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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Qui Ago 21, 2008 1:29 pm
por Pedro Gilberto
Modelo de pré-sal terá debate amplo, diz Lula
21/08/2008 - 10h29

BRASÍLIA - O governo ainda não bateu o martelo sobre a criação de uma nova estatal para administrar as reservas de petróleo da camada pré-sal. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a comissão interministerial criada para tratar do assunto ainda está discutindo o tema e que as propostas chegarão às suas mãos no dia 19 de setembro, quando se encerra o prazo de funcionamento da comissão. " A partir daí, pretendemos fazer um debate com a Petrobras, com os trabalhadores, com o Congresso Nacional, com os empresários, para saber que destino a gente vai dar a essa extraordinária performance do petróleo no Brasil " , disse o presidente após a inauguração do terminal de regaseificação do Porto de Pecém, no Ceará.

Segundo Lula, é importante que a sociedade participe desse debate. " Afinal de contas, eu tenho dois anos e quatro meses de mandato e a Petrobras e o petróleo, se Deus quiser, terão muitos e muitos anos de existência " , disse ele. Lula reiterou que, enquanto o petróleo estiver embaixo da terra, ele é da União. Defendeu que " esse potencial extraordinário do petróleo " deve ser usado para resolver os problemas crônicos do país, como, citou ele, a pobreza e a " falta de investimentos em educação " .

Em conversas reservadas, o presidente diz que o país vive " um novo ciclo do ouro " , numa referência à proliferação das jazidas de extração na década de 80. Por isso, defende que as decisões sobre o assunto sejam tomadas com cautela. O teor do relatório da comissão interministerial deverá definir o ritmo de decisões do presidente. " Se a conclusão for concreta, as coisas ficam mais fáceis. Mas se ela tiver algumas ambigüidades, o presidente poderá demorar um pouco mais para se decidir " , disse ontem um assessor direto de Lula.

A tendência é que o prazo de funcionamento da comissão seja estendido e uma decisão só venha a ser tomada no fim do ano, depois das eleições municipais. Além da criação de uma estatal para cuidar do pré-sal, idéia que começou a tomar força nos últimos dias, o governo estuda, segundo esse assessor presidencial, aumentar sua participação na Petrobras, capitalizando a empresa e diminuindo a participação de sócios minoritários. Dessa maneira, a União reforçaria seu poder sobre a estatal.

O governo, segundo o assessor, teme o surgimento de disputas judiciais, pois alguns lotes da camada pré-sal já foram licitados pela Petrobras, em parceria com outras empresas, e isso poderia gerar dificuldades nos futuros leilões de áreas vizinhas - ainda há dúvidas se a camada pré-sal descoberta é um campo único de petróleo ou se são vários poços dispersos. No primeiro caso, as autoridades terão de estabelecer acordos de " unitização " para evitar que uma empresa explore petróleo da área vizinha.

" Nada disso está claro na cabeça do presidente " , assegurou um aliado governista. Como também não há certezas sobre a criação de um Fundo Soberano para aplicar os recursos obtidos pela extração do petróleo do pré-sal.

Na terça-feira, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, cogitou a possibilidade de criação de dois fundos - um no exterior e outro para investir em educação e saúde. " É mais uma criatividade do Lobão " , brincou um assessor do governo. A proposta de fundo soberano que tramita no Congresso, lembrou um governista, se diferencia de outros modelos estrangeiros por funcionar como um mecanismo anticíclico. " Foi pensado dessa maneira justamente para não nos tornarmos escravos do petróleo " , completou um petista.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou ontem que, por determinação do presidente Lula, o que for arrecadado com as exportações de petróleo da camada pré-sal será investido em benefício de toda a população brasileira, principalmente nos objetivos de desenvolvimento de longo prazo.

" Uma coisa é certa: essa riqueza do pré-sal não será utilizada em benefício de empresa A, B ou C, mesmo que seja estatal. Será em benefício da população brasileira e isso o presidente Lula garante. De toda essa riqueza imensa, centenas de bilhões de dólares, parte será destinada para a educação, saúde, diminuição da dívida, aumento das reservas, tudo em prol do desenvolvimento do país no longo prazo " , comentou Mantega, depois de reunir-se com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Na avaliação de Mantega, o Brasil vai aproveitar experiências de outros países exportadores de petróleo e evitar o que se chama de " doença holandesa " . Isso ocorre quando um país é grande produtor e exportador de uma commodity, como o petróleo, e por causa disso atrai fluxos de capitais que acabam valorizando a moeda local e tirando a competitividade das outras indústrias. Com o tempo, esses países deixam de ter indústria e se tornam inteiramente dependentes das receitas daquela commodity.

