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3. Análise a Conflitos Recentes:
Subsídios para Tendências de Futuro
Apesar de muito difícil, é extremamente importante a determinação do que poderá ser uma guerra de futuro, por ser um ponto essencial para determinar que necessidades de transformação ao nível tecnológico, organizacional e doutrinário, que as forças militares necessitam para enfrentar os seus desafios.
Vários autores têm tentado determinar como será o conflito do futuro, como se vão empregar os sistemas de combate e como vão influenciar o campo de batalha. Por exemplo, a doutrina militar britânica, em 1996, era peremptória a explicitar que esse processo era pouco fiável e que deveria englobar a experiência do passado e a influência das armas do futuro, mas o principal pressuposto estava relacionado com a imprevisibilidade do momento e do seu carácter.22
As revoluções tecnológicas, em especial depois da “embriaguez” da Guerra do Golfo em 1991, pareciam mostrar que forças tecnologicamente mais avançadas, aplicadas de forma cirúrgica, podiam obter vitórias fáceis. O caso da campanha aérea contra a Sérvia em 1999 é disso um exemplo. Os responsáveis políticos envolvidos, esperavam uma curta campanha aérea para submeter Slobodan Milosevic mas acabou por durar cerca de três meses, e só terminou após a infra-estrutura económica sérvia ter sido severamente danificada e os russos terem retirado o apoio. As evoluções tecnológicas subestimaram a capacidade de possíveis adversários poderem derrotar forças tecnologicamente mais avançadas, como no caso da Somália, Afeganistão e Chechénia. De facto, as forças mais poderosas, de nível superior, experimentaram dificuldades que em teoria não deveriam ter experimentado. Quer isto dizer que uma força de nível inferior conseguiu resultados muito para além do que se poderia esperar.
a. Modelo de análise
Para a nossa análise partimos do princípio que existem forças de quatro níveis tipo de forças, de acordo com a sua capacidade tecnológica23:
• 1º Nível – Forças militares que integram completamente as tecnologias de informação até ao mais baixo escalão: comunicações digitais; UAV; comunicações por satélite; etc. É o caso apenas dos EUA.
• 2º Nível – Forças militares com elevado grau de integração das tecnologias de informação, nomeadamente nos sistemas de C2, mas com a maioria do seu potencial ainda segundo as características das forças da era industrial. São os casos da maioria dos países da Europa Ocidental, Rússia, China, Japão, Israel e outros sem capacidade económica para atingir o 1º nível.
• 3º Nível – Forças militares da era industrial, cujos países não possuam meios económicos e financeiros ou porque achem não ser necessário para os seus interesses. Englobam a maior parte dos países em desenvolvimento em África, América do Sul e Ásia.
• 4º Nível – Engloba as forças das organizações terroristas ou de “senhores da guerra”. São típicas dos países pobres que sofrem ou sofreram recentemente lutas internas. Não obstante, apresentam alguns equipamentos de alta tecnologia e empenham-se quase exclusivamente em acções terroristas.
Também vai ser tomada em consideração a divisão dos níveis da guerra: o estratégico, o operacional e o táctico.24 O nível estratégico representa o conjunto de actividades levadas a cabo para atingir os objectivos políticos definidos para o instrumento militar. O nível operacional engloba as actividades militares de uma campanha ou operação de grande envergadura para atingir os objectivos estratégicos. Por último, o nível táctico representa o emprego de forças em combate, cujos efeitos cumulativos contribuem para os objectivos operacionais ou estratégicos.
Embora em termos conceptuais seja fácil estabelecer diferenças nos níveis da guerra, na prática a sua divisão torna-se muito mais difícil, especialmente devido à difusão das tecnologias de informação e dos efeitos da globalização. Além do mais, em cada nível da guerra existe uma lógica contra-intuitiva onde pontos fortes e vulnerabilidades podem variar, ao longo dos níveis da guerra, em cada Estado. Uma força pode ter pontos fortes em termos técnicos, tácticos e operacionais mas estrategicamente fraco, como aconteceu com os EUA no Vietname. Esta abordagem pode ser compreendida aos diferentes níveis da guerra tomando como exemplo a linha Maginot: ao nível táctico afigurava-se como uma barreira intransponível; contudo, ao nível operacional e estratégico representava uma barreira num eixo que deveria ser evitado, tal como realmente aconteceu em Maio de 1940.
Sun Tzu preferia derrotar o inimigo através do ataque a pontos fracos evitando os pontos fortes.25 Essa ideia indica-nos que o ataque a uma força de 1º nível não deveria ser levado a cabo por um combate directo, mas antes pela atrição propositada em ambientes urbanos, em montanhas ou no próprio país.
Que métodos, então, uma força de nível mais baixo pode utilizar para derrotar uma de nível superior? Apesar do domínio da tecnologia e da informação transportar quem os detém para o limite do seu emprego, será provável que vá combater num ambiente que explore as suas vantagens?
