GRÃ-BRETANHA
Guerra no Afeganistão «mais dura» do que se pensava
O ministro da Defesa britânico, Des Browne, admitiu esta terça-feira que a intervenção militar no Afeganistão, iniciada em 2001, tem sido «mais dura» do que se pensava e que a resistência dos talibãs tem sido «maior e mais forte» do que os militares estimaram.
Desde que a guerra começou, em 2001, os britânicos já perderam 40 militares, 19 dos quais no último mês.
O contingente britânico, de 4.000 soldados, está estacionado no Sul do Afeganistão, na província de Helmand, onde os conflitos armados são mais intensos e se têm registado mais baixas entre as forças da NATO.
Alguns comandantes britânicos na região alertaram nas últimas semanas para a necessidade de mais meios para controlar a resposta dos talibãs de modo a que o resultado da guerra não seja invertido.
O discurso de Des Browne surge numa altura em que os britânicos têm pressionado os seus parceiros das ONU a dar resposta a este pedido, aumentando os respectivos contingentes militares nas áreas de risco.
O ministro britânico voltou hoje a insistir que a guerra no Afeganistão «é uma causa nobre» internacional e uma questão de «interesse nacional para
muitos países, por todas as implicações que tem ao nível da segurança e estabilidade da região».
«Esta missão pode funcionar», disse Des Browne, mas a «tenacidade que os talibãs têm mostrado face às enormes perdas que sofreram tem sido uma surpresa», o que «está a absorver mais esforços do que esperávamos e, como
tal, está a atrasar o progresso e os trabalhos de reconstrução» no Afeganistão.
Apesar de insistir que o seu discurso não servia para «mostrar desculpas nem arrependimentos», o ministro da Defesa britânico fez assim o primeiro reconhecimento público de que o executivo britânico subestimou o adversário.
«Temos de reconhecer que tem sido mais duro do que pensávamos. Ainda é cedo para dizer como isto vai acabar, mas o quadro é complexo», adiantou.
Browne que afastou qualquer paralelo com a polémica em redor da situação no Iraque, repetiu que as tropas britânicas «não estão a invadir o Afeganistão».
«Estamos lá a convite de um governo democraticamente eleito e com um mandato das Nações Unidas», concluiu.
A NATO mantém no Afeganistão uma força de 20.000 efectivos, incluindo cerca de 150 militares portugueses.
( 12:42 / 19 de Setembro 06 ) / http://www.tsf.pt/online/internacional/