Guerra Comercial

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: Guerra Comercial

#61 Mensagem por Suetham » Dom Abr 13, 2025 1:46 pm

São dois principais problemas que Trump vê os EUA enfrentando:

Déficit comercial;
Desindustrialização;

Trump já deixou bem claro que os demais países não são tão abertos quanto todos afirmam ser e que se fosse aplicado uma tarifa zero, o comércio seria mais equilibrado, o que é uma verdade, mas mesmo assim ainda existe a teoria ricardiana da vantagem comparativa. Citando Tim Cook, CEO da Apple, ele fez uma declaração bem verídica da realidade da China e sua vantagem:


Não há como os EUA replicarem isso. Nem mesmo se quisessem.

É importante perceber que os esforços para reduzir a dependência ocidental de locais de produção baseados na China estão em vigor desde os tempos do governo Obama. Foi quando as primeiras diretrizes chegaram às sedes das multinacionais japonesas, americanas e europeias na Ásia para realocar uma parte significativa de sua produção para fora da China. Não é preciso nem dizer que nenhuma dessas diretivas se concretizou de forma duradoura. Sim, parte da produção foi estabelecida fora da China e alguns fluxos comerciais foram redirecionados via terceiros, mas nenhuma dessas iniciativas poderia mudar os fatos básicos:
:arrow: A China controla a cadeia de suprimentos para a maioria dos produtos industriais, químicos e manufaturados. Portanto, mesmo que você mude sua fábrica para o México, Índia ou Vietnã, quase certamente ainda dependerá de insumos vindos da China.
:arrow: A China tem, de longe, o maior mercado interno de qualquer país do mundo.
:arrow: A China tem a produção mais eficiente do mundo, com mais de 50% de todos os robôs industriais.
:arrow: A China tem mais mão de obra qualificada do que qualquer outro país do mundo (de longe!!).
:arrow: As taxas de câmbio da China estão atualmente fixadas em um nível que torna a produção da maioria dos bens industriais e manufaturados em qualquer outro lugar do mundo não competitiva.

Esses fatos dificultam a realocação da produção para lugares fora da China, independentemente de quais ordens sejam dadas. Dada a taxa de câmbio atual, o enorme incentivo financeiro para simplesmente se movimentar e camuflar a produção chinesa geralmente é poderoso demais para resistir.

O comércio internacional não é um jogo de soma zero. Embora os EUA realmente tenham um problema de balança comercial e desindustrialização evidentes, os americanos se beneficiaram desse arranjo, com preços mais baixos de produtos importados de maior qualidade, sobrando mais $$$ para investimentos ou outros produtos de consumo, imagina a escala disso para uma nação com um PIB per Capita maior do que US$65 mil, o mercado de ações americano e renda fixa só tem o tamanho que tem - US$90-100 trilhões - por causa desse arranjo, isso criou riqueza e poupança para milhões de americanos. O comércio internacional é, portanto, sempre uma proposta vantajosa para todos. Ele incentiva a eficiência na produção e na utilização de recursos, oferece aos consumidores uma variedade maior de opções, mantém os preços sob controle, leva à inovação e promove a paz e a boa vontade.

O outro problema é o conceito falho de déficit comercial. As exportações não são necessariamente preferíveis às importações. Os fabricantes que exportam bens não devem ter direito a uma posição protegida na economia de uma nação. E os comerciantes que importam bens não devem ser penalizados por isso. Os fabricantes americanos que enviam bens de um estado ou cidade para outro e os comerciantes que trazem bens de um estado ou cidade para outro são elogiados por facilitar e expandir o comércio. Aqueles que enviam ou trazem bens de um país para outro devem ser vistos da mesma forma.

Aí, agora estão pegando como exemplo as políticas de protecionismo que ocorreram no passado enquanto os EUA ascendia a uma condição de potência econômica, afirmando que a tradição americana, desde a fundação, foi de protecionismo agressivo e apoio à indústria nacional, saindo de um país colonial para um colosso industrial que se estendia por todo o continente. Acontece que correlação não é causalidade. Embora seja realmente histórico que ocorreu uma barreira comercial nos EUA antes da industrialização americana, todos as demais análises ignoram simplesmente as outras condições econômicas que prevaleceram no final do século XIX: impostos baixos ou inexistentes, regulamentações mínimas ou inexistentes, um mercado livre interno, nenhum subsídio governamental, burocracia federal quase inexistente, nenhuma proteção ou codição especial para sindicatos.

Embora extremamente difícil e talvez indiscutivelmente sem esperança, vale a pena mencionar que um país provou recentemente que o re-shoring (reindustrialização) é factível, embora sob condições muito, muito incomuns. Esse país é a Rússia. A Rússia conseguiu isso graças a três anos de guerra + muita ajuda do Ocidente em termos de aplicação estrita de sanções. Sem a ajuda do Ocidente, a Rússia nunca poderia ter conseguido isso. Reindustrialização significa investir em fábricas, e isso requer empreendedores. Os governos não podem substituí-los. Mas os empreendedores não investem seu tempo e dinheiro sem confiança no futuro. Acontece que as sanções anti-Rússia, a maioria das quais foram de fato apoiadas pela China, criaram precisamente as condições necessárias para dar aos empresários a confiança para tornar a reindustrialização uma realidade.

Na minha avaliação geral, acredito que os Estados Unidos cometeram dois erros críticos – nenhum relacionado à China, que na verdade fazia parte desse sistema:

Primeiro erro: Consumo excessivo da hegemonia dos EUA. Após a Guerra Fria, os Estados Unidos continuaram travando guerras geopolíticas e fomentando divisões regionais. Isso erodiu seu poder hegemônico – exatamente por isso que a China não tem interesse em ser hegemônica (com 5.000 anos de história, a China viu muitos impérios perecerem por causa dessa mentalidade). A hegemonia apenas encurta a vida útil de um império.

A hegemonia dos EUA (desde a década de 1950) deveria ter durado pelo menos 200 anos, mas agora está falhando após apenas 75 anos. Na realidade, ano que vem (2026), os EUA comemorarão 250 anos de independência, um estudo realizado e publicado em mídias especializadas acabaram confirmando que a vida média de um império é de 250 anos, o declínio americano atualmente só confirma essa tendência.

Segundo erro: falha na distribuição de riqueza. Por meio de seu sistema econômico global, os Estados Unidos capturaram a maior parte dos lucros do comércio global – até mesmo das exportações chinesas. Embora os Estados Unidos e a China tenham se beneficiado da globalização, o sistema de distribuição interna dos Estados Unidos não conseguiu compartilhar esses ganhos.

Se os Estados Unidos tivessem seguido o modelo de bem-estar social da Europa para as classes mais baixas, a pressão social seria menor e haveria menos divisão política. Os problemas atuais da Europa decorrem de seguir cegamente as guerras dos EUA (Oriente Médio/Ucrânia), causando crises de refugiados e interrupções no fornecimento de energia. A Europa pré-2010 demonstrou maior estabilidade social e bem-estar ao concentrar o superávit em programas sociais.

Esses dois erros fizeram com que a dívida nacional dos EUA inflasse a níveis insustentáveis. A guerra tarifária marca o colapso da ordem liderada pelos EUA. Este sistema dependia de:
:arrow: Consumo/exportações em dólares dos EUA;
:arrow: Dependência global do dólar;
:arrow: Controle de capital por meio da globalização;
:arrow: Superemissão de dólares;

Mesmo este sistema parasitário não consegue mais sustentar os Estados Unidos.

A posição da China:
:arrow: Em PPC já é a maior economia do mundo chegando a ser 27% maior do que os EUA
:arrow: China continua crescendo uma média de 5.2% após a pandemia - mais do que o dobro dos EUA
:arrow: China exporta US$3.3 tri e superávit de US$1 tri
:arrow: Reserva cambial de US$3.2 tri
:arrow: Representa 30% da produção industrial global - a perda de 30% da oferta global causaria picos de preços em todo o mundo
:arrow: Investe mais em infraestrutura global - US$680 bi - do que todas as potências ocidentais juntas
:arrow: A China investe 42% do seu PIB em capital fixo, maior valor % em relação ao PIB quanto em valor nominal absoluto em relação aos EUA
:arrow: China registra milhões de patentes - em 2022 registraram quase metade que o mundo inteiro registrou
:arrow: Investimento em P&D aumentando em relação aos EUA em valor absoluto

O desacoplamento comercial não prejudicaria fundamentalmente a China. Os EUA tinham realmente uma chance na década passada com o TPP que o Trump implodiu. Originalmente era um bloco comercial liderado pelos EUA para isolar a China, agora irrelevante, pois a China aderiu ao CPTPP em 2023.




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Re: Guerra Comercial

#62 Mensagem por Suetham » Dom Abr 13, 2025 2:54 pm

Vou dividir aqui em dois posts para melhor compreensão:
1º Post: A estratégia americana
2º Post: Preparação chinesa para a guerra comercial

Como Trump e seu Dream Team avaliaram incorretamente a economia chinesa

A base para entender a estratégia de Trump é o relatório escrito por Stephen Miran, presidente do Conselho de Assessores Econômicos de Trump, em novembro do ano passado (2024) sobre a guerra comercial de 2018 e os planos subsequentes. Lendo se entende aproximadamente a razão por trás das ações de Trump nos últimos dias. Já publiquei esse relatório aqui (https://defesabrasil.com/forum/viewtopi ... 2#p5671852), mas publicarei novamente o texto original e os interessados ​​poderão lê-lo diretamente.

https://www.hudsonbaycapital.com/docume ... System.pdf
A User’s Guide to Restructuring the Global Trading System

Stephen Miran acredita que Trump conseguiu fazer com que a China fizesse concessões na guerra comercial de 2018 (de acordo com o relatório, o termo "cair de joelhos" é mais apropriado), o que beneficiou os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a economia chinesa foi completamente incapaz de aceitar tarifas mais altas, então, no futuro (o futuro para 2024, ou seja, agora), enquanto a medida tarifária for implantado, a China "cairá de joelhos". Quanto a prováveis medidas de retaliação da China, ele não existe no cálculo do planejamento de Miran, prevendo inicialmente que a China não revidaria assim como não revidou em 2018.

➡️ 1. Por que Trump e sua equipe não estão preocupados com a inflação?

Miran citou um conceito no artigo, Currency Offset (p. 13). Simplificando, ao impor tarifas, os países exportadores são forçados a desvalorizar suas moedas para manter as exportações comerciais. Ao mesmo tempo, a política monetária e outros meios são usados ​​para aumentar o valor da moeda nacional, e a inflação causada pelas tarifas é compensada pela diferença cambial, enquanto a receita proveniente das tarifas pode ser obtida. O relatório afirmou que, após a imposição das tarifas em 2018-2019, os preços de importação aumentaram apenas 4,1% e o IPC aumentou apenas 2%, ambos abaixo da meta do Fed (p. 14). O relatório também aponta que, sob a condição de uma tarifa de 10%, a tarifa causará um aumento único de 0,3%-1% no IPC e não levará a uma inflação duradoura (p. 16).

Citação do relatório:
Tariffs provide revenue, and if offset by currency adjustments, present minimal inflationary or otherwise adverse side effects, consistent with the experience in 2018-2019 (p. 1).
Portanto, Trump e sua equipe não estão preocupados que a imposição de tarifas leve à inflação e, mesmo que isso aconteça, será "temporária".

➡️ 2. Por que Trump e sua equipe acreditam que o custo das tarifas será suportado pelos países exportadores?

Citação do relatório:
In a world of perfect currency offset, the effective price of imported goods doesn’t change, but since the exporter’s currency weakens, its real wealth and purchasing power decline. American consumers’ purchasing power isn’t affected, since the tariff and the currency move cancel each other out, but since the exporters’ citizens became poorer as a result of the currency move, the exporting nation “pays for” or bears the burden of the tax, while the U.S. Treasury collects the revenue (p. 16).

Because Chinese consumers’ purchasing power declined with their weakening currency, China effectively paid for the tariff revenue. Having just seen a major escalation in tariff rates, that experience should inform analysis of future trade conflicts (p. 3).
Portanto, Trump e sua equipe acreditam teimosamente que o custo das tarifas será suportado pelo país exportador (China) e não pelos consumidores americanos.

➡️ 3. Por que Trump e sua equipe acham que a China vai “cair de joelhos” novamente desta vez?

Em outras palavras: por que Trump e sua equipe acreditam que a China definitivamente pegará o telefone e ligará para negociar um acordo?

Citação do relatório:
Similarly, imagine a very large tariff on China, say a sharp increase in the effective tariff rate from roughly 20% to roughly 50%, offset by a similar move in the currency. A 30% devaluation in the renminbi would most likely lead to significant market volatility. Because China’s communist economic system necessitates strict control over the capital account to keep funds locked in domestic assets, the incentives to find ways around capital controls could be devastating for their economy (p. 18).

Capital outflows from China can potentially result in asset price collapses and severe financial stress. According to Bloomberg, total debt in the Chinese economy exceeds 350% of GDP (Figure 7); this level of leverage entails the possibility for massive vulnerabilities to leakages in the capital account. Bursting bubbles in China as a result of currency devaluation could cause financial market volatility significantly in excess of that caused by the tariffs themselves (p. 18-19).

Recall that China’s economy is dependent on capital controls keeping savings invested in increasingly inefficient allocations of capital to unproductive assets like empty apartment buildings. If tit-for-tat escalation causes increasing pressure on those capital controls for money to leave China, their economy can experience far more severe volatility than the American economy. This natural advantage limits the ability of China to respond to tariff increases (p. 26).
Portanto, Trump e sua equipe acreditam que a China inevitavelmente "cairá de joelhos" desta vez, e ele em breve receberá uma ligação da China, porque acredita que a "frágil" economia chinesa não consegue suportar nem mesmo a tarifa de 34% inicialmente aplicada. Então, quando a China anunciou suas mesmas contramedidas, a primeira reação de Trump foi surpresa e descrença. Ele pensou que os chineses estavam blefando, então imediatamente recorreu à velha tática de exercer extrema pressão e continuou a se gabar de que "receberia uma ligação da China em breve". Mas era óbvio que ele calculou mal.

➡️ 4. Em relação à desvalorização da moeda do país exportador;

Citação do relatório:
To the extent there are no meaningful changes to, then there will be no rebalancing of trade flows as a result of the tariffs. If imports from the tariffed nation become more expensive, then there will be some rebalancing of trade flows but also higher prices; if imports from the tariffed nation do not become more expensive because of currency offset, then there’s no incentive to find cheaper imports. One must choose between higher prices and rebalancing trade. Revenue is an important part of this story (p. 13-14).
Miran acredita que, após o aumento das tarifas, a China provavelmente desvalorizará o renminbi para manter seu volume de exportação e preservar a estabilidade econômica. No entanto, devido a restrições econômicas internas, o país não pode desvalorizar o reminbi significativamente, então a China terá que negociar com os Estados Unidos. Os Estados Unidos podem usar isso como uma ameaça para assinar um acordo econômico de longo prazo e, por meio de tarifas e políticas monetárias (como aumentar lentamente as tarifas/permitir que o reminbi se valorize), aumentar gradualmente o preço final das exportações chinesas, eliminando assim a dependência dos Estados Unidos das exportações chinesas, mantendo a inflação mais baixa e, por fim, concluindo a realocação industrial.