A superioridade dos EUA e do Ocidente no domínio aéreo e naval é demasiado para poder ser desafiado, pelo que é no combate terrestre que poderão ser desafiados. Além do mais, a principal característica das forças terrestres é dominar terreno e populações o que, em última instância, representa o domínio do Estado. É também o combate terrestre que provoca mais baixas e aquele que se pretende evitar, em especial se não estiverem objectivos vitais em causa.
De acordo com a estratificação das forças, apresentado anteriormente, e em face dos determinantes do ambiente operacional, consideram-se os seguintes métodos no combate terrestre:
• Combate convencional simétrico. Este método é o preferencial para as forças mais dotadas tecnicamente, cujos paradigmas são a Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Golfo em 1991. Principalmente devido aos resultados alcançados pelos países mais dotados tecnologicamente, não é de admitir que os menos dotados optem por este método.
• Encurtar o combate próximo. A proximidade do combate é tal que a força de 1º nível não pode explorar a sua superioridade em poder de fogo nem tirar partido do standoff. O resultado do combate fica muito dependente do combate corpo-a-corpo e, como tal, da dimensão humana. Foram os casos de batalhas na guerra do Vietname, Grozny e actualmente em Bagdade, por exemplo.
• Combate em terreno complexo. Consiste em empenhar uma força de mais elevado nível em ambiente urbano, onde a presença de civis e a degradação da eficácia de plataformas e armamentos, que o ambiente urbano provoca, são os factores mais importantes. Por conseguinte, uma força que se movimenta numa área urbanizada pode ser alvo de acções em todo o seu espaço de batalha, o que em termos humanos é demasiado aterrado por incutir no combatente o receio de ser atingido sem saber de onde nem por quem, como nos exemplos de Mogadíscio e Grozny. Além do mais, a possibilidade de danos colaterais afecta profundamente a capacidade de resposta das forças ocidentais, por causa das restrições políticas e morais. Pelo seu impacto político, este último factor é determinante na escolha deste tipo de terreno para uma força de baixo nível.
• Utilização eficaz do terreno restritivo. Este método combina os anteriores por ser baseado no combate a forças de elevado nível em terreno severamente restritivo. Só em última instância uma força de 3º ou 4º nível poderia combater uma força de primeiro nível em terreno não restritivo. Entra perfeitamente neste método a operação Anaconda (Março 2002), onde os Taliban e elementos da Al Qaeda utilizaram as montanhas de Tora Bora para mitigar a utilização eficaz das tecnologias de vigilância surpreendendo as tropas americanas a partir de posições que não tinham sido identificadas.
b. Batalha 73 Eastings (26-27 Fevereiro de 1991)
Esta batalha foi das mais significativas na operação Desert Storm e um exemplo claro do combate blindado entre uma força de 1º nível e uma de 3º nível. Desconhece-se exactamente o que teria levado os iraquianos a empenhar-se contra as forças da coligação, mas supõe-se que criam na desistência norte-americana se o número de baixas que conseguissem infringir fosse elevado.
O objectivo estratégico das forças da coligação era a saída incondicional do Exército Iraquiano do Koweit. A concentração de poder militar da coligação era esmagador e o seu único receio era a utilização de armas químicas por parte de Bagdad. Em termos teóricos, de acordo com o potencial relativo de combate e configuração do terreno, a vitória da coligação era praticamente certa. Ao nível operacional, o VII Corps (EUA) executava o ataque principal e tinha como missão romper as defesas iraquianas e envolver por Oeste para evitar um contra-ataque da Guarda Republicana. O VII Corps utilizou como força de cobertura o 2nd Armored Cavalry Regiment (ACR) para proteger o grosso das forças e localizar a Guarda Republicana.
A batalha empenhou um Grupo de Reconhecimento do 2nd ACR contra forças de duas divisões iraquianas, uma delas da Guarda Republicana. As unidades iraquianas protegiam o flanco Oeste da cintura defensiva do Koweit e estavam preparadas para contra-atacar se os aliados conseguissem penetrar. Quando as forças de reconhecimento americanas estabeleceram contacto com as iraquianas puderam de imediato explorar as vantagens dos sistemas de visão nocturna, dos mísseis TOW, carros de combate (CC) M1 Abrams, viaturas M2 e M3 Bradley e helicópteros AH-Apache contra os CC T-72 e BMP-1 dos iraquianos, muito inferiores tecnologicamente. O resultado foi a destruição de uma brigada iraquiana, a rotura das defesas iraquianas e a passagem segura das restantes forças do VII Corps em direcção ao Koweit que permitiu uma vitória em 100 horas.