Se o Brasil tiver acesso a toda essa riqueza, o ministro afirmou que deixará de ser auto-suficiente para ser grande produtor mundial de petróleo, aumentando suas exportações. " Não vamos trazer todos os dólares que obteremos com esse petróleo para não criar uma inflação muito forte ou uma valorização excessiva da moeda brasileira, o que não é desejável. A doença holandesa ocorre quando um país vive só de petróleo e esses recursos desestimulam outras atividades. Não permitiremos isso " , disse.

Mantega pediu ontem a Chinaglia empenho nas votações da proposta de criação do fundo soberano, que, na prática, aumenta o superávit primário de 3,8% para 4,3% do PIB. Se o projeto de lei, com pedido de urgência urgentíssima, não for apreciado pelos deputados até 2 de setembro, trancará a pauta. O ministro da Fazenda ressaltou que, sem a aprovação, os recursos economizados terão de ser usados para o pagamento de juros da dívida pública.

(Paulo de Tarso Lyra e Arnaldo Galvão | Valor Econômico)

http://economia.uol.com.br/ultnot/valor ... 94173.jhtm
Reserva pré-sal pode ter custo de US$ 200 bilhões

AGNALDO BRITO
da Folha de S.Paulo
21/08/2008 - 10h00

A exploração de uma pequena parte das reservas do pré-sal pode custar até US$ 200 bilhões. A estimativa inclui apenas os campos ao redor de Tupi, como Iara, Júpiter, Carioca, Bem-Te-Vi, Guará e Caramba. Dos 17 poços furados na região pela Petrobras até agora, todos demonstraram haver petróleo a mais de 6.000 metros de profundidade antes da manta de sal no subsolo do oceano.

Segundo Giuseppe Bacoccoli, professor da Coppe/UFRJ e especialista em petróleo e gás, as estimativas demonstram que o governo deverá escolher muito bem o modelo que pretende adotar para a atração de capitais. Crítico da proposta de criação de uma nova estatal para gerenciar as reservas do pré-sal, Bacoccoli lembra que ainda há questões bem mais triviais do que o novo modelo que ainda não foram resolvidas.

"Além das barreiras tecnológicas para esse tipo de exploração, há coisas bem mais simples, como a logística dos helicópteros para levar as pessoas até as plataformas, já que é muito longe, ou mesmo o que fazer com o gás natural. Um gasoduto da área de produção até o continente tem um custo muito grande", explica.

Para Edmar Almeida, professor do Instituto de Economia da UFRJ e membro do grupo de economia da energia, a exploração da região vai demandar cerca de 40 plataformas de petróleo. "Isso vai exigir um volume de capital enorme e sem um planejamento muito cuidadoso há riscos de você fazer com que os recursos para investimentos passem a ser sugados por um único setor, comprometendo outras áreas da economia brasileira", alerta o especialista.

A origem dos recursos para bancar a exploração do pré-sal dependerá do modelo que será adotado. "Se o governo mantivesse o atual sistema de concessões, o investimento seria feito pelas companhias que arrematam os blocos. Com a alteração do modelo, fica difícil saber a origem do capital e que tipo de negociação haverá", diz Marcos Cunha, vice-presidente de originação e operação estruturada do banco de investimento WestLB no Brasil.

Para David Zylbersztajn, ex-presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo), a preocupação em relação à mudança do modelo de cessão de áreas para exploração do petróleo é o risco de transformar o governo em negociador de petróleo.

A expectativa é que, ante a criação de nova estatal, o modelo contratual passe a ser o de partilha, no qual o Estado obtém sua renda em petróleo e não em dinheiro. "A partilha é um modelo de contrato típico de países centralizadores, que negociam o petróleo sem grande transparência."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 6123.shtml
[]´s

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Sáb Ago 23, 2008 12:13 pm
por Edu Lopes
Da cartilha de Hugo Chávez:
Governo estuda retomar campos concedidos a Petrobras e multinacionais na área do pré-sal

Publicada em 22/08/2008 às 23h38m
O Globo Online


RIO - O governo poderá desapropriar os campos já licitados - que, descobriu-se depois, estão na camada do pré-sal - se essas reservas de petróleo se comunicarem com áreas de propriedade da União, ou seja, que ainda não foram leiloados. A proposta já foi avaliada pelo conselho interministerial criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para formular as novas regras de exploração do pré-sal, em reunião no Palácio do Planalto na noite de quinta-feira, que terminou às 23h, revela reportagem de Gerson Camarotti e Gustavo Paul, publicada neste sábado pelo jornal "O Globo".

Todos os campos nessa situação são da Petrobras em associação com grandes empresas internacionais, que seriam indenizadas. Pela proposta que ganha força no governo, onde houver intercomunicação, a União assumiria a propriedade das reservas. Essa desapropriação prevê ainda uma indenização, "a preços justos", da empresa que tiver a concessão, revelou ao "Globo" o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

- Onde houver intercomunicação entre um poço que foi concedido e outro sem concessão, a União assumiria tudo - disse Lobão.

Na área já anunciada do pré-sal, as reservas são estimadas entre 50 bilhões e 70 bilhões de barris, cinco vezes mais do que o Brasil dispõe atualmente. A indenização seria, portanto, bilionária.

