China...

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Re: China...

#631 Mensagem por P44 » Ter Mai 15, 2018 12:02 pm

Gap. Como uma t-shirt reacendeu o debate sobre os territórios que a China reclama e cuja soberania é contestada

A marca de roupa norte-americana Gap desculpou-se por vender t-shirts com um "mapa incorreto" da China, onde figurava apenas o território continental, e não os territórios que o país liderado por Xi Jinping reclama, como Taiwan, Tibete e ilhas no Mar do Sul da China.

As queixas começaram a surgir depois de uma imagem da peça de roupa ter sido partilhada na rede social Weibo. Em resposta, a Gap garantiu reconhecer a "soberania" chinesa e comprometeu-se a uma "revisão rigorosa" para prevenir erros futuros. Os produtos foram retirados das lojas no continente chinês.



Outras empresas já se sentiram obrigadas ao mesmo tipo de ação, como a empresa hoteleira Marriott ou a Delta Airlines, nomeadamente por terem informações nos seus sites que vão contra as reclamações territoriais chinesas.

O que pode passar como um problema de marketing, é na realidade um problema diplomático que se arrasta há muito.

Taiwan é um ilha é independente desde 1949, data em que os nacionalistas do Kuomintang (KMT) ali se refugiaram depois de terem sido derrotados pelos comunistas, que fundaram, no continente, a República Popular da China. No entanto, Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a "reunificação pacífica", mas ameaça usar a força caso a ilha declare independência.

Apesar do isolamento diplomático de Taiwan — a China insiste que os governos estrangeiros não podem ter relações oficiais com Taiwan —, a região é um gigante do comércio e conta, entre os seus parceiros, com os EUA e o Vaticano.


As relações entre Taiwan e a China agravaram-se nos últimos tempos. Depois da vitória de Tsai Ing-wen nas presidenciais, em 2016, Pequim interrompeu as negociações e contactos oficiais com Taipé (capital de Taiwan), enviou navios e aviões militares para zonas mais próximas da ilha Formosa, como também é conhecida, e tem procurado isolar o Governo de Tsai.

O número de países que reconhecem Taiwan caiu consideravelmente nas últimas décadas, tendo permanecido estável apenas durante a governação de Ma Ying-jeou, nos últimos oito anos, quando as relações entre Pequim e Taipé entraram num período de desanuviamento sem precedentes.

O Tibete, por sua vez, é uma região autónoma. Pequim reclama soberania sobre o território, mas a fidelidade dos seus habitantes recai sobre o líder espiritual exilado Dalai Lama, visto pelos tibetanos com um deus vivo e pela China como uma ameaça separatista. A China é frequentemente acusada de repressão no território.

Já no que diz respeito a territórios do Mar do Sul da China ou Mar da China Meridional, a sua soberania é disputada pelos vizinhos asiáticos.

Pequim reivindica a quase totalidade do Mar do Sul da China, um espaço marítimo alegadamente rico em reservas de gás e de petróleo, e estratégico para o comércio e a defesa.

Nos últimos anos, Pequim construiu ilhas artificiais capazes de receberem instalações militares, num avanço contrário às pretensões do Vietname e das Filipinas, ambos com reivindicações na zona, tal como Brunei, Taiwan e Malásia.

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/g ... contestada




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Re: China...

#632 Mensagem por cabeça de martelo » Seg Nov 12, 2018 2:09 pm





"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: China...

#633 Mensagem por Bourne » Ter Nov 13, 2018 7:28 pm

O interesse chinês pelo Caribe e América Latina. Em especial, o investimento pesado para na construção de portos e vias alternativas ao canal do Panamá.

E não por acaso a região com países instáveis, beiram implosão do regime político ou são considerados governos autoritários. Os chineses não são bonzinhos. Estão aos poucos tirando esses países da influência norte-americana. Ao mesmo tempo que fincam um pé na América, controle de uma região estratégica para como rota de comércio internacional e operações militares.
China’s Transport Infrastructure Investment in LAC: Five Things to Know
Nov 13, 2018 China & Latin America

Chinese construction companies
As part of a broader effort to assess Chinese infrastructure development in the Latin American and Caribbean (LAC) region, the Inter-American Dialogue’s Asia and Latin America program has compiled a database of the many road, rail, port, and other transport infrastructure projects that have attracted Chinese support and investment since 2002. These deals are in various stages of development, from mere concepts to fully operational networks. Some others have faced protracted delays or been cancelled altogether.

The scale of Chinese activity in this sector is nonetheless noteworthy, with projects underway across the region, including in Central America and the Caribbean. To date, Chinese companies and banks have indicated interest in approximately 150 transport infrastructure projects in LAC and have delivered a considerable portion thereof. As the Belt and Road lands in Latin America, governments will be looking to China for more transport-related support.

1. China’s construction of transport infrastructure in LAC has grown over the past five years.

Now that the China-backed Belt and Road Initiative has taken root in the Latin American and Caribbean region, hopes are high that Chinese investment will address some of the region’s most pressing transportation needs. As more and more LAC governments sign Belt and Road Cooperation Agreements with Beijing, the region will be looking for additional support from Chinese banks and construction companies, which have invested extensively in road, rail, ports, and other transport infrastructure for nearly two decades.

New Chinese transport infrastructure investment will depend on numerous factors, including political and economic developments in the region and China’s domestic reform agenda. At the moment, though, Chinese transport infrastructure activity is at a relative high. According to our data, nearly 40 percent of China-backed construction projects broke ground in the past five years alone. Over that time period, Chinese companies and banks also expressed interest in numerous other transport deals that have yet to be developed.