Esta batalha é uma aberração como modelo de combate do futuro porque a opção iraquiana de defender fora de terreno complexo permitiu às forças americanas envolvidas tirarem o máximo partido da vantagem tecnológica que dispunham. O deserto não oferecia cobertura e a elevada amplitude térmica do dia para a noite facilitou de forma decisiva a utilização dos dispositivos térmicos de pontaria e do standoff dos seus sistemas de armas.
c. Mogadíscio, Operação Restore Hope (3 4 de Outubro de 1993)
Esta batalha é um exemplo recente de como uma força de 4º nível pode frustrar os objectivos de uma força de 1º nível, através utilização de terreno complexo. A partir de um ambiente de baixa intensidade, os militares norte americanos enfrentaram um ambiente hostil característico de alta intensidade. O combate acabou por saldar se numa modesta vitória táctica norte americana mas numa derrota ao nível político estratégico.
Em Dezembro de 1992 a situação humanitária na Somália era de tal modo degradante que o Presidente Bush ordenou que forças norte-americanas fossem enviadas para proteger e distribuir ajuda alimentar às populações. Devido ao sucesso inicial, em 1993 o comando das operações no terreno passou para as Nações Unidas (NU) e iniciaram-se as operações estabilização. O ponto de viragem na situação operacional na Somália deveu-se ao facto de as NU terem declarado Aidid e o seu clan como o maior obstáculo ao processo de estabilização. As milícias controladas por Aidid iniciaram uma série de ataques a forças das NU, um dos quais acabaria por provocar a morte a 24 paquistaneses, despertando a liderança norte-americana para a necessidade de nova intervenção.
Foi enviada a Task Force Ranger com a finalidade de executar um golpe de mão para capturar Aidid. Depois de receberem a informação de que “senhores da guerra”, incluindo Aidid, se reuniriam em Mogadíscio, foi preparada uma acção directa pelas forças norte-americanas que acabaria por redundar numa cascata de efeitos extremamente negativos ao nível estratégico.
O sucesso da operação dependeria da junção de uma coluna de viaturas no objectivo para exfiltrar a força e transportar os elementos feitos prisioneiros. A acção iniciou-se com o movimento da força por helicópteros sobre o objectivo e, logo nessa acção, um militar americano caiu ficando gravemente ferido enquanto o grupo de assalto surpreendia os somalis no objectivo. Só que, sem ser previsto, um elemento da milícia somali surpreendido pelo ruído no exterior saiu do edifício e disparou um RPG sobre um helicóptero abatendo-o, matando a maior parte da tripulação. Com a confusão gerada, a população saiu à rua bloqueando as ruas por onde a coluna passaria privando de apoio sanitário e de transporte durante longas horas os elementos da TF Ranger feridos. Para agravar a situação, a população enraivecida apoderou-se do corpo de um soldado americano e arrastou-o pelas ruas à mercê das imagens de televisão difundidas por todo o mundo.
Embora um importante membro do clan de Aidid tenha sido capturado, as imagens de televisão com o soldado norte-americano a ser arrastado teve um impacto dramático na política americana, sendo ignidora para a decisão de fazer retirar as suas tropas em seis meses. Esta batalha demonstrou que a opinião pública é demasiado sensível a baixas em operações fora de um contexto de guerra onde estão em causa objectivos vitais.
A operação na Somália começou como ajuda humanitária, transitou para missão de polícia e culminou numa acção de alta intensidade. A acção em Mogadíscio é um combate de uma força de 1º nível numa área urbanizada num contexto de baixa intensidade. De pouco serviu a tecnologia e poder de fogo ao dispor da força, porque a situação política não permitia que houvesse baixas no seio da população. Além do mais, não é previsível que nenhum conflito aconteça sem uma extensiva cobertura dos media.
d. Operação Anaconda (Março de 2002)
Depois do estrondoso sucesso das operações de Novembro de 2001 para derrubar o regime taliban no Afeganistão, a actuação das forças da coligação foi considerado como modelo de guerra do futuro: O Modelo Afegão. O modelo tinha três pilares: acções das forças especiais, munições de precisão e apoio de forças locais. Porém, este conflito embora parecesse revolucionário, não era mais do que um conflito típico do século XX, ao qual devemos acrescentar a utilização extensiva das armas de precisão guiadas por elementos das forças especiais.26
Os combatentes taliban e da Al-Qaeda no Afeganistão foram surpreendidos e esmagados pela acção militar da coligação, que combinou o Modelo Afegão com a inaptidão dos taliban, tendo sido capturados ou abatidos cerca de 800 elementos. Porém, após os sucessos iniciais das forças da coligação, elementos taliban e da Al-Qaeda, e pensa-se que também Bin Laden, conseguiram retirar para o Paquistão.
Em Março de 2002 foram referenciados nas montanhas junto da fronteira do Paquistão, concretamente no vale Shah-i-Kot, consideráveis efectivos dos taliban e da Al-Qaeda. Todavia, os métodos de combate das forças da coligação já não apanhariam os taliban de surpresa e os resultados de 2001 não foram alcançados em Março de 2002. Os taliban, desta vez, aprenderam com os seus erros e utilizaram o terreno de forma adequada, para se camuflarem e protegerem, e disciplinaram a utilização das suas comunicações.
