E eu lhe digo porque, a modernização está chegando à muitos países muçulmanos, como Irã, Líbano, Síria, tecnologias como Internet e TV a cabo estão dando ao cidadãos jovens desses países, conhecimento de um modo de vida muito mais atraente que o seu atual, o nosso modo de vida os fascina.
Isso é o terror de ditadores e aiatolás, pois o nosso modo de vida envolve democracia ocidental e muito individualismo, e pra esses radicais insanos e bárbaros isso só tem um significado "Fim do poder".
E eles farão (e já estão fazendo) de tudo para isso não acontecer, Israel é o único representante integral do nosso modo de vida e modo de governo no Oriente Médio, e para os radicais esse é o maior pesadelo possível.
Este é outro ponto interessante.
A nossa lógica ocidental nos leva a imaginar que o acesso à informação iria naturalmente levar os povos dos países do oriente médio a almejar nosso estilo de vida e nossos valores, e assim eles tenderiam naturalmente a se tornar mais "iguais a nós", e os motivos para conflitos tenderiam a diminuir.
É um raciocínio que para nós soa bastante lógico e racional, e nos é quase impossível imaginar que possa ser diferente.
Este raciocínio contudo não é corroborado pela realidade dos fatos.
Nações do oriente médio com a sociedade mais arraigada às tradições muçulmanas e árabes no sentido das crenças ,costumes e religião, são exatamente as maiores aliadas dos países ocidentais (Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kuwait). Estes países nem sequer sonham em se tornar democracias laicas, mas seus líderes não tem nenhum receio ou pudor em apoiar (e se apoiar) nas potências ocidentais.
Já a maior democracia da região (cujas últimas eleições foram vistoriadas e declaradas livres e válidas pela ONU), o Irã, está rapidamente se tornando o inimigo número 1 dos EUA e de Israel. Em outro país hoje próximo ao ocidente (Egito), as manifestações de apoio aos grupos islãmicos mais radicais são cada dia maiores, ocorrendo inclusive muitos ataques terroristas contra ocidentais.
E as ditaduras mais odiadas do oriente médio, por outro lado (Iraque, Síria e Líbia), são justamente os estados que procuravam e procuram o maior distanciamento entre a vida civil e os preceitos religiosos muçulmanos ortodoxos.
Isto não ocorre somente no oriente médio. Em vários outros pontos do globo pode-se observar que a maior facilidade e velocidade dos meios de comunicação atuais tem contribuido para valorizar mais as tradições locais do que os valores dos países ocidentais. Mesmo no ocidente, o grande crescimento observado recentemente das seitas e cultos cristãos mais ortodoxos indica que os valores de liberdade, individualismo etc... que são a base de nossa cultura, não são tão queridos assim.
Ao que tudo indica, a crença na superioridade intrínseca do nosso tipo de civilização é uma característica tipicamente nossa, que não é compartilhada pelos demais povos do mundo, como nós costumamos imaginar. É claro que todos os povos buscam a prosperidade e o poder, mas ao que parece não para fazer com eles o que nós fazemos (ou gostaríamos de fazer).
E a menos que queiramos impor à força nossa "verdade absoluta" e os "benefícios" de nossa cultura sobre estes outros povos (como os americanos estão tentando fazer no Iraque por exemplo), teremos sim que aprender a conviver em paz e harmonia com suas diferentes crenças e aspirações. No mínimo em nome da mesma liberdade que julgamos tão preciosa.