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Enviado: Seg Out 01, 2007 9:37 pm
por Koslova
Comentário sobre a citação abaixo, relativa a investimentos em programas espaciais.

"A China investe US$1,5 bilhão no seu programa espacial. Nós investimos US$ 100 milhões.

De fato é verdadeiro estes valores a China investe um pouco menos na verdade, mas tudo em se tratando de China é um pouco duvidoso.

O Brasil investe US$100mi? Hj talvez, a pouco tempo atrás menos que isto.

Agora, o que o Brasil investe não é pouco não.

Israel, investiu em média nos ultimos 15 anos cerca de US$50mi / ano, algo não muito diferente da média brasileira.

Israel, lança seus satelites próprios a 19 anos. Também opera um satélite de foto-reconhecimento local (Ofeq-4 e 5), igualmente tem um satélite geo estacionário governamental, (AMOS), que somado aos satélites de sensoriamento remoto EROS dão a Israel uma boa independencia em comunicações militares, foto-reconhecimento e levantamento de recursos naturais.

Ambos os paises, Brasil e Israel traçaram planos espaciais mais ou menos na mesma época, segunda metade dos anos de 1970. Porem hoje Israel esta muito a frente do Brasil em independencia quanto a lançamentos espaciais.

Ajuda americana?

Não foi bem isto que aconteceu não. Os EUA por sinal sempre pressionaram Israel quanto a seu programa militar espacial. Não existe satélite de Israel a bordo de foguete americano, não existe industria americana construindo hardware espacial para Israel.

Alias, o país com quem Israel mais coopera em programas espaciais é a Rússia que lançou alguns satélites que não cabiam no lançador Shavit, depois a India que mantem acordos de cooperação com o estado judeu.

A diferença são duas.

1- Industria: Israel tem uma base industrial orientada para seu programa espacial, a IAI, Rafael e Elbit são contratantes primárias em todos os programas, e tem feito um bom trabalho. No Brasil falta cultura espacial, até a construção da torre de lançamento em Alcantara, uma das coisas mais simples de se fazer em um programa espacial tem gerado problemas de fornecedores.

2- FOCO: Israel sempre focou construir um satélite militar de reconhecimento e um satelite governamental geo-estacionário. Somente isto.

O Brasil "focou"

Sateletes SCD-1, SACI, CBERS, Programas de microsatelites com França, Argentina (nem sairam do papel), Satelite de sensoriamento remoto, satelite geo estacionário brasileiro entre outros programas menos conhecidos ou adiantados.

Lançador:

VLS - Cooperação com a Ucrânia - Cooperação com a Rússia

Programas tripulados:

Programa ISS

Alguns programas brasileiros sairam do papel, e são muito bons, o CBERS é o melhor deles.

Outros "morreram" na casca, outros estão atrasados.

O Brasil é aquele sujeito que ganha R$2,000,00 por mes e quer morar em bairro nobre, ter internet de 1Mbps, TV a Cabo, Celular pós pago, filho em colégio privado e andar de carro 0Km e que não seja 1.0.

O resultado.

O aluguel vive atrasado, a internet, TV e Telefone de vez em quando é cortado, o celular ele não usa porque a conta vem alta, o filho tá na escola graças a uma intervensão do tio que é advogado e o carro o oficial de justiça tá vindo pra tomar um dia estes...

Enviado: Seg Out 01, 2007 9:40 pm
por Koslova
Os ERJ's alem de serem um avião que vende muito bem, causa um outro efeito no mercado, eles são os modelos que referenciam o segmento. Tão ou mais importante que liderar um mercado é referencia-lo, tal qual o 737 por exemplo o faz em seu segmento de atuação.

A Bombardier cometeu um erro estratégico com a sua CSeries, eles foram tentar concorrer onde é virtualmente impossivel, vão apanhar muito de Boeing e Airbus acima de 110 lugares, abaixo disto, apesar dos CRJ serem otimas maquinas, hoje seguramente não são as melhores.

Sorte da Embraer. Que pragmaticamente fez o avião que o mercado queria.

A CSeries (independente do avião sair ou não) selou a saida da Bombardier da liderança do mercado de jatos regionais, foi um erro.

Como também parece que a Airbus e o seu A-380 pode a longo prazo se motrar um erro, se a Boeing emplacar o 787 no mercado e expadir seus conteitos tecnologicos ao resto da familia 7X7, a Airbus precisara recuperar um território que hoje ela disputa de igual para igual mas que no futuro pode estar em desvantagem.

Bombardier, Airbus, empresas que cometeram erros em algum momento de suas estratégias.

Como a propria Embraer cometeu no passado, especialmente no seu passado estatal.

E é importante esta idéia de que estratégias podem ser falhas, mesmo as de grandes empresas, mesmo as de empresas aeronauticas, porque a assimilação do publico em geral, ou mesmo de alguns analistas é de que empresas deste tipo não erram, erram sim, e isto não é tão raro.

A Embraer que dominou com perfeição o mercado de jatos regionais, que esta avançando com absoluta maestria no mercado de aviação executiva, não tem realizado o mesmo sucesso de posicionamento no tocante ao segmento de defesa.

Quando algumas pessoas (como é o meu caso) são da opinião de que a Embraer no segmento de defesa esta com uma estratégia inadequada, são taxadas de loucas, "Afinal a Embraer sempre sabe o que esta fazendo", as vezes não é bem assim.

Tal qual a Bombardier errou com a sua estratégia de jatos regionais, tal qual a SAAB selou o seu destino com o SAAB-2000 em um momento onde o segmento de 50 lugares de aeronaves regionais apontava para aviões a jato, ou a Airbus parece ter se engessado demais procurando criar impacto com o seu A-380, sim, a Embraer pode também errar, e no segmento de defesa ela precisa se re-posicionar, este talvez tenha sido o unico erro deste brilhante estrategista chamado Mauricio Botelho, a quem tenho uma profunda admiração pessoal.


Elizabeth

Enviado: Qui Out 04, 2007 11:11 pm
por Koslova

Uma resposta de outro forum, sobre qual deveria ser afinal a quantidade de mísseis MANPAD que o Brasil deveria possuir.



Ola Edmundo.

A resposta começa pela idéia de que não existe um numero ideal, algo magico que sai de uma divisão ou multiplicação de dois numeros, estilo.

Uma força area tem 100 avioes de caça e a proporção ideal é de 1,8 pilotos de caça por avião, logo são necessários 100 x 1,8 = 180 pilotos.

Com mísseis não é bem assim.

Eu vou expor alguns dados e conceitos, aos quais infelizmente não vou poder me aprofundar, porque isto me levaria tempo para pesquisar alguns numeros que ilustrariam um pouco as variaveis envolvidas. Vou confiar na minha memória, portanto a resposta sera bem resumida.

A primeira delas são as elevadas taxas de produção deste tipo de arma, estima-se que haja no mundo cerca de 500.000 manpads produzidos nos ultimos 40 anos. Este tipo de arma tem custos altamente decrescentes em relação a volumes produzidos, e esta é a primeira variavel que define exatamente quantos mísseis um exercito vai ter, seu custo final em função do tamanho do contrato.

Por exemplo o 9K32 "Strela-2, primeiro míssil MANPAD do mundo.

Só na guerra do Yom Kippur eles foram disparados aos milhares contra aeronaves de Israel por Siria e Egito, com resultados bastante fracos em abates dado ao fato de serem os primeiros mísseis de série deste tipo a entrar em serviço.

No Vietnã um numero entre 500 e 600 misseis destes foram lançados contra aviões americanos.

O mesmo 9k32 foi produzido localmente nos seguintes paises.

Yugoslavia, China, Egito, Paquistão, Coréia do Norte, na média cada um destes produtores fabricaram 3000 deles pelo menos.

Com os mísseis americanos o resulado não foi diferente, pelo menos 100.000 FIM-43 Redeye e FIM-92 Stinger foram produzidos.

A cessão de misseis Stinger para os guerilheiros afegãos que combatiam a URSS na segunda metade dos anos de 1980, apesar de hoje o pentagono não mostrar quantos misseis foram cedidos, porque estes mísseis americanos hoje, são uma das maiores ameaças contra os proprios americanos e portanto é um assunto ao qual todos querem varrer para debaixo do tapete, mesmo não fornecendo numeros exatos, podemos ter uma noção da ordem de grandeza.

Entre o final de 1986 e o final de 1987 pelo menos 200 aeronaves soviéticas foram atacadas por mísseis Stinger nas mãos dos guerrilheiros.

Estes numeros talvez forneçam uma idéia exagerada, de um panorama da guerra fria onde este tipo de arma era muito mais livremente produzida e exportada do que passou a ser de 1990 em diante.

Uma boa referencia é olhar o Mistral frances que é um míssil do final dos anos de 1980.

A pré série do Mistral no ano de 1988 era assim distribuida.

2300 mísseis foram para a França, outros 1900 foram para 5 paises que formaram os primeiros clientes de lançamento do míssil, com uma média de 380 por país.

Quando analisamos o histórico de 20 anos de produção deste míssil temos 16.000 produzidos e operados em 25 nações o que dá uma média de 640 misseis por operador.

Existe um outro item importante neste tipo de analise que é a periodicidade de encomendas de mísseis.

Por exemplo, o exercito frances comprou no final de 1988, 2300 mísseis, cerca de 10 anos depois, ele precisou comprar um lote similar, porque os do primeiro lote estavam vencidos, agora deve estar considerando outra compra similar, porque o segundo lote esta vencido e assim por diante.

Então nos ultimos 20 anos este mesmo exercito pode por hipotese ter comprado quase 7000 mísseis, para manter cerca de 2000 em prontidão, descontanto ai os testes de validação periodicos.

Já sei, voces estão lendo o texto e se perguntando, mas e o Brasil, a questão era saber quantos mísseis o Brasil precisa.

Então vamos lá.

