por inundações. Mas o tamanho do estrago resultante desses episódios varia diretamente na proporção em que os países estão preparados para lidar com eles em diversos aspectos, da organização social ao estágio de desenvolvimento da infraestrutura. O terremoto que abalou o Haiti fez mais de 200 000 vítimas e colocou no chão uma economia já devastada. Pouco tempo depois, o Chile foi sacudido com semelhante intensidade. Pouco mais de 700 pessoas morreram. O Brasil não é o Haiti. Extratos dele, como o Morro do Bumba, em Niterói, as filas quilométricas nos aeroportos, a falta de estradas, a ausência de saneamento, os portos ineficientes, são. O desenvolvimento depende da erradicação dessa face do país. A hora, enfim, pode ter chegado.http://portalexame.abril.com.br/revista ... tml?page=1




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#824 Mensagem por WalterGaudério » Qua Abr 28, 2010 6:14 pm

Bourne escreveu:
WalterGaudério escreveu:Eu tenho certeza que depois que a Dilma assumir vai haver um pé no freio da economia, para salva-la.
Olhe bem, já está se começando a usar o freio motor, logo após as eleições ou antes, começa a pisar no freio. É uma questão de tempo. O Meirelles já defende os benefícios e a necessidade de aumentar as taxas de juros. Só espero que não seja suicida, mas é esperado e está no manual.
O aumento no compulsório nos bancos deve ser batata tb. Acho que é excesso de liquidez na praça.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#825 Mensagem por Bourne » Qua Abr 28, 2010 6:38 pm

WalterGaudério escreveu:O aumento no compulsório nos bancos deve ser batata tb. Acho que é excesso de liquidez na praça.
Não. Na verdade os juros são uma varinha mágica que convencer os outros a segurar o ritmo. O efeito de facto pode ser muito, mais muito menor do que aparentemente aparece sobre a economia como um todo. As demais taxas de juros sobem por oportunismo das instituições financeiras e não digamos devido ao um efeito real e palpável sobre a sua carteira de investimentos. O efeito preocupando e real é sobre o endividamento público e câmbio que pode se valorizar ainda mais devido a atração de especuladores que vão se aproveitar da tendência para os próximos meses de alta.

Mexer no compulsório é intervenção e uma medida extrema. O excesso de liquidez é difícil de definir, mas só a taxa de juros deve ser suficiente para dar um jeiro. O aumento do compulsório se dá em casos como crises bancárias e fragilidade dos bancos, onde o risco de algumas instituições quebrarem e levarem as demais é elevado. O que definitivamente não é o caso do Brasil. A redução é motivada para criar crédito e foi essa a intenção do governo e, bem ou mau, ajudou a incentivar o crédito apesar dos tempos de crise o aumento da oferta de empréstimos se dar pelas instituições públicas. De qualquer forma, o compulsório dos bancos no Brasil é bem mais alta do que o mundo civilizado e não condiz a solidez do sistema bancário brasileiro.




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