Os taliban adaptaram-se à superioridade esmagadora dos aliados e alterou-se significativamente o carácter do combate. A significativa vantagem na utilização dos meios de vigilância das forças americanas deixou de ser precisa e, durante a operação, os aliados foram alvo de ataques de posições não previamente identificadas. As posições taliban estavam de tal forma dissimuladas que uma força aeromóvel desembarcou numa posição defensiva taliban empenhando-a durante um dia. Isto quer dizer que o terreno, seja qual for a tecnologia ao dispor, se utilizado de forma adequada, assume características complexas que podem ser facilmente exploradas.
Além disso, durante os bombardeamentos, a maior parte dos taliban conseguiu sobreviver e estar apta para combater, sendo apenas derrotados devido ao emprego das forças ligeiras terrestres em combate próximo. Isto não quer dizer que as munições de precisão não sejam letais, mas quem as orienta pode ser facilmente iludido e o efeito pretendido ficar aquém do previsto. A História está cheia de exemplos da ineficácia dos fogos massivos: em Verdun (1916) as defesas francesas mantiveram a sua eficácia defensiva após dois dias de bombardeamentos alemães; em Monte Cassino (Março de 1944) os pára-quedistas alemães sobreviveram a 300 toneladas bombardeamentos aéreos e derrotaram o assalto da infantaria aliada.
De facto, os taliban adaptaram-se à vantagem aliada e demonstraram que o fogo não é suficiente para derrotar uma força que defende aproveitando bem o terreno. Foi necessário utilizar a infantaria das forças especiais para desalojar as suas forças. A operação Anaconda demonstrou que se trata de um “regresso ao passado”, com o sucesso a depender da combinação do fogo e da manobra e não o triunfo da nova tecnologia.
e. Guerra entre Hezbollah e Israel (Verão de 2006)
O conflito do Verão de 2006 opôs uma força de 2º nível contra uma força de 4º nível, mas com equipamento e armamento de alta tecnologia, actuando de forma atípica e até convencional. Israel optou por uma campanha aérea e utilização de forças sem preparação e equipamento adequado, tendo em mente que a aviação iria infringir danos severos no Hezbollah. Embora o Hezbollah possa ser considerado uma força de guerrilha, colocou demasiada ênfase no controlo de terreno em vez de se ter disseminado com a população. Tendo como facto o domínio aéreo das Forças de Defesa de Israel (FDI), o Hezbollah optou por ocupar posições defensivas dispostas em profundidade ao longo da fronteira, o que lhe permitia manobrar na retaguarda das forças terrestres israelitas.27
Devido ao rapto de dois militares israelitas, em Julho de 2006 o governo Israelita aprovou o lançamento de uma campanha aérea contra o Hezbollah para alcançar três objectivos estratégicos: criar condições para a entrega dos soldados raptados; degradar a capacidade militar do Hezbollah; e empurrar o Governo Libanês a aceitar a Resolução 1559 do Conselho de Segurança das NU para assumir a soberania no Sul do Líbano. As FDI, enquanto traduziam o objectivo político num plano de campanha pretendiam acrescentar um outro objectivo: reforçar a sua imagem dissuasora.28 Lançaram uma campanha aérea que, nas primeiras duas semanas, teve pouco impacto na capacidade do Hezbollah lançar rockets de forma indiscriminada sobre as cidades israelitas. Ao longo de mais três semanas os combates intensificaram-se mas os objectivos israelitas não foram cabalmente atingidos. As FDI perderam cerca de 60 viaturas, das quais 25 Carros de Combate Merkava e dois helicópteros.
Mas o que mais celeuma causou foi a estratégia de emprego da força por parte do General Dan Haloutz, Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas: a utilização do poder aéreo como resposta para esmagar o Hezbollah. O poder político não queria arriscar uma linha de operações com forças terrestres que causasse baixas incomportáveis para a opinião pública.
Apesar dos meios envolvidos, cerca de 360 saídas diárias de aeronaves em missões de bombardeamento, as FDI foram incapazes de travar o lançamento de rockets. A eficácia do Hezbollah deveu-se sobretudo à sua rapidez na mudança de posição, contra o tempo necessário para as FDI adquirirem alvos. O Hezbollah necessitava de oito minutos para disparar e reposicionar-se algumas centenas de metros, tempo insuficiente para o targeting israelita.
Como os efeitos pretendidos com a campanha aérea não foram atingidos, ao nível operacional foi precipitado o emprego das forças blindadas para batalhas não adequadas a essas forças. As FDI subestimaram a capacidade de combate do Hezbollah, traduzido no equipamento de combate de última geração – mísseis anti-carro, anti-navio, meios de comunicação e de vigilância – na organização e no elevado nível de treino.
A pressão por parte do poder político em executar uma campanha rápida levou ao emprego de viaturas blindadas quando o bom senso não o aconselhava. A eficácia dos CC Merkava e M-60 implica uma acção combinada com a infantaria para sua protecção próxima, o que não viria a acontecer, deixando-os à mercê de emboscadas de curta distância. O mito da indestrutibilidade do Merkava caiu por terra, sofrendo perdas que significaram um rude golpe na sua reputação como blindado indestrutível.