1) O Brasil não é desenvolvedor deste tipo de arma, logo sua produção não sera artificialmente elevada para derrubar os preços de lotes e tornar o míssil mais barato como URSS, EUA e demais produtores fazem.

2) A quantidade de alvos na região sul americana é menor do que em outros lugares como Oriente Médio e asia, os dois cenários mais densos onde este tipo de arma já foi empregado.

3) A heterogeniedade das compras no Brasil é elevada.

Se as questões industriais e de densidade de ameaça que norteiam alguns compradores destas armas no mundo não se aplicam ao Brasil, os valores para o Brasil seriam limitados portanto pela capacidade de manutenção periodica de compras.

O Brasil teria que travar um tamanho de lote ao qual pude-se ciclicamente renova-lo. Este lote não pode ser pequeno o suficiente para os mísseis não estarem disponiveis aos seus usuarios finais como as tropas de infantaria por exemplo, como também não deveriam ser comprados em lotes grandes o suficientes para que não pude-se renova-los periodicamente.

No Peru e no Equador que são dos paises pioneiros em mísseis deste tipo na região, os lotes foram na casa de 200-250 mísseis, no Brasil foram de 115 EB + 24 FAB + 50 aproximadamente para a MB.

Eu acredito que o problema brasileiro deveria ser resolvido da seguinte forma.

As 3 FA's deveriam compartilhar estoques ciclicos e comuns de pelos menos 2 modelos de mísseis de infantaria, um SAM e um Anti Tanque.

Neste caso, EB, FAB e CFN deveriam manter estoques comuns do Igla e EB + CFN deveriam formar um estoque comum do MSS 1.2 que esta pronto para produção mas falta verba para o lote inicial.

Porque estoque comum?

Vou pincelar um tema que em Israel chamavamos de "Operação continuamente assistida do armamento".

Sem grandes teorias sobre o que isto representa, vamos direto ao assunto.

Um exemplo com torpedos e não com mísseis.

Em 1982 os argentinos perderam a chance de afundar alguns navios britanicos porque existia um erro na montagem dos seus torpedos a bordo do submarino argentino despachado para enfrentar o Grupo Tarefa da Royal Navy. Como muitos de vocês sabem, os conectores eletricos do giroscópio era montado invertido, o que vazia com que o torpedo perde-se a direção uma vez lançado.

Os britanicos também tinham seus problemas, os torpedos guiados a bordo dos seus submarinos tinham uma tendencia de arrebentar o cabo depois de lançados, perdendo o disparo.

O que fez o comandante do submarino britanico que afundou o Belgrano? Conhecendo os problemas de seus torpedos ele realizou o tiro com um torpedo não guiado, não muito diferente dos empregados na segunda guerra mundial, seu alvo foi atingido.

Resumo: O que faz diferença no caso de um torpedo (o mesmo vale pra um míssil), a existencia ou não de problemas técnicos ou o prévio conhecimento dos problemas e o treinamento adequado para a correção dos mesmos?

Este é um exemplo de operação continuamente assistida do armamento, e ai voltamos ao caso brasileiro.

Se o EB tem 120 Iglas ou 500 Iglas, isto pode não representar um diferencial se alguns fatores não forem observados.

1- Treinamento continuo dos operadores por meio de simulador
2- Realização de disparos periodicos de validação dos mísseis.
3- Realização de disparos de revalidação de envelopes e doutrinas. E ai vou abrir um parenteses.
A maneira como o EB e a FAB testam seus mísseis, via de regra são altamente contra producentes, em especial muitos testes não permitem a minima coleta de dados técnicos que forneçam subsidios de analise operacional do armamento. Eu não vou nem contar o que ouvi sobre disparos do Igla no EB para não trair algumas fontes russas em especial, que demonstraram pelo EB a mesma admiração que temos pelo exercito do Suriname.
4- Compras periodicas que permitam a atualização de versões e validação contante dos propulsores e demais itens criticos do míssil.

Então nós temos a seguinte situação atual.

EB Míssil modelo X
CFN Míssil modelo Y

Situação ideal.

EB + CFN = Modelo Z

Com isto todos os 4 itens acima que citei que são fundamentais para a operação continua do míssil sobrem um acrescimo de 100% em relação ao cenário atual, porque os esforços são aplicados em cima de somente um modelo e não de dois modemos.

Voltando as quantidades.

Eu acredito que no caso de MANPAD's SAM, o valor de lote ciclico deve ser de 200 a 250, algo ligeiramente acima do que temos hoje e mais ou menos dentro do padrão do continente, mas com um míssil em comum e um programa conjunto de operação assistida do míssil, este sim um diferencial mais importante até do que a quantidade em si.

Enviado: Qua Out 10, 2007 12:17 am
por Koslova
Um texto que escrevi sobre o Mig-23 em outro forum


Ola Carlos

Olá Elizabeth. Gosto muito de suas explicações a respeito de assuntos de defesa. Gostaria que você explicasse os motivos que levam a você considerar o MIG 23 como um dos maiores erros da força aérea soviética.

Para responder sobre isto, teria que dar uma analisada na evolução dos aviões de caça dos anos de 1950 a 1970.

A lista abaixo contempla os aviões de mach-2 e seus respectivos anos de primeiro vôo nos EUA, Suécia, Inglaterra, URSS e França. Tambem estamos falando de caças táticos, que apesar de serem todos interceptadores, contamplavam a idéia de lutar contra aviões de caça inimigos e não apenas interceptar bombardeiros a alta altitude embora esta fosse a missão primária.

F-104 - 1954
Draken - 1955
BAC Lightning - 1956
Mig-21 - 1956
Mirage III - 1958

Projetar um avião de mach-2 nos anos de 1950 conduzia as seguintes opções de projeto.

Asa em delta empregada em 3 dos 5 modelos, que era a opção mais classica, porque era a forma mais simples de se obter area alar com a menor envergadura e a maior inclinação de bordo de ataque possivel. Em velocidade supersônica tanto a envergadura quanto o angulo da bordo de ataque são parametros criticos.

A asa enflexada era a solução mais convencional de todas e era a opção até então empregada acima de Mach-1 e abaixo de Mach-2 como nos primeiros supersônicos operacionais como o Mig-19 e Super Sabre, mas era uma solução com limitações para mach-2.

A tendencia a ducht roll que é o movimento de similar ao que aconteceria se o piloto começar a pisar alternadamente nos pedais do leme é um deles. Para não estolar nas pontas, projetos de asas enflexadas empregam "cercas de estol", que por sua vez geram arrasto extra, projetos de asas enflexadas modernos tem duplo enflexamento, mudam seu perfil ao longo da envergadura.

Mas nada disto nos anos de 1950 tornariam a construção desta asa facil.

O projetistas do BAC Lightning fizeram o mais simples possivel. Empregaram a unica forma de asa já operacional em caças supersônicos e estenderam o conceito para mach-2, criando a asa mais fina possivel.

O projeto pedia uma solução bi-motor, para reduzir a area frontal de dois motores quase a ponto de um monomotor, o lay out era de um motor sobre o outro na vertical, isto ajudava a criar estabilidade longitudinal compensando o desenho convencional da asa, assim era o Lightning.

Se a solução de Suécia, URSS e França eram as tendencias dos anos 50,

Faltava uma solução mais exotica de todas. Uma asa pouco enflexada e com pequena envergadura, isto a tornaria com pequeno arrasto, posicionada o mais pra trás possivel do eixo longitudinal, o mais longe possivel da onda de choque que nascia a frente do nariz e se abriria no famoso cone de mach. Para dar estabilidade ao avião, dietro negativo, Kelly Johnson criara o F-104.

Analisando 50 anos depois, percebemos que os aviões em delta, Mirage-III, Draken e Mig-21 eram os mais equilibrados no delicado compromisso de voar a mach-2 por curtos periodos ou entrar em combate aproximado abaixo de mach-1 na totalidade dos enfrentamentos ar-ar que dois caças podem ter.

Tanto o F-104 quanto o BAC Lightning eram foguetes em alta velocidade, mas não eram caças para combate aproximado, o que parecia improvavel para e epoca, mas nos 50 anos seguintes foi se mostrando que combate a curta distancia é algo que todo caça tem que enfrentar, ou pelo menos ter capacidade secundária para tal.

Quando algue ler sobre o desenvolvimento do Mig-21 vai descobrir que os soviéticos experimentaram de tudo. Delta puro, delta com calda (a escolhida) asa enflexada.

Qual o resultado dos caças desta safra?

Todos eram refens das tecnologias e experimentos conceituais dá epoca.

Baixa autonomia (Mig-21) , elevada velocidade de pouso (Mirage-III) , baixa taxa de giro em combate (F-104, Lightning). Destes talvez o projeto mais equilibrado, (ou seria menos desiquilibrado era o Draken, mas que não foi exportado em quantidade expressiva logo não é um caça famoso como os outros.

Bom, ai entra a segunda leva de caças táticos de Mach-2 e vale a pena olhar a data do primeiro vôo de cada um deles. Vamos tirar dai interceptadores dedicados como o F-102 Delta Dagger ou Su-15.

A lista é:

F-4: 1958
Mirage F-1: 1966
Mig-23: 1967
Viggen: 1967

O que se queria com esta geração.

1) Relações carga util x alcance maiores que na geração anterior
2) Capacidade BVR com a tecnologia da época, SARH
3) Célula com potencial para ar-ar, ar-solo e reconhecimento
4) Lock-Down Lock-Up de radar mesmo que com capacidade limitada

Qual a primeira coisa que chama a atenção nesta relação?

A data ao qual os protótipos voaram. O F-4 voou quase uma década antes do Mig-23, e como vou mostrar para vocês isto fez toda a diferença.

O F-4 até hoje é o avião a ser batido quando o quisito é, o projeto que mais necessidades conjuntas da USN, USAF e aliados americanos atendeu. O F-35 daqui a 20 anos pode nos dár uma idéia do quão dificil é igualar ou superar esta marca. F-35 que ao contrário do F-4 já nasceu com esta missão deste a prancheta.