2. Of the many projects in which China has expressed interest, about half have materialized.

Since 2002, China has expressed interest in developing about 150 transport infrastructure projects in Latin America and the Caribbean. As of 2018, about half of these projects had entered some phase of construction. A few others have been cancelled or delayed, but most are being studied by governments or companies for technical and financial feasibility, or else have yet to be awarded to specific developers. Some others, like the Bioceanic Railway, haven’t moved far beyond the conceptual phase.

3. China has been most successful in acquiring and building port facilities in LAC.

Chinese companies have expressed considerable interest in road construction in the region—road projects account for about a third of our data set—but have been most successful in negotiating port deals, with about twenty port projects either in progress or already completed thus far. These vary considerably in type and scale, from dredging and expansion deals to construction and/or operation of entire ports. In other cases, Chinese companies have acquired existing port facilities. Two terminals of the Santos port in Brazil were acquired by Chinese shipping firm COFCO in 2014 and 2015, for example, as part of the company’s purchases of a majority share in Dutch firm Nidera and all of Hong Kong’s Noble Group’s soft commodities arm.

4. Chinese construction companies are engaging across the entire region, but with particular focus on Bolivia, Brazil, and Jamaica.

When looking strictly the number of Chinese transport infrastructure projects being developed in LAC, Bolivia has been a primary destination for Chinese investors. Since 2013, Chinese companies have pursued over twenty road and bridge projects in Bolivia. The companies carrying out these projects include construction giants such as China Harbour Engineering (CHEC) and China Railway Construction Company, along with Chinese oil major Sinopec and Sinohydro, which has also been responsible for hydroelectric dam construction in the country.

About thirteen transport infrastructure deals have been proposed in both Jamaica and Brazil, but with far more progress in the Caribbean nation. China Harbour and China Eximbank were responsible for nearly all of China’s transportation-related deal-making in Jamaica.

5. China Harbour stands out among its peers in LAC.

China Harbour Engineering Company is by far the most active Chinese infrastructure company in Latin America, having developed a presence across much of the region. The company has been involved in about a quarter of our documented transport infrastructure projects. China Harbour was involved in the expansion of Panama’s Colon Container Terminal, which over the course of two years added a fourth berth to the already-busy port. Other projects include the Manzanillo Container Terminal in Mexico and the North Abaco Port in The Bahamas. In spite of its considerable footprint in the region, the company remains controversial, mostly due to the debarment of its parent company, China Communications Construction Company (CCCC), by the World Bank.

The Dialogue is grateful to Ricardo Barrios, Ruiyang Huang, Izabella Zox, and Bob Zeng for their contributions

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https://www.thedialogue.org/blogs/2018/ ... B4X30Po7cg




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Re: China...

#634 Mensagem por Bourne » Qua Nov 28, 2018 9:32 pm

Não gosto da estrutura e conclusões. No entanto, existe uma boa fundamentação. Algo para se refletir.




Destined for War: Can America and China Escape Thucydides’s Trap?

https://www.amazon.com.br/Destined-War- ... 0544935276




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Re: China...

#635 Mensagem por Bourne » Qua Nov 28, 2018 10:24 pm

How the private sector is helping China to modernise propaganda

The Communist Party’s publicists can afford to relax a bit

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THE Communist Party’s publicists, though powerful and feared, are not known for their skill in winning audiences. Their output for cinema and television is often ridiculed (albeit discreetly) as wooden, out of touch and simply not believable. They have tried to up their game, rolling out cute animations and rap videos, but with limited success. Their attempts are like those of an unfashionable adult trying to look hip by wearing teenagers’ clothing: embarrassing and off-putting. Last year the party’s own disciplinary body accused official propagandists of failing to meet the demands of the digital era.

The private sector has had better luck. In recent years non-state firms have been churning out works that have the kind of impact the party craves. The goal of such businesses is to make money, not to create propaganda for its own sake. But to survive they need to stay in the party’s good books. So they have found ways of producing pro-party entertainment that is popular. A common technique is appealing to youthful patriotism.

A good example of the genre is “Wolf Warrior 2”, a film released in July about a Chinese soldier in Africa who saves hundreds of his compatriots and locals from wicked American mercenaries. It closes with an on-screen message: “Citizens of the People’s Republic of China. When you encounter danger in a foreign land, do not give up! Please remember, at your back stands a strong motherland.” Audiences stood and applauded. Some broke into the national anthem.

The movie has grossed almost 5.7bn yuan ($870m), ten times as much as its (also big-hitting) “Wolf Warrior” predecessor, released in 2015. It is by far the biggest box-office hit ever in China and just shy of the top 50 of all time globally. The extraordinary success of “Wolf Warrior 2” has grabbed headlines in China, although on November 25th it did not win a prize at the annual Golden Horse awards in Taiwan, the Chinese-language movie industry’s equivalent of the Oscars. Chinese media speculated that its pro-party message—hardly popular on the island—may have ruled it out as a candidate.

The director and lead actor, Wu Jing (pictured in character atop a military vehicle), was using a tried and trusted formula. In 2016 “Operation Mekong”, about Chinese soldiers battling an Asian drug-trafficking gang, grossed 1.2bn yuan and was the sixth-biggest earner at the Chinese box office that year. Production and distribution of that film were privately led.