Essa medida aproximaria o Brasil de Bolívia, Venezuela e Equador, que, nos últimos dois anos, desapropriaram campos petrolíferos explorados por estrangeiras, provocando ações em cortes internacionais.

Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/mat/20 ... 901714.asp

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Sáb Ago 23, 2008 12:38 pm
por Bourne
Essa medida não tem nada a ver com o chavismo. Apenas, o governo descobriu que a festa estava boa demais, muito melhor do que era imaginado, e, assim, pretende rever as regras para melhorar os ganhos pecuniários provinientes da Exploração desses reservas. Não é nada que outro país sério não faria, não é ideologia, mas, sim, negócios. Na verdade, quem vai explorar esses campos vão acabar sendo a Petrobras e outras multinacionais, mas com regras diferentes.

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Sáb Ago 23, 2008 2:41 pm
por Guerra
Bourne escreveu:Essa medida não tem nada a ver com o chavismo. Apenas, o governo descobriu que a festa estava boa demais, muito melhor do que era imaginado, e, assim, pretende rever as regras para melhorar os ganhos pecuniários provinientes da Exploração desses reservas. Não é nada que outro país sério não faria, não é ideologia, mas, sim, negócios. Na verdade, quem vai explorar esses campos vão acabar sendo a Petrobras e outras multinacionais, mas com regras diferentes.
]
O Mercadante não quer dar uma de esperto?

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Sáb Ago 23, 2008 2:55 pm
por Marlboro
Esse governo esta é tantando dar um jeito de gastar a grana antes de acabar o mandato, mas como o petróleo só vai sair do chão mesmo depois desse mandato então os caras precisam arrumar um jeito de gastar por conta e assim lascar o proximo presidente e os acionistas da petrobras.

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Dom Ago 24, 2008 12:23 am
por cvn73
Marlboro escreveu:Esse governo esta é tantando dar um jeito de gastar a grana antes de acabar o mandato, mas como o petróleo só vai sair do chão mesmo depois desse mandato então os caras precisam arrumar um jeito de gastar por conta e assim lascar o proximo presidente e os acionistas da petrobras.

100%

Pobre é sempre assim , gasta o salário antes de recebe-lo.

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Dom Ago 24, 2008 10:16 am
por Edu Lopes
Dinheiro para o pré-sal

Não há mágica nem alquimia possível: para transformar em riqueza o petróleo do pré-sal será preciso juntar a melhor tecnologia e muito dinheiro - centenas de bilhões de dólares, segundo as primeiras estimativas. Enquanto não se puder extraí-lo, aquele petróleo será apenas um recurso natural, uma reserva de imensas possibilidades para o País, e nada mais do que isso. Mas, no momento, o governo quer saber de política e não de explorar as riquezas naturais. Por isso transformou a nova descoberta num tema político, matéria-prima da próxima campanha para a Presidência, antes de saber como será explorado seu potencial econômico.

Para os investidores, o mais importante, agora, é saber como será o desenvolvimento da nova reserva, disse o economista Francisco Gros, ex-presidente do Banco Central, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e da Petrobrás. Algo fundamental, acrescentou, está sendo esquecido: "como e quem vai financiar". Não seria preciso um currículo como o seu para dar peso a esse comentário. Mas vale a pena mencioná-lo, para realçar o contraste entre o seu julgamento ponderado e realista e o ambiente de exaltação e demagogia criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus companheiros.

Não é difícil saber de onde poderá vir a tecnologia. A Petrobrás é líder, no mundo, na pesquisa e na exploração de petróleo em águas profundas. À sua experiência poderá somar-se a de outras empresas de capacidade técnica reconhecida. Mas de onde virão as centenas de bilhões de dólares necessários ao enorme empreendimento? Os custos serão imensamente maiores que os da produção petrolífera na Arábia Saudita e até na Noruega. Será preciso explorar jazidas situadas a mais de 200 quilômetros da costa e a mais de 6 mil metros abaixo do nível do mar. Serão necessárias dezenas de sondas a um custo unitário entre US$ 700 milhões e US$ 1 bilhão, plataformas avaliadas em cerca de US$ 1,5 bilhão cada uma e um gigantesco sistema de dutos, navios e helicópteros.

Mas o presidente resolveu pôr a Petrobrás sob suspeita e tratá-la como empresa divorciada dos interesses nacionais. "O Brasil não é da Petrobrás", proclamou Lula no Ceará, na quarta-feira, em uma das cerimônias-comício cada vez mais freqüentes em sua agenda. Noutra circunstância, esse lembrete seria somente inútil e grotesco, assim como a ressurreição da campanha "o petróleo é nosso" - assunto resolvido há mais de 50 anos e reconfirmado, sem mudança, na Constituição de 1988 e na Lei do Petróleo.