Vamos dividir a analise do mig-23 em dois. Célula e sensores.

Se nos anos de 1950 a maneira classica de de projetar um avião de mach-2, nos anos de 1960 a "moda" era a geometria variavel.

Ela resolvia uma série de problemas complexos.

Permitia a um caça voar a mach-2 com o arrasto de uma asa delta pura, ou voar a baixa altura com a estabilidade de um avião com elevada carga alar, ao mesmo tempo que permitia velocidades de pouso "normais" de um avião comercial.

Quando fazemos uma lista porem dos aviões em analise, F-4, Mirage F-1, Mig-23, Viggen verificamos que somente o Mig-23 tem esta configuração.

Quando extendemos esta analise no cenário mais amplo, podemos listas varios e varios aviões de geometria variavel. F-111, Su-24, Su-22, Tu-23, B-1, Tu-160, F-14,Tornado.

Destes somente o F-14 é um avião ar-ar. No F-14 a geometria variavel foi escolhida para otimizar o cruzeiro, potencializando alcance e diminuindo velocidade de pouso, o que é fundamental em um caça embarcado.

Porque então a geometria variavel não é a preferencia em caças ar-ar?

Existem 2 bons motivos.

1) Primeiro porque em se tratando de geometria variavel e concentração de forças é muito pontual nos mancais de junção asa/fuselagem. Se o caça tiver que manobrar com elevadas cargas G, ou a junção tem seu projeto acrescido de complexidade ou fica excessivamente pesada. No F-14 por exemplo ela era de titanio soldado com feixe de eletrôns, um dos processos de solda mais exoticos que existe.

2) Também existe um outro fator. Em caças com grande capacidade de manobra a junção asa fuselagem é fator critico no tocante a geração de vortices que evitam o desprencimento dos fluxos na raiz da asa, isto é fundamental em giros instantaneos das manobras de combate aproximado.

Mas vamos parar por aqui, porque este tema nos levaria aos anos de 1970, F-16, F-18, Mig-29, F-15 a geração "LEX" Leading Edge Extensions.

Diante destes 2 motivos, porque os soviéticos usaram geometria variavel no Mig-23?

Igualmente existiam 2 motivos.

1) O Mig-23 requeria uma carga util x alcance muito maior do que o Mig-21 que os soviéticos tinham como calcanhar de aquiles do Mig-21.

2) A exemplo do F-4, Viggen, Mirage F1 os soviéticos queriam aproveitar a celula em versões de ataque

Estes dois motivos levaram a geometria variavel ser escolhida em detrimento a outras configurações propostas.

Qual seria a sua grande deficiencia então?

A idéia de que o Mig-23 não seria um caça com capacidade primária para combate aproximado. Isto a principio também foi uma premissa do F-4, mas existia uma diferença.

O F-4 estava começando a sofrer os efeitos da sua falta de capacidade de giro no vietna quando o Mig-23 já estava em fase de projeto avançado.

Também se observada no Vietnã que os mísseis BVR tinham uma eficiencia baixissima na época.

E este é o ponto chave.

O Mig-23 estava sendo projetado, estava quase pronto e seus conceitos chaves estavam sendo condenados em um teatro de operação real.

Uma idéia basica sobre a importancia destas lições é olharmos a proxima geração de aviões dos EUA já com as lições do Vietnã. F-15: 1972 F-16: 1974 F-18: 1977.

Elevada relação empuxo / massa
Taxas de giro sustentadas e instantaneas elevadas.

O Mig-23 finalmente entra em serviço no ano de 1970. Mas dentro dos EUA a filosofia de projeto de aviões de caça já era outra.

O que fazem os soviéticos?

Aceleram a produção do Mig-23 para manter a superioridade numérica de um caça que ficou pronto muito tempo depois do F-4 e apenas alguns poucos anos antes de uma nova geração quase revolucionária.

Sobre os radares.

Uma das inovações do F-4 era o radar. Até a geração anterior como no F-104 ou Mirage-III um radar de bordo era basicamente um marcador de distancia de um alvo voando em altitude similar, apresentando na tela um video "leitoso" do algo, sem processamento de sinal.

O Lightning era o que apresentava a maior inovação dá epoca, que era a operação mono-pulso (primeiro radar a operar assim em um caça), que como o nome sugere consiste em medir a distancia e azimute do alvo com apenas um pulso, o que gera grande imunidade ECCM porque livra o radar de técnicas de manipulação de pulsos, que são um assunto todo especial e não vou me alongar no tema por falta de tempo.

O radar do F-4 tinha especificação para lock-down, o que na época era resolvido da seguinte forma.

Hoje, sistemas lock down são basicamente obtidos com filtragem do sinal de retorno em filtros de ordem elevada, como os sistemas de filtro são digitais pode-se obter a ordem que quiser desde que haja processamento disponivel, assim um simples carro em uma estrada pode-se ser detectado por alguns radares de bordo, mas na época era diferente.

Os filtros não eram digitais e sim circuitos ressonantes discretos, o que era um inferno para calibrar e manter aferido.

Os radares então travalhavam com "gatilhos de alcance" isto é, cortavam o sinal da tela quando os primeiros cluters de terreno começaram a surgir, isto permitia a operação com filtros de pequena ordem, mas limitavam o lock down a alvos não tão baixos assim, acima de 1000 pés por exemplo contra um terreno não montanhoso. Isto era o estado da arte em 1958.

Nos EUA já nos anos de 1960 se travalhava em um sistema de radar que era um passo alem destes sistemas do F-4, este trabalho de quase uma década foi dar frutos no F-14 anos mais tarde.

A idéia era processar informações de radar de forma digital, embora com capacidade limitada. O processamento de sinal geraria algumas vantagens.

1) Apresentaria informação sintética na tela e não video leitoso
2) Geraria capacidades de memorização dos alvos criando modos ar-ar mais eficientes
3) Poderia gerar modos de integração com os mísseis ar-ar mais precisos melhorando o desenpenhjo BVR.

O que aconteceu com os radares destes aviões citados?

F-4: Era estado da arte em 1958 lançando um novo padrão de desempenho.

Mirage F-1: O Mirage F-1 como vimos era um projeto "que cabia no bolso" seu radar acompanhava a tendencia do F-4 com capacidade lock down limitada e operação mono pulso, embora com menor alcance e peso, proporcional porem ao tamanho do avião.

Viggen: 1967: Os suécos se aproveitaram da sua industria eletrônica de primeirissima linha e criaram um radar mais proximo aos conceitos americanos imaginados para os caças F-14 e f-15 que entrariam em serviço poucos anos depois, embora o radar do Viggen não tivesse alcance e capacidades dos radares de F-14 e F-15 ele seguia os mesmos conceitos de projeto imaginados pela industria americana para seus novos caças.

Mig-23: Os soviéticos criaram um radar similar ao americano de quase uma década atrás, sem perceber os avanços possiveis nos anos de 1960 com o inicio da capacidade de processamento digital. O radar foi um dos calcanhares de aquiles do projeto, a industria soviética mesmo produzindo um radar tecnicamente inferior atrasava continuamente entregas, forçando o Mig-23 a permanecer no patio esperando a sua instalação. O esforço tecnologico americano nos anos de 1960 foi o esforço soviético dos anos de 1970 quando a URSS resolveu recuperar o atraso, criando bons projetos como o radar do Mig-31 já na virada da década.

Resumo.

Alguns gerações de caças ficaram prontos em momentos ingratos, como o Super Sabre, Mig-19, Super Mystère, caças de "primeira geração e meia" que foram rapidamente obsolecentes diante dos caças de mach-2 da segunda geração.

Ao Mig-23 aconteceu fenomeno parecido. Ele foi um caça que chegou tarde demais em comparação aos conceitos que incorporava. Mesmo que versões posteriores tivessem sensores e armamentos modernizados, o seu DNA tinha fraco potencial de crescimento, a taxas de produção elevadas os soviéticos apostaram em superioridade numérica quando a guerra aeréa era mais qualitativa do que quantitativa.

Os conceitos do Mig-23 foram todos sepultados na geração Mig-29/Su-27 quando a URSS percebeu o abismo que a separada dos EUA no quisito caças táticos e decidiu recuperar o atraso dos anos de 1970, que na verdade nasceram nas apostas erradas da década anterior.

Enviado: Sex Out 12, 2007 1:36 pm
por Koslova
Um texto meu de outro forum falando sobre energia interna de mísseis e foguetes.



Ola Yeidi

Me parece que quase todo desenvolvimento de novas tecnologias esbarra numa mesma questão crucial, e que aparentemente evoluiu pouco: A energia. Se você pudesse, poderia discorrer um pouco sobre aproximadamente quanto os mísseis e lançadores atuais consomem de energia elétrica durante o vôo e qual sua fonte de energia? Por exemplo, tenho uma curiosidade sobre o quanto de energia elétrica para os sistemas um ICBM consome durante todo seu vôo bem como os mísseis com radar de bordo.

Realmente a questão da energia a bordo é fundamental para um foguete, seja ele um gigante de mais de 2000 toneladas como o Energia ou o Space Shuttle ou um simples míssil Stinger com pouco mais de 10Kg de peso.

Energia de bordo para os projetistas de mísseis ou foguetes se dividem em dois universos distintos.

Energia elétrica e energia hidráulica/pneumá tica.

A energia elétrica pode ser obtida por meio de baterias elétricas, aos quais são basicamente 4 tecnologias tidas como modernas.

A opção classica para mísseis são as baterias térmicas que são formadas pela mistura de cloreto de lítio e cloreto de potássio que são combinados no momento do uso gerando uma boa quantidade de energia.

As baterias térmicas tem uma série de caracteristicas interessantes para mísseis.