State media have praised “Wolf Warrior 2” and “Operation Mekong” for launching a new era in the development of what are officially known as “main melody films”, that is, ones that promote the party line. The party itself had been trying to achieve such a breakthrough since the 1990s, when it began encouraging state-employed screenplay writers and directors to mimic the storytelling techniques of their commercial counterparts. It achieved occasional successes, such as with “The Founding of a Republic” in 2009, but nothing on the scale of “Wolf Warrior 2”.

Online, too, the private sector has taken the lead. One example is “The Chronicle of the Rabbits”, a series of animations about China’s modern history. Since it began circulating online two years ago, it has been watched more than 500m times. The cartoons depict the party as a rabbit that is weak and small at first but ultimately overcomes countless hurdles to become strong. As a result, netizens often use the term “our rabbit” to refer to China. State media have extolled the series, even though Lin Chao, its creator, has insisted that he has no links with the government.

The party can take some credit for the success of such entertainment. It cultivates the nationalism that feeds it; for example, by promoting “patriotic education” in schools. Censors tilt the playing field by blocking Hollywood films when their release might tempt audiences away from favoured home-grown ones. They also ban anything that they deem to be unpatriotic—including anything critical of the party. No matter what accounts for the recent success of main melody works, official propagandists can take it easy. The private sector is helping them do their work, and making big money from it.

https://www.economist.com/china/2017/11 ... happybunny




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Re: China...

#636 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Dez 04, 2018 1:24 pm

Como Trump está a abalar o plano económico de longo prazo da China

A passagem progressiva da China de uma economia baseada em exportações baratas para uma economia verdadeiramente avançada enfrenta agora a política comercial mais agressiva dos EUA, colocando desafios nunca vistos nas últimas décadas a Pequim.

Sérgio Aníbal

Depois de três décadas de crescimento impressionante, que retirou o país da lista dos mais pobres para o transformar numa das maiores potências económicas mundiais, a China liderada por Xi Jinping vê a sua história de sucesso ser agora colocada sob ameaça. O plano de longo prazo de passagem de uma economia baseada nas exportações para um modelo mais equilibrado e sustentável está a ser abalado pela mudança de atitude das outras potências mundiais, principalmente os Estados Unidos, perante o sucesso chinês. E Pequim pode ser forçada a improvisar, se quiser contrariar um cada vez mais perigoso cenário de abrandamento económico.

O impacto das reformas iniciadas por Deng Xiaoping nos anos 1980 superou tudo o que se poderia imaginar na altura. De país essencialmente agrícola, a China passou a maior exportador do mundo e segunda maior economia mundial, com mais de 800 milhões de chineses a deixarem de estar em situação de pobreza extrema (a viver com menos de 1,9 dólares por dia), o que representa um contributo de cerca de 70% para a redução total da pobreza no planeta.

Este sucesso foi, em geral, aplaudido pelo resto do mundo, e até facilitado pela forma como os países mais ricos abriram os seus mercados aos produtos chineses, algo que se tornou particularmente evidente a partir do momento em que foi autorizada a entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2001. Desde aí, com taxas alfandegárias acessíveis, não foi difícil os consumidores e empresas norte-americanos e europeus habituarem-se a viver com o baixo custo dos bens "Made in China".

À medida em que os excedentes comerciais chineses se acumularam e as empresas europeias e norte-americanas começaram a deslocar a sua produção para a China (e para outros países asiáticos), foram subindo de tom as críticas às políticas seguidas por Pequim para garantir o sucesso das suas exportações: manutenção de uma divisa relativamente desvalorizada, práticas laborais muito abaixo dos concorrentes, ajudas de Estado exageradas e aplicação de preços abaixo de custo em alguns sectores.

No entanto, à China foi sendo sempre dado tempo para proceder às alterações na sua economia. E Pequim tem, ao longo dos últimos anos, dado motivos para acreditar que essa mudança é mesmo real.

Respondendo à crescente pressão internacional mas também aos interesses próprios do país na procura de um padrão de crescimento mais sustentável, Xi Jinping traçou um plano de longo prazo que tem como objectivo fundamental diversificar as fontes de rendimento da economia, reduzindo a dependência da China das suas exportações de produtos baratos para as grandes potências económicas da América e da Europa.

Fazem parte deste plano políticas como uma maior flexibilização da divisa, uma política salarial mais generosa para promover a procura interna, o investimento em investigação e tecnologia para aumentar o valor acrescentado dos produtos chineses e um ambicioso plano de expansão internacional, denominado “Belt and Road” ("Uma faixa, uma rota", na tradução oficial, replicando conceitos da Rota da Seda), que poderá ligar a China a novos mercados na Europa, Ásia e África através de uma rede de portos, linhas de comboio, estradas e parques industriais.

Pelo meio, e enquanto a economia não muda completamente de face, para conseguir manter o crescimento sempre acima dos 6%, sem recessões nem sobreaquecimentos, a China tem conseguido aplicar políticas monetárias e orçamentais expansionistas ou mais restritivas, conseguindo evitar crises graves mesmo quando no resto do mundo o cenário era de depressão.

Agora, contudo, a China enfrenta um desafio diferente e que não estaria previsto no plano estratégico da sua liderança. A vitória de Donald Trump nas eleições de 2016 trouxe para a Casa Branca uma administração que revela de forma aberta que considera a China como a sua maior ameaça económica e estratégica. E que apontou a China como a principal responsável pelos problemas económicos dos EUA, devido a práticas comerciais classificadas como injustas.