➡️ 5. Que acordo Trump e sua equipe querem alcançar?

No relatório, Miran propôs vários planos para a China "compensar" os Estados Unidos. Entre elas, há uma grande probabilidade de que haja um "acordo" que Trump espera alcançar com a China. Aqui estão alguns dos mais representativos para sua referência.

Citação do relatório:
The U.S. Government might announce a list of demands from Chinese policy—say, opening particular markets to American companies, an end to or reparations for intellectual property theft, purchases of agricultural commodities, currency appreciation, or more (p. 22).

It is easier to imagine that after a series of punitive tariffs, trading partners like Europe and China become more receptive to some manner of currency accord in exchange for a reduction of tariffs (p. 28).

Last time, tariffs led to the Phase 1 agreement with China. Next time, maybe they will lead to a broader multilateral currency accord (p. 35).

There is another potential use of the leverage provided by tariffs: an alternative form of Mar-a-Lago Accord that sees the removal of tariffs in exchange for significant industrial investment in the United States by our trading partners, China chief among them (p. 35).
Outras incluem exigir que a China substitua os títulos ordinários do Tesouro dos EUA por títulos de 100 anos e os mantenha em uma carteira de investimentos do Tesouro dos EUA. Em geral, esses são "acordos" que ficarão pendurados por vários anos, uma vez que sejam firmados. Pode-se dizer que essa intimidação financeira injusta torna todos os argumentos da ficção da capitulação insustentáveis.

➡️ 6. As áreas onde as ações de Trump e sua equipe vão contra as recomendações do relatório.

Em suma, Miran acredita que a implementação de tarifas deve ser gradual e incremental, o que pode reduzir a volatilidade do mercado e tornar mais fácil para a China "cair de joelhos". Ao mesmo tempo, a formulação dos percentuais tarifários deve ser cautelosa e discutida especificamente com base nas circunstâncias de diferentes países (p. 21-26). A julgar pelo seu desempenho atual, Trump obviamente não seguiu o conselho do seu presidente do Conselho de Assessores Econômicos nesses dois aspectos.

➡️ 7. Atitude em relação aos aliados.

Citação do relatório:
While many economists... happy to rely on trade partners and allies for such supply chains, the Trump camp does not share that trust. Many of America’s allies and partners have significantly larger trade and investment flows with China than they do with America; are we so sure we can trust them, if worse comes to worst (p. 5).

Suppose the U.S. levels tariffs on NATO partners and threatens to weaken its NATO joint defense obligations if it is hit with retaliatory tariffs. If Europe retaliates but dramatically boosts its own defense expenditures and capabilities, alleviating the United States’ burden for global security and threatening less overextension of our capabilities, it will have accomplished several goals. Europe taking a greater role in its own defense allows the U.S. to concentrate more on China, which is a far greater economic and national security threat to America than Russia is, while generating revenue (p. 26).
Com base na experiência da guerra comercial de 2018, Stephen Miran acredita que as tarifas contra a China podem efetivamente aliviar o declínio do dólar americano e aumentar o investimento doméstico sem causar muito impacto negativo; no entanto, a economia da China é muito frágil e sua capacidade de resistir a tarifas é extremamente limitada, então ela inevitavelmente "cairá de joelhos" e tomará a iniciativa de chegar a um acordo desfavorável com os Estados Unidos. O relatório inteiro está cheio de "dados como certos" e "eu acho".

➡️ 8. Sobre os planos de implementação tarifária;

Citação do relatório:
The U.S. can proceed to gradually implement tariffs if China does not meet these demands. It might announce a schedule, for instance, a 2% monthly increase in tariffs on China, in perpetuity, until the demands are met (p. 22).

Such a policy will 1) gradually ramp tariffs at a pace not too different from 2018-2019, which the economy seemed able to easily absorb; 2) put the ball in China’s court for reforming their economic system; 3) allow tariffs to exceed 60% midway through the term, which is something President Trump has expressed wanting (“60% is a starting point”); 4) provide firms with clarity over the path for tariffs, which will help them make plans to deal with supply chain adjustments and moving production outside of China; 5) limit financial market volatility by removing uncertainty regarding implementation (p. 22).
Miran acredita que na guerra comercial de 2018, Trump não anunciou tarifas diretamente, mas gradualmente atingiu uma tarifa efetiva de cerca de 18% ao longo de mais de um ano, ameaçando a China (p. 21). Desta vez, aumentar as tarifas a uma taxa média semelhante poderia facilitar a negociação da China. Embora pareça que um plano para aumentar as tarifas em 2% a cada mês seja mais apropriado e muito mais razoável do que o aumento direto de Trump para 34%. No entanto, no texto a seguir, Miran criticou a China por não ser confiável e violar a primeira fase do acordo e, portanto, sugeriu implementar primeiro o método de tarifas e depois negociações (incluindo alguns métodos lisonjeiros de Trump), o que é consistente com o que Trump faz.

➡️ 9. Plano de acompanhamento;

A segunda metade do relatório continua explicando em detalhes o processo de uso da política monetária para reindustrializar os Estados Unidos após o sucesso do programa tarifário. Não é muito relevante para o tópico, então não entrarei em detalhes, mas a ideia geral é que, sob o plano tarifário, o reminbi se desvalorizará e o dólar americano se valorizará, fazendo com que o capital flua para os Estados Unidos, reiniciando assim a indústria manufatureira dos EUA e, então, por meio de algo semelhante ao Acordo do Plaza, o dólar americano será desvalorizado, as exportações aumentarão e a reindustrialização será concluída.

Inclui também métodos para transferir riscos da dívida nacional para outros países contratantes. Os interessados ​​podem ler o texto original (p. 27 em diante). Além disso, também inclui o uso da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para cobrar royalties sobre títulos do Tesouro dos EUA detidos por países estrangeiros e até mesmo reter temporariamente remessas de dólares americanos e outras "políticas monetárias" unilaterais para melhorar a manipulação da taxa de câmbio do dólar americano, tornando os EUA em um verdadeiro manipulador da moeda.

Considerações finais:

Todas as suas decisões são baseadas na crença de que, segundo a Bloomberg, a dívida total da China excede 350% do PIB, que a economia chinesa depende de controles de capital, que a alocação de capital para poupança e investimento é ineficiente e que esse capital frequentemente flui para ativos improdutivos, como prédios de apartamentos vagos.

Claro que isso são puras narrativas. Os dados industriais do maior produtor mundial foram completamente ignorados. Um relatório de campanha difamatória alegou que todas as alocações estavam todos em ativos não produtivos, como prédios de apartamentos. Isso foi usado como desculpa para eles começarem uma guerra comercial e acreditarem unilateralmente que os chineses não resistiriam.

A dívida total de 350% é de fato uma superestimativa, mas provavelmente não é tão absurda, parece alta, mas essa dívida total deve incluir empréstimos privados. A dívida total do Japão ultrapassou 400%, já os EUA incluem uma dívida total de 550% do PIB (residentes + governo + empresas não financeiras) e 722% se incluir (https://www.ceicdata.com/en/indicator/u ... bt--of-gdp) tudo.. Se colocarmos todas as métricas possíveis, a dívida total dos EUA pode ser tão grande ou maior que 10x o PIB, ou seja, 1.000% do PIB. Entretanto, existem diferenças não correlacionadas, a China usa a dívida para construir infraestrutura, isso cria valor. Aqui vai um exemplo:


O BeijingDai ainda levanta a grande questão: quanto dessa dívida é lastreada por ativos de infraestrutura reais que foram criados pela emissão dessa dívida?

Certa vez, li um livro muito bom que destacava o "Modelo Cingapura". O livro apresentou uma boa introdução a esse modelo adotado por Cingapura, afirmando que a dívida emitida visa sempre construir ativos que criem valor e gerem retorno para a sociedade e, consequentemente, para o crescimento e desenvolvimento econômico do país. Cingapura não emitiu dívida para financiar os gastos governamentais correntes; a dívida emitida sempre esteve vinculada a investimentos em infraestrutura.

Cingapura tem uma dívida proporcionalmente ainda maior que a dos EUA, mas ninguém fala sobre isso e há uma razão:

Cingapura é um credor líquido sem dívida líquida. O governo de Cingapura tem um balanço patrimonial sólido, com ativos bem acima de seus passivos. É por isso que agências internacionais de classificação de crédito, como Fitch, Moody's e Standard & Poor's, atribuem a Singapura as classificações de crédito AAA, tanto de curto quanto de longo prazo. Isso se deve não apenas aos ativos gerados pela dívida, mas também às grandes reservas internacionais e ao fato de possuir um dos maiores fundos soberanos do mundo. A dívida pública é usada para investir em infraestrutura, como portos, aeroportos, rodovias e estradas, e, quando concluídas, são ativos com valor intrínseco.

Basicamente, é como comparar uma pessoa que tem uma hipoteca de 56% do seu salário anual para uma nova residência, no caso da China, com uma pessoa que tem um débito de cartão de crédito de 130% do seu salário anual para bens de consumo, no caso dos EUA. Basicamente, a primeira está em uma situação financeira melhor e a segunda está falida.

Não é minimizando o problema atual da dívida chinesa, mas muito dessa dívida está lastreado em ativo real que gerou ou gera valor para a China, portanto, o valor líquido da dívida é muito menor se comparado aos ativos que essa dívida é correspondente.

A fuga de capitais é de fato muito desfavorável à economia chinesa; a eficiência de alocação de capital de poupança e investimento é de fato baixa (os empréstimos e sua dependência de hipotecas imobiliárias dificultam a obtenção de financiamento por pequenas e médias empresas) que acaba se concentrado nas SOEs que geram um retorno marginal bem baixo se comparado as empresas privadas chinesas.

Entretanto todos esses argumentos ignoram uma forte capacidade administrativa. Se este ponto for ignorado, todas as conclusões estarão erradas.

Em 2024, a dívida pública restrita representou de 60% a 64% do PIB, e a dívida ampla (incluindo dívida oculta) representou cerca de 80% do PIB. A dívida não financeira inclui dívida corporativa (incluindo imóveis e infraestrutura) e dívida familiar, representando 312% do PIB, o que é realmente muito alto. O principal problema é o desequilíbrio estrutural e o endividamento imobiliário excessivo. Só que, todos esses cenários da Bloomberg não mencionam é que a proporção de residentes chineses que possuem casas próprias é extremamente alta e a taxa de poupança gira em torno de 45%.

De qualquer forma, de fato, não houve preparação em 2018, e muitas indústrias de alta tecnologia ainda estavam em fase inicial. Os chineses não tinham confiança política e econômica para uma dissociação definitiva naquele período. Mas agora estamos em 2025 e já exploraram maneiras de lidar com a guerra comercial, o assunto da qual vai ser o próximo post.

Mais importante ainda, nos últimos anos foi feito o trabalho básico para o desacoplamento total. Por exemplo, prevenindo e resolvido vários riscos nos campos político e econômico de 20 anos ou até antes. No campo financeiro, do mercado imobiliário, do dinheiro internacional e do financiamento removidas o máximo possível. No campo da produção, fizeram o melhor para apoiar o desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia, fornecendo dinheiro, pessoas, terras, políticas e mercados, e é por isso que houve uma explosão em VE, chips de médio e baixo custo e indústrias de inteligência artificial. No nível diplomático, foi feito o possível para melhorar as relações com os países vizinhos e desenvolver vigorosamente o nível de cooperação entre os países ao longo do BRI. Ao mesmo tempo, foi feito o melhor para lidar com todos os tipos de chantagem do grupo americano, manter uma situação de luta, mas não de ruptura, e atrasar o tempo de desenvolvimento o máximo possível para a batalha final decisiva.

No nível macro, nem é preciso dizer que houve a garantia de uma operação da economia de dupla circulação nacional e internacional e fazer todos os preparativos para uma dissociação definitiva. Portanto, a maior parte do público da China não parece ter ficado muito surpreso ao enfrentar a chantagem tarifária dos EUA. Esta é uma situação completamente diferente de sete anos atrás.

Durante o primeiro mandato de Trump, o mercado imobiliário chinês estava em uma alta histórica devido a aumentos de preços anteriores para reduzir o estoque, a cadeia da indústria de semicondutores de chips da China estava muito fraca e a cadeia da indústria de VE com bateria de lítio e painéis fotovoltaicos da China também estava em fase de desenvolvimento. Agora, a China digeriu a bolha imobiliária e resolveu o problema dos semicondutores em grande medida. A cadeia da indústria de veículos alcançou grande desenvolvimento e a China consolidou sua economia. Em contraste, os Estados Unidos inflaram o mercado de ações, o mercado imobiliário, os preços das commodities e as bolhas da dívida nacional nos últimos anos, e suas vantagens industriais em relação à China foram bastante reduzidas. Comparar o presente com 2018 é totalmente inútil. Esse foi o maior erro de Miran e Trump, além do provável precursor de tudo o que está acontecendo: Peter Navarro.

Já falei sobre ele, então vou chover mais no molhado, mas fica uma matéria:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c8epp0d65w8o




Editado pela última vez por Suetham em Dom Abr 13, 2025 2:58 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Guerra Comercial

#63 Mensagem por Suetham » Dom Abr 13, 2025 2:57 pm

Suetham escreveu: Dom Abr 13, 2025 2:54 pm Vou dividir aqui em dois posts para melhor compreensão:
1º Post: Preparação chinesa para a guerra comercial
2º Post: A estratégia americana
:arrow: Parte 2:

As novas ferramentas diplomáticas econômicas chinesas

Apenas resumirei ao máximo esse texto publicado:
https://www.tandfonline.com/doi/full/10 ... 25.2480513
China’s New Economic Weapons

Na última década, o uso de coerção econômica pela China se tornou uma característica comum e bem estudada de sua política econômica. Em grande parte, a China utilizou ferramentas coercitivas convencionais, como a interrupção da compra de bens e serviços (por exemplo, commodities e turismo), a retenção de investimentos, a restrição das operações de empresas estrangeiras na China e boicotes "espontâneos" de consumidores, tudo como forma de impor custos econômicos a terceiros. O histórico da China em alterar os cálculos de outros países tem sido decididamente misto, e suas ações até geraram alguma reação negativa por parte de países recentemente preocupados com tal predação.Nota de rodapé

No entanto, desde 2018, esse padrão de comportamento vem evoluindo. A política econômica da China — especificamente suas ferramentas de coerção — vem se expandindo. Enquanto no passado a China utilizava principalmente incentivos e sanções comerciais ou de investimento básicos, hoje a China está desenvolvendo, testando e implementando um conjunto inteiramente novo de ferramentas legais e regulatórias com o propósito explícito de impor custos direcionados a empresas e países que ela considera agirem contra seus interesses. Na verdade, trata-se de munições econômicas guiadas com precisão, projetadas para infligir dor direcionada e, muitas vezes, substancial para fins políticos e geopolíticos.

