Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Enviado: Ter Set 09, 2014 12:49 pm
Cesar Romero: Marina representa a segunda via.
Gabriel Garcia - Blog do Noblat - 9.09.14.
O cientista político Cesar Romero Jacob, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, acredita que a eleição para presidente da República entra numa fase de desconstrução da candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Marina Silva.
Segundo ele, houve um crescimento muito acelerado da ex-ministra do Meio Ambiente, o que faz com que os adversários foquem suas críticas em Marina.
Jacob afirma que as políticas social e macroeconômica dos candidatos Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina são parecidas.
O que irá diferenciar os três, na avaliação dele, são temas como a extração do petróleo da camada pré-sal, a agenda moral (a defesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo) e a independência do Banco Central.
Em caso de vitória de Marina, ele acredita que o grande desafio dela será garantir a governabilidade, sobretudo com um Congresso fisiologista, com deputados e senadores preocupados com troca de favores.
Ainda de acordo com Jacob, Aécio foi abandonado por seu partido, especialmente em São Paulo, o maior colégio eleitoral do Brasil.
A Marina atingiu seu limite máximo de intenção de votos?
Existem três coisas pelas quais não se pode definir o que vai acontecer com as eleições. Primeiro, há um desgaste do PT com o eleitorado. Segundo, a Marina cresceu muito rápido. Ela será o alvo dos adversários e será submetida ao contraditório. Terceiro, o Aécio ficou enfraquecido. Marina bateu no teto? A resposta depende desses três fatores.
Qual o diferencial da candidatura de Dilma em contraposição à de Marina?
Os três candidatos são muito parecidos em relação à manutenção do tripé da economia: responsabilidade fiscal, superávit primário e câmbio flutuante. São favoráveis à inclusão social. Essa agenda socioeconômica não os distingue. Há distinção em relação a temas como pré-sal versus etanol, que têm impacto na economia dos estados, agenda moral e independência do Banco Central. No caso da Dilma, ela tem dois lados: o desgaste de 12 anos do governo do PT; e as obras e programas desenvolvidos por seu governo. Se há um desejo de mudança, também há um desejo de preservação daquilo que está dando certo.
O peso da máquina pública terá mais impacto no segundo turno?
Tem máquina? Tem. Mas tem o desgaste do PT. Há ainda a máquina estadual. O Aécio foi abandonado pelo seu partido, sobretudo em São Paulo. Vai ficando claro que a terceira via, representada pela Marina, se tornou a segunda. Para o PSDB de São Paulo, mais importante do que o Aécio ganhar é a Dilma perder. Se para a Dilma perder for necessário apoiar outro candidato, o partido apostaria em Marina, que lidera as intenções de voto em São Paulo, com 40%. Isso significa que a máquina do PSDB paulista está trabalhando para a Marina.
Qual o futuro do PSDB caso perca a quarta eleição presidencial seguida?
Ele perderia, mas estaria no próximo governo. Em um segundo turno, a Marina precisa compor com o PSDB. Temos alguns exemplos históricos. Em 1950, havia três candidatos à Presidência: Getúlio Vargas (PTB), o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN) e o Cristiano Machado (PSD). O PSD abandonou o seu candidato para apoiar o Getúlio. Em 1989, o PFL abandonou o seu candidato, o Aureliano Chaves. Apoiou Fernando Collor de Melo. O PSDB pode abandonar o Aécio, mas ganha por um caminho torto. O Aécio fica na estrada, mas o partido volta ao poder.
O ex-presidente Lula perdeu força, já que não tem sido suficiente para garantir a vitória de Dilma?
O Lula lançou a Dilma quando ele estava no poder, com uma popularidade de 80%. Passaram-se quatro anos de mandato da Dilma. Se antes ela era um poste, uma folha de papel em branco, agora acabou esse discurso. Apesar do prestígio do Lula diante do eleitorado, os eleitores comparam o desempenho de Dilma com o próprio governo Dilma. Não estamos falando mais do governo Lula.
Como a Marina governará sem o apoio do PT e do PMDB, os dois maiores partidos no Congresso?
Temos duas experiências histórica, ambas não foram bem sucedidas. A primeira foi a eleição de Jânio Quadros, em 1960, que entrou na UDN apenas para disputar a eleição. Eles romperam e Jânio renunciou. A segunda, a eleição de Collor. Ele aliou-se ao Partido da Frente Liberal (PFL), partido que o sustentou enquanto pôde. A Marina terá a mesma dificuldade. Ela diz que vai governar com os melhores. Mas se a composição da Câmara eleita em outubro não tiver a maioria dos melhores? Como ela governará? Certa vez (em 1993), o Lula disse que no Congresso existiam 300 picaretas. Digamos que há uma maioria de políticos fisiológicos. Como governar? Como construir a nova política que não teria lugar para os políticos fisiológicos? Isso é um desafio, que não está explicado.
Dilma falar que Marina não tem experiência não é um atestado de incompetência, tendo em vista que ela nunca disputou eleição?
O ex-presidente Lula também não tinha. Nem podemos dizer que o governo Lula foi malsucedido, tanto que ele saiu com 80% de aprovação. Esse é um argumento que não se sustenta, de que ela não teria experiência.
A economia ajudou o PT a vencer com Lula em 2002. Agora pode fazer o partido perder para Marina?
Diferente de 2002, hoje o copo da economia está meio cheio e meio vazio. Se a inflação está no teto da meta, 6,5%, e o crescimento está em 1%, a taxa de desemprego, por outro lado, é uma das mais baixas da história do país. É fácil entender quando há um crescimento com distribuição de renda. O contrário, uma crise econômica com concentração, também é fácil. Mas há sinais ambíguos em uma economia que não cresce, mas com baixo desemprego. Se esses sinais de desgastes jogam contra Dilma, a taxa de desemprego baixo a favorece.
