soultrain escreveu:Só uma pequena correcção:
O APAR, junto com o SMART-L é o equivalente ao AN/SPY-1 e são radares Active Electronically Scanned Array (AESA). O AEGIS é o sistema de combate que gere os sistemas de armas, o equivalente europeu é o PAAMS.
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E só para complementar a informação e as diferenças entre os 2 sistemas, dois textos 5* do grande mestre Sintra,
do tópico "APAR vs AEGIS qual o melhor?"
O Old tem toda a razão quando diz que a comparação não é APAR/AEGIS, o APAR é um radar, o AEGIS é um sistema. Onde a “porca torce o rabo” é quando alguém vem afirmar uma suposta superioridade “definitiva” de um dos dois sistemas sobre o outro, as coisas não são bem assim. Esta conversa lembra aquele debate velhissimo, repetido até à exaustão do “Rafale X SU35”.
Se por um lado o SPY-1 nas suas versões mais recentes tem vantagens inegáveis sobre o binómio APAR/SMARTL, basicamente um superior TWS (track while scan) e uma capacidade para fazer “update” de informações a um maior nº de misseis ao mesmo tempo, o nº é classificado mas será algo inferior aos 100 canais de tiro que aparece em alguns textos na internet, por comparação o binomio APAR/SmartL só consegue a 32.
Por seu lado o APAR/SMARTL tem vantagem num conjunto de áreas
importantes, basicamente o facto de conseguir fazer o “homing” final de 16 misseis ao mesmo tempo e o facto de o APAR propriamente dito, ser mais pequeno e leve o que lhe permite ser colocado a uma maior altura em relação ao nivel do mar.
Os respectivos calcanhares de Aquiles são os seguintes, o “bottleneck” de performance do sistema AEGIS são os iluminadores de tiro, ou seja, os ESSM e os SM2 são misseis SARH (o novissimo SM-6 já não, é um missil activo) o que significa que a iluminação do alvo tem de ser feita por um radar externo, o SPY-1 encarrega-se de fazer o “update” da informação ao longo do vôo dos misseis (no que é excelente) MAS os ultimos dois (sensivelmente) segundos (o “homing”) dos ESSM/Standard tem de ser feito por um MFCS Mk99, os quais utilizam iluminadores, existem 2 numa F100, 3 num “AB” e 4 num “Tico”. Cada um destes iluminadores apenas pode iluminar um unico missil de cada vez, ou seja 2 numa F100, 3 num “AB” e 4 num “Tico”, o APAR por si só consegue fazer a iluminação a quatro misseis em cada uma das suas 4 faces, ou seja consegue fazer o homing final a 16 misseis ao mesmo tempo. Por seu lado o binómio APAR/SmartL também tem algumas desvantagens, o facto de o radar de longo alcance (Smart L) ser rotativo tem um efeito negativo na qualidade de rastreamento de alvos a média/longa distância (TWS) e o tamanho (pequeno) do APAR apesar de ser uma vantagem (ao ser colocado mais alto permite ver alvos “sea skimmers” a uma maior distância) também tem inconvenientes, basicamente não consegue guiar nada para lá dos 150/160 km´s de distância.
De uma forma muiiiiiiiiiiiiiiiiitiiiissssiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmoooo simplista pode-se dizer que o APAR/SMARTL é inegavelmente superior numa “knife fight” a curta distância contra “sea skimmers” e que o Aegis tem maior probabilidade de mandar pelos ares os vectores desses mesmos misseis a longa distância e, principalmente, em cenários anti ABM.
Qual é melhor?
Não existe resposta definitiva, depende da situação e da marinha envolvida. Se tiveres um E2C Hawkeye sobre a frota que pode fornecer dados automaticamente através de “data link” sobre “seaskimmers” a centenas de km´s de distâncias do navio alvo, então aqueles (ligeiramente menos) 100 canais de tiro do SPY-1 dão muito jeito (versus os 32 do APAR). Se não tiveres um E2C, então os “sea skimmer´s” com um RCS de 0,5 m2 (Harpoon “class”) vão aparecer nos monitores do navio (e os navios equipados com APAR vão ver estes misseis primeiro) a uma distância de 25/30 km´s de distância e a voar a mais de 950 km´s/hora tornam a capacidade de fazer “homing” (ultimos dois segundos do vôo do ESSM/SM2) a 16 alvos ao mesmo tempo do APAR um “must have”, os dois iluminadores das F100 (por exemplo) arriscam-se a serem saturados muito mais depressa do que os seus congéneres Europeus.
Outra coisa, gostava de saber que tipo de perfil de ataque e que armas é que foram simuladas naquele exercicio com F18, alguém tem alguma ideia? Arrisco-me a dizer que se fosse algo como um ataque HI-LO com a simulação de lançamento de “Harpoons”, nem um unico dos Hornet teria sido “tocado”, se se tratar de um ataque á bomba tipo “Atlântico Sul 1982” teria sido um autêntico suicidio por parte dos pilotos dos “bugs”.