A China desenvolveu essas ferramentas nos últimos anos para oferecer melhores opções de retaliação contra as restrições econômicas e tecnológicas de outros países, especialmente os Estados Unidos. Desde 2018, quando o primeiro governo Trump lançou uma guerra comercial contra a China, as autoridades chinesas concluíram que suas ferramentas coercitivas anteriores não eram adequadas. Pequim priorizou explicitamente o desenvolvimento de um conjunto de novos mecanismos legais — muitas vezes refletindo as regras de controle de exportação, sanções e restrições de investimento dos EUA — para responder de forma mais eficaz. A China desenvolveu esses instrumentos gradualmente e os testou esporadicamente antes de buscar aumentar seu uso.

Neste segundo governo Trump, tudo indica que a China dependerá ainda mais de suas novas armas econômicas, à medida que Pequim busca construir poder de negociação infligindo danos altamente direcionados a um pequeno número de empresas e indústrias americanas de alto perfil. Essa abordagem se destaca como uma resposta evolutiva e cada vez mais assimétrica às ações de Trump — e que busca mudar o cálculo sobre até que ponto os formuladores de políticas americanas podem pressionar os setores de exportação e tecnologia da China em geral.

A China pode estar agora no limiar de uma nova evolução em sua política econômica. Ao longo do último ano, Pequim começou a aplicar essas armas econômicas com muito mais frequência e abrangência. Pequim pode estar tentando se posicionar para usar as ferramentas para atingir objetivos de segurança econômica nacional e não simplesmente para obter vantagem nas negociações EUA-China. Em outras palavras, em vez de usar ferramentas como controles de exportação apenas para retaliação, a China parece estar usando-as para promover sua centralidade nas cadeias de suprimentos globais, reforçando a dependência global de certas tecnologias chinesas, desenvolvendo suas capacidades de jurisdição de longo alcance e facilitando sua própria inovação tecnológica doméstica.

Primeiro, o texto explica por que a China construiu esse conjunto de ferramentas, com referência aos eventos bilaterais e globais específicos que impulsionaram a China a desenvolver essas novas armas de política econômica. Segundo, o artigo documenta a gama de novas armas econômicas no arsenal de política da China, muitas das quais são modeladas em ferramentas semelhantes em outros países. Terceiro, o artigo explica como a China tem usado essas armas econômicas, incluindo ações e inações por parte dos formuladores de políticas chinesas. A conclusão oferece algumas previsões modestas sobre o uso dessas armas pela China no futuro, a direção que a China pode tomar com essa nova capacidade e o que isso pressagia para as relações econômicas EUA-China.

As novas armas econômicas da China surgiram em reação a quatro eventos de 2019-2022

O desenvolvimento e o refinamento de novas armas econômicas pela China têm origem na reação de Pequim a quatro eventos entre 2019 e 2022. Primeiro, a inclusão da Huawei por Washington na Lista de Entidades, uma lista de restrições comerciais publicada pelo Departamento de Comércio dos EUA, durante o primeiro governo Trump, em 2019, levou diretamente às ações iniciais da China. Segundo, as ações dos EUA e da UE relacionadas a Hong Kong e Xinjiang durante os governos Trump e Biden em 2020-21 levaram a China a desenvolver outro conjunto de ferramentas. Terceiro, a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 e a resposta coordenada de sanções ocidentais levaram a China a ampliar o uso de muitas de suas novas ferramentas. Finalmente, os controles dos EUA sobre as exportações de semicondutores avançados e equipamentos de fabricação relacionados, em outubro de 2022, foram um divisor de águas, levando as autoridades chinesas a também tornarem os controles de exportação uma peça central de sua abordagem à coerção econômica.

:arrow: Trump 1.0 e Huawei

O esforço inicial da China para desenvolver novas ferramentas de competição econômica surgiu em resposta direta à guerra comercial e tecnológica entre EUA e China durante o primeiro governo Trump. Pequim gradualmente percebeu que precisava de meios de retaliação mais robustos do que apenas uma estratégia de retaliação baseada principalmente em tarifas, o que acabou prejudicando a China, dado seu grande volume de exportações para os Estados Unidos.

Após a primeira rodada de tarifas americanas entrar em vigor no verão de 2018, os dois lados realizaram meses de consultas para buscar um fim negociado para a guerra comercial. Na primavera de 2019, no entanto, as negociações fracassaram e, em 10 de maio, o governo Trump decidiu aumentar as tarifas sobre US$200 bilhões em importações chinesas de 10% para 20%, com a China retribuindo com seu próprio aumento de tarifas em 13 de maio. Três dias depois, em 16 de maio, o Departamento de Comércio dos EUA anunciou que havia colocado a Huawei na Lista de Entidades — que enumera entidades e indivíduos “considerados uma preocupação de segurança nacional, sujeitando-os a restrições de exportação e requisitos de licenciamento para certas tecnologias e bens”.Nota de rodapé5 —por envolvimento “em atividades contrárias à segurança nacional ou aos interesses da política externa dos Estados Unidos”. A China encarou isso como uma grande escalada, como pretendia a equipe de Trump. Na época, porém, as autoridades chinesas não dispunham de mecanismos legais para retaliação equivalente contra empresas americanas, o que expôs uma grande fragilidade em sua capacidade de resposta. Duas semanas depois, o MOFCOM (Ministério do Comércio) anunciou a criação da Lista de Entidades Não Confiáveis ​​(UEL) da China, que será discutida em mais detalhes a seguir.

:arrow: Hong Kong e Xinjiang

A partir de meados de 2020, novos eventos impulsionaram a China a expandir seu arsenal: a aprovação pelo Congresso da Lei de Política de Direitos Humanos Uigur de 2020, promulgada em junho, e da Lei de Autonomia de Hong Kong, promulgada em julho. Essas leis americanas, aprovadas em reação a anos de políticas altamente repressivas em Xinjiang e à aprovação da lei de segurança nacional de Hong Kong pelo legislativo chinês em junho de 2020, desencadearam esforços renovados por parte dos formuladores de políticas chineses para operacionalizar suas novas armas econômicas como meios de retaliação.

Ao longo do ano seguinte, as autoridades tomaram diversas medidas para atingir esse objetivo. Em setembro de 2020, o MOFCOM divulgou as Disposições sobre a Lista de Entidades Não Confiáveis ​​da China, especificando melhor esse novo mecanismo. Em janeiro de 2021, o MOFCOM introduziu as "regras de bloqueio" da China para a legislação extraterritorial estrangeira. Em março de 2021, na Assembleia Popular Nacional (APN) anual, o legislativo listou a abordagem de sanções estrangeiras como prioridade em seu relatório anual de trabalho, um importante sinal político para a burocracia governamental.

Além disso, em 8 de junho de 2021, a APN anunciou a conclusão da segunda revisão da nova Lei de Sanções Antiestrangeiras (o que foi particularmente notável, visto que o legislativo nunca anunciou uma primeira revisão). Em seguida, em 11 de junho de 2021, a APN aprovou oficialmente a Lei de Sanções Antiestrangeiras (AFSL) na íntegra, visando indivíduos "direta e indiretamente" envolvidos na formulação e implementação de sanções contra a China.

O NPC (Assembleia Popular Nacional) aprovou rapidamente a AFSL, principalmente para fornecer a base legal para sanções que já haviam sido decretadas pela China nos meses anteriores em retaliação às sanções ocidentais impostas à China por suas políticas em Hong Kong e Xinjiang. De fato, no primeiro semestre de 2021, a China sancionou pelo menos sessenta e um indivíduos e dez entidades dos EUA, Reino Unido, UE e Canadá, embora sem base legal. Essas sanções visavam indivíduos e entidades que se manifestaram abertamente em questões políticas sensíveis como Hong Kong e Xinjiang.

:arrow: A invasão russa na Ucrânia

Na primavera de 2022, a invasão russa da Ucrânia e a enxurrada de sanções ocidentais à Rússia deram um novo impulso a Pequim para desenvolver mais e melhores ferramentas de competição econômica e tecnológica. De fato, na época, o governo Biden expressou publicamente que estava monitorando de perto o cumprimento das sanções à Rússia por Pequim e examinando mais atentamente qualquer "apoio material" da China ao esforço de guerra russo, o que poderia precipitar sanções secundárias dos EUA contra entidades chinesas.

Em resposta, Pequim sinalizou estar preparada para reagir caso seja alvo de sanções relacionadas à Rússia impostas pelos Estados Unidos. Nas palavras do ex-embaixador chinês nos Estados Unidos e então porta-voz do Congresso Nacional do Povo (CNP), Zhang Yesui, em 4 de março de 2022: “Em relação aos valentões que aplicam sanções a todo momento, a China tem salvaguardado firmemente sua soberania nacional, segurança e interesses de desenvolvimento por meio da [AFSL], e protegido os direitos e interesses legítimos dos cidadãos e organizações chinesas... A [AFSL] da China é uma medida defensiva em resposta à contenção e à repressão, o que é fundamentalmente diferente das 'sanções unilaterais' de alguns países.”

Talvez no sinal mais claro das prioridades do PCCh para a burocracia, Xi Jinping destacou a necessidade de novas e melhores ferramentas ao entregar seu importantíssimo relatório de trabalho ao 20º Congresso do Partido em outubro de 2022, dizendo: "[Devemos] refinar os mecanismos para combater sanções estrangeiras, interferência e jurisdição de longo alcance.

:arrow: Controle de Exportação

Poucos dias após o discurso de Xi no 20º Congresso do Partido, em outubro de 2022, o governo Biden revelou seus amplos controles de exportação de semicondutores e vendas de equipamentos semicondutores, o que impulsionou ainda mais o desenvolvimento, o refinamento e a aplicação de armas econômicas da China. Este foi um momento decisivo para muitos na China, dada a amplitude e a profundidade dessas ações para controlar a exportação de chips avançados e dos equipamentos que os fabricam para entidades chinesas. Nas palavras do principal diplomata chinês, Wang Yi, "os EUA devem interromper sua política de contenção e repressão à China e abster-se de criar novos obstáculos para o relacionamento bilateral. Os EUA introduziram novos regulamentos de controle de exportação e restrições a investimentos na China, que violam gravemente as regras do livre comércio e prejudicam gravemente os direitos e interesses legítimos da China".

Essa ação dos EUA levou a China a modificar e expandir seu próprio regime de controle de exportações, a fim de obter maiores fontes de retaliação e influência. É importante ressaltar que a dinâmica de ação-reação resultante também pode ter catalisado a mudança mais recente da China, que deixou de usar os controles de exportação como uma ferramenta puramente reativa e passou a adotar uma postura mais proativa, especialmente no final de 2024 e no início de 2025.

O Arsenal Econômico

O que emergiu à luz desses quatro eventos? A partir de 2018, durante o primeiro governo Trump, a China começou a desenvolver uma nova arma para a competição e a coerção econômica. Quando Biden assumiu o poder em 2021, a China aprimorou essas ferramentas e desenvolveu novas em resposta às ações de Biden relacionadas tanto à competição tecnológica quanto às preocupações com os direitos humanos na China (por exemplo, a repressão aos uigures).

➡️ 1) A Lista de Entidades Não Confiáveis ​​(UEL)

A primeira e mais conhecida arma desenvolvida pela China foi a Lista de Entidades Não Confiáveis ​​(UEL). Ela foi criada em maio de 2019, mais de um ano após o início da guerra comercial entre EUA e China e após a inclusão da Huawei na Lista de Entidades dos EUA no início daquele mês. Na época do anúncio, a China forneceu poucos detalhes sobre como ela seria usada e as potenciais consequências para as empresas estrangeiras listadas. Reforçando ainda mais a lógica retaliatória por trás do estabelecimento da UEL, menos de 24 horas após o MOFCOM anunciar a criação da lista pela primeira vez, a mídia estatal noticiou que as autoridades haviam aberto uma investigação sobre a gigante de logística dos EUA, FedEx. O motivo oficial apresentado para a investigação foi o suposto redirecionamento de pacotes da Huawei pela FedEx — enviados do Japão com destino à China — para os Estados Unidos. Em última análise, a FedEx não foi listada na UEL, provavelmente porque a lista era inoperante do ponto de vista prático naquela época. No entanto, a lógica da lista foi claramente entendida como um sinal de possível ação futura da China visando empresas americanas de alto perfil.

Após mais de um ano e muita ação na guerra comercial EUA-China, a China divulgou detalhes adicionais sobre a UEL em setembro de 2020, quando o MOFCOM publicou suas Disposições sobre a Lista de Entidades Não Confiáveis ​​da China. De acordo com as disposições, empresas estrangeiras podem ser incluídas na UEL por: (1) colocar em risco a soberania nacional, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China; e (2) violar princípios de mercado ou tomar medidas discriminatórias contra entidades ou indivíduos chineses. Além disso, autoridades chinesas descreveram as consequências da listagem na UEL, dizendo que as empresas colocadas na lista: (1) serão restringidas ou proibidas de negociar e/ou investir na China; (2) enfrentarão proibições de entrada para pessoal-chave; (3) verão o cancelamento de autorizações de trabalho ou residência para pessoal-chave; e (4) enfrentarão multas e "outras medidas necessárias".

A operacionalização da UEL pela China foi lenta e cautelosa. Em fevereiro de 2023, quatro anos após a criação da lista, a China incluiu pela primeira vez a Lockheed Martin Corporation e a Raytheon Missiles & Defense na UEL. Ambas as empresas estavam envolvidas na venda de armas para Taiwan. As penalidades da inclusão na UEL foram a proibição de fazer negócios na China, incluindo multas e proibições de viagens de executivos. As multas foram fixadas em "o dobro do valor dos contratos de venda de armas de cada empresa para Taiwan desde a entrada em vigor da UEL". Dito isso, o impacto prático da listagem na UEL em ambas as empresas foi limitado, visto que nenhuma delas faz negócios na China continental sob uma proibição de longa data dos EUA sobre vendas de armas para a China, e ambas as empresas já estavam sujeitas a sanções chinesas não especificadas e não públicas.

Um ano depois, em maio de 2024, a China adicionou mais três empresas de defesa americanas à UEL: Boeing Defense, Space & Security, General Atomics Aeronautical Systems e General Dynamics Land Systems. O mais notável é que essas listagens não foram motivadas por uma recente venda de armas, mas ocorreram imediatamente após a posse do novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, em quem Pequim desconfia profundamente. Embora a listagem não se referisse explicitamente à posse de Lai como um ponto de inflexão para essas listagens, houve muita especulação de que esses acontecimentos estivessem conectados.

Talvez ainda mais importante, as autoridades chinesas usaram as listagens da UEL de maio de 2024 para sinalizar a implementação reforçada de restrições a qualquer empresa que faça negócios com entidades listadas na UEL. Especificamente, o MOFCOM emitiu um alerta público à fornecedora americana de componentes de defesa Caplugs — que possui unidades fabris em Xangai e Hangzhou — por "transferir produtos adquiridos da China" para as empresas listadas na UEL, Lockheed e Raytheon, em violação às regras da UEL. Caplugs escaparam apenas com uma advertência, mas a repreensão pública do MOFCOM destacou a intenção das autoridades chinesas de alavancar o UEL de forma mais proativa.