O Hezbollah surpreendeu também pela manipulação de imagens de televisão enquanto as FDI optaram por uma postura defensiva, lançando panfletos sobre as áreas das operações militares como meio de informação sobre as operações seguintes nessas áreas e como método para dissuasão.
Ao nível táctico, embora o modus operandi das FDI fosse semelhante ao dos norte-americanos no Afeganistão, os militares israelitas não estavam preparados para se empenhar num corpo-a-corpo com as forças do Hezbollah. Este tipo de guerra demonstrou a necessidade de valorizar o combate com forças de infantaria com treino especial. Era previsível que após o longo período de combate na Cisjordânia as FDI estivessem melhor preparadas.
Este conflito mostrou um actor não-Estado com um comportamento militar típico de um Estado, portanto muito diferente do que se observava no Iraque e no Afeganistão o que nos dá um sinal para o facto de o combate de actores não-Estado não está limitado à acção irregular.
4. Tendências para o Futuro
Os ciclos de mudança na guerra, particularmente os de ruptura com o passado, são difíceis de determinar, porque ao contrário da economia e finanças ou medicina, os conflitos, felizmente, são pouco frequentes. É por este motivo que a observação do curso da guerra ao longo da história é determinante.
Segundo Clausewitz, um dos mais importantes atributos da guerra e que nos mostra a imutabilidade da sua natureza é o conceito de fricção, que transforma o que é fácil em difícil e o que é difícil e complexo em impossível. Além do mais, desde o seu passado distante mostra-nos que a tecnologia não elimina o medo, a confusão, a ambiguidade e a fricção do combate.29 Num ambiente cada vez mais dominado pela tecnologia, os comandantes militares vão ter a capacidade de ver com mais clareza os seus adversários, mas nunca poderão determinar com clareza qual a sua intenção. A intenção de um adversário só pode ser determinada, embora com dificuldade, após o estabelecimento de contacto em combate. Por este motivo não se deve exagerar a importância e dependência das tecnologias como a panaceia para a resolução dos desafios que se colocam aos comandantes.
A guerra será sempre imprevisível e um fenómeno tendencialmente caótico, onde o treino eficaz e as doutrinas de emprego de forças procuram dar ordem. Com a previsibilidade de emprego nas mais variadas situações, apela-se à versatilidade como factor central na eficácia do emprego de forças, onde a doutrina e as técnicas e procedimentos representam um papel de importância máxima, porque dependem em larga medida da capacidade de julgamento do combatente, que adapta a forma de acção ao ambiente previsível no teatro de operações.
Embora a natureza da guerra se mantenha, a conduta está a ser substancialmente modificada pela intersecção da tecnologia, sociedade e instrumentos de poder do Estado. A tecnologia veio aumentar significativamente a distância a que se pode matar, obter informações e a reduzir o tempo necessário para treinar forças. Os países mais desenvolvidos têm optado por exércitos com menos efectivos e mais bem equipados. Todavia, a tecnologia nem sempre foi determinante no resultado de guerras e campanhas, como por exemplo em França (1940), Vietname e Somália.
O Ocidente está a fazer depender a transformação das forças para uma guerra de futuro na tecnologia em detrimento de efectivos e de ideologias. De facto, as forças armadas ocidentais são constituídas por jovens das classes médias voluntários e o seu emprego mais previsível é fora das suas fronteiras, o que induz a vontade política para uma acção rápida e “baixas zero”. Afastados das suas fronteiras e a lutar por causas que poderão não ser vitais, os militares dos países ocidentais serão mais facilmente desmoralizados o que aumenta a complexidade de actuação dos comandantes. Além do mais, os conflitos tendem a ser cada vez mais prolongados o que aumenta o perigo de desgaste da opinião pública, essencial na manutenção do poder político nos regimes democráticos. Um factor a ter em conta na exploração política pelos adversários.
Embora as forças terrestres sejam essenciais para controlo de território e população, os países ocidentais parecem preferir combater com armas de elevada tecnologia e com elevado standoff para evitar os elevados índices de baixas na “última milha”.30 Como no Afeganistão em 2001 e 2002 e no Líbano ficou demonstrado, tem de haver um equilíbrio entre fogo de precisão e manobra, para criar o dilema no adversário: mover-se e ser detectado e destruído pelo fogo de precisão ou ficar imóvel e ser destruído pela manobra. A partir do momento que o adversário fica isolado, a superioridade militar do ocidente será evidente. Neste caso apenas restará aos adversários traduzir a sua derrota em baixas que serão incomportáveis para o ocidente em relação aos objectivos em causa.