Donald Trump não se limitou às palavras, como chegaram a esperar os líderes chineses, e passou mesmo à prática, aplicando taxas alfandegárias mais elevadas em 250 mil milhões de dólares de produtos importados da China, ameaçando ainda ir mais longe.


A resposta da China a esta nova estratégia norte-americana tem vacilado entre assumir-se como uma potência mundial, retaliando em igual medida com as suas próprias taxas, e a procura de um acordo com a Casa Branca mostrando-se disponível para cedências.

Um dos problemas para a China é que este confronto com os EUA surge numa fase delicada para a sua economia, que tem vindo a registar nos últimos trimestres um abrandamento. A OCDE projecta que, depois de um crescimento de 6,6% este ano, a variação do PIB chinês seja de 6,3% em 2019 e de 6% em 2020.

Existe o receio de que, no caso de uma continuação da guerra comercial, estes números possam ser ainda mais baixos, colocando em risco a estabilidade social na China, um cenário que as suas autoridades tentam evitar a todo o custo.

Portugal e a nova China: Governo não abdica de uma relação forte
Pelo lado positivo, a China tem alguns pontos fortes, nomeadamente os instrumentos que tem disponíveis para aplicar políticas orçamentais e monetárias expansionistas (algo em que a Europa e os Estados Unidos podem ter mais dificuldade). E além disso, a dependência da China relativamente às suas exportações é agora mais baixa do que há 10 anos , tendo o seu peso no PIB passado de 35% em 2007 para 18% em 2017.

Seja como for, Trump e a suas tácticas negociais extremamente agressivas trouxeram aos líderes chineses, conhecidos por gostarem de planeamentos de longo prazo, um sentimento de urgência.

Na reunião do G20 do passado fim-de-semana, Xi Jinping, antes de viajar para Lisboa, acordou com Donald Trump uma trégua de 90 dias para os dois países chegarem a um acordo. Para já, do lado chinês, a cedência feita para garantir que os EUA suspendem uma nova subida de taxas prevista para 1 de Janeiro, foi a promessa, ainda não quantificada, de mais compras de produtos norte-americanos.


Nos próximos três meses, a forma como irão decorrer as negociações comerciais com os EUA, vão revelar de que forma Pequim vai optar enfrentar o novo desafio colocado por Trump.




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Re: China...

#637 Mensagem por GIL » Ter Dez 04, 2018 1:36 pm

De momento Trump ja consequiu que os chineses pedissem penico (apenas o esperado), falta agora ver se a proposta chinesa vai agradar ao mesmo.




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Re: China...

#638 Mensagem por akivrx78 » Dom Dez 09, 2018 6:56 am



O Japão deu ordens para eliminar todos os equipamentos de comunicação da Huawei e Zte, sem dar detalhes disseram que encontraram coisas a mais dentro dos hardwares que tem função desconhecida.




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Re: China...

#639 Mensagem por Bourne » Dom Dez 09, 2018 10:23 am

É parte do soft warfare entre China e EUA. Não ataca com armas, mas as empresas, equipamentos, estruturas de estado e outros. Os chineses não são bonzinhos. Eles também colocam maldades nos seus equipamentos eletrônicos, assim como Apple e Microsoft.


Detalhe para rota terrestre e naval chinesa. As rotas terrestres que chegam ao Irã e Turquia, Holanda e Moscou.

E naval que contemplam a costa africana. E observem as bases como no África (djaboni) e o Sri Lanka que está em guerra civil entre grupos apoiados por chineses vs EUA/Índia. Além disso, se rota naval estiver aberta, podem chegar ao Atlântico e manter abertas as linhas de abastecimento com Angola, Argentina e Brasil. Ou seja, eles precisam de marinha e porta-aviões para manter as rotas abertas, fazer intervenções ou bater ombro com outras marinhas.

Imagem
5 feats of engineering that showcase China’s growing power

The Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge
The trajectory of the Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge
Image: HZMB

1The Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge is an ambitious project which connects the Zhuhai City in Guangdong Province and Macao Special Administrative Region with Hong Kong (SAR).

The mega bridge is 55 km long, and includes 29.6 km of 3-lane carriageway which is part tunnel (6.7 km) and part bridge. Two artificial islands have been built for the tunnel landings at the Hong Kong SAR end.
Have you read?

At a total cost of $2.3 billion dollars, the project was completed in January 2018, dramatically reducing the time it takes to travel between the three cities.

2. The Bullet Train

Rail passengers will soon be able to travel at high speed from Beijing to Hong Kong. The journey will take just nine hours, a marked improvement on the current journey time of 24 hours. The highly-anticipated Guangzhou-Shenzhen-Hong Kong Express Rail Link (XRL) is scheduled to open on September 23rd. China’s high speed rail network extends to 25,000km and will compete with airlines to transport people quickly and comfortably across the country.

3. Aircraft Carriers
China's first domestically developed aircraft carrier departs Dalian
Image: Reuters

China’s first domestically built aircraft carrier set sail earlier this year for sea trials. The 65,000-tonne Type 001A is China’s latest effort to make sure its naval fleet can compete on a global scale. The ship is expected to go into service by 2020, while China plans to have four aircraft carrier battle groups afloat by 2030.

Simultaneously, Chinese engineers are working to avoid a major threat to aircraft carriers: jellyfish. Swarms of jellyfish can get sucked into a ship’s water intake and end up clogging the cooling system, bringing the ship to a standstill.