Somente no outono de 2024 e início de 2025 as autoridades chinesas intensificaram ainda mais o uso do UEL, primeiro em frequência e depois em escopo. Em setembro de 2024, o MOFCOM anunciou uma investigação sob o mecanismo UEL contra o PVH Group, empresa controladora americana da Calvin Klein e da Tommy Hilfiger, por remover o algodão de Xinjiang de sua cadeia de suprimentos para cumprir a Lei de Proteção ao Trabalho Forçado Uigur (UFLPA). Esta investigação marcou a primeira vez que as autoridades chinesas usaram o UEL contra uma empresa estrangeira por ações diferentes do comércio de defesa com Taiwan.

➡️ 2) Regras de Bloqueio

Em janeiro de 2021, a China estabeleceu sua própria versão do "Estatuto de Bloqueio" da UE, projetado para proteger empresas chinesas nacionais da aplicação extraterritorial de leis de terceiros países. O estatuto da UE foi elaborado em resposta às sanções dos EUA a empresas que negociam com Cuba, Irã e Líbia, que a UE não seguiu. O esforço da China foi amplamente inspirado pelas regras da UE. Segundo essas regras, o Conselho de Estado pode instruir entidades chinesas a "não reconhecer, executar ou observar" sanções estrangeiras extraterritoriais e a processar por indenização em tribunais chineses por perdas incorridas com tais sanções. No entanto, até o momento, essa ferramenta carece de detalhes claros de implementação e Pequim ainda não agiu com ela contra parceiros comerciais estrangeiros. Não houve atualizações nas regras ou casos de uso desde a publicação em 2021.

➡️ 3) Lei Anti Sanções Estrangeiras (AFSL)

A Lei Anti Sanções Estrangeiras (AFSL) tornou-se uma das principais armas econômicas de Pequim. Foi aprovada às pressas em junho de 2021, ignorando o processo legislativo normal da China, o que é bastante incomum. Ao contrário de outras leis na China, esta é concisa e fornece apenas princípios gerais — deixando espaço para o governo chinês expandir e refinar a lei com regras mais detalhadas no futuro.

Em um nível fundamental, a AFSL faz três coisas. Primeiro, fornece uma base jurídica fundamental sob medidas e estatutos anti-sanções previamente divulgados, particularmente o UEL e as Regras de Bloqueio. Segundo, a AFSL preenche uma lacuna nas duas regras anti-sanções anteriores, dando ao governo ampla discricionariedade para incluir indivíduos e organizações em listas de sanções, juntamente com suas famílias e altos executivos. As sanções incluem restrições de visto, apreensões de bens e ativos e bloqueio de transações. Terceiro, fornece uma base jurídica para que empresas e entidades chinesas impactadas por sanções estrangeiras processem empresas e indivíduos estrangeiros pelo cumprimento dessas sanções.

Notavelmente, a AFSL foi introduzida menos de três meses após o governo chinês ter sancionado membros do parlamento da UE e diversas outras organizações e indivíduos europeus em retaliação às sanções da UE contra entidades chinesas relacionadas às políticas governamentais em Xinjiang. A velocidade e as circunstâncias em que a lei foi aprovada fornecem uma indicação importante e clara de que a ASFL foi inicialmente elaborada para responder a ações estrangeiras que a China percebe como violadoras de sua soberania — em oposição a usá-las para competição econômica ou tecnológica. Essa justificativa inicial para o desenvolvimento e emprego da ASFL parece estar cada vez mais dando lugar a um uso mais amplo da ferramenta para promulgar objetivos econômicos mais amplos. É provável, por exemplo, que a ASFL acabe sendo empregada por empresas de tecnologia chinesas nacionais para processar empresas americanas que cumprem as leis de controle de exportação dos EUA por danos em tribunais chineses.

A ASFL foi usada principalmente em 2021 e 2022 para sancionar ex-funcionários americanos e organizações de pesquisa e advocacia por suas posições sobre Hong Kong, Tibete e Xinjiang. A ASFL também foi usada para sancionar europeus. (Parece ter sido promulgada inicialmente para fornecer retroativamente uma base legal para as sanções aos membros do parlamento da UE em 2020.) Em um movimento agourento em fevereiro de 2022, a China usou a lei contra a Raytheon Technologies Corporation e a Lockheed Martin Corporation para vendas de armas para Taiwan. No entanto, como parte da listagem, a China anunciou apenas "contramedidas" não especificadas contra as duas empresas, e as autoridades ainda não detalharam publicamente essas contramedidas até hoje. Em 2023, o uso da AFSL mudou novamente, com a maioria das ações chinesas tomadas contra think tanks e membros do Congresso dos EUA por seu apoio a Taiwan após a viagem de Nancy Pelosi a Taipei em agosto de 2022.

Assim como com o UEL, no entanto, o uso da ASFL acelerou em 2024 e o escopo do uso se concentrou em protestos contra as vendas de armas para Taiwan. De 2021 a 2023, contamos nove casos de invocação da ASFL, e a maioria foram sanções simbólicas contra indivíduos ou organizações de pesquisa dos EUA. Em 2024, no entanto, a ASFL foi invocada onze vezes, oito das quais visaram um total de cinquenta e quatro empresas de defesa dos EUA por vendas de armas para Taiwan. As outras duas invocações da ASFL em 2024 impuseram sanções aos ex-deputados dos EUA Mike Gallagher (R-WI) e Jim McGovern (D-MA), enquanto o uso final foi contra diversas organizações canadenses de direitos humanos.

➡️ 4) A Lei Tarifária

Embora a China tenha usado tarifas como arma econômica contra outros países há muito tempo — principalmente durante a guerra comercial entre EUA e China em 2018-2019 —, as autoridades também buscaram estabelecer a base legal para a implementação dessas medidas. Em abril de 2024, o legislativo nacional chinês aprovou a Lei de Tarifas, que entrou em vigor em 1º de dezembro e, tardiamente, estabeleceu a base legal formal para as autoridades chinesas imporem tarifas. Essa medida é importante porque, em teoria, o legislativo detém a autoridade legal exclusiva sobre a tributação. Na prática, porém, o Conselho de Estado historicamente regulamenta impostos em diversos domínios.

Desde 2014, no entanto, o legislativo vem recuperando o poder tributário do Conselho de Estado, codificando as práticas tributárias existentes em lei. A nova Lei Tarifária mantém em grande parte a linguagem dos regulamentos do Conselho de Estado que substituiu, mas com uma mudança notável: a lei inclui uma nova autorização para o Conselho de Estado impor tarifas com base em "princípios de reciprocidade", o que significa que a China pode legalmente retaliar com tarifas caso se envolva em uma guerra comercial.

Considerando que a China implementou contratarifas no passado, mesmo sem base legal para tal, a Lei Tarifária praticamente não muda muito. No entanto, a construção de uma base legal sólida para implementar contratarifas ressalta o fato de que a China busca aprimorar sua capacidade de combater conflitos comerciais com o Ocidente de forma contínua. As tarifas continuam sendo uma parte ativa do kit de ferramentas retaliatórias da China. Em março de 2025, a China impôs uma tarifa de 15% sobre as importações de frango, trigo, milho e algodão dos EUA e uma tarifa de 10% sobre sorgo, soja, carne suína, carne bovina, frutos do mar, frutas, vegetais e laticínios. Três empresas comerciais agrícolas dos EUA tiveram suas licenças para vender soja para a China suspensas.

➡️ 5) Avaliações de segurança cibernética

As autoridades chinesas também reforçaram sua capacidade de visar e penalizar empresas americanas por meio de análises e investigações de segurança cibernética. O uso desses mecanismos remonta à formação da Administração do Ciberespaço da China (CAC), lançada em 2014 como uma versão atualizada do Escritório Estatal de Informações da Internet, um órgão do Conselho de Estado. Como parte da atualização, o CAC passou a se reportar diretamente à Comissão de Segurança Cibernética do partido, um órgão de alto escalão do partido presidido por Xi Jinping. O CAC publicou os primeiros regulamentos de Revisão de Segurança Cibernética no final de 2021. A primeira revisão de segurança cibernética ocorreu em um contexto doméstico.

Então, a partir de março de 2023, autoridades chinesas começaram a usar o processo de revisão de segurança cibernética contra empresas americanas. Em aparente retaliação aos controles de exportação dos EUA sobre a indústria de chips da China, o CAC iniciou uma investigação de segurança cibernética contra a Micron, uma fabricante americana de semicondutores. O regulador de segurança cibernética alegou que os produtos da Micron apresentam riscos de segurança cibernética que podem colocar em risco a infraestrutura de informações críticas do país, o que implica que os produtos da Micron não devem ser usados ​​por operadores de infraestrutura de informações críticas (CIIOs), como gigantes das telecomunicações e bancos. Mas também é sabido que a Micron desempenhou um papel importante no lobby do governo dos EUA para investigar o roubo de importantes segredos comerciais pela empresa chinesa de semicondutores Fujian Jinhua Integrated Circuit, o que resultou na proibição de negócios com esta última nos EUA em 2018 e em um longo processo judicial. (A Micron abandonou o caso, que foi finalmente arquivado em fevereiro de 2024).

Em maio de 2023, o CAC concluiu que a Micron não havia sido aprovada na revisão de segurança cibernética. Como resultado, a empresa foi proibida de vender produtos para CIIOs. Mais recentemente, em outubro de 2024, uma associação industrial vinculada ao CAC, a Associação de Segurança Cibernética da China, solicitou o lançamento de uma investigação de segurança cibernética contra a Intel, alegando que os chips da Intel estão cheios de vulnerabilidades de segurança cibernética. Embora essa investigação ainda não tenha se concretizado, a medida é um aviso claro a Washington para que não imponha mais controles de exportação de chips para a China.

➡️ 6) Análises de antitruste e fusões e aquisições

Outra ferramenta importante é a capacidade de Pequim de aprovar ou bloquear acordos de fusão e aquisição (M&A) globalmente significativos, ostensivamente por motivos antitruste, mas frequentemente por objetivos políticos ligados às relações EUA-China. O órgão regulador chinês responsável por aprovar tais acordos é a Administração Estatal de Regulação do Mercado (SAMR), criada em março de 2018. A SAMR alavancou seu poder sobre fusões globais logo após sua criação e o início da guerra comercial EUA-China. Em julho de 2018, quando a guerra comercial estava começando, a Qualcomm foi forçada a desistir de sua aquisição de US$44 bilhões da NXP Semiconductors depois que a recém-formada SAMR não aprovou o acordo. Nesse caso, a abordagem da SAMR não foi negar categoricamente a aprovação da aquisição. Em vez disso, as autoridades simplesmente deixaram o prazo para aprovação do acordo expirar, uma medida que quase certamente foi um esforço para construir influência na guerra tecnológica e comercial em evolução entre EUA e China.

A China continuou a usar essas análises para fins políticos. Em 16 de agosto de 2023, a tentativa da Intel de adquirir a fundição israelense de chips Tower Semiconductor fracassou quando a SAMR deixou o negócio ultrapassar o prazo estipulado sem fazer nenhum anúncio. Deixar o tempo acabar é a tática da SAMR para bloquear um negócio por motivos políticos. A decisão foi particularmente dolorosa porque atrasou o esforço da Intel para se transformar em uma grande fabricante de chips. A decisão também representou um grande revés para a indústria de chips dos EUA como um todo, já que a Intel é a única fabricante de chips com potencial para competir com a TSMC e a Samsung em chips de ponta. Esses fatores tornaram o acordo um alvo perfeito para a retaliação de Pequim contra os controles de exportação dos EUA, em outubro de 2022, para a indústria de chips da China.

Em 2024, a SAMR tomou novamente uma decisão comercialmente significativa ao exercer seu poder regulatório. Em 9 de dezembro de 2024, a SAMR anunciou uma investigação sobre a aquisição da Mellanox pela Nvidia em 2019, com base em argumentos antitruste. A SAMR havia aprovado o acordo condicionalmente, mas agora argumentava que a Nvidia não havia cumprido as condições do acordo. Esta foi a primeira vez que a SAMR utilizou fusões e aquisições concluídas como arma para atingir empresas americanas. Isso é significativo, pois ressalta que as autoridades chinesas estão dispostas não apenas a alavancar sua capacidade de aprovar acordos atualmente pendentes, mas também a revisar qualquer grande fusão ou aquisição anterior para potencialmente pressionar uma gama mais ampla de empresas americanas. Embora o anúncio da SAMR sobre a investigação não tenha esclarecido quais condições a Nvidia é suspeita de violar, comentaristas nacionais argumentaram que a Nvidia não honrou seus compromissos originais de continuar fornecendo aceleradores de IA para o mercado chinês. A investigação está em andamento, mas marca um ponto claro de alavancagem para a China usar na guerra tecnológica e comercial em curso com os Estados Unidos.

➡️ 7) Leis de Controle de Exportação e Listas de Controle

O sistema de controle de exportações da China não é novo, mas sua aplicação recente à concorrência econômica e tecnológica é. O regime de controle de exportações da China foi originalmente desenvolvido no início da década de 1990 para apoiar os compromissos de não proliferação de armas nucleares da China, e foi expandido e modernizado na década de 2000, à medida que esses compromissos cresciam. Este último processo incluiu o desenvolvimento de mecanismos para controlar as exportações de equipamentos, materiais e tecnologias de dupla utilização, amplamente relacionados a armas convencionais, nucleares, químicas e biológicas.

Desde 2020, o uso de controles de exportação pela China evoluiu rapidamente para facilitar a competição econômica e tecnológica com os Estados Unidos e países com ideias semelhantes. Essa evolução foi impulsionada pela transformação e consolidação completas dos mecanismos existentes. A peça central da arquitetura política contemporânea é a Lei de Controle de Exportações, adotada em outubro de 2020 e em vigor em dezembro daquele ano, que deu início ao processo de unificação do regime fragmentado de controle de exportações da China em uma estrutura abrangente. Notavelmente, a lei de 2020 reivindica jurisdição extraterritorial, como a dos EUA. Esta é uma inovação para o sistema de controle de exportações chinês.

Ao longo de 2023 até o início de 2025, as autoridades chinesas agiram rapidamente para usar seu regime de controle de exportação como parte de sua estratégia de competição econômica, e se tornou uma peça central do manual de retaliação da China. De julho de 2023 a agosto de 2024, a China usou sua Lei de Controle de Exportação para impor restrições à exportação de gálio, germânio, compostos de grafite essenciais e antimônio — minerais essenciais para os setores de semicondutores, baterias e outros setores estratégicos. Em dezembro de 2023, disparou um tiro de advertência contra os esforços emergentes dos EUA para substituir as cadeias de suprimentos de minerais chinesas, proibindo a exportação de equipamentos de processamento de elementos de terras raras usados ​​para fazer ímãs permanentes em veículos elétricos, turbinas e inúmeras outras aplicações estratégicas. As restrições à exportação durante esse período foram em grande parte ad hoc , impostas como reações de curto prazo às ações dos EUA e aliados, como controles de tecnologia e tarifas. Em 2024, a China começou a consolidar ainda mais seus vários controles, permitindo um controle mais sistemático e agilizando atualizações futuras.

