Slip Junior escreveu:Comandante, sobre a operação single-pilot em VLJs, tem um pessoal que estudou comigo que fez um trabalho sobre o tema o qual recomenda a leitura:
http://www.sophia.bibl.ita.br/bibliotec ... IndexSrv=1
Não considero essa questão do VLJ exatamente como um precedente mas apenas mais um desenvolvimento. Se você for ver, Orville Wright e Santos Dummont operaram single-pilot!
Depois com o aumento da complexidade das aeronaves, foi aumentando o número de tripulates necessários para a operação segura até que a automação conseguiu reverter esse quadro.
Essa questão da regulamentação é um tanto complicada pois a tecnologia (principalmente, hoje em dia!) costuma se desenvolver muito mais rápido que a legislação. Na área de produtos, a gente lida com isso através de condições especiais e níveis equivalentes de segurança (ELOS), mas a área operacional é que realmente tem se mostrado a mais crítica para a correta introdução dos novos sistemas.
E para finalizar um pequeno "porém": no caso de um acidente (ou incidente ou mero report de mal funcionamento) é feito um acompanhamento para verificar se a condição de falha se pode se repetir em outras aeronaves do mesmo tipo, se já era prevista, se a mesma tem um criticalidade coerente com o projetado e se a confiabilidade verificada em campo é compatível com a projetada. É muito mais com base nesses fatores do que em valores financeiros que é (pelo menos, deveria ser...) definida a necessidade de uma ação corretiva.
Abraço!
Olá, Slip! Boa noite!
Começando pelo fim, o previsto é o que falou, mas o que citei, e que me chocou a primeira vez que ouvi, veio de duas fontes. A primeira, quando fiz um curso do CENIPA. Achei que era exagero, mistério. Aí, tempos depois passou num documentário( “Survival in The Sky” ou “Mayday, Desastres Aéreos”, não lembro) de uma investigadora do NTSB, citando especificamente o caso do GPWS. Ela alegou que já sabiam das causas, dos CFIT’s, mas somente quando as previsões extrapolaram é que a coisa andou. De repente, coincidiu do primeiro caso saber do segundo, mas, honestamente, nesse mundo tocado “a La plata”, não duvido...
Li o trabalho de seus colegas e gostei muito. Tanto que a conclusão deles é praticamente o que falamos aqui, a necessidade de preparação, de treinamento para esses tripulantes "solo". O perigo da máquina ficar a frente. Interessante a idéia do piloto mentor.
A única restrição, se é que posso falar assim, visto que não discordo, mas "restrinjo", é quanto ao SRM. O CRM para um só tripulante, que voce já havia citado. Não é que não concorde. Tem que ter. O problema, como citei lá atrás, no outro texto, é a abrangencia. Os programas preparam bem quanto ao ambiente operacional. Mas, temo que o maior problema é mais básico. É disciplina, doutrina de segurança, mesmo. O ser humano é muito vulnerável na sua personalidade, dependente da inteligencia emocional.
Se com um "freio", um chefe, um regulamento, um copiloto, um vigia, enfim, voce já tem problemas de abuso, de violações, imagina com um só.
Se em uma firma, Força armada, com o CRM de grupo, com toda eficácia comprovada, tem que se repetir periodicamente, naquela de "acorda, você não é Deus", imagine a "equipe" de um só, numa pessoa física, sem subordinação direta a ninguém...
No texto, citaram o caso dos “Mamonas”. Uma tripulação, dois e deu no que deu. Eu citaria ainda, o caso do John Kennedy Jr. Vi, também, certa vez, voltando de Congonhas para Jacarepaguá, de SENECA IV, novo, full IFR e radar. Entardecer e várias formações pesadas já na divisa SP/RJ. Na iminência da água cair, pousei e pernoitei em XXX(uma cidade do vale do Paraíba...
) Quando parqueava, vi, atônito, dois experimentais decolando para...Jacarepaguá!!
Um acabou pousando numa estrada, outro, pousou noturno em...Juiz de Fora!!!!
Outro exemplo mais corriqueiro, quase diário, são as terminais movimentadas em dias de tempo ruim. São Boeings, Airbus, fazendo espera e os pequenos Papa tango encarando direto, porque teimaram em vir e não tem autonomia suficiente para espera, antes de alternar...
Então, claro que não há como “segurar” a tecnologia, ou a procura pelo lucro por parte da indústria, das empresas. É normal, faz parte. Mas acho, que a legislação tem que lutar, brigar para “freiar” esse jogo, tentando fazer o fator humano acompanhar. É duro, mas...
É isso, abração!