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Mensagem
por jauro » Sáb Fev 24, 2007 1:29 pm
General brasileiro nega aumento da violência, mas destaca necessidade de país se fortalecer
Jailton de Carvalho
BRASÍLIA. Em três anos, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti assegurou a realização de eleições gerais, no ano passado. Mas a estabilidade política é frágil e a violência se mantém em níveis elevados, como relata ao GLOBO, por telefone, o general-de-brigada Carlos Alberto dos Santos Cruz, comandante-geral da Minustah. O país, um dos mais pobres do mundo, amarga a falta de água potável, de limpeza urbana e de serviços elementares, como saúde e educação. Muitas escolas estão fechadas por falta de segurança e, só em dezembro, cerca de 150 pessoas foram seqüestradas.
Há um novo recrudescimento da violência no Haiti? Por que as tropas militares e a polícia não conseguem controlar as gangues em Porto Príncipe?
GENERAL CARLOS ALBERTO DOS SANTOS CRUZ: Na realidade, não está havendo um recrudescimento da violência. A situação no Haiti está melhor. Temos o controle de algumas áreas, mas há um nível de criminalidade que ainda precisa ser trabalhado. Não se está vivendo nenhum momento de violência. Pelo contrário, houve uma redução principalmente em Martissant e na área central de Porto Príncipe.
Mas há muitas escolas fechadas por falta de segurança, e o número de seqüestros ainda é altíssimo.
SANTOS CRUZ: O problema das escolas vai além da segurança. Temos agora o controle de 80% a 90% dessa área mais pobre, no caso Cité Soleil ou Martissant. Mas o país tem problemas em todas as áreas. Então, também tem que haver uma melhoria no sistema educacional. A questão do funcionamento de uma escola não é só por problema de violência, depende também de uma melhoria do sistema educacional.
Uma das principais escolas de Cité Soleil estava fechada ano passado por falta de segurança. Essa escola ainda está fechada?
SANTOS CRUZ: Você está certo. Você está falando da Escola Nacional, que fica bem no centro da Avenida Soleil, e há outras escolas menores na região. Elas não estão em funcionamento, mas nós já temos o controle da área. Temos um projeto de recuperação da escola, fazer reparos em geral no prédio, e colocar à disposição do governo para que o sistema de ensino volte a funcionar. Atualmente existem as condições de segurança para isso.
Porto Príncipe continua sem água e sem limpeza?
SANTOS CRUZ: Você tocou em dois pontos muito fortes. O abastecimento de água continua extremamente precário. A parte de limpeza pública continua com muitos problemas. Têm áreas que já contam com serviço de limpeza razoável, mas não é um serviço regular. Nas áreas mais pobres, ainda é extremamente precário. Mas estamos solicitando recursos de entidades internacionais para montar projetos sobre água e limpeza pública.
A polícia haitiana estava registrando, em alguns meses, até mais de cem seqüestros. A violência continua nesses patamares?
SANTOS CRUZ: Houve uma baixa no número de seqüestros. Realmente houve mais de cem seqüestros no mês de dezembro. Foi um mês muito complicado. Mas tivemos uma queda em janeiro. E essa queda está sendo mantida agora em fevereiro. Não tenho agora os números exatos, mas caíram de, talvez, 150 em dezembro, para 25 em janeiro e em fevereiro.
Que é um número elevado ainda...
SANTOS CRUZ: Sem dúvida alguma, a criminalidade é o grande problema do Haiti. Dificulta o trabalho do governo e também o investimento no país. A insegurança sempre prejudica. Mas, na nossa avaliação, a situação está um pouco melhor.
O que mudou no Haiti depois da chegada do novo governo?
SANTOS CRUZ: No ano passado, houve três eleições: para Presidência, deputados e prefeitos. Isso traz uma certa normalidade institucional e política. Mas não significa que existam recursos para fazer o Estado funcionar de forma efetiva. Ainda é preciso uma reforma no sistema policial, mais recursos para o sistema educacional, reforma do Judiciário. Mas, para tudo isso, é preciso uma mudança na legislação no Congresso, e isso aí tem uma demora natural no processo.
Podemos dizer que há estabilidade política institucional ou o quadro ainda é muito frágil?
SANTOS CRUZ: Existe estabilidade política institucional, mas a gente percebe que ainda é uma situação frágil. Por isso é que a ONU está aqui e renovou o contrato (de permanência no Haiti) para poder dar um suporte para que essa estrutura, ainda fragilizada, tenha um tempo para respirar e se fortalecer um pouquinho. O Globo
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
Jauro.