O próximo grande movimento ocorreu em outubro de 2024, quando Pequim emitiu o Regulamento de Controle de Exportação de Itens de Dupla Utilização, instituindo uma Lista de Controle unificada — análoga à Lista de Entidades dos Estados Unidos — a ser implementada pelo MOFCOM. A lista completa de itens de dupla utilização controlados foi divulgada menos de um mês depois, unificando formalmente os cerca de 700 controles de dupla utilização existentes na China. Em dezembro de 2024, Pequim usou seus novos regulamentos de controle de dupla utilização para proibir completamente — não apenas controlar — as exportações de gálio, germânio, antimônio e "materiais superduros" para os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que restringia ainda mais as exportações de grafite. Notavelmente, o anúncio dessas proibições também se aplicava às exportações para os Estados Unidos de países terceiros , o que foi a primeira invocação da reivindicação da China à jurisdição extraterritorial sob a Lei de Controle de Exportação de 2020.

Implicações da diplomacia econômica da China

Uma nova era na política econômica chinesa está chegando. A China desenvolveu, testou e implementou um novo conjunto de armas econômicas de segunda geração. Elas estão sendo usadas com mais frequência e para um conjunto mais amplo de objetivos políticos: econômicos, tecnológicos e geopolíticos. Pequim tornou-se mais confiante em usá-las para infligir dor precisa e generalizada. Como resultado, a competição econômica e tecnológica entre EUA e China está se tornando mais conflituosa e custosa, à medida que as ferramentas e técnicas se tornam mais sofisticadas. A maior tolerância de Xi a riscos e atritos nas relações EUA-China está em plena exibição, e o presidente Trump parece disposto não apenas a igualar, mas também a superá-la.

A sofisticação aprimorada com que a China está empregando seu novo conjunto de ferramentas ficou evidente nos primeiros dias de 2025, tanto nas últimas semanas do governo Biden quanto nas primeiras semanas do segundo governo Trump. A reação de Pequim às duas rodadas de tarifas de 10% de Trump demonstra como sua abordagem está evoluindo. A reação da China ressalta o quanto ela está mais bem preparada para travar uma guerra comercial e tecnológica hoje do que há seis anos. Embora o uso de suas armas por Pequim continue a ser incremental, há claramente uma mudança em direção a uma resposta mais assimétrica, em oposição à abordagem perfeitamente proporcional usada em 2018-2019. De fato, parte dessa assimetria envolve Pequim maximizando pontos problemáticos específicos — por meio da listagem da PVH e da Illumina na UEL, da renovada investigação antimonopólio sobre o Google e de controles direcionados às exportações de minerais altamente específicos — em vez de corresponder às ações dos EUA apenas por meio do canal tarifário. Tudo isso tornará as ações econômicas dos EUA e de outros países ocidentais contra a China muito mais difíceis de calibrar efetivamente.

A China já indicou que sua resposta à escalada de tarifas do segundo governo Trump assumirá uma forma diferente da sua abordagem durante o primeiro mandato de Trump. O uso dessas ferramentas mais precisas acarreta um risco maior para as empresas americanas, visto que cada uma das ferramentas descritas neste texto foi projetada para infligir danos substanciais, porém direcionados, como, por exemplo, cortando repentinamente o acesso a insumos essenciais ou restringindo de alguma forma a atividade comercial com contrapartes chinesas. Em contraste, as tarifas são restrições amplas que afetam igualmente as empresas dentro de uma determinada jurisdição, tornando o sofrimento econômico sentido de forma ampla, porém uniforme. No entanto, a China determinou corretamente que, em sua maioria, as contratarifas são agora uma resposta impraticável às ações dos EUA. Uma questão nova e crítica para os formuladores de políticas dos EUA é se impactos desproporcionais sobre um pequeno número das maiores e mais importantes empresas americanas são um preço que vale a pena pagar. A resposta a essa pergunta determinará os limites — ou a falta deles — da capacidade dos EUA de obter influência nas negociações com a China, à medida que esta trava cada vez mais uma batalha econômica assimétrica.
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Considerações:

Trump praticamente foi obrigado a ceder. Isentou cerca de 30-35% da importação chinesa, os produtos mais críticos para o consumidor americano que já estavam enfrentando reajustes crescentes por causa da guerra de tarifas, enquanto a China tarifou o mercado agrícola americano e procurou outros fornecedores, basicamente sustentando a tese de que a China consegue outros fornecedores do que compra dos americanos mas os americanos não conseguem outros fornecedores do que a China vende, por causa da imensa capacidade industrial chinesa que é o dobro da americana e 30% da produção global.

É literalmente uma guerra desigual. A escalada de Trump contra os aliados piorou o que poderia ter sido um embate direto só contra a China. A maneira como ele conduziu a guerra tarifária em uma tacada só contra vários países, prejudicando o mercado de ações e os títulos gerando desconfiança nos EUA acabou refletindo a decisão de voltar atrás e tentar costurar um acordo com vários países após a decisão de decretar um intervalo de 90 dias. Os EUA não podem ir contra todo o mundo, mesmo para os americanos é uma guerra desigual, a menos que os americanos tenham a resiliência de pagar muito mais caro por todos os produtos que consomem, enquanto obrigam o mundo a se curvar, o que obviamente não aconteceu e não vai acontecer, porque isso é basicamente a morte literal do modelo econômico americano e a queda do padrão de vida que antes era uma inveja ao mundo, até mesmo aos países desenvolvidos.




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Re: Guerra Comercial

#64 Mensagem por akivrx78 » Seg Abr 14, 2025 9:34 am

Peças de armas militares dos EUA são feitas na China! Trump isentou rapidamente as peças das tarifas

Homare Endo

Diretor do Instituto Global de Estudos da China, Professor Emérito da Universidade de Tsukuba, Doutor em Ciências
13/04 (domingo) 14:52

Em 12 de abril, horário do Japão (meia-noite de 11 de abril, horário dos EUA), a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) anunciou que o governo federal concordou em isentar "smartphones, computadores, chips e alguns produtos eletrônicos" de "tarifas recíprocas".

Isso ocorre porque as fábricas de smartphones da Apple estão localizadas na China, e os computadores também são importados da China para evitar direcionar a insatisfação do povo americano para o governo Trump, mas não se deve ignorar que "alguns produtos eletrônicos" incluem "produtos chineses" usados ​​para fabricar armas para o exército dos EUA.

Na verdade, a maioria das armas militares dos EUA são fabricadas com "produtos chineses". Este artigo se concentra neste fato e o examina.

A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA anuncia repentinamente isenções de algumas tarifas recíprocas
Às 22h36. Por volta das 14h00 EDT de 11 de abril, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) anunciou rapidamente que "isenções tarifárias recíprocas para certos itens" estavam em vigor. O e-mail contém uma explicação longa e os produtos em questão não estão listados claramente, pois contêm apenas números (por exemplo, "8473.30, 8486, 8517.13.00, 8517.62.00, 8523.51.00...etc."). No entanto, ele prossegue dizendo algo como "os importadores devem declarar exceções às tarifas recíprocas".

Então li o relatório publicado pela Xinhua, uma agência de notícias do governo chinês, em 12 de abril às 23:52:29, intitulado ``EUA removem alguns itens de ``tarifas recíprocas'','' e encontrei o artigo que mencionei no início: ``Na noite do dia 11, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) anunciou que o governo federal havia removido smartphones, computadores, chips e alguns produtos eletrônicos de tarifas recíprocas.'' A Agência de Notícias Xinhua informou ainda o seguinte:

●Produtos isentos de tarifas recíprocas se aplicam a produtos eletrônicos importados para os Estados Unidos após 5 de abril, e os produtos podem solicitar o reembolso das "tarifas recíprocas" já pagas.

●A Bloomberg informou que a medida poderia aliviar algumas pressões de preços sobre os consumidores americanos, ao mesmo tempo que beneficiaria grandes empresas de eletrônicos, como a Apple e a Samsung Electronics.

●Analistas financeiros apontam que isso marca uma "reviravolta de 180 graus" na política tarifária do governo dos EUA.

●Recentemente, a política tarifária ampla e volátil do governo dos EUA causou turbulência nos mercados financeiros e atraiu críticas de republicanos importantes, incluindo o ex-vice-presidente Mike Pence. (Acima, Agência de Notícias Xinhua)

Fiquei curioso.

Por que a Agência de Notícias Xinhua não mencionou que entre esses "certos produtos eletrônicos" há "um grande número de produtos chineses relacionados à produção de armas para os militares dos EUA"?

Ao não divulgar isso, eles estão colocando "pressão silenciosa" sobre o presidente Trump, dizendo: "Se necessário, divulgaremos esse fato crucial"?


Muitas das armas militares dos EUA são fabricadas na China

Em 17 de janeiro de 2025, o jornal político americano THE HILL publicou um relatório chocante afirmando que a cadeia de suprimentos militar dos EUA depende da China.

Os dados detalhados nos quais essa afirmação se baseia são encontrados no Annual National Security Scorecard publicado pela Govini Insights, que fornece avaliações da base industrial de defesa dos EUA e se baseia em dados do National Security Scorecard de 2024 publicado pela Govini Insights em junho de 2024.

Com base em dados do Govini Insights, o Defense One, um meio de comunicação sediado em Washington DC especializado em reportagens sobre as forças armadas dos EUA, publicou um artigo em 13 de junho de 2024, intitulado ``O Exército e a Marinha dos EUA reduzirão sua dependência da China para ``tecnologias críticas''. Com base nos gráficos daquele ensaio, usarei meu próprio método para mostrar a dependência das forças armadas dos EUA da China para armas, dividindo-a em "o Departamento de Defesa dos EUA como um todo, o Exército dos EUA, a Marinha dos EUA e a Força Aérea dos EUA", nas Figuras 1 a 4.

Neste artigo, tentamos não apenas apresentar uma lista de dados, mas também representar a lista usando um gráfico de pizza que corresponde à lista, para que seja fácil de ler visualmente. Nas Figuras 1 a 4 a seguir, fornecemos uma lista de números à esquerda e um gráfico de pizza baseado nesses números à direita, projetado para tornar os dados fáceis de entender intuitivamente.

Figura 1: Dependência da cadeia de fornecimento de armas militares dos EUA em produtos chineses em todo o Departamento de Defesa

Imagem
Amarelo Tawain
Vermelho China
Azul Inglaterra
Rosa Japão
Verde India
Grafico paises, quantidade de fornecedores e aumento em porcentagem ao ano anterior.


Surpreendentemente, das peças fornecidas por países estrangeiros na fabricação de armas para os militares dos EUA que supostamente derrotariam a China, "30,6% são fabricadas na China!"

Além disso, espera-se que o número de peças importadas da China em 2023 aumente em 38,2% em comparação ao ano anterior.

O ex-presidente Biden pediu a todos os aliados e nações amigas que formassem uma rede de contenção anti-China e, embora tenha reforçado sanções severas contra a China em semicondutores de ponta envolvendo aliados e nações amigas, ele aumentou as importações de peças de armas para derrotar a China em 38,2%.

Essa contradição na América. Essa decepção.

Isso significa que a batalha das altas tarifas contra a China é esmagadoramente favorável à China, e se a China declarasse que não exportaria peças fabricadas na China usadas na produção de armas para as forças armadas dos EUA, os EUA deixariam de existir e a América, que sobrecarregou o mundo com o poder de suas forças armadas, perderia completamente sua autoridade.

Pode-se dizer que essa contradição é uma das razões pelas quais Trump mudou de forma tão drástica e inescrupulosa.

Figura 2: Dependência da cadeia de suprimentos de armas do Exército dos EUA em produtos chineses até 2023

Imagem

Beje Austraslia
Vermelho China
Azul Inglaterra
Verde India
Rosa Japão
Grafico paises, quantidade de fornecedores e redução em porcentagem ao ano anterior.

No Exército dos EUA, a dependência de produtos chineses é de 33,0%, o que é maior que a média geral.

Além disso, isso representa uma queda de 17,0% em relação ao ano anterior, o que significa que o EUA ficará ainda mais dependente da China em 2022.

Dizer o que sobre isso...

Figura 3: Dependência da cadeia de suprimentos de armas da Marinha dos EUA em produtos chineses até 2023

Imagem

Laranja Coreia do Sul
Vermelho China
Azul Inglaterra
Amarelo Taiwan
Rosa Japão
Grafico paises, quantidade de fornecedores e redução em porcentagem ao ano anterior.

A Marinha dos EUA publicou uma coluna em 15 de março intitulada "A indústria de construção naval chinesa tem 500 vezes a produtividade dos EUA". Parte II: Por que a capacidade de construção naval da China cresceu? Como escrevi em "Impacto no Poder Naval", a capacidade de construção naval dos Estados Unidos é apenas 1/500 da China, então está à beira de desaparecer. Portanto, o poder naval do EUA também é inferior ao da China. Não é exagero dizer que os Estados Unidos não têm mais capacidade de construir novos navios de guerra ou submarinos.

Como escrevi na introdução do meu livro, "A Nova Guerra Industrial EUA-China", não apenas os Estados Unidos não têm mais engenheiros, mas sua indústria de construção naval, em particular, está em um estado de quase colapso, então, mesmo quando são feitos planos para construir navios de guerra, eles são repetidamente adiados e nunca realmente construídos. Portanto, como a necessidade desapareceu, o número de fornecedores está diminuindo ano após ano em todos os países. No entanto, os dados ainda mostram uma situação atual lamentável, com o país ainda dependendo da China em 23,6%.

Figura 4: Dependência da cadeia de suprimentos de armas da Força Aérea dos EUA em produtos chineses em 2023

Imagem
Laranja Coreia do Sul
Vermelho China
Azul Inglaterra
Amarelo Taiwan
Rosa Japão
Grafico paises, quantidade de fornecedores e aumento em porcentagem ao ano anterior.


Observando a Figura 4, apesar das altas tarifas impostas à China, a dependência da Força Aérea dos EUA em relação à China para armas (caças) deverá aumentar em 68,8% em 2023, em comparação ao ano anterior. Estamos em uma situação em que temos que depender fortemente de produtos chineses para fabricar caças.

E, no entanto, como Trump, que aumentou as tarifas sobre a China para 125% (mas depois anunciou que a taxa real era de 145% devido a um erro de cálculo), vê essa realidade?

É por isso que eles têm tanta pressa em dizer: "Alguns produtos eletrônicos serão excluídos das tarifas?"

Ninguém quer encarar essa realidade e ninguém está disposto a denunciá-la.

Sei que há muitos japoneses que ficarão chateados quando essas verdades forem apontadas. Entretanto, como esse fato é reconhecido pelos Estados Unidos, ele deve ser considerado um fato objetivo.

A menos que consideremos isso objetivamente, será difícil ver onde o Japão está ou como devemos defendê-lo.

Como escrevi na minha coluna de 27 de março, "Os principais talentos de IA da China superam o "Relatório Anual de Ameaças Globais" dos EUA", a realidade é que agora há mais talentos de IA chineses do que americanos dando suporte às principais empresas de IA dos EUA, consideradas as melhores do mundo.

