SYRIZA vence eleições gregas

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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#61 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Fev 20, 2015 4:57 pm

EUROGRUPO E GRÉCIA CHEGAM A PRINCÍPIO DE ACORDO

Informação é avançada à Reuters por fonte do governo grego. Acordo não está fechado, mas há base de entendimento - trata-se de um esboço comum. Tsipras pediu cimeira caso o acordo falhasse

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/eurogrupo-e-gre ... z3SJSevwy2




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#62 Mensagem por P44 » Sex Fev 20, 2015 5:08 pm

Princípio de acordo para a Grécia. "O que está em causa é uma atitude política diferente"
Para Pedro Santos Guerreiro, diretor executivo do Expresso, "não só é dado tempo e financiamento, mas sobretudo é reduzida a conflitualidade das últimas semanas".

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/principio-de-ac ... z3SJWAUP6l


o passinhos ainda vai ter um AVC...




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#63 Mensagem por P44 » Sex Fev 20, 2015 5:34 pm

passos coelho sempre a defender os interesses da sua pátria... a Alemanha!!!!
Looks like Germany isn’t the only one Greece has to win over. (Spain and Portugal have anti-bailout parties nipping at their heels.)

#Greece Skai tv reports Spain and Portugal tried to block the deal btwn Greece-Eurozone and had strong objections




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#64 Mensagem por suntsé » Sáb Fev 21, 2015 5:55 am

Eu acho incrível como a liderança Alemã é desagregadora. Desde que eles emergiram como principal liderança na europa, começou a haver mais conflitos e divergências no seio da união européia.

Eu estou começando a acreditar que a unificação Alemã foi um péssimo negócio para os outros países do bloco.




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#65 Mensagem por Bourne » Sáb Fev 21, 2015 7:38 am

O problema da liderança alemã é que lidera os alemães e não os europeus.

As reformas as profundas no sentido de criar um estado federal na UE como o Thomas Pyketty nem entram em pauta. Outras mais levas como de unificar os títulos da dívida pública com o título europeu são debates superficiais proposto por gente como Charles Wyplosz, Barry Eichengreen e Joseph Stiglitz.

Parece que os alemães e outros grandes não tem interesses em fazer reforma e perder vantagens para fazer a UE decolar.

Interessante é que o ministro grego pop-star, Yanis Varoufakis, também não quer mudar a relação entre os países e a UE, mas ganhar flexibilidade. O que também é um péssimo caminho e permite que uma nova Grécia surgir é questão de tempo e de uma nova crise internacional se formar. Isso ocorre cedo ou tarde.




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#66 Mensagem por Bourne » Sáb Fev 21, 2015 9:12 am

A garganteada acabou. [005]
Governo da Grécia volta atrás e promete manter metas fiscais e honrar dívidas

País pediu extensão por seis meses de contrato de empréstimo
POR O GLOBO

ATENAS - Numa corrida para não ficar com os cofres vazios, o governo da Grécia entregou formalmente um pedido para extensão de seis meses de seu acordo de empréstimo junto à zona do euro, no qual faz importantes concessões. No documento, ao qual a agência Reuters teve acesso, o país se compromete a pagar a todos os credores, reconhece o programa de União Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI) e rechaça ações unilaterais que prejudiquem as metas fiscais.

Segundo a Reuters, o país aceita no pedido que a extensão do acordo seja monitorada pelo grupo conhecido como troika — Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional —, uma reviravolta na posição do primeiro-ministro Alexis Tsipras, contrária aos planos de austeridade impostos pelos credores à Grécia, como contrapartida à ajuda financeira.

No dia 8 de fevereiro, em seu primeiro discurso ao Parlamento como premier, Tsipras disse que o resgate havia "fracassado" e que não havia motivo para pedir uma extensão do programa.

— O resgate fracassou. O novo governo não tem justificativa para pedir uma extensão... porque não pode pedir uma extensão dos erros — disse o primeiro-ministro.