Que o presidente Lula seja insensível ao ridículo não é novidade, mas neste caso o seu comportamento é mais ominoso do que histriônico. Diante de uma extraordinária oportunidade econômica para o País, ele prefere agir como se nada fosse mais importante que as suas ambições políticas e as de seu grupo. Só isso pode explicar a campanha por ele movida contra a Petrobrás - porque agora já se trata de uma evidente ação orquestrada. Sem a Petrobrás nada se fará no pré-sal e o presidente deve saber disso.

Até seu ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, nomeado pelo critério exclusivo do loteamento político do governo, deve entender esse fato. Mas esse ministro repele sem a mínima hesitação a proposta da Petrobrás de um novo aporte do Tesouro ao seu capital. Ele mesmo aparece publicamente como o defensor mais entusiasmado da criação de uma estatal para administrar o pré-sal - uma iniciativa tão desnecessária, como sabe qualquer pessoa razoavelmente informada, quanto inoportuna e passível de uso político-eleitoral.

Todos esses fatos, a começar pelo tratamento conferido à Petrobrás, devem ser percebidos como péssimos sinais pelos investidores. Mas o governo se mostra pouco interessado em atrair os capitais e a competência técnica necessários à conversão da reserva do pré-sal em riqueza efetiva. Se o investidor privado não for atraído, restará o caminho de um brutal endividamento público.

Enquanto despreza a questão preliminar - como obter recursos para explorar o pré-sal -, o governo alimenta uma discussão extemporânea sobre a apropriação, a divisão e o uso de uma riqueza indisponível ainda por muitos anos. Sua alegação, o interesse permanente do País, é grotescamente falsa. Para o presidente, o petróleo do pré-sal não é de fato uma questão de Estado, mas de um governo e de um grupo partidário.


Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 9800,0.php

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Dom Ago 24, 2008 12:42 pm
por ademir
Pré-históricos

Míriam Leitão

O estatismo do governo Lula faz jorrar idéias diárias desde a descoberta do petróleo no muito fundo do mar. A ideologia é tão distante no tempo quanto é profundo o novo petróleo brasileiro. O governo já falou em criar uma nova estatal, acabar com as licitações, suspender o pagamento de royalties aos estados, endividar-se por conta, e outras idéias não refinadas da lavra do ministro de Minas e Energia.

O ministro Edison Lobão teve um momento de lucidez desde que foi escolhido para o cargo: foi quando admitiu seu desconhecimento na área, que tentava vencer, segundo disse, informando-se pelos jornais. Desde então, ele foi catapultado a especialista do complexo mundo do petróleo. Nunca a imprensa ministrou um curso tão eficiente e rápido. Doutorado instantâneo, ele virou porta-voz do grupo de cinco sábios que se reúne entre quatro paredes para decidir o que fazer com a riqueza do petróleo do pré-sal.

O petróleo começará a ser produzido em 2014, na melhor das hipóteses, se o governo não atrapalhar. E ele tem se esforçado para atrapalhar, com suas indecisões, ameaças de mudança de regras, sustos nos investidores e paralisias em rodadas de licitação. Uma das idéias, informou o blog de Josias de Souza, é o país lançar papéis no exterior para extrair já o dinheiro do petróleo e começar a gastar no atual mandato.

Em setembro, o presidente Lula vai comemorar a produção do petróleo do pré-sal. Será uma falsa comemoração. Ele vai visitar o campo de Jubarte, no Espírito Santo, onde foi feito o primeiro e incipiente teste, porque há petróleo do pré-sal exatamente abaixo do campo. Isso é diferente de produzir, de fato, em escala comercial. O campo de Tupi fará um teste no ano que vem. Nada contra os testes, mas tudo contra o uso político e a confusão técnica que o governo fará com eles. Tentará dar a impressão de que o pré-sal está na mão, e ele está a 7 quilômetros de profundidade, a 300 quilômetros da costa e a bilhões e bilhões de dólares de investimentos.

Para se chegar até ele, o país precisará de investidores internos e externos com apetite para investimento. Para isso, é necessário que as regras sejam claras e que um princípio simples seja respeitado: que o prioritário venha primeiro. Esta semana, o ministro Lobão falou em criar não apenas um, mas dois fundos, para depositar o futuro dinheiro; a Petrobras pediu um cheque de R$ 100 bilhões ao governo com o pretexto de ser menos pública e mais estatal; o governo pensa em se endividar para gastar o dinheiro, avisou que vai mudar o sistema de royalties para não dividir a quantia com os estados e municípios; o presidente disse ao conselho político que vai, sim, criar uma estatal. Tudo sobre como gastar; nada sobre como será a forma de produzir petróleo em local tão remoto e com tantas dificuldades técnicas, ou como continuar as pesquisas para que se respondam dúvidas elementares sobre a dimensão dos campos e sua viabilidade.

