FCarvalho escreveu: ↑Qua Mai 20, 2020 12:09 am
Pergunta leiga: quais são os tipos de paraquedas utilizados hoje pela bgda pqdt e os mesmos estão em conformidade com o que existe de melhor nas demais unidades congeneres ou precismos melhorar, e muito, este aspecto, também?
abs
Então, não lembro exatamente os nomes, é algo com T e P seguido de uma numeração, quem é de intendência do Dompsa pode descrever a nomenclatura exata aqui.
Mas são basicamente de três tipos e cafa tipo tem dois ou três modelos.
O primeiro tipo é dos paraquedas para tropas regulares de combate e de operações especiais do tipo comandos, é o mais comum de se ver em treinamentos da Brigada Paraquedista, eles são de cor verde para se camuflar na grama e tem o formato redondo e sem nenhuma fenda, é geralmente para cabos e soldados ou oficiais e sargentos ainda não especializados como mestres de salto, esse formato e o fato de não ter nenhuma fenda, é justamente para fazer com que o paraquedas desça rápido e no local lançado pelo mestre de salto, evitando assim que o pqd se torne alvo ainda no céu ou que aterre fora da zona de lançamento predeterminada pelo precursor paraquedista, o que tornaria mais difícil reagrupar com a tropa ou até colocaria sua vida em risco, caindo em edificações, cursos d'água, áreas arborizadas ou muito próximo a tropa inimiga, ainda que o pqd tenha adestramento para se safar em todas estas situações.
Esse é o paraquedas chamado popularmente de queixo duro, ele permite apenas fazer pequenas manobras para desviar de algum obstáculo, mas algo bastante limitado, mas não permite reduzir a velocidade do impacto, isso não tem haver se o paraquedas é moderno ou não, tem haver apenas com a necessidade de garantir que o infante aterre no local correto e com saúde física que o possibilite a combater após aterrar.
Ainda dentro deste tipo, tem o paraquedas destinado a mestres de salto, que são oficiais e sargentos especializados com este curso, eles também são verdes e redondos e diferem dos queixos duros pelo fato de terem uma fenda para passagem de ar, o mestre de salto é habilitado para usar está fenda colocando-a contra ou a favor do vento para ajustar a velocidade da aterragem e principalmente dá a ele uma amplitude muito maior de manobra, para por exemplo, escolher onde vai aterrar, o que lhe possibilita aterrar a frente, no meio ou atrás de seu GC, pelotão ou companhia, ou até ir atrás de um pqd que ele percebeu que está com problemas no salto e vai aterrar fora da ZL.
E para fechar este tipo (me perdoem ter esquecido os nomes, não sou de Intendência), tem o paraquedas reserva, que é levado na frente do pqd, ele também é redondo, mas não tem fenda, é menor e é branco, o motivo disto é porque devido a doutrina de emprego dos pqds brasileiros, que são lançados a altitudes muito baixas, o que aumenta o risco do salto mas também aumenta consideravelmente sua operacionalidade, ficando menos tempo como alvo das metralhadoras inimigas e também por isso podendo saltar em ZLs menores, muito mais numerosas que as grandes ZLs, consequentemente podendo operar em mais locais que a maioria das demais tropas parauquedistas, voltando ao motivo, após saltar, o pqd tem que contar 4 segundos (cada segundo no ar sem um paraquedas aberto o pqd desce dezenas de metros), se após o 4° segundo o seu paraquedas principal não tiver aberto, ele precisa acionar o reserva, então por isso o reserva precisa ser menor e não tem fendas, para abrir mais rápido, mas como ele é menor, a velocidade do impacto no chão é maior, e quando o pqd o aciona, já está bastante próximo do chão, e além disso, tem o risco dele embolar com o paraquedas principal que ficou mal aberto em charuto, essas tres situações aumentam consideravelmente a chance do pqd se quebrar na aterragem, então por isso o parawudas é branco, para facilitar as equipes C-SaR do Destacamento de Saúde Paraquedista a localizar o pqd que provavelmente está ferido porque precisou abrir o reserva.
Estes três modelos de paraquedas são os usados pelas tropas de combate da Brigada de Infantaria Paraquedista e também para ações diretas do 1° Batalhão de Ações de Comandos
O segundo tipo é o de paraquedas para lançamento de cargas, como munição, explosivos, suprimentos e até viaturas, eles são redondos e verdes mas gigantescos, são de três modelos, de acordo com o peso da carga, alguns deles podem lançar uma carga de mais de 1000 quilos, e caso precisem lançar um blindado bem mais pesado, são combinados mais de um paraquedas para lançar, ainda que hoje a brigada não opere blindados.
E o último tipo é destinado a salto livre para tropas de operações especiais que precisam se infiltrar e exfiltrar em sigilo, como operadores da Companhia de Precursores Paraquedistas e do 1° Batalhão de Forças Especiais, são retangulares e permitem uma navegação de dezenas de quilômetros antes de o operador aterrar, permitindo uma grande amplitude de alcance na área inimiga sem que radares captem a aeronave lançadora, há também os paraquedas para salto HALO, que permiten o operador a se lançar de uma altitude extremamente elevada e acionar o paraquedas apenas a poucos metros do chão, conferindo também um outro tipo de furtividade na infiltração.
A cor varia, há os de cor escura para infiltração noturna, azul claro ou branco simulando a cor do céu ou das nuvens para infiltração diurna, podem ser azul marinho para se camuflar em uma infiltração marítima, podem ter as cores da bandeira nacional para datas comemotativas,.
E até onde sei, não há desvantagem nenhuma em relação a tecnologia dos nossos paraquedas com o que é praticado no exterior.
Um abraço.