-Permitem ser armazenadas por muitos anos sem riscos de vazamentos, explosões ou perda de eficiencia.
-Uma vez ativada inicia a produção de energia imediatamente
-Permitem o fornecimento de potência com correntes de pico elevadas sem perder tensão em seus bornes, tem baixa resistencia interna portanto.

Tem como desvantagens serem baterias descartaveis, que operam com elevadas temperaturas e por consequencia com pequenos intervalos de tempo, o que no caso de mísseis não é problema em algumas aplicações.

Em casos de maior tempo de missão para o míssil, como no caso de um míssil de cruzeiro ou míssil anti navio subsônico de longo alcance, as opções de baterias são diferentes.

Até a segunda metade dos anos de 1970 a opção eram por baterias de NiCd que são robustas, relativamente leves em relação a baterias chumbo ácidas e permitem armazenar uns 60W.h para cada 1Kg de massa.

Na segunda metade dos anos 60 em diante os projetos de misseis desta classe que descrevi passaram a usar dois tipos de baterias.

Baterias de lítio, (não confundir com ion-litio), que são células primárias, isto é, não podem ser re-carregadas o que no caso de um míssil não é problema.

Baterias de prata zinco, que pode ser recarregada, o que não é desejavel em um míssil mas é em um lançador, por razões que vou falar daqui a pouco.

Cada uma com vantagens e desvantagens.

Litio: São mais robustas mas armazenam menos energia que as de Ag-Zn (90W.h/Kg x 120W.h/Kg)
Ag-Zn: São mais frescas quanto a carga e descargas brustas que podem danifica-las, mas armazenam mais energia.

Em lançadores, até os anos de 1970 também se empregada NiCd deste então se emprega normalmente baterias de Prata-Zinco porque são recarregaveis.

Um lançador fica recebendo energia pelos cordões umbilicais durante toda a contagem, os ultimos minutos antes do lançamento (6 no maximo e 1 minuto no mínimo, dependendo do projeto) o lançador passa a funcionar com energia interna, que deve aguentar uns 10 minutos que é o tempo de missão.

Pela idéia de operação combinada entre alimentação umbilical seguida de alimentação propria, o lançador não empregaria bateria de litio por exemplo, que não pode ser carregada.

Uma outra tecnologia que tem sido promissora neste campo são as células de Ion-Litio, que tem a maior eficiencia energética de todas, até 165W.h por Kg.

Porem estas baterias são um pouco frescas ainda para todo o tipo de aplicação. A sua principal frescura é que uma bateria desta classe perde até 10% da sua capacidade de armazenar energia ao ano, isto se mantida a temperaturas ambientes amenas como 20 graus. Se operada acima de 50 graus ela pode chegar a perder 50% de sua capacidade por ano, isto as torna embora promissoras, restritas em todas as aplicações desejadas.

A outra classe de energia são os sistemas pneutáticos / hidráulicos, que igualmente são amplos dependendo do tipo de projeto.

Podem ser sistemas pneumáticos a gás frio, onde uma ampola guarda um gas comprimido que por sua fez move os atuadores, isto é usado no MAA-1 por exemplo.

Podem ser sistemas pneumáticos a gás quente onde uma substancia se decompoe de forma catalitica e gera um vapor aquecido que move os atuadores, isto é usado em mísseis de maior manobrabilidade onde o torque da superficie aerodinamica é maior.

Pode-se usar um sistema a gás quente que move uma turbina que aciona uma bomba hidraulica que por sua vez pressuriza as linhas hidráulicas do míssil, esta solução é empregada em projetos de grande porte, mais como ICBM e lançadores.

Sobre os consumos, como você perguntou, na verdade varia muito de projeto para projeto e quase todas as vezes são dados confidenciais, porque pemite levantar muitas informações importantes sobre o projeto.

O que quase nunca é confidencial são os consumos de projetos civis, como espaçonaves, que aproximadamente são:
Soyuz TMA: 1800W
Apolo: 4300W
Shuttle: 7500W

De qualquer forma para que tenha uma idéia de consumo de mísseis te digo o seguinte. Os mais criticos são aqueles que tem radar de bordo.

Normalmente os anti navios tem potencia menor porque o RCS do alvo é grande.
A potencia de pico de um radar de um míssil ant navio é pequeno na casa de 6Kw a 15Kw o que dá um consumo médio de uns 70W a 200W

Em mísseis AAM ou SAM com radar ativo a potência de pico é maior, de uns 40Kw a uns 80Kw o que dá um consumo de 700W.h a uns 1400W.h

Espero ter ajudado.

Enviado: Qua Out 24, 2007 7:40 pm
por Koslova
O X Prize sempre foi um assunto fascinante no meio espacial. Era impossivel um engenheiro ou engenharia espacial que trabalha-se com foguetes ou espaçonaves que não tivesse a sua idéia sobre como deveria ser a nave ideal para levar o prêmio. Eu participei de algumas dicussões a uns 10 anos atrás sobre este tema, e existiam correntes, uma achando que o melhor projeto seria no estilo capsula de reentrada com para-quedas outros achando que o melhor projeto seria na forma de "avião-foguete" como a Space Ship One.

Eram debates acalorados, e como eram travados por gente que realmente conhecia do assunto, a discussão era muito interessante de se acompanhar e participar.

O projeto do Burt Rutan é genial se considerado a idéia de ganhar o prêmio, isto é, projetar algo que pude-se realizar meia duzia de vôos, ganhar a grana e depois ir pra um museu. Se a idéia for extrapolar este conceito para uma nave que leve turistas para viajar a 100Km da Terra, te digo que é uma espécie de assassinato espacial, ai sou obrigada a critiar o Rutan e qualquer pessoa que tenha um diploma de engenharia espacial e acredite nisto.

Ele é macaco velho, sabe do risco calculado, esta temática toda de turismo espacial na verdade é para dar um apelo de mídia maior, a Space Ship One é ótima, mas só para ganhar o X-Prize nada além disto.

Enviado: Qua Out 24, 2007 11:31 pm
por Koslova
Uma resposta sobre a questão.

A foto mostra que o estágio inferior do foguete está levemente separado do estágio superior... é isso mesmo ou é meu engano... aquele pequeno vão existe mesmo?... o que explica a presença dele?


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De fato isto acontece mesmo.

A estrutura de um foguete tem dois tipos de construção.
Nos tanques a estrutura é rígida mediante pressurização. É analogo a uma lata de refrigerante ela é bem mole se estiver vazia, e bastante rígida com o refrigerante quando ela atua de forma pressurizada.

Uma lata de refrigerante pesa miseras 16 gramas mas pode armazenar belos 355 gramas de flúido. Com o foguete é a mesma coisa, a estrutura é mole com ele vazio e rígida com ele cheio de combustivel. Conforme ele vai subindo e o combustivel acabando um flúido, normalmente nitrogenio vai sendo injetado no tanque para mante-lo rígido. Este nitrôgenio esta em ampolas de muito alta pressão, algo como 4500Psi.

Porem na junção dos estágios não existe forma de criar uma estrutura rígida por meio de pressurização, então o que se cria é uma espécie de "saia" que é bastante resistente e consiste em dois discos com diametros simulares aos estágios, unidas por meio de uma estrutura treliçada. Na foto "R-7 Saia" dá para observar a estrutura tubular que une os estágios.

Existem dois tipos de projetos de saia.

Um deles é vazado, como no lançador CZ-3A que lançou a Chang'e-1

Um exemplo de saia vazada como no lançador R-7.

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A outra forma de se projetar a saia do foguete é faze-la de forma não vazada, neste caso a estrutura tubular ou por cavernas e filetes, que é revestida por folhas de aluminio que foram uma estrutura na forma de bastão de igual diametro dos estágios que ela use.

Um exemplo é a saia do Saturno-5



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Duas perguntas podem surgir deste processo.

1) Porque se invejeta primeiro o estágio recem queimado e depois de algum tempo se injeta a saia?

Um dos problemas associados a separação dos estágios de um foguete é o estágio recem descartado na separação atropelar o estagio anterior, isto pode acontecer se a sequencia de acendimento do estágio superior se retardar e houver ignição residual do estágio inferior. Então a saia tem a função de proteger as tubeiras do estágio superior até que o inferior esteja a uma distância segura.

2) Porque alguns foguetes tem saias vazadas e outros não?

Cada uma tem vantagens e desvantagens. As saias vazadas são mais leves porque utilizam menos material na construção, mas tem a desvantagem de causarem maior arrasto por geração de turbulencia.

O que define uma solução ou outra, são os ensaios em tunel de vendo e o " grupo do peso" que é a totalização de massas dos componentes do foguete.

Baseada nos calculos de perdas e ganhos se emprega uma solução ou outra. Hoje a tendência é de projetos com saias não vazadas realmente em estruturas mais leves que compõe os foguetes de projeto mais novos.

Enviado: Sex Out 26, 2007 12:09 am
por Koslova
Bolovo escreveu:Koslova, a nave aí do seu avatar, acho que é Klipper, vai entrar em operação?


Sim ela mesmo, planejada para 2014

Enviado: Ter Out 30, 2007 6:28 pm
por Koslova
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Sobe mais um 8K82K Proton-K, são mais 3 satélites Glonass em orbita. Até o final do ano que vem a rede Glonass volta a ficar 100% operacional.

Desde 2000 tem se realizado 3 lançamentos anuais de satélites Glonass, média de lançamento que mantem a rede operacional. Agora ela esta praticamente completa, existe orçamento aprovado para até 2015 para a sua manutenção anual.

Este lançamento foi bastante comemorado pelo pessoal envolvido com o programa.

Uma curiosidade.

Normalmente a janela de lançamento destes satélites é de 20 a 30 de dezembro, que é uma época onde Baikonur que é a "casa" da agência espacial russa (civil), passa por uma redução de atividades, então durante estes dias se torna uma espécie de "casa" das forças espaciais (militar), cuja base principal é Plesetsk.

Eu escrevi a mensagem agora a pouco falando dos coorporativismos internos nas FA's brasileiras, este traço na verdade existe em todo lugar, em uma mais em outras menos é verdade.