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Versão “SIMPLEX” a pedido do “Prepe Veio”:
1- AEGIS é um sistema, APAR é um radar, não são a mesma coisa.
2- Os radares presentes no sistema AEGIS são as iteracções mais recentes do AN/SPY-1D ou AN/SPY-1F, equipamentos PESA. No caso dos “Ticos” existe também um AN/SPS-49 como apoio na função de radar de vigilância aérea, este ultimo funciona na banda L.
3- O sistema Europeu é uma mistura de dois radares, o APAR, um equipamento AESA, que funciona na banda X e que funciona como um radar director de tiro muito sofisticado e o SMART-L que é o radar de vigilância aérea de volume.
4- Pelo seu tamanho e potência qualquer uma destas duas variantes do SPY pode criar mais “canais de tiro” do que o APAR, sensivelmente algo como <100 para o radar americano e 30/32 para o radar Europeu. Isto implica que o radar Americano é capaz de fazer um “mid flight update” do posicionamento de <100 alvos, o Europeu “apenas” o pode fazer a 30/32 . (vantagem AEGIS)
5- Pelas mesmissimas razões, tamanho, potência e pelo posicionamento fixo da antena, o SPY conseguirá (em teoria) manter contactos de melhor qualidade a médias/longas distâncias do que o SMART-L, a isto chama-se Track While Scan. (vantagem AEGIS)
6- Tendo maior nº de canais de tiro, o SPY pode, teoricamente, manter um maior nº de misseis no ar, mais para a frente vamos ver que isto, em determinadas situações, pode não ser verdade.
7- Os misseis (ESSM, SM2 IIIA, SM2 IIIB) utilizados por ambos os sistemas, actualmente, são SARH, ou seja, não têm um radar activo na “cabeça”, o sistema é passivo. O alvo tem de ser iluminado por um radar externo, o APAR no caso do sistema Europeu, o SPY-1 em combinação com o MK-99 Fire Control System no caso Americano. Este ultimo utiliza vários AN/SPG-62 Fire Control Radar´s que funcionam como ilumindores “finais” do vôo do missil, sendo o “mid flight update” garantido pelo SPY-1.
8- Brevemente estará disponivel o Standard SM-6 que é activo, combina o radar de um Amraam (alterado) com o “corpo” de um SM2 IIIB
9- O nº de iluminadores AN/SPG-62 presentes em cada navio, varia de classe para classe, 2 nas F100, 3 nas “AB” e 4 nas “Tico”.
10- Estes iluminadores são necessários para fazer o “homing” final (sensivelmente os dois ultimos segundos de vôo dos ESSM/SM2). Cada um dos iluminadores AN/SPG-62 apenas pode fazer este “homing” final a um unico alvo, o APAR consegue fazer o homing final a quatro alvos por cada uma das suas quatro faces, ou seja 16 alvos no total. (Vantagem APAR/SMARTL)
11- O APAR é um radar relativamente pequeno e leve o que lhe permite ser colocado bastante alto por comparação com o sistema Americano, mesmo o AN/SPY-1F, mais pequeno que o “D”. Aumenta o horizonte ao nivel do mar em relação a sistemas maiores, o que é extremamente util se o alvo a ser abatido for um missil anti navio que voa a 10 metros de altura. (Vantagem APAR/SMARTL)
12- O facto de ser mais pequeno e leve também traz desvantagens, o APAR só consegue ver a uma distância de 150 km´s, o SPY-1D alcança perfeitamente o dobro. Isto é em parte compensado pelos 450 km´s do SmartL, mas existe uma real perda de qualidade de “contacto”. Este ultimo radar é rotativo o que faz com que exista uma perda de visualização do alvo durante parte da rotação do SMARTL. Com a introdução do SM6 esta situação tende a esbater-se. (Vantagem AEGIS).
Resumindo
O AEGIS consegue colocar mais misseis no ar ao mesmo tempo, mas pode ver-se na eventualidade de não conseguir fazer o “homing final” de todos eles. O que pode ser gravissimo. Isto pode ser remediado se tiver o apoio de uma plataforma do tipo AWACS que lhe transfira os alvos que voem a muito baixa altitude a distâncias elevadas. Se este apoio não existir um navio pode ver-se na contigência de descobrir que está a ser atacado quando o missil anti navio está a uma distância extremamente curta (25/30 km´s) e neste caso o que conta é a quantidade de “homing´s” que o navio consegue fazer e neste caso o sistema Europeu é muitissimo superior, 16 versus 2/3/4. Por outro lado, a média/longa distância o AEGIS consegue efectuar o seguimento de mais alvos em melhores condições. Isto para a US Navy é óptimo, para uma marinha sem o apoio de AWACS e respectivas “networks” de troca de informações o sistema Europeu parece trazer vantagens claras.