Em baixa intensidade a tecnologia tem também muita importância. O conflito que opõe o Hamas a Israel tem mostrado que embora as acções suicidas sejam uma modalidade adoptada, continuam a ser lançados rockets sobre Israel, mostrando que a obtenção de informação por meios high-tech continua a ser relevante, mas que não deve ser a panaceia para os desafios que se colocavam às FDI. No Afeganistão não foi a tecnologia o elemento determinante no sucesso das operações militares, mas acabou por ter um significativo impacto na eficácia da coligação.
Das batalhas que se analisaram, as forças dos níveis 3 e 4 tenderão a evitar a todo o custo um confronto directo com as forças de 1º e 2º nível em terreno que não lhes favoreça a acção táctica e o efeito estratégico. Deste modo vão levar os combates para onde as vantagens tecnológicas serão diminuídas e onde é fácil a utilização precisa dos meios de comunicação social: as áreas urbanizadas com elevado número de habitantes. Para Ruppert Smith, nesse campo de batalha, os alvos, os objectivos a proteger e as ameaças são o povo, por isso denomina o emprego da força nessas circunstâncias como “war amongst the people”.31
Conflitos onde a intensidade pode ser elevada serão de dois tipos: Intervenções preemptivas ou preventivas como Kosovo, Afeganistão e Iraque (até ao derrube dos governantes), onde o sucesso depende da rapidez de acção e do isolamento do adversário; e guerras de atrição como Vietname, Somália, Afeganistão e Iraque, em ambiente subversivo com imensas variáveis mutáveis não dependentes exclusivamente do emprego da força militar.
A conduta na guerra parece ter sofrido mudanças radicais enquanto os exércitos modernos se esforçam numa adaptação ao novo ambiente operacional. Parece ter acabado o monopólio da guerra pelo Estado, os avanços tecnológicos permitem uma escalada de efeitos em tempo real, a informação é um factor multiplicador do potencial e as fronteiras não impedem o fluxo da informação. Thomas Hammes32, numa curiosa abordagem, apresenta nos a evolução do carácter da guerra cujo catalisador responsável pelas inovações do campo de batalha é a sociedade. Na sua abordagem, a guerra passou por três gerações evolutivas para chegar à Guerra de 4ª Geração, como modelo que utiliza todos os recursos – informação, cultura, sociedade, religião, política e militares – para mostrar ao adversário que o preço a pagar pela vitória é demasiado elevado, considerando a abordagem assimétrica como resultado de uma acção multidimensional. Independentemente da crítica que se pode fazer a essa abordagem, consideramos que num ambiente estratégico complexo, uma abordagem multidimensional torna o emprego da força um desafio complexo. Se tomarmos como exemplo o Hezbollah em 2006, encontramos um modelo complexo que combinou capacidades de alta tecnologia, acção de defesa convencional em torno da manutenção de terreno e tácticas típicas de guerrilha.
Não obstante as diferentes abordagens, existe um conjunto de referências que se podem utilizar para orientar o que será o futuro do combate:
• O conflito de baixa intensidade será o tipo de combate mais provável. Desde o final da 2ª Guerra Mundial os conflitos de alta intensidade representaram apenas 12%.33
• Em 2020, cerca de 90% da população mundial viverá em países em desenvolvimento, maioritariamente em cidades, e não terão capacidade para desafiar as potências de 1º nível.34
• A superior capacidade militar ocidental (1º nível) e a probabilidade de acções preemptivas torna pouco provável um cenário de alta intensidade com o Ocidente.
De facto, a possibilidade de conflitos inter-estatais com forças convencionais é baixa e os países que os podem levar a cabo dispõem de armas nucleares, o que faz com que sejam improváveis (Paquistão e Índia e entre Israel e países árabes). O que existe é uma elevada probabilidade de conflitos de baixa intensidade após uma intervenção de alta intensidade, como Afeganistão em 2001 e Iraque em 2003. E nestes casos, o resultado esperado relaciona-se com a capacidade que as forças militares devem ter: apoiar o governo de transição; e estar preparado para combater alta e baixa intensidade em apoio às autoridades. Os dois principais competidores do ocidente em termos militares, a Rússia e a China, manterão os seus arsenais convencionais e como tal, um conflito dessa natureza não é impossível se atendermos à possibilidade de envolvimento numa proxy war.