O prioritário agora seria tomar as decisões sobre os campos já encontrados, fazer a unitização dos que excedam a área já licitada, para que a Petrobras e seus sócios possam planejar os pesados investimentos à frente. Prioritário seria fazer as novas rodadas de licitação, mesmo que seja extraindo as áreas próximas ao pré-sal. O governo já suspendeu duas rodadas. Tudo está parado enquanto o governo fica contando o dinheiro virtual do mercado futuro de produção do pré-sal e tenta trazer a valor presente no campo da exploração política.

O DNA do estatismo está em cada uma das idéias defendidas pelos sábios do petróleo. Para quê e por quê criar uma nova estatal? O governo não consegue responder a essa pergunta a não ser com a divulgação de um preconceito: o de que a Petrobras, por ter capital aberto e acionistas “americanos”, seria uma empresa quase estrangeira, à qual o país não pode “entregar” a riqueza. Ora, a Petrobras tem controle estatal, e o capital pulverizado não é ameaça. É o que a moderniza. Ela tem acionistas pequenos e grandes, brasileiros e estrangeiros, pessoas físicas e institucionais. Isso não a desnacionaliza, faz dela uma empresa pública, em vez de apenas estatal; apesar de, em Brasília, não se saber a diferença entre uma coisa e outra. A empresa pública presta conta aos acionistas e não pode ser manipulada pelo acionista controlador sem respeito aos minoritários.

O governo repete que vai reproduzir aqui o modelo norueguês sem saber das abissais diferenças entre a história da produção do petróleo daqui e de lá. O repórter Sérgio Leo, do “Valor”, foi a Oslo e deu uma informação definitiva: aplicar hoje e no Brasil o modelo norueguês seria dar ao ministro Edson Lobão o poder da palavra final na escolha de que empresa exploraria que campo de petróleo. Os ministros de Minas e Energia do Brasil têm sido escolhidos pelo pré-sálico método do apadrinhamento e loteamento políticos. Com a exceção da ex-ministra Dilma Rousseff, os ministros recentes são da “cota” do PMDB.

Numa entrevista que me concederam na Globonews, tanto Almir Barbassa, da Petrobras, quanto João Carlos de Luca, do IBP, disseram que é fundamental preservar o instrumento dos leilões de licitação, mais transparentes. É o sensato a fazer, e até a Noruega dá o mesmo conselho.
Fonte: Gazeta do Povo

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Dom Ago 24, 2008 1:25 pm
por Bourne
Míriam Leitão comentando economia é uma coisa triste, até aprece que ela entende :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry:

Mas, pelo menos, os testos dela despertam meu senso critico, acompanhado de uma pouquinho de ódio misturado com humor :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: [003] [003] [003] [003] [003]

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Dom Ago 24, 2008 5:14 pm
por Marlboro
Bem, é claro que talvez esse governo ainda de um jeito de atrasar tanto que fique para depois de 2014 as beneces da tal reserva, no que pese eu acreditar que não vão acabar com a reelição não.

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Dom Ago 24, 2008 11:42 pm
por cvn73
Lula cede e deve elevar capital da Petrobras

da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve capitalizar a Petrobras, aumentando a participação da União no seu bolo acionário, e criar novas regras de exploração para o setor, informa Kennedy Alencar na edição da Folha deste domingo

Lula rejeitou a proposta inicial da Petrobras de que a União capitalizasse a empresa em US$ 100 bilhões para deixar com ela todo o pré-sal. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, então, apresentou a Lula a proposta de uma capitalização menor --que está em discussão reservada na cúpula do governo. Lula deve aceitar, diz o texto.

Um auxiliar do presidente ouvido pela Folha disse que Lula sabe que precisará da Petrobras e por isso precisa mostrar à empresa e a seus acionistas minoritários que ela terá papel fundamental na exploração de todas as reservas do pré-sal --as já licitadas e as ainda não leiloadas.

Na sexta-feira (22), Gabrielli disse que o plano de investimentos da Petrobras subirá "substancialmente" com a inclusão da previsão sobre a exploração de blocos na camada pré-sal. Segundo ele, os números consolidados serão apresentados até o início de outubro, e os valores irão superar os US$ 112,4 bilhões previstos até 2012.

Gabrielli acrescentou que a Petrobras é uma da empresas com maior potencial de crescimento orgânico no setor, e que a previsão atual de expansão média de 7% da produção até 2015 não leva em conta as áreas no pré-sal. Ele não comentou, no entanto, as discussões em torno de mudanças no marco regulatório, mas ressaltou que foi um dos primeiros a levantar o tema, que para ele, é necessário em função das novas descobertas.

O presidente da estatal também comentou que a empresa pretende fazer captações no mercado para financiar os investimentos no pré-sal, mas não detalhou o montante e nem quando vai fazer isso.

A camada pré-sal se estende por cerca de 800 quilômetros, entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). O petróleo encontrado está a profundidades superiores a 5 mil metros, abaixo de uma extensa camada de sal, que segundo geólogos, conservam a qualidade do petróleo.