Em outras palavras, o poder militar americano que supostamente domina o mundo e a indústria americana de IA são ambos apoiados por produtos e talentos chineses.

Nessa situação, não é ridículo impor tarifas altas à China?

Ao considerar as capacidades tecnológicas e a competição tarifária entre os Estados Unidos e a China, acredito que não faz sentido discutir a questão ignorando o fato de que a indústria chinesa tem uma vantagem esmagadora, conforme descrito em "A Nova Guerra Industrial EUA-China".

Adendo: Gostaria de acrescentar o seguinte, pois descobri recentemente o seguinte:

●Os dados acima são baseados na Govini Insights, que recebeu US$ 400 milhões do governo dos EUA para esta série de pesquisas, portanto, os dados acima são considerados precisos.

●Além disso, o artigo da Forbes datado de 9 de janeiro de 2024, intitulado ``Porta-aviões dos EUA dependem de semicondutores fabricados na China, e as armas do Japão estão se esgotando'', cita outro relatório de pesquisa da Govini Insights, ``NÚMEROS IMPORTAM'', relatando que ``40% dos semicondutores usados ​​na fabricação de armas militares dos EUA são feitos na China''.

●De acordo com um relatório de pesquisa da Govini Insights, por exemplo, "o porta-aviões da classe Ford usa mais de 6.500 semicondutores fabricados na China".

https://news.yahoo.co.jp/expert/article ... 548e28fe82




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Re: Guerra Comercial

#65 Mensagem por Suetham » Qua Abr 16, 2025 6:41 am

https://forbes.com.br/forbesagro/2025/0 ... -tarifaco/
O Que Quer Donald Trump com o Tarifaço?

Acima de tudo, o presidente dos Estados Unidos está tentando renegociar as dívidas na ordem de US$36 trilhões do país

O problema maior a curto prazo americano parece ser a dívida. Trump aumentou tarifas em todo o mundo, e ele as aumentou por uma série de razões, incluindo repatriar a indústria e forçar o outro lado a abrir seus mercados, mas a razão mais importante é a dívida dos EUA. Em particular, os US$ 6,5 trilhões em dívida dos EUA com vencimento em junho é algo que ele precisa resolver imediatamente. Todas as suas ações durante sua presidência foram feitas com a dívida dos EUA como objetivo.

A dívida dos EUA expira em junho em US$6,5 trilhões e US$9,2 trilhões este ano. O governo dos EUA não tem condições de pagar a dívida nem no primeiro nem no segundo semestre, então a chantagem comercial de Trump ou do governo dos EUA, no início, era forçar os países a subscreverem a dívida americana, e estou falando de dívida americana sem juros de 100 anos. Quando os países usam suas reservas cambiais e o futuro para comprar uma pilha de papel velho depois de cem anos, de modo que a dívida americana seja instantaneamente esvaziada, isso é o verdadeiro "Make America Great Again".

É claro que, mesmo que todos os países, incluindo China e União Europeia, comprem dívida americana, os US$9,2 trilhões em dívida americana com vencimento neste ano não podem ser comprados, então Trump terá que pensar em outras maneiras de injetar dinheiro na dívida americana e a maneira que ele encontrou pode ter sido o mercado de ações, mas o mercado de títulos ao contrário do esperado, viu na realidade uma venda de títulos.

O mercado de ações americano tem uma enorme quantidade de dólares em sua bolha inflada. Simplesmente injetar dinheiro do mercado de ações no mercado de títulos resolveria o problema da reestruturação da dívida americana com vencimento neste ano. É por isso que Trump diz que não se importa com o mercado de ações e diz ao povo americano para não se importar muito com os altos e baixos do mercado de ações. A razão é que ele precisa de dinheiro para comprar dívida americana recém-emitida para pagar dívidas antigas.

Além disso, não vou me surpreender com um ataque ao Irã. O objetivo de Trump é simples: aumentar os custos para países industrializados como a China, forçar o capital do Oriente Médio a fugir em busca de segurança e elevar o preço do petróleo.

O Oriente Médio é a principal fonte de petróleo do mundo e, assim que uma guerra começar, os ricos e poderosos do Oriente Médio fugirão para os Estados Unidos. Por que países como a Arábia Saudita prometeram recentemente investir nos Estados Unidos? Na verdade, é para se proteger, pois previram que os Estados Unidos atacassem o Irã. O dinheiro do Oriente Médio continuará a fugir em ritmo acelerado no futuro, já que a firmeza da China e provável da União Europeia fez com que metade do plano americano de reestruturar sua dívida fracassasse, então agora há uma grande probabilidade de que os EUA ataquem o Irã.

Durante esse período, os EUA também impuseram sanções a países que compram petróleo venezuelano, iraniano e russo. Seu objetivo é simples: forçar outros países a comprar petróleo americano. Porque os EUA querem usar o ataque do Irã para elevar o preço do petróleo e, no pico do preço do petróleo, assinarão rapidamente acordos de exportação de petróleo americano de alto preço com entidades econômicas como China, União Europeia, Japão, Coreia do Sul, ASEAN e outros. Em seguida, os americanos usam o petróleo russo de baixo preço para estimular a produção nos EUA. É por isso que provavelmente Trump quer vender a Ucrânia para trazer a Rússia.

O Acordo de Mar-a-Lago, são realmente uma iniciativa de reestrutura, mas, em essência, eles pretendem reconstruir a hegemonia americana desmantelando os muros de sustentação atuais da hegemonia americana. O resultado é muito simples: ou não pode ser desmantelado totalmente, ou se for desmantelado, a primeira coisa que a hegemonia americana enfrentará antes da reconstrução não será o encolhimento, mas um colapso fatal; quanto ao que restará após o colapso, nunca será uma hegemonia completa, mas apenas fragmentos de hegemonia.

O mundo pode passar por choques como resultado, mas não há dúvidas de que, depois dos choques, o mundo entrará em uma nova fase histórica de hegemonia global menos americana.

A China certamente não está disposta a colaborar. A razão é muito simples: se você se render aos Estados Unidos, as condições que você receberá serão piores do que tarifas. Eles parecem estar mentalmente preparados para perder centenas de bilhões de dólares em mercados em uma só vez e ter o comércio exterior com os EUA severamente afetado, eles parecem entender as consequências de suas escolhas, apesar do período difícil que se seguirá, o futuro poderá ser ainda melhor, porque os EUA não poderão mais influenciar nenhuma das decisões da China no futuro. No futuro, a diplomacia, política, forças armadas e assim por diante se tornarão mais flexíveis devido à dissociação entre China e Estados Unidos, se tornarão mais proativas no jogo entre China e Estados Unidos.

Acho um pouco provável que a China não terá qualquer contato com Trump pelo menos até julho. Mesmo que negocie e chegue a um acordo com Trump depois de julho, será apenas um acordo de curto prazo, que será descartado mais cedo ou mais tarde.




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Re: Guerra Comercial

#66 Mensagem por Suetham » Qua Abr 16, 2025 6:43 am


Imagem







https://www.ft.com/content/7c0d1b6d-41b ... 0f08484956
Trade, tech and Treasuries: China holds cards in US tariff stand-off

Planning, diversified markets and control of strategic materials potentially give Beijing leverage — if it can bear the pain



O volume de negócios entre a China e os EUA cresceu apesar da guerra comercial de Trump: 2,9% nos primeiros três meses de 2025. Em março, o crescimento do comércio foi de 4% em comparação a março de 2024. A guerra comercial de Trump continua sendo uma "guerra de palavras" por enquanto. A China importou US$ 115 bilhões em mercadorias para os EUA, os EUA importaram US$ 39 bilhões em mercadorias para a China - a China continuou a lucrar com o mercado dos EUA. O volume geral de comércio da China aumentou 0,2%, impulsionado por um aumento de 5,8% nas exportações mundiais, enquanto as importações globais para a China caíram 7%, refletindo tanto as medidas do governo chinês quanto a redução da demanda na China. O volume de negócios com os países da ASEAN cresceu 6%, com a UE crescendo 0,2%.
https://www.bloomberg.com/news/newslett ... -trade-war
China’s Trade War Leverage Over US Becomes Clearer

https://thediplomat.com/2025/04/the-art ... trade-war/
The Art of Not Dealing: Inside China’s 3-Ring Strategy for a Prolonged Trade War

Beijing is executing a three-layered plan: shoring up its domestic front, tightening the screws on the U.S., and repositioning itself on the global stage.

https://asiatimes.com/2025/04/michael-p ... -on-china/
Michael Pettis misleading the American zeitgeist on China

Public intellectual and avid tweeter’s views on China are mostly wrong and dangerously en vogue in tariff-crazed Washington

Tá explicado os motivos de Bessent e Miran, além do próprio Trump, considerarem que poderiam sair vitoriosos em uma guerra comercial contra a China. Os caras estão se baseando em informações propagandeadas por Michael Pettis. Pettis é praticamente a fonte de informação das análises que são publicados e repercutidas sobre o colapso ou derrocada da China no Ocidente, como visto aqui, o Tony Volpon cita ele:


Apesar do próprio Volpon ter citado também o David Shambaugh, este sim é um verdadeiro analista sobre a China, acaba sendo um contraste visível com Pettis.




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Re: Guerra Comercial

#67 Mensagem por akivrx78 » Qua Abr 16, 2025 1:09 pm

Governo Trump exigirá "medidas para impedir a exportação indireta de produtos chineses" de países que buscam reduções tarifárias, relatam os EUA
16/04 (qua) 23:11

[Washington = Shiobara Nagahisa] O governo Trump está dando sinais de que está levando a sério uma política de isolamento da economia chinesa usando tarifas como alavanca. O Wall Street Journal (edição online) informou no dia 15 que o governo dos EUA está considerando exigir que parceiros comerciais que buscam reduções tarifárias tomem medidas para impedir a exportação indireta de produtos chineses. Além disso, o governo iniciará uma investigação sobre terras raras, nas quais a China detém uma grande participação global, com o objetivo de impor tarifas.

De acordo com o jornal, a política de isolamento da China está sendo liderada pelo Secretário do Tesouro Bennett, que está considerando reduzir tarifas se outros países atenderem às suas exigências.

O governo dos EUA exigirá que as empresas chinesas não redirecionem indiretamente as exportações por meio de parceiros comerciais ou estabeleçam bases nesses países para escapar de tarifas. O governo também planeja incentivar uma restrição às importações de produtos chineses baratos.

Sobre as negociações tarifárias entre o governo dos EUA e outros países, o secretário de imprensa da Casa Branca, Leavitt, disse em uma coletiva de imprensa no dia 15: "Recebemos textos para mais de 15 acordos e os estamos considerando favoravelmente". Levitt também reconheceu que os Estados Unidos têm vantagem no atrito comercial entre os dois países, no qual tarifas estão sendo impostas um ao outro, mas disse: "A bola está na quadra da China".

Enquanto isso, no dia 15, o presidente Trump assinou uma ordem executiva para investigar o impacto que a dependência de minerais essenciais importados tem na segurança nacional. Se uma investigação sob a Seção 232 da Lei de Expansão Comercial concluir que há um risco à segurança, tarifas poderão ser impostas. Segundo a Reuters, os minerais críticos em questão incluíam vários tipos de terras raras.

https://news.yahoo.co.jp/articles/7f474 ... 7898bc8934


Governo Trump: "A bola está na quadra da China" nas negociações tarifárias
16/04 (qua) 5h48

O governo Trump enfatizou que "a bola está na quadra da China" nas negociações sobre tarifas impostas à China.

Secretário de Imprensa da Casa Branca, Levitt
"A bola está na quadra da China. É a China que precisa de um acordo, não nós."

O secretário de imprensa da Casa Branca, Levitt, enfatizou no dia 15: "A China precisa dos consumidores americanos" e "É o lado chinês que precisa do acordo".

Embora esta pareça ser uma posição forte tendo em mente negociações bilaterais sobre tarifas, ele também disse: "O presidente Trump deixou claro que está disposto a fazer um acordo com a China".

O presidente Trump fez repetidamente declarações expressando sua esperança de contato da China sobre negociações sobre tarifas, mas não houve nenhuma indicação de uma conversa telefônica ou negociações bilaterais com o presidente chinês Xi Jinping.

https://news.yahoo.co.jp/articles/23b1d ... a8198b6fbb




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Re: Guerra Comercial

#68 Mensagem por akivrx78 » Qua Abr 16, 2025 2:19 pm

"Resista à dissociação e às tarifas": Presidente chinês pede que primeiro-ministro malaio se una contra os EUA
16/04 (qua) 22:02

Sankei Shimbun
No dia 16, o presidente chinês Xi Jinping se encontrou com o primeiro-ministro malaio Anwar durante sua visita ao país. De acordo com a emissora estatal chinesa CCTV, Xi pediu à Malásia, que preside este ano a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que "se dissocie e resista a tarifas arbitrárias", de olho nas tarifas adicionais impostas pelo governo Trump.

À medida que o governo Trump aumenta a pressão sobre a China, Xi parece estar pedindo à ASEAN que una forças. Xi pediu o combate à "lei da selva da sobrevivência do mais apto" com "valores asiáticos como paz, cooperação, abertura e inclusão".

De acordo com o lado chinês, Anwar respondeu: "Diante do aumento do unilateralismo, a Malásia está disposta a fortalecer a cooperação com a China e enfrentar conjuntamente os riscos e desafios". "A ASEAN não apoia nenhuma tarifa unilateral", disse ele.

Após a reunião, os dois líderes testemunharam a assinatura de mais de 30 documentos de cooperação bilateral em áreas como inteligência artificial (IA), ferrovias, direitos de propriedade intelectual, produtos agrícolas e conservação de pandas.

Esta é a primeira visita de Xi à Malásia desde 2013. Xi está em uma viagem por três países do Sudeste Asiático, que vai até o dia 18, e depois da Malásia ele visitará o Camboja.

https://news.yahoo.co.jp/articles/0a1f8 ... b5fb43a0e4




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Re: Guerra Comercial

#69 Mensagem por akivrx78 » Qua Abr 16, 2025 3:27 pm





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Re: Guerra Comercial

#70 Mensagem por akivrx78 » Qui Abr 17, 2025 6:21 am

Infelizmente, as tarifas de Trump não irão reavivar a indústria transformadora...
uma "fraqueza" da qual os americanos surpreendentemente desconhecem
4/17 (qui) 6:02 distribuição

O presidente dos EUA, Trump, anunciou que adiaria as tarifas recíprocas por 90 dias, mas aumentaria as tarifas adicionais sobre a China para 145%. Com as políticas mudando diariamente, os principais preços das ações ao redor do mundo estão flutuando muito. Em seguida, ele excluiu os smartphones e anunciou que eles seriam incluídos nas novas tarifas de semicondutores. A economia global está sendo mergulhada em turbulência todos os dias pelo comportamento errático de Trump. Para começar, o cenário de sucesso de Trump é repleto de contradições e, mesmo que ele tente reavivar a indústria manufatureira dos EUA para compensar suas fraquezas, um fator crucial atuará como um "obstáculo". (Akio Makabe, professor visitante especial, Universidade Tama)

● Dias à mercê das tarifas de Trump...