As doutrinas de contra-subversão nos exércitos ocidentais alertam para o facto de não se conseguir vencer de forma rápida. Por conseguinte é necessário definir pelos líderes políticos e militares se pretendem que as suas forças sejam preparados para esse nicho do espectro do conflito, requerendo novas abordagens ao treino e às doutrinas. Actualmente as forças ocidentais estão estruturadas para levar a cabo operações de baixa e alta intensidade, necessitando apenas de expandir o seu treino para cobrir ambos espectros.35
Em treino e instrução, a alta intensidade deve ocupar uma posição central por que engloba os princípios básicos doutrinários que se podem expandir para a doutrina aplicável a baixa intensidade. De todo o espectro incluído na baixa intensidade, a contra-subversão cobre o intervalo mais provável de participação de forças ocidentais, e onde se destacam como características mais importantes: o reconhecimento da carga política da operação; a primazia na liderança civil das operações; a importância da HUMINT; separar o movimento subversivo do apoio populacional, essencialmente por meios não letais; operações de alta intensidade para derrotar grupos de combate em janela de oportunidade; e reformar estruturas para evitar novas oportunidades ao movimento. Embora a alta intensidade esteja ligada à destruição de forças do adversário, a contra-subversão enquadra-se numa acção de maior âmbito, porque se relaciona com as actividades em apoio às autoridades civis e procura-se compreender os contextos políticos, económicos e sociais da campanha, onde o instrumento militar não é o essencial mas tem de estar presente.36
A doutrina tem de ter um papel central na preparação de um exército para o futuro. Logo após a guerra do Vietname os debates acerca do desastre militar nos EUA orientaram os pensadores militares para dois campos distintos, um dos quais levou o General William DePuy a preparar o FM 100-5 Operations e a não mencionar nesse manual a contra-subversão, ficando centrado apenas no combate convencional de alta-intensidade entre Estados. Já nos anos 1980, os EUA influenciaram todo o ocidente ao optarem por uma nova versão do FM 100-5 Operations cujo valor acrescentado foi a introdução do conceito AirLand Battle cuja finalidade era lidar com as vagas de carros de combate soviéticos através do Fulda Gap onde a tecnologia e o poder aéreo desempenhariam papel de destaque. O fim da Guerra Fria tem vindo a mostrar que os conflitos de baixa intensidade são a norma, sendo até referidos como Operações de não-Guerra (Operations Other Than War) e levando a produzir manuais nesse âmbito. Porém, os acontecimentos na Somália e no Iraque após a queda de Saddam Hussein, parecem demonstrar que as lições do Vietname não foram incorporadas, pelo menos no ensino dos militares profissionais.37
O manual de operações do Exército dos EUA (2001)38 dedicava um capítulo às operações de estabilização e introduzia alterações significativas ao manual de 1982, nomeadamente no que respeita à importância da tecnologia e informação. Porém, no coração do manual evidenciam-se as operações de natureza convencional, com o pressuposto de que as forças conjuntas norte-americanas são dominadoras em termos convencionais a menos que os adversários possam anular ou evitar a sua supremacia em combate. Por conseguinte, as operações de estabilização eram subalternas em relação às operações ofensivas e defensivas. Acima de tudo, o FM 3-0 de 2001 era um manual para um exército em transformação num ambiente operacional contemporâneo prevendo requisitos para o futuro.
Com o conflito no Iraque e no Afeganistão bem presente nos militares dos EUA, é publicado já em 2008 o novo manual de operações39 que, relativamente ao seu antecessor apresenta as operações de estabilização em igualdade com as operações ofensivas e defensivas. Também de importância central aparece um capítulo dedicado à arte operacional, revelando preocupação com as ferramentas a utilizar pelos comandantes num ambiente eminentemente complexo.
O futuro tem lugar para operações de alta e baixa intensidade, mas devido à dissimetria ocidental, o mais provável é ter necessidade de lidar com desordens, acções terroristas e acções subversivas se for decidido intervir em países terceiros. Todavia, a decisão mais crítica a tomar para intervir é o reconhecimento de que as missões serão prolongadas e que estarão simultaneamente em dois níveis de intensidade, onde os líderes ao mais baixo escalão desempenharão acções fundamentais. Por conseguinte, o foco será nas doutrinas e treino das forças, muito mais que em tecnologia, embora esta seja importante, nomeadamente ao nível das comunicações e munições de precisão.
Porém, embora a previsibilidade de emprego de forças seja orientada em operações de baixa intensidade, nomeadamente em apoio à paz, onde o combate não tem primazia, os adversários de nível inferior têm desafiado os de nível superior em combate e têm demonstrado que é possível batê-los porque a vitória depende muito mais da capacidade de lidar com a situação do que da tecnologia que se dispõe. Por conseguinte, a atenção da análise aos conflitos actuais deve centrar-se no emprego da força, aquilo que caracteriza em última instância a imposição de uma vontade.
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* Tenente Coronel de Infantaria. Professor de Táctica na Área de Ensino Específico do Exército no IESM.
1 Cf. Carl Von CLAUSEWITZ, On War, Ed. & Transl. by Michael Howard and Peter Paret (1976), NJ: Princeton University Press (Indexed Edition), 1984, p. 149.