Na Rússia até uns 2 anos atrás existia uns certos "ciumes" entre as instituições militares. Teve uma época em que os foguetes lançados de Plesetsk tinha um indice de falhas 3 vezes maior do que aqueles lançados de Baikonur.

O que fez o presidente Putin?

Ele pegou os gestores espaciais de ambos os lados e misturou tudo, gente que tava na agência civil foi pra militar, gente da militar foi pra civil, gente que trabalhava na China e nos EUA foi pra Rússia, gente da Rússia foi pro exterior.

Com esta mudança parece que todo mundo tem falado a mesma lingua de uns tempos pra cá.

O lançamento de um Proton com satélites Glonass em pleno outubro pra quem não vive o programa russo pode pareder irrelevante, mas para quem esta envolvido com tudo isto, é um evento singelo, mas de um bom simbolismo.

Ainda traçando um paralelo de alguns eventos simbólicos mais importante.

Em meados dos anos de 1990 eram os piores anos para o programa espacial e para as forças militares.

Existe uma tradição que vem desde a primeira turma em 1964 que os 4 gestores de programas espaciais formados a cada ano, recebem seus anéis do chefe de governo.

Naquele ano não haveria formatura, porque em meio a crise muitos bons professores tinham procurado outro ramo para se manter, tinha gente na iniciativa privada mundo a fora. Nos anos de 1990 cerca de 30.000 pessoas perderam empregos na industria espacial e milita russa.

Yeltsin pegou a sua limosine preta e sem avisar foi bater as portas da Acadêmia de Ciências Espaciais. O diretor o recebeu meio que assustado, perguntando a que se devia a honra de tão ilustra visita.

Yeltsin então perguntou porque naquele ano não haveria formatura?

O diretor lhe explicou todo o quadro caótico em que ele se encontrava. Yeltsin então deu o número do seu gabinete e garantiu recursos, disse que voltaria dentro de um ano, e de fato voltou para a formatura.

Um gesto simbólico, meio que populesco, mas marcou o renascimento do programa espacial que até aquele momento estava sem rumo.

Yeltsin, Putin não são profissionais do espaço, mas sempre se envolveram pessoalmente em temas ligados a reestruturação do setor nos ultimos 15 anos.

Isto é um traço cultural russo.

Quando é copa do mundo no Brasil, é comum presidentes da republica colarem sua imagem ao da seleção, darem palpite sobre o jogador A pu jogador B, receberem os atletas vitoriosos em Brasilia. A seleção é uma instituição nacional e todo politico que se prese quer colar a sua imagem a ela.

O programa espacial russo também é uma instituição nacional. Homens como Sergei Krikalev são tão admirados na Rússia como um jogador de futebol famoso no Brasil. Esta relação de carinho entre o povo e o programa o mantem, a sua penuria financeira e organizacional dos anos de 1990 o forçaram a se reformar, a tornar hoje o melhor do mundo em varios aspectos.

Não estou querendo gerar uma polemica se programas espaciais devem ser apendices politicos de governos, isto é uma outra discussão, apenas quero mostrar uma realidade e forçar uma reflexão sobre como instituições técnicamente validas podem renascer em uma década e se tornarem as melhores do mundo em algumas areas.


Oi Roberto, como são muitas perguntas, vou mandar respostas mais curtas sem muitos detalhes.

A que altitude aproximada fica a órbita da rede ?

A orbita é por volta de 20.000Km.

Uma orbita muito baixa tem dois problemas.

Primeiro porque existe algum arrasto rezidual na alta atmosfera, por exemplo a ISS, que esta a 400Km perde uns 100m por dia de altitude por este arrasto, para isto precisa compensar com seus impulsores.

Segundo (o principal motivo) é que para fornecer as coordenadas o receptor precisa estar iluminado por pelo menos 3 satélites, quanto mais elevada a orbita mais visivel os satélites são.

A orbita também não pode ser muito elevada porque o sinal no receptor que emprega uma antena não direcional tem que ter um nivel minimo de intensidade.

Este valor de 20.000Km atende a estas relações de propromisso.


Não sei se ja perguntei isso, mas como se programa um foguete para "lançar" o satélite nessa altitude ? Existe uma faixa de tolerância ?

Primeiro o foguete leva sua carga a uma orbita baixa, algo proximo a 400Km de altura. Ai o Upper-Stage que é o ultimo estágio do foguete, que pode ser ligado e desligado no espaço, ai manobrando, mudando seu curso e velocidade gradualmente e ganhando altura, até que alguns dias depois ele chega a sua orbita e libera o satélite, depois ele manobra chega a outra orbita e deixa outro satélite e assim por diante.

A tolerancia na verdade é a precisão do lançador. Existem parametros de precisão em termos de velocidade, altura, angulo de inclinação da orbita, excentricidade. Quando o foguete é impreciso isto significa que o satélite vai gastar combustivel interno para corrigir a orbita, isto encurta sua vida util.


O seu comentário de "3 lançamentos anuais ,média que mantem a rede operaciona.. ." isso se deve ao fato de que 3 são lançados porque outros 03 cairam ou simplesmente pararam ?

O calculo é o seguinte.

A vida util dos satélites é de 12 anos. São necessários de 21 a 24 satélites para operação. Isto nos dária uma necessidade de 2 satélites anos aproximadamente.

A Rússia tem lançado de 3 em 3 por dois motivos.

Primeiro porque o processo é de recuperação da rede Glonass a rede GPS esta em processo de manutenção, isto exige quantidades e periodicidades diferentes de lançamento.

Depois tem haver com os tipos de foguetes e satélites.

Um satélite Glonass ou GPS pesa cerca de 1450Kg. Um lançador Soyuz lançaria apenas um deles, um Proton lançaria 3 deles. Como existe um ganho em escala, onde um Proton é mais barato do que 3 Soyuz decidiu-se lançar de 3 em 3 com o Proton.

Os EUA usam um lançador bem menor, o Delta 7000 onde os satélites são lançados de 1 em 1.
No projeto Europeu Galilleu serão lançados de 3 em 3 no Ariane-5.

Eu estava embarcando no dia que vc enviou as notas sobre a "Deusa para a Lua" (esqueci o nome em chinês) e deixei as mensagens marcadas no meu Outlook para ler com calma ao desembarcar, mas como fazer para manter um objeto em órbita da Lua, sem que a gravidade da terra o faça escapar ?


Ele tem que girar a uma velocidade tal que não seja baixa o suficiente para a gravidade da Lua puxa-lo para a superficie lunar e nem elevada o suficiente para escapar dos dominios lunares esta velocidade é de cerca de 5800Km/h se a minha memória não me trái.

Em Marte é a mesma coisa, com cerca de 12.000Km/h se mantem em orbita do planeta, com cerca de 18.000km/h se escapa de seus dominios.

E assim por diante....

Interessante os seus comentários sobre o enfoque que os governantes russos fazem com o programa espacial, queria que tivessemos pelo menos uma pequena fração dessa seriedade com o nosso programa espacial.


Isto é cultura.

A Inglaterra é um país de cultura naval, o Japão é outro, e assim por diante...

O Brasil por exemplo tem uma boa cultura aeronáutica, por mais que este periodo de trevas da nossa aviação nos faça acreditar que não sabemos fazer aviação, mas a médio prazo sei que sairemos destas...

A Rússia tem cultura espacial.... como os EUA também.... não tem como comparar... são 2800 lançamentos espaciais em 50 anos, como curiosidade, é mais que o dobro do segundo colocado que são os EUA, é muita história.

Hoje infelizmente o programa espacial russo esta a anos luz do resto do país em capacidade de geração de tecnologias.

Enviado: Ter Nov 06, 2007 12:12 am
por Koslova
Koslova escreveu:Um texto meu em outro forum respondendo a questão abaixo.


E se a EMBRAER um dia se dedicasse a um projeto aeroespacial, usando a filosofia de mercado que ela usa para seus produtos...supondo que ela se dedicasse ao mercado de foguetes para lançamentos comerciais..chamasse para seu quadro profissionais capacitados. .será que a coisa ia andar ?

A questão não é se for a Embraer, se for a Avibras, a Mectron ou qualquer outra empresa, a questão é que o modelo da industria espacial é completamente diferente da industria aeronáutica. E ai não é se existe tecnologia para a Embraer desenvolver um lançador ou não, o buraco é mais embaixo.

Resumindo uma história muito cumprida.

No começo dos anos de 1970 existia um potencial de lançamentos comerciais de satélites de telecomunicações. As operadoras do mundo todo teriam satélites domesticos e ofereceriam serviços de transmissão de video, aúdio e dados a demais empresas de telecomunicações, esta era a "visão" da época que estava absolutamente correta.

A NASA nos anos de 1970 estava desenvolvendo o Space Shuttle, e para justificar o orçamento ela contou uma pequena "mentira" ao congresso americano e a sociedade como um todo.

A mentira era a seguinte.

O Shuttle substituiria os foguetes lançadores com grande vantagem, ele seria barato de se operar, seguro e qualquer coisa que precisa-se ser lançada ao espaço poderia ser lançada pelo Shuttle.

Existia um planejamento de lançamentos que poderiam ser de até 20 por ano, isto dá quase um a cada 15 dias, algo que na pratica nunca aconteceria.

Porque este conceito que parecia verdade nunca vingou?

Porque o Shuttle é uma nave tripulada e como tal, além de custos de operação tem também o fator segurança de seus tripulantes.

Os indices de segurança do Shuttle que deveriam ser de uma perda a cada 270 missões, na pratica não chegaram a uma perda a cada 60 missões, voar o Shuttle 20 vezes ao ano era um absurdo em termos de segurança.

A URSS não era um fator a se considerar na disputa deste mercado de satélites domésticos, com picos de até 70 lançamentos / ano, a URSS lançaria seus satélites proprios e a demanda americana e européia de satélites comerciais era um problema de agências espaciais européias e americanas. A realidade dos anos de 1970 e 1980 era completamente diferente portando da dos anos de 1990 em diante.