4. Panda-Shaped Solar Farm

Over the last decade, China has positioned itself as a global leader in renewables, pushing investment into renewable energy and closing down coal plants.

In a publicity-friendly move, one of its largest solar farms was built in the shape of two pandas, one of which is waving.

Located in China’s northern Shanxi province, the Datong Panda Power Plant is a giant 50MW solar array spread across 100 hectares. It is the first plant to be built under a scheme agreed by the United Nations Development Program (UNDP) and Panda Green Energy’s major shareholder, China Merchants New Energy.

According to data published by REN21, at the end of 2016 China had 77.4GW of solar PV installed, representing more than a quarter of the global total.

5. The New Silk Road

Key to cementing China’s position as a global economic power is the huge Belt and Road infrastructure initiative, or the so-called New Silk Road.

Morgan Stanley predicts China’s investment in B&R countries will increase by 14% annually over the next two years and that the total investment is likely to double to as much as $1.3 trillion by 2027.

Since it was first proposed by Chinese President Xi Jinping in the autumn of 2013, more than 100 countries and international organizations have signed Belt and Road cooperation documents, widening the initiative's scope to take in Africa, Latin America and the South Pacific region as well as Eurasia.

The Annual Meeting of the New Champions is taking place in Tianjin, People's Republic of China between 18 and 20 September 2018


https://www.weforum.org/agenda/2018/09/ ... eo%20Blogs




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Re: China...

#640 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Dez 12, 2018 8:53 am

Reportagem sobre vários temas de politica internacional, entre eles a ambição da China para se tornar a maior potência mundial até 2049

https://www.rtp.pt/play/p4714/e378688/olhar-o-mundo




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Re: China...

#641 Mensagem por Bourne » Qui Dez 13, 2018 12:46 pm

China’s Boldest Experiment
Dec 11, 2018 Dani Rodrik

The conventional wisdom among social scientists is that the demands of advanced economies and growing middle classes can be met only through greater political freedoms and competition. By doubling down on authoritarian single-party rule, China is now testing that proposition.

BEIJING – Forty years ago this month, China’s leaders set the country on a path of reform that has produced the most dramatic economic transformation in history. Mao Zedong had died two years earlier, in 1976, and the newly rehabilitated Deng Xiaoping succeeded in stamping his vision of economic development and modernization on the Third Plenary Session of the Eleventh Central Committee held in December 1978. In the four decades since, China has transformed itself into an economic powerhouse, portending an equally momentous makeover of the global economy and geopolitics.

China’s reforms started in agriculture, where the crushing burden of state controls was relaxed. Through the dual-track pricing mechanism, farmers were given market incentives. The household responsibility system allowed them greater control over the land they worked. Farmers responded quickly, increasing their efficiency and output.

Reforms were subsequently broadened and extended into other areas. Non-agricultural production incentives were bolstered through a hybrid form of ownership called Township and Village Enterprises (TVEs). As the reforms spread to cities, state enterprises gained more autonomy and were encouraged to become entrepreneurial. Incentives were created for provinces and localities to invest and spur economic growth. And the growth of Special Economic Zones (SEZs) in the 1990s turned China decisively toward integration with the world economy.

The general thrust of these reforms was to increase the economy’s market orientation and external openness. But while China’s share of international trade and private investment grew and that of the state sector steadily shrank in relative terms, the authorities retained a firm hand in managing the economy. Economic restructuring and diversification were promoted through a range of industrial policies. Foreign investors were required to enter into joint ventures with domestic firms and to increase the use of local inputs. The exchange rate and international financial flows remained controlled for the most part.

Through it all, China’s leadership did not follow any guidebook and resolutely marched to the beat of its own drummer. Reform was guided by neither communist teachings nor free-market dogma. If senior policymakers followed one overarching principle, it was what might be called “pragmatic experimentalism.” As Deng famously said, what mattered was not the color of the cat, but whether it caught the mice.

Given the peculiarities of China’s experience, it is not surprising that there remains considerable debate about the lessons to be drawn from it. For many in the West, China demonstrates the benefits of reliance on markets and economic liberalization. Yet if China were an economic basket case today, I suspect the same voices would be quick to attribute the failure to the continued intrusiveness of the Chinese state. For others, China demonstrates the intrinsic superiority of the state-led model. Yet many of the same policies, such as dual-track pricing or domestic content requirements, have failed in other settings.

These opposing perspectives can be reconciled. China has not violated the tenets of mainstream economics so much as it has offered a master class in applying them creatively in complicated political and economic terrain. Dual-track pricing provided market incentives at the margin without undermining the fiscal revenues. TVEs spurred private entrepreneurship, despite weak frameworks for property rights and contract enforcement. SEZs spurred exports and foreign investment without undermining employment among protected state enterprises. Industrial policies allowed infant industries to internalize learning spillovers. In short, China represents the triumph of practical economics – in which second-best strategies, market failures, general equilibrium, and political economy prevail – over the simplistic reasoning of Econ 101.

The biggest test for the Chinese model may be yet to come. Throughout the country’s economic transformation, the political primacy of the Communist Party of China was never in question. But outside observers expected that continued economic development would eventually lead to political liberalization. Instead, under President Xi Jinping, China has taken a decidedly more authoritarian turn. That is bad news for the hundreds of millions of Chinese whose political freedoms are being ever more tightly circumscribed.

Political repression could be bad news for the economy as well, for at least two reasons. First, people’s ability to speak freely provides an advance-warning mechanism for policies that might eventually fail, enabling the authorities to change course before more damage is done. Second, political competition provides institutional mechanisms for channeling opposition, which otherwise might spill over to the streets and fuel civil disorder.