Gabriel Garcia - Blog do Noblat - 9.09.14.
O cientista político Cesar Romero Jacob, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, acredita que a eleição para presidente da República entra numa fase de desconstrução da candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Marina Silva.
Segundo ele, houve um crescimento muito acelerado da ex-ministra do Meio Ambiente, o que faz com que os adversários foquem suas críticas em Marina.
Jacob afirma que as políticas social e macroeconômica dos candidatos Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina são parecidas.
O que irá diferenciar os três, na avaliação dele, são temas como a extração do petróleo da camada pré-sal, a agenda moral (a defesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo) e a independência do Banco Central.
Em caso de vitória de Marina, ele acredita que o grande desafio dela será garantir a governabilidade, sobretudo com um Congresso fisiologista, com deputados e senadores preocupados com troca de favores.
Ainda de acordo com Jacob, Aécio foi abandonado por seu partido, especialmente em São Paulo, o maior colégio eleitoral do Brasil.
A Marina atingiu seu limite máximo de intenção de votos?
Existem três coisas pelas quais não se pode definir o que vai acontecer com as eleições. Primeiro, há um desgaste do PT com o eleitorado. Segundo, a Marina cresceu muito rápido. Ela será o alvo dos adversários e será submetida ao contraditório. Terceiro, o Aécio ficou enfraquecido. Marina bateu no teto? A resposta depende desses três fatores.
Qual o diferencial da candidatura de Dilma em contraposição à de Marina?
Os três candidatos são muito parecidos em relação à manutenção do tripé da economia: responsabilidade fiscal, superávit primário e câmbio flutuante. São favoráveis à inclusão social. Essa agenda socioeconômica não os distingue. Há distinção em relação a temas como pré-sal versus etanol, que têm impacto na economia dos estados, agenda moral e independência do Banco Central. No caso da Dilma, ela tem dois lados: o desgaste de 12 anos do governo do PT; e as obras e programas desenvolvidos por seu governo. Se há um desejo de mudança, também há um desejo de preservação daquilo que está dando certo.
O peso da máquina pública terá mais impacto no segundo turno?
Tem máquina? Tem. Mas tem o desgaste do PT. Há ainda a máquina estadual. O Aécio foi abandonado pelo seu partido, sobretudo em São Paulo. Vai ficando claro que a terceira via, representada pela Marina, se tornou a segunda. Para o PSDB de São Paulo, mais importante do que o Aécio ganhar é a Dilma perder. Se para a Dilma perder for necessário apoiar outro candidato, o partido apostaria em Marina, que lidera as intenções de voto em São Paulo, com 40%. Isso significa que a máquina do PSDB paulista está trabalhando para a Marina.
Qual o futuro do PSDB caso perca a quarta eleição presidencial seguida?
Ele perderia, mas estaria no próximo governo. Em um segundo turno, a Marina precisa compor com o PSDB. Temos alguns exemplos históricos. Em 1950, havia três candidatos à Presidência: Getúlio Vargas (PTB), o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN) e o Cristiano Machado (PSD). O PSD abandonou o seu candidato para apoiar o Getúlio. Em 1989, o PFL abandonou o seu candidato, o Aureliano Chaves. Apoiou Fernando Collor de Melo. O PSDB pode abandonar o Aécio, mas ganha por um caminho torto. O Aécio fica na estrada, mas o partido volta ao poder.
O ex-presidente Lula perdeu força, já que não tem sido suficiente para garantir a vitória de Dilma?
O Lula lançou a Dilma quando ele estava no poder, com uma popularidade de 80%. Passaram-se quatro anos de mandato da Dilma. Se antes ela era um poste, uma folha de papel em branco, agora acabou esse discurso. Apesar do prestígio do Lula diante do eleitorado, os eleitores comparam o desempenho de Dilma com o próprio governo Dilma. Não estamos falando mais do governo Lula.
Como a Marina governará sem o apoio do PT e do PMDB, os dois maiores partidos no Congresso?
Temos duas experiências histórica, ambas não foram bem sucedidas. A primeira foi a eleição de Jânio Quadros, em 1960, que entrou na UDN apenas para disputar a eleição. Eles romperam e Jânio renunciou. A segunda, a eleição de Collor. Ele aliou-se ao Partido da Frente Liberal (PFL), partido que o sustentou enquanto pôde. A Marina terá a mesma dificuldade. Ela diz que vai governar com os melhores. Mas se a composição da Câmara eleita em outubro não tiver a maioria dos melhores? Como ela governará? Certa vez (em 1993), o Lula disse que no Congresso existiam 300 picaretas. Digamos que há uma maioria de políticos fisiológicos. Como governar? Como construir a nova política que não teria lugar para os políticos fisiológicos? Isso é um desafio, que não está explicado.
Dilma falar que Marina não tem experiência não é um atestado de incompetência, tendo em vista que ela nunca disputou eleição?
O ex-presidente Lula também não tinha. Nem podemos dizer que o governo Lula foi malsucedido, tanto que ele saiu com 80% de aprovação. Esse é um argumento que não se sustenta, de que ela não teria experiência.
A economia ajudou o PT a vencer com Lula em 2002. Agora pode fazer o partido perder para Marina?
Diferente de 2002, hoje o copo da economia está meio cheio e meio vazio. Se a inflação está no teto da meta, 6,5%, e o crescimento está em 1%, a taxa de desemprego, por outro lado, é uma das mais baixas da história do país. É fácil entender quando há um crescimento com distribuição de renda. O contrário, uma crise econômica com concentração, também é fácil. Mas há sinais ambíguos em uma economia que não cresce, mas com baixo desemprego. Se esses sinais de desgastes jogam contra Dilma, a taxa de desemprego baixo a favorece.