O mundo está um caos desde que o presidente dos EUA, Trump, anunciou "tarifas recíprocas". Aqui está o cenário na mente de Trump:

Primeiro, tarifas recíprocas reavivarão a indústria americana. Ao aumentar as tarifas, o governo incentivou as principais empresas estrangeiras a aumentar seus investimentos nos Estados Unidos e, em seguida, reduziu as tarifas e implementou várias medidas de estímulo econômico para revitalizar a economia doméstica. Eles então buscarão uma vitória esmagadora nas eleições de meio de mandato no outono de 2026.

No entanto, a economia dos EUA se desenvolverá como Trump pretende? Levará um tempo considerável para reativar a indústria nos Estados Unidos, e é questionável se o momento será adequado para as eleições de meio de mandato. E acima de tudo, o povo americano pode suportar pressões inflacionárias? Não há espaço para complacência.

De certo modo, é natural que um líder queira aliviar a insatisfação dos trabalhadores braçais de seu país. Mas não está claro se as políticas de Trump conseguirão isso. Os salários nos EUA são muito altos e há escassez de trabalhadores qualificados. Se as tarifas de Trump forem implementadas, elas provavelmente resultarão em custos de aquisição mais altos de aço, alumínio e outros produtos. Esses fatores serão obstáculos para as empresas dos EUA, pelo menos no curto prazo.

O pior cenário é que a economia entre em "estagflação", na qual a inflação continua apesar da estagnação econômica causada pelas várias políticas de Trump. Nesse caso, a economia global seria lançada em um turbilhão de "recessão tarifária". Também se espera que os mercados financeiros, como ações e câmbio, fiquem ainda mais turbulentos.

● A construção naval é a maior fraqueza dos EUA quando se trata de lidar com a China!

Para recapitular brevemente as tarifas recíprocas de Trump, as novas tarifas consistem em uma tarifa básica de 10% e uma taxa tarifária adicional. A sobretaxa foi determinada com base em uma avaliação de barreiras não tarifárias, como tarifas de parceiros comerciais, impostos sobre valor agregado (equivalente ao imposto sobre o consumo do Japão) e regulamentações.

Por meio de tarifas recíprocas, o governo Trump imporá tarifas de 54% à China (20% de tarifas adicionais mais 34% de tarifas recíprocas). Por outro lado, os Estados Unidos imporão tarifas recíprocas aos parceiros comerciais com os quais têm superávit comercial, como o Reino Unido.

Ao anunciar as tarifas recíprocas, Trump declarou que 2 de abril seria "um dia de renascimento para a indústria americana". Ele argumenta que o fortalecimento do sistema global de livre comércio nos últimos 50 anos levou ao declínio da indústria manufatureira americana. Os trabalhadores tagarelavam sobre como sofreram exploração na China, Europa, Japão e Coreia do Sul.

Pesquisas de opinião nos Estados Unidos também mostram que há uma forte opinião pública de que "a política tarifária deve ser usada para reativar a indústria". Por exemplo, de acordo com a última pesquisa realizada pela Universidade de Harvard e outras (divulgada em 31 de março), 54% dos entrevistados disseram que "Trump está administrando melhor do que o ex-presidente Biden". Em relação à política tarifária, 51% dos entrevistados disseram que "ela permitirá que os Estados Unidos extraiam melhores termos de seus parceiros comerciais, o que levará a uma recuperação da indústria manufatureira", superando por pouco "o efeito oposto" (49%).

Foi nesse contexto de opinião pública que Trump fez seu discurso em 2 de abril, no qual sugeriu que aumentaria tarifas sobre navios, produtos farmacêuticos e semicondutores, além de produtos agrícolas e eletrodomésticos digitais.

O presidente Trump também planeja há muito tempo aumentar a capacidade de construção naval dos Estados Unidos por meio de incentivos fiscais. O que eles provavelmente têm em mente é o aumento da atividade de navios de guerra chineses em águas como o Mar da China Meridional, as águas próximas a Taiwan e até mesmo o Oceano Ártico, na fronteira com a Groenlândia.

Atualmente, acredita-se que as capacidades de construção naval da China e dos Estados Unidos diferem por uma grande margem, cerca de 200:1. China, Japão, Coreia do Sul e Europa respondem por mais de 90% do mercado mundial de construção naval. Em suma, os Estados Unidos estão em uma posição muito fraca na indústria de construção naval. O forte desejo de Trump de desenvolver a indústria de construção naval provavelmente também está relacionado ao seu objetivo de reativar a manufatura.

A indústria farmacêutica e de suprimentos médicos é profundamente dependente da China

É provável que o governo Trump imponha tarifas adicionais sobre peças de navios coreanos e japoneses para incentivar a produção nos Estados Unidos. Isso será verdade para setores industriais pesados ​​de grande porte, como a construção naval, mas o governo também planeja implementar políticas tarifárias específicas para itens em setores de ponta, como semicondutores.

Os principais alvos provavelmente serão materiais estratégicos, como semicondutores e produtos farmacêuticos. Em relação aos semicondutores, Trump continua a criticar as políticas do governo Biden anterior. Eles ressaltam que, apesar dos subsídios causarem o aumento da dívida federal, a produção de semicondutores, como chips de IA, não aumentou nos Estados Unidos.

Em seu discurso, Trump mencionou que a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), a maior fundição (empresa contratada para fabricação de semicondutores) do mundo, anunciou um investimento de US$ 200 bilhões. "A TSMC não quer pagar tarifas, então eles estão investindo nos Estados Unidos e construindo fábricas aqui", disse Trump.

Para conter o crescimento da indústria de semicondutores da China, espera-se que Trump endureça ainda mais as restrições às exportações de equipamentos de fabricação de semicondutores para a China. Eles provavelmente estão considerando impor tarifas adicionais sobre equipamentos de exposição e inspeção, que são essenciais para a fabricação de semicondutores, bem como sobre componentes semicondutores de ultra-alta pureza, nos quais as empresas japonesas têm uma alta participação de mercado.

Ele também disse: "O fato de os Estados Unidos não conseguirem produzir antibióticos é grave. Não seríamos capazes de lidar com a situação mesmo se houvesse uma guerra." Os Estados Unidos também estão cientes de que têm pontos fracos nas áreas de assistência médica e farmacêutica. Como resultado, há uma grande possibilidade de que tarifas adicionais sejam impostas e que as partes relevantes sejam solicitadas a produzir os tratamentos necessários dentro dos Estados Unidos.

Acredita-se também que as políticas tarifárias no setor farmacêutico estejam intimamente relacionadas às regulamentações e sanções contra a China. Atualmente, a indústria global de produtos farmacêuticos e suprimentos médicos é fortemente dependente da China. Em 2020, estima-se que aproximadamente 88% das matérias-primas usadas em agentes antibacterianos vieram da China.

Devido à política de subsídios industriais do governo chinês, os custos de produção das empresas chinesas são menores do que os da Índia. Além das tarifas, há uma grande possibilidade de que sanções sejam impostas à China para impedir a saída de propriedade intelectual.

● Por que o cenário de retorno de Trump não funcionará

Como a pandemia da COVID-19 deixou claro, estabelecer um sistema que nos permita adquirir semicondutores, produtos farmacêuticos e vacinas internamente em preparação para emergências é essencial para uma segurança econômica estável. Para tanto, um cenário de revitalização e crescimento da indústria manufatureira é perfeitamente compreensível.

No entanto, não será fácil reavivar a manufatura tradicional nos Estados Unidos, onde os custos trabalhistas são altos. Isso ocorre porque, há décadas, os Estados Unidos vêm abandonando a manufatura e migrando para softwares de alto valor agregado. Foram os Estados Unidos que aceleraram a divisão horizontal do trabalho ao terceirizar a fabricação de hardware para empresas na China, Coreia do Sul e Taiwan, onde os custos são baixos.

Como resultado, embora haja uma oferta razoável de talentos em software, há uma escassez de engenheiros e trabalhadores qualificados com o conhecimento necessário para materiais semicondutores, equipamentos de fabricação e fabricação de chips. O mesmo se aplicaria aos produtos farmacêuticos. É fácil dizer que precisamos apenas garantir e desenvolver recursos humanos, mas na realidade isso exige uma quantidade considerável de tempo e esforço.

A fabricação de semicondutores exige um enorme investimento de capital. Não é tão simples quanto dizer que impor tarifas altas incentivará mais empresas a construir fábricas nos Estados Unidos imediatamente, aumentará a atividade produtiva e criará empregos e oportunidades de renda.

Para reiterar, os altos custos de mão de obra nos Estados Unidos serão um obstáculo para a retomada da manufatura. O fundador da TSMC, Morris Chang, disse em 2022 que "os semicondutores produzidos em fábricas dos EUA são 50% mais caros do que aqueles feitos em Taiwan, principalmente devido aos custos de mão de obra". Chang revelou que o motivo para construir uma fábrica nos Estados Unidos foi "insistência do governo".

Se as tarifas recíprocas de Trump forem totalmente implementadas, os preços de importação de materiais básicos, como aço e alumínio, provavelmente aumentarão nos Estados Unidos. Além disso, empresas ao redor do mundo provavelmente reestruturarão suas redes de fornecimento em resposta ao conflito crescente entre os EUA e a China, o que também gerará custos. Por sua vez, espera-se que isso torne mais caro fabricar produtos nos Estados Unidos, incluindo semicondutores e produtos farmacêuticos.

Algumas empresas e marcas, como a fabricante de carros de luxo Jaguar Land Rover (originalmente britânica, mas agora de propriedade do conglomerado indiano Tata), já anunciaram uma suspensão temporária das exportações para os Estados Unidos. Acredita-se que o motivo seja a incerteza em torno das políticas comerciais de Trump, incluindo tarifas.

Em 11 de abril, o governo chinês anunciou que aumentaria tarifas adicionais em retaliação aos Estados Unidos. A guerra comercial está se intensificando. As tarifas de Trump correm o risco de corroer o livre comércio e perturbar a economia global.

https://news.yahoo.co.jp/articles/c2d7a ... aa3?page=4




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Re: Guerra Comercial

#71 Mensagem por akivrx78 » Qui Abr 17, 2025 8:14 am

O pior cenário para a "guerra tarifária" entre os EUA e a China é uma "emergência em Taiwan"
Os EUA não lutarão e há o risco de as Forças de Autodefesa Japonesas serem colocadas na "linha de frente" - Shigeaki Koga
15/04 (terça-feira) 6:32

As tarifas de Trump lançaram os mercados globais no caos. Não só os países sujeitos a tarifas sofreram uma grande queda no mercado de ações, mas os preços das ações dos EUA também despencaram. O presidente dos EUA, Trump, previu isso até certo ponto, mas o declínio foi um pouco grande demais. Além disso, em 9 de abril, os preços dos títulos do Tesouro dos EUA caíram drasticamente. O rendimento do título do Tesouro dos EUA de 10 anos ultrapassou brevemente 4,5%, saltando 0,6% em relação ao fim de semana anterior. Preocupações se espalharam de que, se isso não fosse controlado, levaria a uma crise financeira, e o presidente Trump também se resignou à situação. Pouco mais de 13 horas após a tão esperada introdução de tarifas recíprocas adicionais, os Estados Unidos anunciaram que as suspenderiam por 90 dias. É uma decisão humilhante. No entanto, a tarifa recíproca fixa de 10% permanecerá.

Por outro lado, a China foi a única exceção, aumentando as tarifas sobre produtos chineses para 145%.

A China também anunciou que aumentaria tarifas adicionais sobre produtos importados dos Estados Unidos para 125%. Eles estão preparados para uma luta até o fim.

Após a suspensão tarifária mútua, os preços das ações dos EUA subiram na maior margem do mercado e o mercado de títulos do governo pareceu ter recuperado a estabilidade, mas no dia seguinte as ações caíram acentuadamente novamente. Desde então, o mercado continua nervoso, pois a incerteza não foi dissipada.

Para o Japão, as negociações futuras com os Estados Unidos serão o maior desafio, mas a maior preocupação será como a guerra tarifária entre EUA e China irá terminar. Desta vez, gostaria de considerar os "riscos muito grandes que podem parecer improváveis, mas que podem existir" que podem ser vistos nas ações do governo Trump até agora.

Primeiro, há a imposição de uma tarifa anormalmente alta de 145% somente à China. O impacto na economia chinesa será imensurável. Mas isso não deterá a China.

A China é um país que valoriza a aparência. É inaceitável que a China peça docilmente negociações com os Estados Unidos, que foram os primeiros a atacar, tanto em termos da reputação do presidente Xi Jinping quanto em relação à opinião pública. Então, quem vencerá?

Em 2024, as importações dos Estados Unidos da China serão de US$ 438,9 bilhões, enquanto as importações da China dos Estados Unidos serão de US$ 143,5 bilhões, então a China está em uma posição mais fraca.

No entanto, os Estados Unidos são um país democrático e, se a batalha de retaliação se intensificar, as pessoas afetadas começarão a criticar o presidente Trump. Considerando as eleições de meio de mandato do ano que vem, eles podem ter que chegar a um acordo em algum ponto. Além disso, se os preços das ações caíssem ou a China vendesse uma grande quantidade de seus títulos do Tesouro dos EUA, causando turbulência no mercado de títulos do governo dos EUA, há uma possibilidade de que uma situação semelhante àquela em que Trump foi forçado desta vez possa ocorrer.

Enquanto isso, na China, os controles de informação permitem que as pessoas redirecionem sua frustração com a turbulência econômica do Presidente Xi para os Estados Unidos. Até recentemente, as mídias sociais estavam repletas de comentários criticando o governo chinês e até mesmo o presidente Xi sobre a recessão e o aumento dos preços, mas agora essas críticas estão sendo focadas nos Estados Unidos e no presidente Trump, e parece haver um número crescente de postagens sobre o governo chinês dizendo coisas como "continue com o bom trabalho" e "confiamos em você".

Além disso, enquanto nos Estados Unidos o governo geralmente não pode manipular os preços das ações, a China pode aliviar a turbulência por meio de várias intervenções. De fato, foi relatado que fundos afiliados ao governo chinês e outros compraram grandes quantidades de ETFs para apoiar os preços das ações.

■ Forças que querem intensificar o conflito EUA-China

Olhando dessa forma, parece bem provável que, mesmo que a China sofra um golpe econômico maior, o dano político será maior para os Estados Unidos.

Apesar disso, por que os Estados Unidos estão impondo tarifas ainda maiores à China e aprofundando o conflito?

Uma possibilidade é que forças que querem intensificar o conflito entre os Estados Unidos e a China estejam ganhando vantagem dentro do governo Trump. Se os Estados Unidos não estão dispostos a chegar a um acordo com a China em algum ponto, mas querem esmagá-la completamente e impedi-la de desafiá-los novamente, então é compreensível que isso intensifique a guerra tarifária ao máximo. Eles podem estar pensando que estão dispostos a ir para a guerra.

Mesmo que esse não seja o caso, pode haver pessoas que, ao mesmo tempo em que pressionam a China para um impasse econômico, queiram incitar ainda mais a ameaça de uma emergência em Taiwan e, na verdade, forçar a China a atacar Taiwan.