Existiam duas classes de lançamentos nos EUA nos anos de 1980, os satélites governamentais e os privados.

Os governamentais eram lançados por foguetes classe Delta, Atlas e Titan, bem como os privados também, com maior enfase na familia Delta.

Porem a industria espacial nos anos de 1980 era muito diferente dos seus primeiros 20 anos.

Até então a lógica eram programas governamentais. O foguete, o satélite, a base de lançamento, o segmento terrestre (estações transmissoras e receptoras) era tudo vinculado a um programa governamental tocado por uma agencia governamental.

Seria como se na industria da aviação a Boeing construise o 707, administra-se os aeroportos e ainda fosse a operadora do avião.

O resultado seria uma completa ineficiencia.

A Arianespace era uma empresa com dinheiro do contribuinte mas que tinha uma visão diferente da industria americana.

Ela construiria seus foguetes mais ou menos dentro dos parametros técnologicos adequados ao serviço de lançamento, mas seu forte seriam os serviços associados ao lançamento comercial. Preparação da carga util, seguros, treinamento dos operadores, financiamentos, algo que fosse agil e adequado as operadoras privadas de satélites.

Deu certo, entre negociar com a NASA uma repartição publica e negociar com a Arianespace uma empresa estatal porem focada a segunda opção era a preferida as operadoras privadas. A Arianespace chegou a ter 58% do mercado sozinha.

Ai aconteceram duas coisas.

1) A URSS caiu e a industrial espacial russa foi a luta para sobreviver
2) A Boeing e a Lockheed viram que a mentira do Shuttle tinha caido por terra e era a hora de entrar no mercado de satélites comerciais com mais força.

Ai houve uma segunda revolução na industria espacial.

Saimos de um modelo governamental de 1965 até 1978 quando a Arianespace criou um modelo com mais foco no cliente, mas ainda associado a idéia de que ela deveria ter um foguete próprio, porque nos anos de 1980 no cenário da guerra fria não existia sessão de tecnologias.

Como foi esta revolução?

A questão é simples. Cerca de 2 em cada 3 foguetes já lançados é soviético / russo os custos de produção de um foguete russo é imbativel em qualquer cenário, então se analisou a cadeia de valores e descobriu que competir em custo com os russos era bobagem, o negócio era se alinhar.

E de que forma?

Basicamente empregando tecnologia de lançamento russa com empresas operadoras americanas ou européias, ai se uniria o util ao agradavel.

As operadoras passaram a ser mais eficientes ainda na gestão do processo, selecionavam o foguete, a base, o satélite, o financiamento, o seguro, o treinamento do pessoal e os canapés pros executivos durante a festa do lançamento.

O foguete em si era secundário neste cenário, era russo ou era russo.

A Lockheed desenvolveu o Atlas-5 com impulsores principais (que são 70% dos custos de desenvolvimento) russos, a Boeing que criou o Delta-4 que não tem um parafuso russo sequer, também operar o Zenith que é 100% russo.

E a Arianespace? Bem, ela em lançamentos até 20.000Kg LEO opera o Ariane-5 e em lançamentos abaixo de 7500Kg LEO vai operar um foguete russo Soyuz.

Entendem o que quero dizer?

Que o foguete nos anos de 1990 em diante passou a ser uma espécie de commoditie. O que passou a ser a "nirvana" da industria espacial de satélites privados é o nivel de serviço associado ao lançamento, é isto que o cliente realmente quer, o foguete em si não diz muita coisa porque existe livre oferta e preços baixos em relação ao que era nos anos de 1980.

E ai, o Brasil vai desenvolver um foguete para competir no cenário mundial de lançamentos de satélites?

A competição não é mais no foguete e sim no serviço e esta é a parte sofisticada do negócio, e isto pouco tem haver com a idéia de que o Brasil consiga ou não construir um lançador comercial, o "segredo" é outro.

Enviado: Ter Nov 06, 2007 11:38 am
por Koslova
vilmarmoccelin escreveu:Koslova, a idéia numa análise bem simplista, seria que o Brasil se daria melhor se largasse mão de tentar reinventar a roda tentando construir o seu próprio VLS e comprasse foguetes russos para o lançamento em sí (assim como a Embraer compra motores e aviônica de fora para suas aeronaves) e se empenhasse mais na 'prestação de serviço', preparando a carga, administrando as bases de lançamento, os contatos com os clientes etc?

Ou entendi errado?



Não necessariamente precisa abandonar o VLS. Precisa só estabelecer um foco.

Se você tem um foguete que custa algo como US$ 6,5mi para ser construido e mais uns US$ 5mi para ser lançado, o que somado dá uns US$ 12mi (uma quantia pequena no mundo espacial) e no entanto você só consegue lançar um a cada 3 anos, todos sem sucesso, que sentido faz você querer produzir uma familia de 4 ou 5 lançadores maiores? Porque não acabam o VLS, fazem ele funcionar e depois sim partem pra novos projetos?

A questão esta associada a idéia de que é muito, mais muito mais facil mesmo fazer grandes planos espaciais, porque eles via de regra são apenas textos retóricos em papel. Fazer um foguete problemático como o VLS funcionar isto não é muito lá "glamuroso" para os "formuladores" de politicas espaciais no Brasil.

Ai daqui a uns 20 anos, quanto tudo continuar no papel, a gente diz que os EUA boicotam ou que faltou dinheiro. Quer desculpa mais obvia que ésta para nossos filhos acreditarem?

Falta fazer menos coisas e fazer melhor, projetos que tenham começo meio e fim e não apenas programas vazios.

Sobre competir no mercado internacional de lançamentos, esquece isto é um sonho impossivel é um mercado de gente grande, não tem espaço para quem não tem dinheiro, não tem tecnologia e não tem tradição.

O VLS é um foguete para demanda de lançamentos governamentais até 350Kg é um outro segmento de satélites, não tem haver com os lançamentos comerciais de satélites de telecomunicações que citei no texto anterior.

Neste segmento existe o Pegasus operando comercialmente e foguetes russos que são ICBM descomissionados, não existe margem para ninguem entrar, mesmo Israel com o seu projeto LEOLINK que tinha um bom apelo comercial, não conseguiu nenhum lançamento encomendado.

Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova

Enviado: Seg Abr 28, 2008 4:00 am
por Sideshow
Relembrando os bons tempos em que a Koslova participava do DB



Tirando os mísseis táticos, que é um capitulo a parte,e falando somente em mísseis balísticos e lançadores,eu vou tentar passar uma noção bem genérica sobre o pensamento quando a escolha dos propelentes.

Para isto vou dividir em dois segmentos que tem exigências bem distintas, mísseis balísticos e lançadores.

Mísseis balísticos.

O primeiro míssil balístico da historia foi a V-2, que usava como combustível Álcool mais oxigênio liquido,O2.A escolha do combustível líquido para a V-2 vem da cultura alemão de pesquisa de foguetes.

O uso de Álcool, vem do fato que este podia ser facilmente misturado com água o que
regulava a sua energia, isto era importante já que se tratava de um projeto experimental, se adicionava água quando se acreditava que o sistema estava perto da sua limitação, se retirava água quando se achava que a limitação tinha sido melhorada. A água também formava
vapor dentro da câmara de combustão que tinha um projeto tal que a camada de vapor protegia a parece interna do calor, principalmente próxima a região de estrangulamento próxima na raiz da tubeira.

O uso de O2, era em razão dos problemas de toxicidade de outros oxidantes como o Acido Nítrico. O O2 tinha o problema de ser transportado a baixas temperaturas, e isto diminuía o tempo em que a V-2 podia ficar na plataforma abastecida, já que o O2 ia fatalmente esquentado, assim como aumentava o tempo necessário para o disparo já que a V-2 teria que ser abastecida apenas quando se tivesse confirmação que seria disparada.


Combinação Álcool + O2.

Vantagens. Não tóxicos, fáceis de serem produzidos,Mais adequados aos trabalhos com as primeiras câmaras de combustão.

Desvantagem . O oxigênio liquido guardado a pequenas temperaturas eleva bastante o tempo de prontidão para disparo do foguete.


Depois da V-2 nos anos 50 surgiram uma série grande de projetos de mísseis. Um dos mais famosos era o Scud, soviético, este míssil de 300Km de alcance tinha um grande legado da V-2 em termos de desempenho e modelo estrutural, mas também tinha uma diferença importante seu combustível não era mais criogênico, isto na pratica pode ser entendido da seguinte forma, poder será armazenado a temperatura ambiente.O Scud usava uma mistura de Acido nítrico + Hidrazina,ou em termos mais elegantes,IRFNA (Inhibityed Red Fumingnitric acid) + UDMH(unsymmetrical dimethylhdrazine)

A idéia base deste tipo de projeto era que o Scud poderia sair para o campo de batalha 100% abastecido com os tanques selados, e que o míssil sempre estaria abastecido, ao longo da sua vida útil, mesmo quando armazenado em paiol, ficando a possibilidade de esvaziamento dos tanques apenas para casos de manutenção.

Composição IRFNA + UDMH.


Vantagens . Pode ser armazenada a temperatura ambiente que permite ao míssil estar de prontidão 100% abastecido, simplifica a operação de disparo e com isto melhora o tempo de prontidão.

Desvantagem. Tóxico podendo causar acidentes graves em caso de vazamentos,corrosivo fazendo com que o míssil tenha necessidade de manutenção o longo da sua vida útil. Nos anos 50 os esforços americanos e soviéticos eram para a obtenção de mísseis balísticos com alcance intercontinental, ICBM, (> 6000Km), o que possibilitaria ao outro pais disparar seus mísseis do próprio território e atingir o território do inimigo.

Os primeiros ICBM de cada lado foram o SS-6 Sapwood, da URSS e o Atlas dos EUA.