No pedido enviado à zona do euro, ainda de acordo com Reuters, a Grécia se compromete a manter o equilíbrio fiscal, a fazer imediatamente reformas para combater a evasão fiscal e a corrupção e a adotar medidas para lidar com o que chama de "crise humanitária" e para estimular o crescimento econômico.

"As autoridades gregas honram as obrigações financeiras da Grécia para com todos os seus credores e também expressam a intenção de cooperar com nossos parceiros para evitar impedimentos técnicos no contexto do Acordo Master sobre o Instrumento de Assistência Financeira que reconhecemos como obrigatório em relação ao seu conteúdo financeiro e processual", disse o documento, informou a Reuters.

PAÍSES-MEMBROS TÊM QUE APROVAR PEDIDO

O programa de resgate expira no dia 28 de fevereiro. Fontes ligadas ao governo grego afirmaram ao jornal “Kathimerini” que o país poderia quebrar, ficando incapaz de honrar seus compromissos, já no dia 24, após registrar um déficit de € 217 milhões na arrecadação de impostos em janeiro. Assim, seria praticamente obrigada a sair da zona do euro, algo inédito desde a criação do bloco, em 1999.

O pedido formal de Atenas será discutido por autoridades de bancos centrais numa teleconferência ainda nesta quinta-feira e por ministros das Finanças da zona do euro em Bruxelas na sexta-feira.

Nesta quarta-feira, porém, apesar de dividido, o Banco Central Europeu aprovou € 68 bilhões líquidos em um fundo de emergência que poderia ser utilizado pelos bancos gregos nas próximas duas semanas.

As negociações para salvar a Grécia chamam a atenção de todo o planeta. Afinal, a dívida do país chega a € 322 bilhões, o que equivale a 174% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

Fora do euro, sem recursos e incapaz de obter empréstimos, o governo grego teria de pagar benefícios sociais e salários de funcionários públicos em notas promissórias até que uma nova moeda fosse introduzida. Atenas teria, ainda, de impor um confisco aos cidadãos.

GREGOS CONTRA PACOTE DE AUSTERIDADE

Saques e remessas de dinheiro ao exterior seriam congelados até que o dinheiro de pessoas, empresas e governo fosse convertido a uma nova moeda, cujo valor seria certamente inferior ao do euro. Além disso, haveria ainda uma possibilidade real de alta da inflação.

Outro ponto complexo de uma quebra seguida de calote seria o risco de contágio financeiro, por meio dos bancos que emprestaram dinheiro aos gregos. No fim das contas, a saída grega do euro não seria bom negócio para ninguém. Daí a importância das negociações.

A Grécia cedeu ao aceitar a negociação detalhada de um novo acordo daqui a alguns meses com o órgão que tanto repudiava. Além de agradar a troika por precisar urgentemente da última parcela do socorro, em torno de € 7 bilhões, o governo Tsipras precisa agradar aos gregos. Foram eles que, em janeiro, depositaram no Syriza a esperança de pôr fim à política de austeridade que veem como responsável pela recessão — no auge da crise, em 2011, a economia encolheu 8,9% — e pelo desemprego na casa dos 25%, o maior do bloco.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/govern ... z3SNQyioYy




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#67 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 21, 2015 10:39 am

A Grécia comprometeu-se a apresentar na segunda-feira medidas de austeridade. Comprometeu-se a cumprir metas, a aceitar a supervisão e a não tomar medidas de forma unilateral. Em troca, tem 4 meses, mas só recebe o empréstimo quando, e se, as medidas forem aceites pela troika, ups, pelos parceiros.

O Syriza teve que voltar atrás em quase todas as pretensões, e basicamente vai ter que gramar com as exigências dos outros 18 países do eurogrupo.

O resultado de tudo isto é uma grande derrota para o Syriza. Mas há sempre quem veja vitórias onde elas não existem...