China’s leaders seem to be betting that they can avoid both types of problems. They believe they have their ears sufficiently to the ground that they can remain responsive to any brewing discontent. And they hope they can exercise social control through facial recognition and other new technologies, which they have taken the lead in deploying.

The conventional wisdom among social scientists is that the demands of advanced economies and growing middle classes can be met only through greater political freedoms and competition. The Chinese political elite are skeptical, and not without reason. When they look at the West nowadays, they see populism, demagoguery, and deep divisions, rather than harmonious, inclusive societies. Their attempt to combine a high-growth, technologically sophisticated economy with reinforced authoritarianism is perhaps their most ambitious experiment to date.
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Dani Rodrik is Professor of International Political Economy at Harvard University’s John F. Kennedy School of Government. He is the author of The Globalization Paradox: Democracy and the Future of the World Economy, Economics Rules: The Rights and Wrongs of the Dismal Science, and, most recently, Straight Talk on Trade: Ideas for a Sane World Economy.

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akivrx78
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Re: China...

#642 Mensagem por akivrx78 » Sex Jan 04, 2019 8:28 am

População chinesa cai em 2018 pela primeira vez em 70 anos

Um casal chinês passeia com seu bebê em uma ponte de Shandong, no leste da China, em 6 de setembro de 2018 - AFP/Arquivos

03/01/19 - 17h27 - Atualizado em 04/01/19 - 00h24

A China, o país mais populoso do mundo, sofreu em 2018 o primeiro declínio demográfico em pelo menos 70 anos, apesar do abandono da política do filho único, segundo especialistas.

Os dados oficiais serão divulgados neste mês mas, sem esperá-los, o especialista Yi Fuxian, um pesquisador estabelecido nos Estados Unidos na Universidade de Wisconsin-Madison, estima que a população da China diminuiu no ano passado em 1,27 milhão de pessoas.

Uma quantidade pequena se comparada com seus 1,39 bilhão de habitantes, mais de 6,5 vezes a população do Brasil, mas algo inédito na história da República Popular da China, fundada em 1949.

Depois de que o fundador do regime comunista, Mao Zedong, fomentou a natalidade, a China instaurou em 1979 a política do filho único, com frequência criticada por sua brutalidade.

Mas diante do envelhecimento da população, o governo passou a autorizar, em 2016, todas as famílias a terem dois filhos. O problema: devido ao alto custo da educação, saúde e moradia, muitos casais preferem ficar com apenas um ou inclusive nenhum filho.

‘Mudança histórica’ –

Consequentemente, o número de nascimentos caiu em 2,5 milhões no ano passado, calcula Yi Fuxian, enquanto as autoridades chinesas esperavam um aumento de 790.000. O total de nascimentos, segundo ele, deveria ser de 10,31 milhões em 2018.

Paralelamente, o número de falecimentos aumentou para 11,58 milhões, calcula o pesquisador, que baseia seus dados em estatísticas locais.

O ano passado representa “uma mudança histórica para a população chinesa”, explicou Yi Fuxian à AFP, considerando que a tendência pode ser inclusive “irreversível”, dada a diminuição do número de mulheres em idade fértil.

“A população chinesa começou a cair pela primeira vez desde 1949, o problema do envelhecimento acelerou e o dinamismo da economia perdeu força”, apontou.

As pesquisas de Yi serão publicadas em um estudo realizado com o economista Su Jian, da Universidade de Pequim, com base em cifras da Comissão Nacional da Saúde.

– ‘Crise demográfica’ –

A China entra em “uma crise demográfica”, alarmou-se o economista Ren Zeping, do grupo imobiliário Evergrande.

Espera-se que a Índia supere nos próximos anos a China como país mais populoso do planeta.

A população chinesa em idade ativa (de 16 a 59 anos) reduziu em quase 5,5 milhões em 2017, sexto ano consecutivo de declínio, estabelecendo-se em 902 milhões de pessoas (65% da população total).

Segundo projeções do governo, o número de pessoas de 60 anos ou mais deveria chegar a 487 milhões em 2050, ou seja, 35% da população, contra 241 milhões (17,3%) no fim de 2017.

A cifra de mulheres em idade fértil retrocederia mais de 39% durante os 10 próximos anos, segundo He Yafu, um demógrafo independente que considera verossímeis as projeções do professor Yi.

Este último, que criticou durante muito tempo a política do filho único, insta agora o governo chinês a abolir o limite de dois filhos por família e a fomentar a natalidade com a ajuda de generosas licenças-paternidade e incentivos fiscais.

Se o regime comunista não intervir imediatamente, alertou, “a crise do envelhecimento será mais grave do que no Japão, e as perspectivas econômicas, ainda mais sombrias”.

https://istoe.com.br/populacao-chinesa- ... m-70-anos/




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Bourne
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Re: China...

#643 Mensagem por Bourne » Seg Mar 25, 2019 1:57 am

China mira América Latina em seu maior projeto de influência exterior
Pequim deve usar reunião dos Brics no Brasil para propor adesão de países da região ao Belt and Road
24.mar.2019 às 2h00
Edição Impressa

Carolina Vila-Nova
São Paulo

Depois de ganhar impulso a partir de 2017, o maior projeto da Presidência Xi Jinping para ter acesso a mercados internacionais e atrair países para sua esfera de influência vai mirar a América Latina --e naturalmente seu maior mercado, o Brasil.

