IRAQUE
Trágica queda de helicóptero
As tropas dos Estados Unidos da América (EUA) no Iraque sofreram ontem a mais mortífera queda de helicóptero dos últimos dois anos, com a morte de 14 militares num acidente atribuído a uma avaria mecânica.
Segundo cálculos da agência noticiosa Associated Press , a queda do helicópetro - que cumpria uma missão nocturna com outra aeronave idêntica - eleva para 3.721 o número de militares norte-americanos mortos desde a invasão do Iraque, em Março de 2003.
Um comunicado do Exército dos EUA informava ontem não haver indicações de que a aeronave tenha sofrido um ataque, mas as investigações sobre as causas do acidente ainda decorrem.
O helicóptero - modelo UH-60 Black Hawk - transportava quatro tripulantes e dez passageiros, numa acção integrada na Operação Relâmpago, cujo quartel-general é Tikrit, bastião sunita a norte da capital iraquiana.
O correspondente da BBC em Bagdade, Mike Wooldridge, salienta que a ocorrência de vários acidentes com helicópteros no Iraque indica que o Exército dos EUA depende deles para evitar a ameaça de emboscadas e bombas colocadas nas bermas das estradas por guerrilheiros e militantes.
Ontem também, em Baiji, próximo de Tikrit, um suicida lançou-se com um camião contra um posto policial instalado no mercado local, numa hora de grande movimento. Matou pelo menos 20 pessas, incluindo cinco polícias.
Entretanto, o jornalista Sandro Pozzi escrevia ontem, de Nova Iorque, para o diário espanhol "El País", afirmando o seguinte "Não é habitual que sete militares do Exército dos EUA, que estão prestes a terminar 15 meses de missão no campo de batalha, publiquem um texto demolidor no jornal 'The New York Times', no qual qualificam como surrealista o debate político em Washington sobre os supostos progressos no Iraque". Segundo o referido texto, o campo de combate "está cheio de actores que não se entendem: extremistas sunitas, terroristas da al-Qaeda, milícias xiitas, criminosos e tribus armadas".
Referindo exemplos, os subscritores do texto afirmam que a situação é agravada pela falta de lealdade da Polícia e do Exército iraquianos.
Os soldados também se pronunciam sobre o processo político no Iraque e afirmam que os objectivos estabelecidos pelos EUA, para conseguir a reconciliação, não são de grande ajuda uma vez que geram "impaciência" e "confusão".
Os sete militares garantem ainda que, "após quatro anos de ocupação, fracassámos em todas as promessas, ao mesmo tempo que substituímos a tirania do partido Baaz pela tirania islamista, a das milícias da violência criminal".
http://jn.sapo.pt/2007/08/23/mundo/