FCarvalho escreveu:Leandro, não necessariamente, posto que estas unidades estratégicas estariam subordinadas diretamente aos comandos de área, com responsabilidades, prioritariamente, sobre a defesa de alvos VVIP - tanto militares, como civis, em suas respectivas zonas de ação, e não as OM's no TO. Estas por sua vez, teriam suas próprias organizações de defesa AAe, inclusive complementando, se necessário, aquelas primeiras.
Esta na verdade é uma questão basicamente organizacional, e se o sistema for montado da forma adequada não faz muita diferença. Apenas acho que não é de forma alguma necessário ter tantas unidades AAe quantas são as organizações regionais do EB, isso acabaria levando a exageros.
Para isso que penso ser importante darmos a defesa AAe a máxima integração sistêmica com toda a rede de defesa do país, de forma que cada região esteja não apenas ligada, mas integrada às outras, embora autônomas e capazes de dar conta de si, a priori, e para situações que se exijam reforços na cobertura. E neste sentido, as dimensões do país são um aliado nosso, mas ao mesmo tempo também uma fraqueza, posto que nossa capacidade de deslocamento e integração nunca foram o nosso forte, e isso pode ser facilmente usado contra nós, visto nossa própria incapacidade de dispor dos instrumentos para esta cobertura nas quantidades e qualidades esperadas e necessárias.
De qualquer forma é mais simples, barato e útil melhorar nossa capacidade de deslocamento do que aumentar quantidade de unidades AAe para suprir falhas neste quesito.
Aqui concordamos, o que falta-nos é planejamento de longo prazo e capacidade de decisão.
Esta parte do planejamento e indecisão é realmente o que mata.
Eu particularmente não creio que devamos apostar em estoques mínimos para situações e paz e, não mais que de repente, como as guerras costumam as vezes dar as caras, partimos para produção em massa. Sou de opinião que nossa capacidade primária deve ser objeto de estoques reguladores que não só mantenham a proeficiencia das forças, como dêem as mesmas a condição de resistência ao primeiro mês do conflito, no mínimo, e não para o primeiro dia. Sem isso, qualquer sistema, por mais moderno e avançado que seja, não passa de uma grande diamante de vidro.
Dependendo do sistema o estoque necessário para 1 mês já seria um completo absurdo de se manter em tempo de paz. Na primeira guerra do Iraque só na noite inicial do ataque foram lançadas centenas de mísseis de médio alcance, e isso apenas tentando atingir as aeronaves atacantes! Imagine a quantidade necessária se fosse tentado também deter as munições. Em um mês estaríamos falando de milhares de mísseis, algo que nem nos sonhos mais loucos se imagina que o Brasil jamais adquira em tempo de paz. E nem poderia, pois se a guerra não viesse a rápida obsolescência tornaria aquisições nestes níveis um desperdício absurdo de dinheiro!
Não há outra solução, se o país quiser ter realmente a capacidade de defesa AAe eficiente tem que ser capaz de desenvolver seus próprios sistemas, e entre os requisitos destes precisa ter alta prioridade a capacidade de produção em grande escala por nossa base industrial. Isso pode ser mais simples do que se imagina, se forem adotados os conceitos mais modernos de projeto com ampla aplicação de componentes comerciais padrão, que hoje já tem desempenho adequado mesmo para os sistemas mais sofisticados se forem usados inteligentemente.
A própria capacidade de desenvolvimento e produção autóctone de sistemas AAe é um grande fator de dissuasão que não pode ser esquecido. E existem alguns conceitos novos em diversas áreas neste setor de mísseis que permitiriam desenvolver sistemas bastante interessantes que poderiam ser rapidamente produzidos em larga escala assim que uma crise mais grave aparecesse no horizonte. E eu não acredito que o Brasil possa vir a ser simplesmente atacado sem aviso antes da evolução de uma longa e complexa situação de crise internacional que nos envolvesse. Se surgir alguma chance disso acontecer, mudo de opinião e passo eu mesmo a advogar os grandes estoques.
Concordo. E para isso temos que criar não somente uma demanda para a industria, mas principalmente, para a reorganização estrutural e operacional da atual situação de que dispomos da AAe do país, que não passa hoje de mera figuração.
Aqui estamos totalmente de acordo.
Um grande abraço,
Leandro G. Card