2 Cf. Robert H. DORFF, “Democratization and Failed States: The Chalenge of Ungovernability”, Parameters, Summer 1996.
3 Colin S. GRAY, “How Has War Changed from Cold War?”, Parameters, Spring 2005.
4 Idem, Modern Strategy, Oxford (UK): Oxford University Press, 1999, p. 6.
5 Zhivan J. ALACH, Slowing Military Change, Carlisle: SSI, USAWC, 2008, pp. 3 4.
6 Cf. Douglas V. JONHSON II, Real Change or Retrenchement?, Op.Ed., Carlisle: SSI, USAWC, 2008.
7 Trevor N. DUPUY, Understanding War. History and Theory of Combat, New York: Paragon House Publishers, 1987, pp. 63 64.
8 Cf. Bing WEST, The Strongest Tribe – War, Politics, and the Endgame in Iraq, NY: Random House, 2008, pp. 3 17.
9 Para a finalidade deste texto a alta intensidade engloba o conjunto de operações militares cuja finalidade é destruir as forças militares do adversário. A baixa intensidade engloba o conjunto das operações militares cuja finalidade está para aquém da destruição de forças militares. Associamos a este espectro as operações de contra subversão e as actividades no âmbito das operações de apoio à paz.
10 Cf. Earl H. Tilford, Jr., The Revolution in Military Affairs: Prospects and Cautions, Crlisle Barracks: USAWC, 1995.
11 Clausewitz, p. 87.
12 A utilização da arma nuclear numa guerra total, em termos de lógica, contraria a génese política da utilização da guerra como seu instrumento porque o suicídio mútuo não serve o propósito político.
13 Clausewitz, pp. 76 77.
14 São estas as principais funções das forças terrestres.
15 Por exemplo Martin Van CREVELD, The Transformation of War, NY: Free Press, 1991.
16 Clausewitz, p. 88.
17 Clausewitz expõe no Livro 8 – Defesa a importância do povo em armas para o sucesso da defesa contra um invasor (Idem, pp. 479 484).
18 Um excelente exemplo dessas dinâmicas aconteceu durante o conflito entre o Hezbollah e Israel no Verão de 2006, com o grupo islâmico a fazer a utilização extensiva dos meios de comunicação social para empolar a incapacidade das Forças de Defesa de Israel em cumprir a sua missão – acabar com o lançamento de foguetes no prazo de uma semana – e mostrar os danos colaterais dos ataques israelitas. Foi um claro exemplo da utilização dos media como meio para moldar a decisão política do governo israelita (Cf. Ben David ALON, “Israel Introspective after Lebanon offensive”, Janes Defense Weekly. August 2006, bombardeamentos israelitas para as câmaras de televisão de todo o mundo.
19 Por exemplo, Colin S. GRAY (Modern Strategy) coloca a política no centro da natureza da guerra e na definição de estratégia. Contudo, Van Creveld (The Transformation of War, pp. 124 126) argumenta que o que Clausewitz pretendia dizer que a guerra deveria ser a extensão racional da vontade do Estado e o que realmente é.
20 Clausewitz, pp. 75 89.
21 Ibidem, p. 89.
22 British Military Doctrine, 1997 Edition.
23 Brian STEED, Armed Conflict – The lessons of Modern Warfare, NY: Ballantine Books, 2003, pp. 10 12.
24 Esta é a divisão típica. Porém, E. Luttwak divide os em cinco: grande estratégia, estratégia de teatro, estratégia operacional, estratégia táctica e estratégia técnica (Edward N. LUTTWAK, Strategy: The Logic of War and Peace, Mass: The Belknap Press of Harvard University, 1987, p. 120).
25 Sun TZU, A Arte da Guerra. Rio de Mouro: Coisas de Ler, 2002. 2ª Edição.
26 Stephen BIDDLE, Afghanistan and the Future of Warfare: Implications for Army and Defense Policy, Carlisle: SSI, USAWC, 2002.
27 Stephen BIDDLE & A. Jeffrey FRIEDMAN, The 2006 Lebanon Campaign and the Future of Warfare: Implications for Army and Defence Policy, Carlisle: SSI, USAWC, 2008, p. 73.
28 Cf. Alon.
29 Cf. Clausewitz, pp. 119 121.
30 Cf. Robert H. SCALES, Jr., Yellow Smoke – The Future of Land Warfare for America’s Military, Boston: Rowman & Littlefield Publishers, Inc., 2003, pp. 28 31.
31 Ruppert SMITH, The Utility of Force – The Art of War in the Modern War, NY: Alfred A. Knof, 2005, pp. 5 6.
32 Thomas X. HAMMES, The Sling and the Stone, Zenith Press. MN: 2004.
33 Brian Holden REID, “Enduring Patterns in Modern Warfare”, in The Nature of Future Conflict: Implications for Force Development, Strategic Studies Institute, Camberley, UK, 1998, p. 28.
34 Idem.
35 Raymond MILLEN, “Intervention, Stabilization, and Transformation Operations: The Role of Landpower in the New Strategic Environment”, Parameters, Spring 2005.
36 Ver, por exemplo, Jonh A. NAGL, Learning to Eat Soup with Knife – Counterinsurgency Lessons from Malaya an Vietnam, Chicago: The University of Chicago Press, 2005.
37 Além do mais, parece que as lições de ocupação na Alemanha e no Japão parecem também não ter sido estudadas.
38 FM 3 0 Operations, US Army Headquarters, Washington D.C., 2001.
39 FM 3 0 Operations, US Army Headquarters, Washington D.C., 2008.
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