A chamada Belt and Road Initiative (BRI ou, informalmente, Nova Rota da Seda) liga Ásia, Oriente Médio, Europa e África por meio de ferrovias, portos e outras obras de infraestrutura.

O projeto já soma 22 países e 180 memorandos assinados, segundo o governo chinês; eram 46 memorandos até o fim de 2016, quando já estavam funcionando 39 ferrovias ligando a China à Europa.
Devido à sua posição geográfica, voltada para o Pacífico, o Chile tradicionalmente negocia com países asiáticos. Assim, foi o primeiro latino-americano a aderir à BRI por meio de um memorando assinado no fim de 2018.


É na cúpula dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em novembro, em Brasília, que Pequim deve propor adesão dos países da região ao que Xi chama de "projeto do século", dizem analistas e a mídia local.

Operários fazem manutenção de trilhos da estação de Dazhou, na China, que integrará uma conexão ferroviária entre Chongquing e a Duisburgo, na Alemanha, como parte da Nova Rota da Seda - 14.mar.19/Reuters

Trata-se de uma decisão política relevante a expansão da BRI tão amplamente em termos geográficos e para além da concepção original.

O governo de Jair Bolsonaro tem emitido sinais dúbios em relação à China. A ala mais ideológica quer reduzir a exposição brasileira ao gigante asiático, que vê como uma ameaça estratégica.

Em aula magna a alunos do Instituto Rio Branco, academia do Itamaraty que forma diplomatas, o chanceler Ernesto Araújo disse que o Brasil "não vai vender sua alma para exportar minério de ferro e soja". A China é a maior compradora de soja e minério de ferro do Brasil.

O setor reclamou, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, mais pragmático, afirmou que não haveria redução do comércio com a China.

Antes de embarcar para os EUA para se encontrar com o presidente Donald Trump, Bolsonaro anunciou uma visita a Pequim --uma vitória dos moderados, segundo Oliver Stuenkel, professor da FGV.

"Existe na China uma preocupação com a intensidade da retórica de Bolsonaro. Isso pode ter implicações para a relação com a China, mas a expansão da Belt and Road para a América Latina continua sendo uma prioridade para Pequim. A reunião entre Bolsonaro e Trump não muda essa lógica", afirmou.

A preocupação dos Estados Unidos com o avanço chinês é justificada. Ao financiar obras para o porto de Pireus, na Grécia --quando o país estava estrangulado pela crise financeira--, Pequim fincou os pés em Bruxelas.

Vai fincar um pouco mais, já que no sábado (23) Pequim assinou com a Itália um memorando da BRI para investir em portos, logística e transporte marítimo --o primeiro acordo com um país do G7.

"Isso dá uma legitimidade muito grande ao projeto. Na Europa há um debate muito interessante sobre como a competição interna entre países europeus por investimentos chineses acaba reduzindo a capacidade europeia de agir com uma voz só e articular uma estratégia mais coerente em relação à China", afirmou Stuenkel. "A adesão italiana dificulta essa estratégia."

Para atuar em território afegão, a China conversou com o Taleban e grupos locais. Obteve voz no governo em Islamabad ao fazer do Corredor Econômico China-Paquistão (CEPC) peça central da BRI. Vai fixar presença militar na África ao construir uma base em Djibuti que será a única instalação militar chinesa fora da China.

Mas o fato é que os Estados Unidos têm pouca capacidade de competir com o avanço chinês, que se dá em áreas em que a China tem superioridade estratégica. "Os EUA não têm uma empresa para construir trem de alta velocidade na África nem têm trens de alta velocidade em seu território", exemplifica Stuenkel.

Endividamento por projetos preocupa analistas

Para além da questão da influência política, analistas se preocupam com a falta de transparência dos projetos relativos à Belt and Road Initiative e o alto endividamento que geram.

Segundo algumas avaliações, isso torna uma série de países --especialmente nações pequenas, sem acesso ao sistema internacional de crédito-- praticamente reféns de dívidas milionárias com a China.
Isso porque os projetos são geralmente financiados por empréstimos junto ao Estado chinês ou a instituições semiestatais chinesas.

Relatório do Centro para Desenvolvimento Global aponta oito países para quem a BRI já cria problemas de sustentabilidade da dívida, com impacto negativo sobre os gastos dos governos e sobre o crescimento econômico em geral.

"Não há dúvidas de que podemos identificar benefícios nos projetos sob a BRI, seja uma maior eficiência no comércio ou uma atividade econômica mais alta", disse Scott Morris, um dos autores.
"Mas não podemos deixar de olhar para os custos. Para muitos países isso tem a ver com uma avaliação do endividamento e da sustentabilidade dessas dívidas. E aí não fica tão claro se há um benefício líquido para alguns países."

"Praticamente todo o financiamento da BRI é feito por empréstimos e não por ajuda financeira, e não está claro no caso de muitos países se eles têm a capacidade para assumir tais dívidas", explicou.

Djibuti, por exemplo, viu sua dívida externa pública aumentar de 50% para 85% do PIB em dois anos, segundo o FMI. A maior parte dessa dívida é com o China Exim Bank.

A China ainda pretende construir no país africano um porto, um terminal petrolífero e uma estrada ligando Djibuti a Addis Abeba, na Etiópia.