Já agora:

http://observador.pt/2015/02/20/1985-qu ... al-na-cee/




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#68 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 21, 2015 10:45 am

A Grécia e o grau zero da informação
por José Mendonça da Cruz, em 20.02.15

Finda a negociação decisiva decorrida hoje em Bruxelas sobre o futuro da Grécia e as pretensões do seu governo, eis, em resumo, o acordo provisório e condicional a que se chegou:

- ao contrário do que Tsipras anunciara, a Grécia compromete-se a pagar tudo o que deve e nos prazos em que deve pagar;

- ao contrário da pretensão do Syriza de uma extensão incondicional do empréstimo por 6 meses, o governo do Syryza tem uma extensão de 4 meses do empréstimo condicionada a uma carta que a Grécia entregará até 2ª feira, dizendo que reformas se compromete a fazer;

- em resposta ao desejo da Grécia de não negociar com a troika, foi concedido à Grécia negociar, em vez disso, com os três membros da mesma, ou seja, a União Europeia, o BCE e o FMI;

- a Grécia não será tratada como «uma colónia», como Tsipras pedira; será tratada em termos de paridade com qualquer outro país assistido, e tem até fim de Abril para acordar com a missão tripartida de UE, BCE e FMI num programa para a continuação da assistência e socorro internacional;

- todos os compromissos reiterados pela Grécia perante a missão tripartida (a que nunca mais se chamará troika) não serão vistos como disposições de algum memorando de entendimento (que é na realidade, uma carta de intenções); serão antes considerados como conteúdos de uma carta de intenções;

- entretanto, a Grécia, que quer socorro mas não queria compromissos, assume o compromisso de não tomar unilateralmente medidas que afectem negativamente o seu orçamento, embora possa tomar medidas cujos efeitos sejam orçamentalmente neutros (após demonstrar às três entidades -- a que agora não se chama troika -- que essas medidas são de facto neutras em termos orçamentais).

E, agora, perguntem-se que monumental incompetência, ou que mediocridade ululante, ou que nojo à informação, ou que vontade desbragada de omitir e enganar, terão levado Sic e TVi a dar voz às impressões vagas dos seus correspondentes em Bruxelas, abstendo-se de transmitir em directo a conferência de imprensa em que estiveram presentes, falaram e responderam a perguntas o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, a presidente do FMI, Christine Lagarde, e o comissário europeu para a economia, Pierre Moscovici. Por que razão -- ao contrário de todos os canais internacionais de informação séria, ingleses, franceses, italianos, americanos, árabes -- as televisões portuguesas ignoraram e omitiram a conferência de imprensa onde estava a ser divulgada informação importante e nova, em favor de comentários em estúdio ou de uns debates que farão a desoras. Os nossos media, parece-me a mim, não informam apenas mal e manipulativamente; impedem, ocultam, omitem, barram pura e simplesmente a informação.

:arrow: http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/a-grec ... ao-5962517




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#69 Mensagem por P44 » Sáb Fev 21, 2015 11:17 am

Tsipras diz que acordo com o Eurogrupo “deixa para trás a austeridade"

PÚBLICO

21/02/2015 - 12:57

“Ganhámos uma batalha mas não a guerra […] as dificuldades reais estão à nossa frente”, afirmou, numa declaração televisiva.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse este sábado que o acordo de sexta-feira com o Eurogrupo “deixa para trás a austeridade, o memorando, a troika”, mas que as “dificuldades reais” estão para chegar.

“Ganhámos uma batalha mas não a guerra […] as dificuldades reais estão à nossa frente”, disse, numa declaração televisiva. “Evitámos a asfixia da Grécia”, afirmou, “mas o pior vem agora".

“Com o decisivo apoio do povo grego, conservámos a dignidade da Grécia, no dia que foi talvez o mais importante desde que está na União Europeia”, declarou também.

Na reunião do Eurogrupo de sexta-feira foi aprovada uma extensão do acordo de financiamento entre a Grécia e os seus parceiros da zona euro por quatro meses, até ao final de Junho. O acordo está condicionado à aceitação de uma lista de medidas e reformas estruturais que o Governo de Atenas terá de apresentar em Bruxelas já na segunda-feira.

http://www.publico.pt/mundo/noticia/tsi ... de-1686869




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#70 Mensagem por P44 » Sáb Fev 21, 2015 11:18 am

suntsé escreveu:Eu acho incrível como a liderança Alemã é desagregadora. Desde que eles emergiram como principal liderança na europa, começou a haver mais conflitos e divergências no seio da união européia.