Estimativas apontam que a camada pode abrigar algo próximo de 100 bilhões de barris de óleo equivalente em reservas. Pelo preço atual da commodity, as reservas podem significar algo em torno de US$ 5 trilhões a US$ 9 trilhões.

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Ter Ago 26, 2008 11:13 am
por Edu Lopes
Jobim também quer fatia do pré-sal

Ministro defende que empresas destinem percentual para reequipar as Forças Armadas

BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu o aumento de recursos destinados às Forças Armadas, em relação ao Produto Interno Bruto e também do pré-sal. Segundo ele, hoje são destinados 1,5% do PIB e esse porcentual deve passar para 2,5% até o final do governo Lula. O ministro, que participou ontem da cerimônia do Dia do Soldado, no Quartel General do Exército, disse que o assunto está sendo discutido dentro da nova política de defesa nacional que será anunciada no dia 7 de setembro.

Jobim falou ainda que já há uma "decisão política" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de liberar os R$ 3 bilhões da Marinha referentes aos royalties que estão contingenciados. Ele entende que com a descoberta de novas reservas de petróleo as empresas contribuam mais para o reaparelhamento das Forças, uma vez que elas estarão dando proteção aos seus equipamentos.

"Têm de vir mais recursos para as Forças Armadas", disse o ministro ao comentar a participação das empresas beneficiárias no aumento deste bolo. "Elas estarão prestando serviço (às empresas) e têm de ser recompensadas", declarou. Ele explicou, em seguida, que "não é uma questão de ser mercenário, nem toma lá dá cá. É que elas têm de participar dos investimentos".

O ministro Jobim defendeu ainda o redimensionamento do serviço militar obrigatório, criando forças de reserva, com os excedentes, que prestariam serviço social civil. O ministro quer, também, mudar a característica das pessoas que ingressam nas fileiras das Forças Armadas, seja nas escolas, seja no serviço militar obrigatório, com maior representatividade de todas as classes sociais.


Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/not ... politica05

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Ter Ago 26, 2008 7:50 pm
por cvn73
Lula: País não exportará óleo cru da camada pré-sal

| 26.08.2008 | 19h03


Por Adriana FernandesAgência Estado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que as novas reservas de petróleo da camada pré-sal representam para o País um novo momento de independência. Num discurso inflamado no XVIII Congresso Brasileiro de Contabilidade, o presidente assegurou que o Brasil não vai exportar óleo cru retirado da camada pré-sal, mas produtos com valor agregado. "Queremos produzir com valor agregado. Vamos ter refinarias para produzir gasolina premium para exportar para a Europa e para os Estados Unidos. Não vamos ser exportadores de óleo cru", afirmou o presidente, que foi muito aplaudido.


Lula procurou transmitir uma mensagem de que as descobertas do pré-sal serão usadas para desenvolver a economia brasileira. "Queremos aproveitar esse petróleo para recuperar a indústria naval brasileira", disse. O presidente disse que será preciso produzir sondas para exploração do petróleo, plataformas e 200 navios. Ele citou que uma única sonda de perfuração custa US$ 700 milhões e "o Brasil vai ter que produzir 38 delas".


"Eu não sei quantos barris de petróleo nós temos a sete mil metros de profundidade. Eu só sei que é muito mais do que as reservas atuais que o Brasil tem", disse ainda. Lula lembrou que no próximo dia 2 de setembro vai retirar a primeira quantidade de petróleo do pré-sal, algo como 10 mil a 15 mil barris, no Espírito Santo. Em março de 2009, será a vez do megacampo de Tupi ser explorado.


Otimista, o presidente afirmou que a camada pré-sal vai proporcionar algo fantástico para o País: "Gerar mais garantias à estabilidade econômica do Brasil". Na sua avaliação, "as pessoas" vão olhar com mais respeito para o País, vão surgir mais empresas, vai haver mais salários e mais emprego.


Para os gaúchos, ele prometeu que a Petrobras vai "colocar alguma coisa no lugar" da

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Sex Ago 29, 2008 3:18 am
por Valdemort
Investimentos vão ultrapassar US$ 112 bi até 2012 com pré-sal, diz Gabrielli

Previsão de investimentos divulgada nesta quinta não inclui a descoberta.
Presidente da Petrobras está na reunião do CDES no Palácio do Planalto.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília

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O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, confirmou nesta quinta-feira (28) que a previsão de investimentos da empresa estatal é de US$ 112 bilhões até o ano de 2012.



Entretanto, nessa previsão não constam os valores necessários para explorar e produzir o petróleo da camada pré-sal (localizado em águas profundas), que não foram informados. Ou seja, os investimentos da Petrobras devem ser ainda maiores do que esta previsão até 2012 por causa da descoberta.