Uma das nações mais pobres da Ásia, apesar do crescimento de em média 8% por ano na última década, o Laos tem quase metade do seu PIB --US$ 6 bi-- empenhada numa ferrovia que o liga à China.
No Paquistão, 80% dos US$ 62 bilhões do custo estimado para o CEPC são financiados pela China. Devido ao alto endividamento, o país já cancelou projetos ligados ao BRI e pediu créditos ao FMI.

Em 2011, a China concordou em perdoar uma parte da dívida do Tadjiquistão em troca de uma área de 1.158 km² em território disputado. Autoridades do país asiático dizem que cederam apenas 5,5% das terras que Pequim queria.

O Sri Lanka contraiu uma dívida de US$ 8 bilhões a uma taxa de juros de 6% para a construção do porto de Hambantota. Em julho de 2017, Pequim concordou em fazer um swap (troca) da dívida com um contrato de arrendamento de 99 anos para administrar o porto.

No Fórum Econômico Mundial em Davos, em janeiro, uma mesa com presença de representantes da China e de países participantes do evento, como o Azerbaijão, discutiu a BRI.

Na ocasião, o presidente azeri, Ilham Aliyev, lembrou que por anos o país buscou e não obteve financiamento para construção de uma ferrovia. "Instituições financeiras deveriam prestar mais atenção e ajudar países a investirem em infraestrutura que terá impacto", afirmou.

O Laos volta a ser citado como exemplo: o pequeno país tem um papel central em projetos ferroviários que são centrais para a agenda da BRI, mas tem capacidade muito limitada de financiá-los.

"O Banco Mundial ou Banco de Desenvolvimento da Ásia simplesmente não financiaria projetos nessa escala em um país como o Laos porque o risco é muito alto. Então o país fica num dilema", concorda Morris. "Isso não significa que o investimento em tais projetos seja a resposta certa."

Uma das ambições chinesas é usar a BRI como uma marca para atores financeiros --no caso da América Latina, por exemplo, com um banco de desenvolvimento regional investindo no projeto ao lado de alguma participação chinesa.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/201 ... 79NfsTlS5w
Imagem

China's Belt and Road infrastructure initiative is one of the most ambitious geopolitical projects ever. By 2027, it aims to dish out an estimated $1.3 trillion in loans, around ten times what the US spent on the Marshall Plan in the aftermath of World War II. As China increases its investment in the West, will countries' loyalty shift toward Beijing? Here's a look at the already staggering scope of Beijing's agenda.

*Correction: An earlier version of this graphic misstated India's participation in the Belt and Road Initiative. India is a member of the AIIB and ADB but not OBOR.

https://www.gzeromedia.com/graphic-trut ... TrMElszX_I




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Re: China...

#644 Mensagem por Sterrius » Seg Mar 25, 2019 2:25 am

"O Banco Mundial ou Banco de Desenvolvimento da Ásia simplesmente não financiaria projetos nessa escala em um país como o Laos porque o risco é muito alto. Então o país fica num dilema", concorda Morris. "Isso não significa que o investimento em tais projetos seja a resposta certa."
Aqui está uma parte importante do porque a CHina tem crescido. Ela investe independente do lucro ou prejuízo imediato. Pensando no ganho politico e geopolítico. Longo prazo.
Fazer uma obra no Laos independente do mesmo pagar ou não trará benefícios pra Região e por tabela pra China. Gera na pior hipótese boa vontade (Desde que ela não seja queimada inadvertidamente).

PAíses ocidentais, especialmente o Brasil. Tem um "Pensamento de acionista não majoritário". Quer investir, ter sua participação dos lucros e fechar a conta.

Projetos de longo prazo demoram muito e são arriscados, logo melhor nem fazer.....
Mas esquecem que são tais projetos que mudam a vida do país pra sempre.




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Re: China...

#645 Mensagem por Bourne » Seg Mar 25, 2019 2:17 pm

A "rota da seda" segue a mesma lógica de potências nos últimos 200 anos. Os ganhos são de longo prazo e boa parte indiretos.

A França e Alemanha davam empréstimos de elevado risco e quase fundo perdido para fazerem aliados e criarem simpatias pré-1914. Principalmente quando a Grã-Bretanha perdeu competitividade para Europa continental e era desarticulada em relação sistema financeiro europeu. Por isso que boa parte da infraestrutura, indústria e bens de capital, equipamento militar usado no Brasil era francês ou alemão. Assim, enquanto a city londrina fechava a torneira dos empréstimos e operações no começo do século XX, os alemães abriam a torneira e aceitavam outras garantias e tipos de negócios com apoio do estado alemão. E acontecia em vários países ao redor do mundo.

Nas décadas de 1940, 1950 e 1960 os EUA eram extremamente generosos com empréstimos para todo mundo. Eles puxavam o investimento em infraestrutura e indústria na Europa, América Latina, Ásia e Oriente Médio. Os interesses e condições eram bem parecidas com os interesses chineses atuais: aumentar exportações; abrir mercados; conseguir aliados e simpatias. Por exemplo, o boom de investimento em infraestrutura e indústria brasileira entre 1945 e 1973 era dinheiro norte-americano, muito a fundo pedido que era justificado para beneficiar exportações e empresas norte-americanas indiretamente. O milagre dos países asiático foi feito com empréstimos norte-americanos.

Os franceses, alemães e norte-americanos deixaram de serem generosos porque não tem mais benefícios. Os grandes objetivos foram cumpridos na inserção internacional. Agora pegam pontos específicos ou projetos que interessam com características privadas ou de suporte de bancos de desenvolvimento que exigem garantias. Além de terem mais essa capacidade.




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