Antes de ter estes mísseis no entanto uma série grande de mísseis de alcance intermediários foram criados, IRBM, Thor, Redstone etc..


Se somarmos toda esta safra até agora, começando com aV-2, depois com os projetos dos dois lados, Scud,Thor, Redstone, SS-06, Atlas. Vamos ver que tudo até então usava combustível liquido, a razão para isto é bem simples.A palavra foguete naquele momento tinha um significado implícito.

Corrida para colocar satélites em órbita. Isto passava por aumentar gradualmente a capacidade de lançamento, foram 10 anos desenvolvendo isto, e abrir mão do uso de propelentes líquidos significava realizar esforços de forma não focada, já que seja para lançar uma ogiva pesada de mais de 4,5toneladas a 6000km seja para lançar um satélite apenas propulsão liquida conseguiria, por isto foguete era sinônimo de combustível liquido.

O primeiro ICBM soviético era o SS-06, um monstro de280 toneladas, bem maior que o raquítico Scud de 4,5 toneladas. Um foguete de mais de 33metros como esta precisaria ser montado na plataforma, não era uma peça móvel ou fácil de posicionar para disparo como o Scud que era montado na carreta de um caminhão militar, isto implicava que ele teria que ser montado para lançamento sem combustível, depois abastecido com os seus 253.000Kg de combustível.

Já que ele teria que ser abastecido e montado na plataforma isto implicava que idealmente a
mistura combustível deveria ser menos tóxica assim como não seria mais uma vantagem grande sistemas não criogênicos como o Scud porque o foguete fatalmente teria que ser abastecido porque a montagem era feita com os tanques secos.A combinação que mais se adequou a isto foi querosene(RP-01) + O2

Combinação RP-01 + O2

Vantagens. Não tóxicos, fáceis de serem produzidos, o RP-01 é mais energético que o Álcool usado na V-2 e no Redstone.

Desvantagem. O2 liquido guardado a pequenas temperaturas eleva bastante o tempo
de prontidão para disparo do foguete


O tempo de prontidão do SS-06 era de mais de 10 horas,o tempo de prontidão do Atlas, seu equivalente americano que pelas mesmas razoes utilizavam o mesmo combustível era de mais de 4 horas. Isto pode parecer algo incompatível com o tempo de disparo de um MX, que apesar de sigiloso que não chega a 7 minutos. Mas na época tinha um motivo de ser.Um ICBM demora cerca de 30 minutos para percorrer a sua trajetória e colocar a sua ogiva nuclear sobre seu alvo. Em teoria um SS-06 ou um Atlas, nos final dos anos 50 poderiam ser destruídos no solo se o inimigo tivesse lançado uma ogiva nuclear contra ele. A questão era saber onde os mísseis inimigos estavam e isto era um problema totalmente diferente em 1958 do que atualmente.Grande parte dos esforços dos aviões espiões U-2 eram localizar bases de mísseis soviéticas que teriam que ser alvos preferenciais em caso de conflito. Os russos apostavam que suas bases não seriam totalmente destruídas em caso de um ataque baseados em duas premissas, primeiro que o interior do pais, principalmente a Ásia central era um lugar ainda seguro contra olhos alheios,segundo que mesmo que se soubesse o local de algumas plataformas de SS-06 o numero de ogivas americanas e os esforços de lançamento ainda dariam chances de bombardeiros estratégicos soviéticos assim como seus ICBM retaliarem. Os americanos tinham a mesma premissa. Em suma a guerra nuclear naquela época era um pouco diferente do que seria nos anos 70 em diante, não existia a garantia de MAD, mutua destruição assegurada. Nos anos 60 em diante com novos meios de reconhecimento estratégico, principalmente com os satélites passou a ser mais fácil saber onde
estariam os mísseis do inimigo, isto gerou uma necessidade de melhorar a taxa de efetividade dos ICBM, em suma. Menos tempo de prontidão e capacidade de lançamento em silos submersos que dariam maiores chances de não serem destruídos no solo.

O Titan II entrou em operação em 1963, era um ICBM bem dentro das premissas acima, seria lançado em silo e armazenado 100% abastecido, o que levaria seu tempo de prontidão para no maximo 30 minutos.Novamente assim como no projeto do Scud foi escolhido uma mistura não criogênica que possibilitasse o armazenamento com míssil abastecido, a escolha recaiu sobre a hidrazina, N2H4 + NTO, Nitrogen Tetroxide, uma mistura tóxica, corrosiva mas liquida a temperaturaambiente

Combinação N2H4 + NTO

Vantagens. Pode ser armazenada a temperatura ambiente o que permite ao míssil estar de prontidão 100% abastecido, simplifica a operação de disparo e com isto melhora o tempo de prontidão.

Desvantagem
. Tóxico podendo causar acidentes graves em caso de vazamentos,corrosivo fazendo com que o míssil tenha necessidade de manutenção o longo da sua vida útil.


Em 1981 esta combinação de combustíveis mostrou o seu lado sujo, foram registrados 3 acidentes, destruindo 2silos de lançamentos matando 4 pessoas. Esta mistura tem a propriedade de ser hipergolica, isto é, se inflama em contado com o outro propelente. Os níveis de manutenção exigidos pelos Titan II eram autos demais,isto somados ao loby em pró do problemático MX fizeram os Titan II se aposentarem. Até aqui estamos falando em mísseis que entraram em serviço em 1963 e não falamos em combustíveis sólidos,apenas em líquidos. Como todo o esforço e termos de mísseis até agora, 1963 era ir mais longe e com mais peso, sistemas com menor capacidade de empuxo como combustíveis sólidos não eram prioridade no desenvolvimento de programas de mísseis dos dois lados, mas algumas coisas começaram a mudar isto.Uma ogiva nuclear até 1952 pesava pelo menos 4.000Kg,até os anos 60 seu peso caiu consideravelmente para até menos de 1000kg, assim como o numero de ogivas nas mãos de cada lado cresceu de algumas dúzias na primeira metade dos anos 50 para algumas centenas se não milhares já em meados dos ano 60.

Havia a possibilidade de uma guerra nuclear tática, no continente europeu, mísseis balísticos de alcance intermediário mudaram do status de banco de provas de tecnologias nos anos 50 para sistemas de armas com exigências de mobilidade, tempo de reação e confiabilidade em meados dos anos 60.

O Pershing I , implantado em 1963 era uma boa tradução destas exigências, foi um dos primeiros mísseis balísticos de combustível sólido do mundo, os soviéticos mantiveram a evolução da família Scud mas começaram a experimentar projetos de combustíveis sólidos como o SS-14.


Combustíveis sólidos.

Vantagens
. Não necessitam de operações de reabastecimento. Não apresentam riscos de intoxicação para os operadores. Tem tempos de reação muito curtos. São mais baratos. Índices de manutenção muito menores.

Desvantagens. Tem menos capacidade de carga que um míssil de combustível liquido de peso equivalente. Sua plataforma tecnológica tem menos potencial decrescimento que um míssil de combustível liquido


O maior passo no entanto para a irreversível tendência de uso de combustíveis sólidos para mísseis sejam de longo quando pequeno alcance foi o aparecimento do SLBM, míssil balístico lançado de submarino. O A-1 Polaris, que entrou em serviço em meados do sanos 60,
era todo de combustível sólido. Este tipo de escolha era fundamental para o uso seguro em submarinos uma vez que o tempo que o míssil passaria dentro do silo sem possibilidade de manutenção, assim como os tempos de reação mínimos para este tipo de operação,para que o
submarino lance todos os SLBM fez nascer a idéia de que a era do combustível liquido na cultura americana de mísseis estratégicos estava com os dias contados.

Os russo não pensavam exatamente assim, o SS-N-4, de combustível liquido, foi o primeiro SLBM soviético, lançado por submarinos classe Golf e Classe Hotel modificados, estes mísseis antiquados de 600Km de alcance eram soluções paliativas para a marinha soviética, o SS-N-5, SS-N-6, o uso de combustíveis líquidos em projetos soviéticos de SLBM continua até o SS-N-17 que vôo up ela primeira vez em 1973. Depois volta e continua até o SS-N-23 para a classe Delta IV, ultimo SLBM soviético movido a combustível liquido. A atual classe Typhoon com o SS-N-20 utiliza combustíveis sólidos.

Ainda em meados dos ano 60 o ICBM Minuteman I é colocado em serviço. Este míssil de
condutível sólido com uma ogiva seria o lado Lo de um Hi-Lo-Mix entre mísseis balísticos pesados Titan II e mísseis mais leves,baratos e com tempo de reação menor.

A idéia era criar um numero elevado de silos em território americano para imobilizar uma soma enorme de esforços da URSS em caso de ataque,surgiu a idéia de míssil "barato" e este atendia pelo nome de Minuteman I.

A família Minuteman foi sofrendo sucessivos up grades e melhorias de projeto gerando a serie II e III.Nos anos 70 iniciou o desenvolvimento do MX,Peacekeeper um ICBM sofisticado, MIRV, veículos de reentrada múltiplos independentes, destinados a substituir oTitan II nos anos 80. Com um forte loby que pedia a aposentadoria do Titan II pelos acidentes de 1981, e com uma enorme simpatia do governo Regan o
MX entra em serviço.

Desta data em diante, todos os mísseis balísticos americanos são propelidos por combustíveis sólidos, que é tido como a melhor solução de compromisso para mísseis balisticos.Com a quebra da URSS em 1991, a Rússia herdou um sistema de mísseis balísticos estratégicos que é uma verdadeira salada em termos de modelos e tecnologias.Por exemplo apenas submarinos lançadores de mísseis haviam a classe Delta, nas versões I a IV alem das Typhoon, usandomísseis com tecnologias diferentes.

