Túlio escreveu: ↑Ter Ago 27, 2019 7:20 pm
Grande cupincha, tu tens ideia de como ficaria brabo de explicar ao mundo inteiro que um contrato de EUR 10B (PROSUB) foi rompido apenas para defender a beleza (????????) da véia Brigite? Pior, quem assinaria algo parecido com gente que age de maneira tão amadorística? Iam perder montes de outros com gente muito mais endinheirada (tipo os Indianos, que fazem o que dizes que deveria ser feito por nós, e concordo), e os Alemães estão aí, faceiros da vida e com subs para vender (parece que as fragatas já levaram)...
Fora isso, nem Airbus nem MBDA devem explicações e muito menos obediência ao governo da França e sim aos seus acionistas, e deve ser brabo de explicar a eles coisas como jogar fora um contrato de EUR 200M por Meteor e o fechamento da Airbus Helicopters do Brasil, também conhecida como Helibras. É uma coisa BEM DOIDA de se discutir mas, se algo assim acontecesse, antes de o primeiro Gripen voar no Brasil já estaria um belo lote de AMRAAM ou mesmo Derby-ER na Base Aérea, prontinhos para irem para os pilones; fechou a Airbus, abriu a Sikorsky do Brasil.
Xem Xanxe...
Olá Túlio,
Gaudério, eu tenho a mais absoluta certeza que todos os contratos da defesa até hoje assinados com os franceses serão integralmente cumpridos, porque são negócios com empresas privadas e não com o Estado francês. Isso é ponto pacífico.
Minha questão é: em função de "amizades e afinidades particulares" entre dois PR daqui e de lá, nos últimos 15 anos acabamos por adquirir material, serviços e produtos franceses sem maiores complicações, e pior, sem a intermediação do MD, que simplesmente tem a péssima mania de abaixar a cabeça e as calças para tudo que qualquer governante da hora diz e faz em sua seara sem maiores questionamentos. Isso é um problema institucional, dado que defesa é assunto de Estado, e assim deve ser tratada. O contrário disso é vermos-nos como estamos hoje dependentes em muitas áreas de material de um único país. E não me refiro apenas à França, esse mesmo quadro se repete em relação a todos os nossos fornecedores mais tradicionais - USA, Alemanha, Inglaterra e Itália.
Se observares, tudo ou quase tudo que temos aqui em matéria de defesa provém desses cinco países. Eles simplesmente dominam o mercado de defesa nacional. Por fora, mas já com bastante competência Israel tem feito um trabalho de formiguinha que os outro não fazem, que é colocar seus produtos aqui dentro a partir da compra e/ou parcerias com empresas nacionais. E tem dado certo até agora.
Me pergunto se todos aqueles documentos são realmente algo que deve servir para algo que preste, então nós, no mínimo, deveríamos estar multiplicando nossos contatos comerciais, diplomáticos, tecnológicos e de defesa com os BRICS, e outros países ditos em desenvolvimento. Mas fato é que isso não é feito não só pela extrema teimosia dos militares em permanecer agarrados aos velhos fornecedores de sempre, como a inépcia do MD em fazer com que essas relações produzam pelo menos uma situação de concorrência entre todos, a fim de obter os resultados mais próximos daquilo que a legislação atual sobre defesa propõe.
Mas nada disso tem sido feito. Apesar de aqui e ali vermos algumas iniciativas, nada de concreto chega a ser verificado. É como tudo fosse uma cortina de fumaça para que os militares possam apenas continuar no mais do mesmo de sempre.
Não me preocupa, como disse, os contratos com os franceses, e nem com nenhum outro país. Mas me preocupa, e muito, o fato de que a maioria de nossos projetos nacionais na defesa e a áreas de P&D não consigam sair do lugar, geralmente em favor de produtos, serviços e materiais importados daqueles cinco países. Essa é uma dependência baseada na tradição e na mesmice que me parece muito perigosa.
Se vamos fazer a END funcionar de verdade, então temos que aumentar exponencialmente o número de países com quem fazemos negócios na defesa à luz daquele documento. Apenas isso pode diminuir a nossa dependência na defesa e eventuais limitações e pressões políticas sobre nossos assuntos internos.
Como dizem por aí, o poder é inimigo do vazio. E a nossa defesa é um verdadeiro vácuo de poder... desde 1822.
abs.