Eu estou começando a acreditar que a unificação Alemã foi um péssimo negócio para os outros países do bloco.

Pior foi o Euro, que permite à Alemanha ir governando a Europa sem ter disparado um tiro.




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#71 Mensagem por DSA » Sáb Fev 21, 2015 12:58 pm

Pior de tudo e continuar a haver pessoas como o P44 que pensa que a culpa da nossa falência é da Alemanha.
Caro P44 O Estado Português ainda gasta mil milhões a mais, por mes do que aquilo que arrecada! 12 mil milhões por ano!


E a culpa é da Alemanha..... santa ignorância!




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#72 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 21, 2015 1:55 pm

As entradas de leão, e a saída de sendeiro, do Syriza
José Manuel Fernandes


A Grécia teve de ceder em quase tudo. De tal forma que pouco sobra das principais bandeiras eleitorais do Syriza. Porque a realidade é a realidade. E porque, ao negociar, a arrogância é má conselheira.

O Syriza “hollandou”. Não cedeu ainda em tudo, mas já foi obrigado a deixar cair muitas das suas promessas eleitorais. E nem um mês passou da ida às urnas.

Diz o povo, e com razão, que “entradas de leão, saídas de sendeiro”. Foi exactamente o que aconteceu. É por isso que não são possíveis duas leituras do acordo a que se chegou no Eurogrupo: eram 18 contra um, e os 18 tiveram ganho de causa em quase todas as alíneas. O que ficou de fora serve mais para salvar a face aos gregos (por enquanto) do que para qualquer outra coisa mais.

Recapitulemos. A promessa eleitoral de Tsipras era que iria renegociar a dívida, obter um perdão substancial (metade?) e formar uma coligação de convocasse uma conferência europeia sobre as dívidas soberanas. A seguir, Varoufakis andou pela Europa a tentar vender uma solução para a dívida grega que já não falava em perdão, mas implicaria sempre grandes perdas para os credores. Na sexta-feira o acordo diz taxativamente que a Grécia se compromete a honrar as suas dívidas e os seus prazos de pagamento.

No discurso de vitória da noite eleitoral, Tsipras proclamou que o memorando tinha acabado e troika também. No acordo ficou escrito que o memorando passou a chamar-se “o actual acordo” e a troika mudou de nome para “as instituições”, algo que estas, de resto, agradecem. Os técnicos que costumavam visitar Atenas vão continuar a visitar – e a vigiar – Atenas. O dinheiro também só voltará a fluir para a Grécia quando “as instituições” e o Eurogrupo aprovarem.

Na primeira reunião do Governo, realizada com as portas escancaradas e as televisões a transmitirem em directo, foram anunciadas medidas que representavam uma violação clara dos acordos com que a Grécia se tinha comprometido, como o imediato aumento do salário mínimo ou a suspensão das privatizações. Agora, no acordo do Eurogrupo, a Grécia aceitou que não tomará “medidas unilaterais”.

O único ponto de abertura do Eurogrupo foi para alterar as metas do excedente primário. É algo que a Grécia poderia ter obtido com uma negociação mais normal – como de resto obtivera no passado e Portugal também já obteve.

Julgo por isso que Vital Moreira tem toda razão: “o novo Governo grego teve de abandonar todos os seus objetivos “antiausteritários”: nem corte na dívida, nem fim da austeridade orçamental, nem reversão das medidas tomadas, nem novo empréstimo à margem do programa de resgate em vigor (que o Syriza tinha declarado morto e sepultado), nem fim da supervisão da troika (que só perde o nome).”

No dia a seguir às eleições gregas escrevi – a contravapor de toda a euforia que por aí ia – que naquele momento é que começavam as dificuldades do Syriza. Não esperava que a realidade me desse razão tão depressa.

Porque é que Tsipras e Varoufakis tiveram de mudar de política tão depressa?

