Re: PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8
Enviado: Sex Fev 19, 2016 7:24 pm
abs.Túlio escreveu:Mrt não proporciona fogo direto. Para isso ou se faz um Guarani MGS ou ficamos na mesma.FCarvalho escreveu: Olá Túlio, grato pela resposta. Vamos por partes.
Se entendi corretamente, a idéia original do MGS, desde o começo do projeto, não era fazer rec, mas apoio de fogo aproximado à infantaria. Para este tipo de missão, aqui, e em outros lugares, se pensou em veículos equipados com morteiros, que o projeto do Guarani também prevê.
Sobre este ponto, há divergências. O apoio de fogo pode ser direto ou indireto, a depender do momento e situação. Qual empregar, como e em que circunstâncias, é dever de ofício dos EM e escalões de comando da tropa.
Por outro lado, olhando os conflitos que se temo por aí, e seus desdobramentos, e a questão aqui levantada, me vem a mente o seguinte: se a questão é apoio de fogo aproximado para a tropa, bom, isto um canhão de 20/30 em torre faz, assim como calibres maiores, e até uma simples .50. Em todo caso, ainda creio que poderíamos utilizar o 90mm na inf mec, 105 na cav mec e 120 na cav blda. Tudo sobre a mesma base logística de veículos e torre similares. Afinal, rec não é para sair por aí batendo no peito do inimigo, e apoio de fogo, bem organizado e empregado em ambiente e conceito NCW ajuizado tornar-se efetivo com qualquer calibre. Apenas uma divagação minha.
Na verdade, apenas vemos o quão RETRÓGRADO é o pensamento de certas facções no EB.FCarvalho escreveu:Bem, é certo que nem todo mundo usa esta alternativa, mas ela pode ser vista em uso real tanto na cav mec. e blda. Exemplos exitem por aí.
Neste sentido, apoio de fogo não foi, e não é o emprego primário planejado para a VBR's do projeto Guarani. Na verdade isto é considerado uma atribuição secundária para o EB em relação a estes veículos. Mas podemos perceber que nas duas últimas décadas este tipo de bldo equipado com canhões de 90 a 120 tem muito mais executado este tipo de missão do que propriamente as de rec, embora não tenha perdido esta última capacidade.
Assim, entendo que é uma questão de diferenças de conceito e doutrina de emprego. Sobre este aspecto , há muito pano pra manda em longas discussões para se saber quem está mais certo.
Bom, sermos uma país sem conflitos/ameaças abertas ou disputas territoriais, em uma zona do mundo sem maiores interesses ou pretensões políticos-econômicos e estratégicos de parte das grandes potências mundiais, tem lá suas benesses... e seus ônus, também. Se isso é bom ou ruim para os nossos generais, bem, temos que olhar caso a caso. O Santos Cruz fez o maior sucesso no Congo. Outros oficiais brasileiros a serviço da ONU também, mundo afora. Mas sempre vai haver aqueles que acham que vestir a farda é só mais um bom emprego público.
Aí complica: de fato, nem todo dia é bueno para voar e nem todo terreno é bueno pra rodar. De qualquer modo OG, ao menos aqui, não é parâmetro para nada além de BURRICE e ATRASO! Pessoalmente, preferiria usar drone para achar o In e depois ou Guarani/Stryker com Msl AC ou MBT para destroçar a GU In. Claro, não é tão literal, sempre se pode botar Av e Art na equação, para azar de quem não tem drone...FCarvalho escreveu:No mais, eu creio que se levarmos em conta duas bgdas mec/blda operando com capacidades NCW top de linha, aquela que conseguir olhar mais do alto, com certeza enxergará mais longe, e assim levará vantagem. É assim desde os balões de Caxias na tríplice guerra. Mas isso não invalida, ao menos do ponto de vista conceitual, o emprego de bldos SR armados, tanto em missões de rec, com empregados em missões de apoio de fogo, que ultimamente, pode ser vista lançando mão até mesmo de CC's pesados da vida, em ações cerradas com a infantaria.
O ideal na verdade é que se possa dispor de ambos os recursos: drones e VBR's. Até porque, nem todo dia é bom para se voar, assim como nem todo terreno está para veículos com rodas. Tem-se na verdade de haver um equilíbrio. Drones são muito bons desde o emprego tático ao estratégico. Mas nem todos eles atiram ou podem fazer CAS quando necessário. Já VBR's, desde que bem empregadas, podem fazê-lo em contextos de emprego NCW, e ainda assim serem eficazes nas missões que lhe forem atribuídas. Duvido que qualquer gen de bgda dispensasse o uso de VBR's para rec só porque dispõe de drones nesta missão. Afinal, um drone pode ter uma boa visão do alto, mas quem vai ter o alvo na mira, sempre, e decidir se atira ou não, é quem vai estar no chão. E neste caso, presumo, que quando em combate, é sempre melhor sobrar em capacidades, e opções, do que não tê-las, ou ter suas alternativas limitadas.
abs.
Acho que temos que pensar o seguinte: temos uma nova oficialidade de 2004 (Minustah) para cá, que está tendo a oportunidade de ver, e rever conceitos, sobre o que é ser militar no Brasil. Operacionalidade parece estar sendo o mote do pensamento destes pessoal. Hoje são majores, ten-cel e cel. Há ainda a geração que foi a Angola. Alguns deles chegaram ao generalato. Temos que nos fiar neles, e que um dia cheguem de fato ao comando. Talvez as coisas aí comecem a mudar. Leio trabalhos do pessoal da ESAO/ECEME, e são, ao menos no nível teórico, muito bons em termos de atualidade e pensamento voltado a efetividade operacional do EB. É esperar para ver. Muito se tem falado nos ultimos anos em operacionalidade. Quando isto virar doutrina no EB, veremos o quanto avançamos, ou não.
OBS.: como sempre, apenas a minha opinião.