Dizem que o presidente Trump odeia a guerra, mas isso porque ele acredita que ela não é rentável. Se houver uma guerra na qual os Estados Unidos possam ganhar, eles não podem se opor a ela.

Há uma série de coisas acontecendo que dão origem a tais preocupações.

Primeiro, vamos analisar os comentários feitos pelo Secretário de Defesa dos EUA, Hegseth. "O Japão estará na linha de frente de qualquer contingência que possamos enfrentar no Pacífico Ocidental", disse ele durante uma reunião com o Ministro da Defesa, Gen Nakatani. "No Pacífico Ocidental" significa que o Japão assumiria a liderança dos combates no caso de uma emergência em Taiwan.

É claro que os Estados Unidos não disseram que não lutarão, mas têm consistentemente assumido uma posição ambígua sobre se defenderão ou não Taiwan. Trump, que não tem interesse em justiça, abandonaria Taiwan facilmente. Em resposta a isso, os Estados Unidos querem colocar o Japão sozinho na linha de frente.

Seria difícil para a China ocupar Taiwan, mas um ataque de mísseis seria fácil. Ao atacar fábricas de semicondutores como a TSMC de Taiwan, a empresa de semicondutores mais avançada do mundo, que produz cerca de 90% dos semicondutores usados ​​em IA, é possível reduzir o valor econômico de Taiwan a zero. O obstáculo seria ainda menor se um bloqueio naval interrompesse o fornecimento de semicondutores de ponta. De fato, os militares chineses estão atualmente conduzindo exercícios repetidos para esse propósito.

A próxima preocupação são os relatos de que o presidente Trump disse à TSMC que ela enfrentará impostos de até 100% se não construir uma fábrica nos Estados Unidos. Além das tarifas recíprocas atuais, tarifas especiais serão impostas aos semicondutores, assim como aos automóveis, e parece que a China pretende usar isso como uma ameaça para forçar a TSMC a construir uma fábrica de ponta nos Estados Unidos. A TSMC já está construindo uma fábrica no Arizona, à qual o governo Biden deu US$ 6,6 bilhões em subsídios, mas Trump criticou a iniciativa. Em resposta ao governo Trump, a TSMC anunciou um investimento adicional de US$ 100 bilhões nos Estados Unidos. O presidente Trump disse: "Taiwan tomou semicondutores dos Estados Unidos. Os Estados Unidos já foram reis, mas quase os perdemos", mostrando sua determinação em manter a fabricação de semicondutores de ponta nos Estados Unidos. Em outras palavras, eles estão tentando criar um sistema que não exija suprimentos de Taiwan.

■ Querendo conter o desenvolvimento da IA ​​generativa na China

Além disso, a TSMC está atualmente sob investigação das autoridades dos EUA por suspeitas de que seus semicondutores são usados ​​em processadores de inteligência artificial (IA) da Huawei, uma gigante chinesa de equipamentos de telecomunicações que está sujeita a restrições dos EUA e pode enfrentar multas de mais de US$ 1 bilhão. Da perspectiva dos EUA, é por isso que eles acreditam que é perigoso ter fábricas de ponta em Taiwan, e que todos os semicondutores para nova IA devem ser feitos nos Estados Unidos.

Somando tudo isso, significa que não basta construir fábricas de ponta nos Estados Unidos; Também precisamos eliminar fábricas em Taiwan, que fica mais perto da China.

Recentemente, a China vem realizando repetidos exercícios ao redor de Taiwan como se estivesse simulando um bloqueio naval de Taiwan ou uma operação anfíbia na ilha, mas, na realidade, a causa disso é o movimento de independência de Taiwan. Dizem que os Estados Unidos estão por trás disso. Por exemplo, um exemplo público é que em maio de 2024, logo após a posse do novo presidente, Lai Ching-te, que era originalmente um defensor da independência de Taiwan, uma delegação bipartidária de legisladores dos EUA visitou Taiwan e expressou apoio à nova administração.

Vale ressaltar que, em fevereiro deste ano, o Departamento de Estado dos EUA removeu a frase "Os Estados Unidos não apoiam a independência de Taiwan" de sua ficha informativa sobre Taiwan, que havia sido incluída anteriormente na declaração. Isso pode ser interpretado como uma declaração de intenção do governo dos EUA, e não do Congresso, de mudar o curso e apoiar a independência de Taiwan, um ato provocativo em um nível diferente do anterior. Cruzando a linha vermelha.

Entender a importância da IA ​​generativa é essencial para entender essa situação. O que os Estados Unidos mais temem é que a China ultrapasse os Estados Unidos em IA generativa e alcance a singularidade (quando a IA atinge um nível de inteligência que iguala e até supera a inteligência humana; a conclusão da superinteligência artificial, ou ASI) primeiro. Deixarei os detalhes para outra ocasião, mas se a China ganhar domínio global por meio da IA, isso significará que ela ganhará domínio não apenas na economia, na ciência e na tecnologia, mas também nas forças armadas, e o mundo começará a se curvar à China. Para evitar isso, precisamos conter o desenvolvimento de IA generativa na China. Para esse fim, os Estados Unidos implementaram várias regulamentações relacionadas a semicondutores avançados, mas brechas impediram que seus objetivos fossem alcançados. Portanto, a China pode estar planejando concentrar toda a produção de semicondutores de IA de ponta, seu calcanhar de Aquiles, nos Estados Unidos, a fim de controlar o fornecimento global.

Dessa perspectiva, faz sentido encurralar completamente a China economicamente e então provocar Taiwan ao extremo para encorajar a China a atacar Taiwan e canalizar seu descontentamento interno para o exterior.

Eles podem estar exigindo que a Rússia rompa sua aliança com a China em troca de dar à Rússia um tratamento especial, isentando-a de tarifas recíprocas e chegando a uma conclusão favorável nas negociações de cessar-fogo com a Ucrânia. O objetivo é isolar a China.

■ Os Estados Unidos são um país que cria “desculpas para a guerra”

Por outro lado, houve recentemente um movimento entre os países do Sul Global para se distanciarem dos Estados Unidos e reavaliarem a China. Isso é perigoso da perspectiva americana.

Se a China atacasse Taiwan, há uma possibilidade de que o mundo inteiro se unisse em um sentimento anti-China. A China ficará isolada e não terá para onde escapar. É isso que os EUA querem.

Mesmo que uma guerra aconteça, os Estados Unidos não participarão. Eles colocarão as Forças de Autodefesa do Japão na linha de frente e farão com que comprem grandes quantidades de armas e munições dos Estados Unidos sob o pretexto de "apoio". A América prosperará, mas ninguém morrerá. Se tropas chinesas desembarcarem em Taiwan, elas serão atacadas e, sob o pretexto, o Japão será encarregado de atacar o território taiwanês com mísseis e ataques aéreos. Ao mesmo tempo, eles destruirão as fábricas da TSMC, criando uma situação em que as únicas fábricas de ponta restantes serão as da TSMC, Samsung e Intel nos Estados Unidos. Não haverá guerra entre os EUA e a China. Isso evitará a saída de semicondutores de ponta para a China e, se os Estados Unidos conseguirem criar uma lacuna de mais de 10 anos em relação à China, certamente ficarão à frente da China para atingir o padrão ASI, permitindo que os Estados Unidos dominem o mundo.

Existe uma teoria de que se um presidente democrático que valoriza os direitos humanos e não é um ditador como Trump surgisse naquela época, todos os problemas difíceis seriam resolvidos pela ASI, nos aproximando da utopia.

No entanto, se o presidente for um sucessor ditatorial e ignorante dos direitos humanos do legado de Trump, a distopia oposta pode se abater sobre o mundo. Não é um risco enorme?

No mínimo, devemos evitar ser persuadidos pelos Estados Unidos a se juntar à crise de Taiwan acreditando no argumento simplista de que o mundo será um lugar melhor se a China for excluída da economia global.

Para evitar essa distopia, o Japão precisa trabalhar com a Europa, o Canadá, a Coreia do Sul e o Sul Global, incluindo a ASEAN, a Índia e o Brasil, para garantir que as forças democráticas sejam atores-chave no desenvolvimento de IA de ponta. Nesse sentido, acredito que a cooperação com a China seria benéfica para a estabilidade na Ásia, mas será que a opinião pública japonesa permitirá isso?

Pode parecer uma ideia absurda, mas até Trump entrar em cena, quem imaginaria que impor unilateralmente tarifas de várias dezenas de por cento seria permitido? Parecia altamente improvável. Os Estados Unidos são um país que cria pretextos para a guerra para si mesmo. O mesmo pode ser dito da Guerra do Vietnã e da Guerra do Iraque. Como podemos ter certeza de que isso não acontecerá desta vez? É importante lembrar que a suposição de que as pessoas são fundamentalmente boas não se aplica mais nos Estados Unidos.

https://news.yahoo.co.jp/articles/4a1d6 ... cfb?page=4




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Re: Guerra Comercial

#72 Mensagem por akivrx78 » Qui Abr 17, 2025 9:43 am

Governo Trump planeja usar negociações tarifárias para isolar a China: WSJ
4/16 (qua) 10:15 distribuição

(Bloomberg) -- O governo Trump planeja usar negociações tarifárias para pressionar os parceiros comerciais dos EUA a limitar os negócios com a China, de acordo com uma reportagem do Wall Street Journal.

O objetivo é extrair compromissos dos parceiros comerciais para isolar a economia chinesa em troca da redução das barreiras comerciais e tarifárias impostas pela Casa Branca, informou o Wall Street Journal, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

Autoridades do governo dos EUA planejam negociar com mais de 70 países para exigir que eles não permitam que a China exporte produtos através de seus países, para impedir que empresas chinesas estabeleçam bases lá para evitar tarifas dos EUA e para bloquear a entrada de produtos chineses baratos fabricados em suas economias.

Essas medidas visam prejudicar a economia chinesa e enfraquecer o poder de negociação da China antes da cúpula EUA-China, e as demandas específicas podem variar significativamente dependendo do envolvimento de cada país na economia chinesa.

Em relação ao atrito comercial entre os Estados Unidos e a China, ambos os países mantêm uma postura firme, e não parece haver um fim à vista para o conflito. No dia 15, o presidente dos EUA, Trump, disse que a China precisa fazer contato para iniciar negociações para resolver o crescente atrito comercial entre os EUA e a China.

O WSJ disse que a Casa Branca e o Departamento do Tesouro não responderam aos pedidos de comentários.

https://news.yahoo.co.jp/articles/4339a ... e0f16b7893




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Re: Guerra Comercial

#73 Mensagem por akivrx78 » Qui Abr 17, 2025 4:32 pm





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Re: Guerra Comercial

#74 Mensagem por Suetham » Sáb Abr 19, 2025 9:29 am

akivrx78 escreveu: Qui Abr 17, 2025 9:43 am
Governo Trump planeja usar negociações tarifárias para isolar a China: WSJ
4/16 (qua) 10:15 distribuição

(Bloomberg) -- O governo Trump planeja usar negociações tarifárias para pressionar os parceiros comerciais dos EUA a limitar os negócios com a China, de acordo com uma reportagem do Wall Street Journal.

O objetivo é extrair compromissos dos parceiros comerciais para isolar a economia chinesa em troca da redução das barreiras comerciais e tarifárias impostas pela Casa Branca, informou o Wall Street Journal, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

Autoridades do governo dos EUA planejam negociar com mais de 70 países para exigir que eles não permitam que a China exporte produtos através de seus países, para impedir que empresas chinesas estabeleçam bases lá para evitar tarifas dos EUA e para bloquear a entrada de produtos chineses baratos fabricados em suas economias.

Essas medidas visam prejudicar a economia chinesa e enfraquecer o poder de negociação da China antes da cúpula EUA-China, e as demandas específicas podem variar significativamente dependendo do envolvimento de cada país na economia chinesa.

Em relação ao atrito comercial entre os Estados Unidos e a China, ambos os países mantêm uma postura firme, e não parece haver um fim à vista para o conflito. No dia 15, o presidente dos EUA, Trump, disse que a China precisa fazer contato para iniciar negociações para resolver o crescente atrito comercial entre os EUA e a China.

O WSJ disse que a Casa Branca e o Departamento do Tesouro não responderam aos pedidos de comentários.

https://news.yahoo.co.jp/articles/4339a ... e0f16b7893
O problema com isso é que a China também tem uma forte influência econômica e pode decisivamente pressionar esses aliados a continuarem neutros nessa guerra comercial. Cada país que ceder para um lado ou não ceder, acabará recebendo fogo do outro lado.




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Re: Guerra Comercial

#75 Mensagem por Suetham » Sáb Abr 19, 2025 9:37 am

https://www.forte.jor.br/2025/04/14/chi ... s-globais/
China suspende exportações de minerais críticos, impactando indústrias globais

https://www.forte.jor.br/2025/04/15/chi ... s-dos-eua/
China muda regra de origem e impõe novo golpe às fabricantes de chips dos EUA

Essa aqui abaixo é importante:
https://www.aereo.jor.br/2025/04/15/chi ... s-dos-eua/
China proíbe companhias aéreas de comprarem jatos da Boeing em retaliação a tarifas dos EUA

Acredito que isso deve ter sido uma retaliação por causa da agressividade americana em relação a indústria naval chinesa que caiu em 90% em pedidos no 1º T de 2025 em relação ao ano passado, com Coreia e Japão conseguindo aumentar a participação global dos pedidos em detrimento da China.

Considero esta ação da China uma resposta bastante equivalente ao ataque dos EUA à indústria naval chinesa.

Os EUA estão atacando uma das maiores indústrias da China, enquanto a China retalia atacando uma de suas maiores indústrias, a aeronáutica civil.







A Boeing é a maior exportadora dos EUA em dólares. A China ainda tem mais um fator para atacar a Boeing, o F-47.



https://www.cnbc.com/2025/04/16/china-r ... alls-.html
China replaces top international trade negotiator as talks with Washington stall



















O Pentágono conduziu “jogos de mesa” sobre a guerra econômica dos EUA com a China. E nesses jogos, a China quebrou a economia e o sistema financeiro americano.

Eric Weiner (repórter-chefe de ações da redação de notícias dos EUA da Bloomberg) contou a seguinte história: ele falou (para seu livro sobre a "economia paralela do mundo") com participantes de "jogos de guerra" organizados pelo Pentágono para avaliar as perspectivas de uma guerra econômica com a China. Como o próprio jornalista disse: é como uma guerra, só que em vez de generais liderando exércitos, banqueiros e gestores de fundos de investimento especialmente convidados jogaram na simulação de “operações de combate” de ambos os lados (ou seja, “para os chineses” e “para os EUA”).

O resultado, como diz Weiner: “Os EUA continuaram a perder” — "O lado americano vem perdendo o tempo todo [...] Eles [os chineses] podem esgotar nosso Tesouro, podem prejudicar o dólar, podem nos forçar a nos submeter de uma forma que ninguém mais pode."

Questionado por seus colegas da Bloomberg se tal cenário era provável agora, ele respondeu: "Então já estamos nesse cenário."




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