"Os volumes encontrados [na camada pré-sal] provavelmente serão muito grandes. Só em Tupi [campo da camada pré-sal], temos de cinco a oito bilhões de barris. Para tirar esse petróleo, precisamos de muitos investimentos. Os números [de investimentos] são muito grandes e com o pré-sal serão muito maiores", disse Gabrielli, durante discurso na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que conta com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.




saiba mais

*
Brasil é o 10º país mais atrativo para indústria do petróleo

Dos US$ 112 bilhões em investimentos já previstos até o ano de 2012 (sem contar os invetimentos necessários para a camada pré-sal), Gabrielli informou que 58% deste montante, ou US$ 65 bilhões, referem-se à exploração (US$ 13,8 bilhões) e à produção de petróleo (US$ 51 bilhões). Em gás e energia, estão previstos outros US$ 6,6 bilhões em investimentos, além de US$ 2,5 bilhões em distribuição.



O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou que a Petrobras já tem capacidade financeira de dar início aos investimentos da camada pré-sal. Entretanto, segundo ele, a empresa precisará de mais recursos para dar continuidade à exploração e produção do petróleo descoberto em águas profundas.

Questionado sobre o valor que seria necessário para explorar e produzir o petróleo da camada pré-sal, Coutinho foi evasivo. Disse que ainda não sabe qual o valor que seria necessário. "Nós temos idéia, mas estas discussões ainda estão sendo afinadas na comissão e eu não posso adiantar", disse ele jornalistas.

Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos

Enviado: Sex Ago 29, 2008 12:53 pm
por cvn73
A bilionária saga do pré-sal | 21.08.2008


Encontrar o petróleo no fundo do mar foi o primeiro passo. Agora vem a parte mais difícil: superar o desafio tecnológico para extraí-lo de maneira economicamente viável


Por Sérgio Teixeira Jr.EXAME.


Do potencial de produção à profundidade em que se encontram os reservatórios de petróleo, a exploração dos campos do pré-sal será um dos maiores desafios tecnológicos já enfrentados no Brasil — e certamente um dos mais caros também. Estima-se que somente o desenvolvimento do campo de Tupi custe cerca de 20 bilhões de dólares. A complexidade da operação para encontrar e extrair a enorme riqueza mineral do fundo do mar é comparada por alguns com a exploração do espaço. “Com a diferença de que, para chegar à Lua, o homem precisou vencer apenas uma atmosfera e, para atingir o pré-sal, é preciso vencer 100”, diz, sorrindo, Celso Morooka, especialista em engenharia de materiais e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em tom de brincadeira, Morooka costuma usar essa comparação para mostrar a seus alunos as condições extremas de pressão em que os equipamentos têm de trabalhar. Mas, em termos das múltiplas disciplinas envolvidas e dos desafios técnicos que ainda não foram superados, comparar a exploração do pré-sal com a corrida espacial talvez não seja um exagero tão grande assim — e, até onde se sabe, ninguém volta do espaço com petróleo.

O trabalho de exploração começa muito antes de alguém sujar as mãos de graxa. Com base em informações geológicas iniciais, é realizado um esquadrinhamento do fundo do mar. O trabalho é feito com navios especializados, que fazem uma espécie de ultra-som da região. Esse levantamento sísmico dá origem a centenas de gigabytes de informação bruta. Tudo é jogado em computadores, máquinas cada vez mais importantes no mundo do petróleo, para gerar imagens tridimensionais do que está no fundo do mar e decidir, com o maior grau de precisão possível, qual é o ponto ideal para fazer as primeiras perfurações. “A economia trazida pelos computadores é brutal”, diz José Luís Drummond Alves, do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O aluguel diário dos equipamentos que vão fazer a perfuração inicial, o poço que vai servir para comprovar a existência de petróleo e sua qualidade, custa cerca de 500 000 dólares. No mundo do petróleo em águas profundas, tempo é muito dinheiro.

Não é por outro motivo que o maior supercomputador do país, batizado de Netuno, foi montado justamente para ajudar nos cálculos envolvidos na modelagem do oceano e das correntes, duas variáveis fundamentais no planejamento de estruturas que precisam se manter em operação ao longo de décadas. Composto de 256 servidores com oito núcleos de processamento cada um, o Netuno é capaz de realizar 16,2 trilhões de cálculos por segundo, o que o coloca no 138o lugar na mais recente lista dos computadores mais poderosos do mundo. Mas o poder computacional é apenas parte do trabalho de análise geológica, segundo o professor Alves, do Lamce. “De nada adianta ter as imagens se você não tiver pessoas aptas para interpretá-las.” O time de caçadores de petróleo da Petrobras também inclui 1 800 pessoas, entre engenheiros, analistas de sistemas e alguns dos geólogos mais bem pagos do país. Dois anos podem se passar entre os primeiros estudos e a decisão de ir a campo fazer o primeiro poço submarino.