No campo de ICBM, haviam pelo menos meia dúzia de tipos de variantes diferentes de mísseis.Manter esta coleção de mísseis balísticos é uma coisa cara demais, o novo projeto russo para padronização de mísseis intercontinentais baseados em terra atende pelo nome de TOPOL, um míssil de combustível sólido de baixa manutenção com linha gerais análogas ao Minuteman que voou pela primeira vez em dezembro de 1994.

A tendência na Rússia é a existência de um míssil de maior escala de produção, no
caso o TOPOL com um outro míssil com capacidade MIRV, no caso a evolução do SS-24 SCALPEL também de combustível sólido formando um hi-lo-mix compatível ao
americano, Minuteman & MX.

Como não se tem uma definição clara sobre a continuidade dos SLBM na Rússia
com a construção de uma nova classe de submarinos "Borei", falar sobre SLBM no futuro na Rússia é especular.

O que parece certo é que desta década em diante todos os mísseis balísticos russos, americanos, franceses e ingleses serão de combustíveis sólidos.

Os mísseis de combustíveis líquidos ainda sobrevivem!

Falar em mísseis balísticos na mãos de paises de terceiro mundo em 1989 e alguns anos depois era muito diferente. Até o fim da URSS quem tivesse interesse em um míssil balístico de pequeno ou médio alcance, teria que desenvolver sem a ajuda de ninguém
este programa.India, Paquistão, Iraque, Irã, África do Sul, Israel, Egito, Líbia, Brasil, Argentina. Eram alguns paise sque tinham interesse em produzir mísseis
balísticos.

Alguns destes paises conseguiram produzir, outros chegaram perto, alguns passaram longe mas seria possível traçar uma linha tecnológica que caracterizava todos estes projetos nacionais de mísseis até 1990.

Argentina. Condor P
Paquistão. Hatf
Israel. Jericho
África do Sul. RFS-3 (Jericho licenciado)

Todos de combustível sólidos, com grandes deficiências tecnológicas (salvo o Jericho) e tocados com tecnologia local (salvo África do Sul).

O Iraque e o Irã tinham mísseis Scud, tocaram programas de melhorias destes mísseis o Al Hussein, AlAbbas, Tammuz, no caso do Irã, Shahab-1 e 2. Eram todos Scuds turbinados.

Com a queda da URSS, muita tecnologia de mísseis foi passada via rússia e china para Paquistão, Coréia do Norte e Irã.

Isto gerou as séries.

No Dong. Coréia do Norte
Shahab-3 e 4. Irã
Ghaury. Paquistão.

Todos mísseis de combustíveis líquidos derivados da evolução da família Scud.

O panorama hoje é que mísseis de combustíveis líquidos apenas são desenvolvidos quando
nos casos acima,paises que aproveitam a base tecnológica de mísseis já existentes, como o Scud.

No demais, em paises com tecnologia própria a tendência é de que todos os mísseis balísticos desenvolvidos sejam de combustíveis sólidos pelas vantagens já citadas.

Kleber, eu procurei dar a noção mais ampla possível sobre o assunto sem me aprofundar em nada de especifico. Numa outra ocasião eu faço a mesma analise de tipos de propulsão para
lançadore

Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova

Enviado: Seg Abr 28, 2008 4:05 am
por Sideshow
Imagem
SLBM Trident

Fábio, o assunto é longo. Vou fazer um "resumo de almanaque" da questão.

Existem 3 classes de diferenças fundamentais entre um ICBM e um SLBM.

- Dimensões
- TVC -Tthrust-Vector Control
- Direcionamento de meio curso


Dimensões
ICBM's tendem a terem menores diametros e maiores comprimentos.
SLBM tendem a terem maiores diametros e menores comprimentos

Isto acontece pelas exigencias dos seus pontos de lançamentos.
Um silo de concreto é mais resistente pela mesma quantidade de concreto, quanto menor for o diametro do silo.


Um submarinos por sua vez é mais silencioso quanto menor o seu arrasto hidrodinamico. Assim para manter o projeto hidrodinamico o mais harmonico possivel o míssil idealmente deve estar totalmente dentro da area do casco, assim existem limitações em relação ao comprimento do mesmo.

Com o comprimento restrito, a saida de projeto é distribuir o propelente em torno de um diametro maior de célula, que por sua vez sera um míssil com aquela aparencia "gordinha" de um SLBM. Isto por sua vez gera uma série de impactos aerodinâmicos do projeto, que tende a não ser tão otimisado aerodinamicamente como um ICBM.


TVC -Tthrust-Vector Control


Existem 4 conjuntos de técnicas basicas para controlar o empuxo de um foguete.


Sistemas Vernier

Consiste basicamente em pequenos foguete laterais que podem ser ligados e desligados durante o vôo para orientar o foguete de acordo com a trajetória desejada. Tem a vantagem da simplicidade, e a desvantagem de que eles geram um excesso de diametro de célula. É a técnogia dos primeiros ICBM que não eram lançados de silos e portanto tinham maiores diametros admissiveis.


Sistemas Defletores.

Basicamente aletas que ficam na saida da camara de combustão defletindo o fluxo de gases. É a técnica da V-2, do Scud por exemplo. Tem a vantagem que não impacta tanto no diametro da célula como o Vernier, e tubeira é fixa, o que facilita o projeto mecanico do conjunto. Tem a desvantagem que existe muita erosão nas aletas pelos gases. Também existe um aquecimento excessivo do fluido hidráulico de atuação o que pode gerar problemas de precisão por fadding. Acho que mandei uma mensagem tempos atrás explicando esta questão de fadding quando falei do freio do MIG-29.

Sistemas de tubeiras basculantes.

É uma forma muito elegante de TVC, basicamente de muda a direção da camara de combustão por meio de atuadores.

É a forma empregada em lançadores normalmente. É muito precisa e os atuadores trabalham "frios" o que gera confiabilidade. Mas é complexa de projetar a articulação móvel da garganta da tubeira em motores de combustivel sólidos. É a técnica empregada no VLS nos primeiros 2 estágios centrais. Alias é uma parte muito bem projetada do foguete na minha visão pessoal.
Injeção lateral.


Injeção lateral.

Basicamente um jato de fluido é injetado lateralmente a saida da camara de combustão, o que deflete a saida de fluxo gerando o direcionamento do empuxo.

Existem várias técnicas de injeção lateral, gás frio, gás quente, reagentes liquidos etc.. Tem a vantagem de não impactar o diametro do míssil, a tubeira é fixa e portanto mais simples. Tem a desvantagem de gerar um pequeno torque restaurador de equilibrio durante o vôo. Seu efeito TVC é limitado portanto.


Então quais seriam as escolhas ótimas.
Vernier tá fora em qualquer caso.

Para um ICBM.
Defletores geram menor precisão é menor confiabilidade.
Opções primárias. Injeção lateral ou tubeiras basculantes

Para um SLBM.
Normalmente não se usa injeção lateral porque o míssil pode sair da agua com angulos tais que necessitam de um torque restaurador maior, ao contrário do ICBM que sai do silo sempre alinhamento com a vertical.
Sobra Defletores e tubeira basculante.

A segunda opção normalmente não é a ideal, porque como o míssil tem diametros maiores ele pode ter 4 tubeiras distintas ou uma tubeira muito grande o que geraria uma massa basculavel elevada.

Normalmente a opção de SLBM é deflexão de feixe, justamente aquela técnica descrita como menos confiavel em relação as outras.

Uma foto em anexo sobre o que acontece quando o TVC de um SLBM falha.

Este incidente gerou um programa na USN de manutenção de confiabilidade de seus SLBM, que é um sucesso mundialmente reconhecido entre os especialistas neste tipo de arma, são mais de 100 disparos de SLBM consecutivos e com sucesso de manutenção da confiabilidade dos misseis.

Direcionamento de meio curso

Em ICBM a posição de lançamento é fixa. Afinal de contas os silos não mudam de lugar. Em um SLBM existe um erro cumulativo com os giroscópios do submarino lançador e do míssil. Por esta razão os SLBM sempre tiveram CEP's maiores que seus pares ICBM.

Isto porem é o aspecto menor relevante dos 3 na medida que a atualização de posição dos submarinos de uns 15 anos para cá é muito mais facil com o GSP/GLONASS do que era na pré história dos sistemas de navegação satelital como o TRANSIT de meados dos anos de 1960.

Isto hoje gerou SLBM tão precisos quanto os ICBM's. No caso americano os SLBM são até mais precisos do que os ICBM's, mas isto tem haver com questões mais de estratégia de programas do que com tecnologia propriamente dita.

Por esta razão, os SLBM nos anos de 1970 e 80 foram os preculsores dos sistemas de atualização da posição do "bus" por meio de técnicas estelares por exemplo, quando aos SLBM foi dada a capacidade MIRV.
"Bus" é o ultimo estágio do míssil.


Resumo das diferenças.

ICBM tem dimensões ótimas diferentes de SLBM
ICBM tem técnicas de TVC otimas diferentes de SLBM
A atualização de posição antes do lançamento são diferentes, embora hoje a diferença tenha sido menor do que era a uma geração atrás.

Projetar um ICBM e um SLBM utilizando os mesmos conjuntos basicos de sistemas é harmonizar toda esta gama de diferenças de técnicas de projeto. Foi isto que os projetistas russos procuraram fazer.

Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova

Enviado: Seg Abr 19, 2010 5:38 pm
por Hermes
Pessoal, ela reapareceu no Blog das Forças Terrestres, o Ilya até tentou convencê-la a voltar pra cá, mas ela disse que por enquanto só vai postar lá suas magníficas e sensatas análises, não tendo interesse em voltar para os Fóruns.

Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova

Enviado: Sáb Dez 04, 2010 11:38 am
por Túlio
Senhores, com a finalidade de evitar que este tópico primoroso seja novamente contaminado por flood e mensagens que só o desmerecem em seu imenso potencial informativo, ele está sendo TRANCADO. Não obstante, qualquer colega que puder obter textos que aqui já não estejam da nossa Koslova, basta contatar a Moderação e este lhe será aberto para postar com os devidos créditos.