Viagem ao fundo do mar

A Petrobras tem em seus quadros alguns dos maiores especialistas do mundo em exploração em águas profundas e é reconhecidamente uma das empresas líderes nessa modalidade de produção de petróleo. Mesmo assim, ainda existem desafios técnicos de extrema complexidade a resolver antes de começar a exploração comercial da área do pré-sal. Um dos mais importantes diz respeito à composição geológica dos terrenos que serão perfurados. Além de vencer uma lâmina d’água de 2 000 metros de profundidade, é preciso ultrapassar uma camada de 2 quilômetros de rochas e terra e depois pelo menos outros 2 quilômetros de sal. Em altas profundidades e submetida a uma pressão intensa, essa última camada tem um comportamento incomum. “O sal tem características fluidas, o que dificulta muito a perfuração”, diz José Formigli, gerente de exploração da Petrobras para a área do pré-sal. Ele mostra a EXAME uma rocha toda perfurada, emoldurada numa redoma plástica e marcada com uma plaquinha comemorativa. “O pré-sal é assim.” Um poço de petróleo no fundo do mar não é um buraco vertical, mas sim um caminho milimetricamente desenhado para obter o maior rendimento possível. “Um dos desafios é como mudar a direção das brocas sem causar um colapso nas paredes do poço”, afirma Formigli. Um detalhe: o ponto mais profundo da perfuração, por onde o petróleo vai começar sua viagem de 6 quilômetros até a superfície do oceano, tem somente entre 10 e 10 centímetros de diâmetro, e uma das maiores preocupações dos engenheiros é manter afastados os riscos de desmoronamento. A saúde dos poços é uma das maiores preocupações na exploração de petróleo. Todos os sinais vitais são acompanhados em tempo real e chegam à superfície por um cabo de dados, conhecido como cordão umbilical. As informações são acompanhadas tanto na plataforma como em terra. Dados os custos envolvidos e a importância de que toda a operação tenha eficiência máxima, toda e qualquer informação que possa ser recuperada tem valor. “É como um doente na UTI”, diz Alves, do Lamce. A automatização também permite cortar o tamanho das equipes que trabalham em alto-mar. Formigli, da Petrobras, estima que no pré-sal as equipes terão apenas metade do tamanho das que hoje trabalham nas plataformas em atividade na Bacia de Campos, por exemplo.

Outro gargalo tecnológico envolve os dutos que conectam os poços às unidades de produção na superfície. Conhecidos como risers, esses dutos precisam ser construídos para durar pelo menos 20 anos, que é o tempo mínimo de produção de uma unidade em alto-mar. Além disso, eles devem ser leves, pois seu peso é carregado pelo navio ou pela plataforma a que estiverem conectados, e, finalmente, têm de resistir a anos de correnteza e corrosão, um problema especialmente agudo nas áreas recém-descobertas devido à presença de dióxido de enxofre. “Eu diria que esse é hoje um dos grandes obstáculos técnicos para a exploração dos novos campos”, diz o professor Celso Morooka, da Unicamp. Embora empresas estrangeiras tenham bastante experiência em águas profundas no mar do Norte e no golfo do México, as características únicas do litoral brasileiro exigem soluções novas. Numa conta rápida, Morooka estima o custo dos risers em um único projeto. “Calcule que cada metro desse duto custe uns 1 000 dólares. Estamos falando de um valor de 3 milhões de dólares por riser. Cada plataforma pode ser conectada a qualquer coisa entre 20 e 50 risers. Ou seja, estamos falando em até 150 milhões de dólares em um único componente da operação.”

Esse é outro ponto essencial para entender a aventura do pré-sal. Mesmo que muitas das tecnologias sejam dominadas pela Petrobras e por outras grandes petroleiras internacionais, a simples escala de todo o petróleo que se suspeita existir na costa sudeste do Brasil é um complicador. As estimativas do tamanho total dos campos do pré-sal variam de 40 bilhões a 80 bilhões de barris — qualquer que seja o número correto, ele é grande demais. Com o barril cotado acima de 100 dólares, o negócio do petróleo passou por uma reviravolta nos últimos meses. Áreas do planeta que eram consideradas economicamente inviáveis voltaram a despertar interesse, e a produção de plataformas e navios de alto-mar não acompanhou a demanda. Os equipamentos são enormes — uma única plataforma pode pesar 63 000 toneladas e custar mais de 400 milhões de dólares —, e o ciclo da indústria é necessariamente longo. Estaleiros sul-coreanos, como Samsung, Daewoo e Hyundai, três dos maiores produtores mundiais desse tipo de equipamento, não dão conta de atender aos novos pedidos. A americana Transocean, uma das maiores fornecedoras de equipamentos de extração em alto-mar, não espera normalização do mercado nos próximos cinco anos. Os preços de locação desses equipamentos quadruplicaram nos últimos anos. A possibilidade de exploração também nas águas geladas do Ártico, ferrenhamente defendida pelo presidente americano, George Bush, certamente vai aumentar a temperatura do mercado. A aventura do pré-sal promete fortes — e caríssimas — emoções.