A resposta é simples, cristalinamente simples: porque a Grécia não tinha dinheiro. Não tinha dinheiro para pagar os empréstimos nas datas previstas. Começava também a não ter dinheiro nos bancos, de onde os gregos estavam a levantar mil milhões de euros por dia não apenas para os colocar fora do país, mas também para nos guardar na gavetas, nos frigoríficos e, sim, claro, debaixo dos colchões. Arriscava-se a nem sequer ter dinheiro para pagar aos funcionários e aos pensionistas porque os contribuintes estavam a deixar de pagar impostos (menos 40% de receita do que o previsto só em Janeiro).

Nada disto deveria ter sido uma surpresa para o novo governo grego pois ou era uma decorrência dos acordos que o país assinara, ou a reacção normal de cidadãos assustados com a possibilidade de uma saída do euro e do regresso ao dracma. Mas a dimensão do colapso financeiro que estava em curso e as consequências do facto simples de o BCE ter semi-cerrado as torneiras do dinheiro deixaram o executivo de Atenas entre a espada e a parede. Só lhe restava ceder.

Mas há mais: a estratégia confrontacional e hipermediatizada do governo grego foi a pior possível se realmente queria chegar a um bom acordo. Desde o primeiro dia que Tsipras optou pela guerra aberta, às vezes quase pelo insulto, tal como desde o primeiro aeroporto estrangeiro em que aterrou que Varoufakis preferiu sempre explicar primeiro aos jornalistas aquilo que pretendia e só depois reunir-se com os seus parceiros. Atenas fez subir a parada, porventura pensando – como pensam sempre os revolucionários – que levantaria “as massas” europeias em seu apoio. As “massas” ficaram-se por uns magros ajuntamentos (em Portugal nem se deu por eles e pelo seu fracasso) ao mesmo tempo que as opiniões públicas, sobretudo nos países que mais pesam, passaram a ser mais exigentes com os seus governos. A opção pelo confronto aberto fez com que os ministros das Finanças tivessem menos margem para quaisquer cedências, pois toda a negociação se tornou pública e uma espécie de combate de gladiadores. O estilo iconoclasta levado ao limite de Varoufakis (que agora até usa a gola do casaco levantada, para ser original), quando não a sua má criação, ainda tornaram mais difíceis as negociações.

Mas o ponto essencial, e que a Grécia pareceu esquecer, é que um país não pode pedir apoio e ao mesmo tempo formular as condições, como recordou o social-democrata Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, no final da reunião de sexta-feira.

E foi assim que Varoufakis acabou a dar uma conferência de imprensa a tentar apresentar como uma vitória o que era uma derrota, uma conferência de imprensa a lembrar aquela em que Sócrates quis apresentar aos portugueses os termos do Memorando de Entendimento como uma grande vitória do seu governo. Viu-se aqui, ver-se-á na Grécia.

E agora, o que se segue?

Antes do mais segue-se que o acordo de sexta-feira é apenas um pré-acordo. Ainda tudo pode descarrilar, é bom ter isso bem presente. A primeira dificuldade do governo de Atenas será vender o acordo aos seus próprios deputados. Isto ao mesmo tempo que tem de cumprir um prazo de 72 horas para, finalmente, apresentar as medidas concretas que permitam aos parceiros ter garantias de que o que foi assinado não tem apenas o valor de um papel cheio de boas intenções. Só depois de essas medidas serem aprovadas pelos técnicos da “ex-troika” e validadas pelo Eurogrupo é que o acordo poderá ser dado por concluído. A seguir haverá nova avaliação no final de Abril. Isto antes de o período de extensão do financiamento caducar no final de Junho, isto é, na véspera de a Grécia ter de pagar 6.9 mil milhões em empréstimos que vencem em Julho e Agosto. Ou seja, a Espada de Dâmocles da falta de dinheiro continuará, ameaçadora, sobre as cabeças de Tsipras e Varoufakis.

As coisas não tinham de correr desta forma, mas correram porque tudo o que o governo grego fez nestas semanas foi agravar o clima de falta de confiança que a vitória do Syriza já criara nas outras capitais europeias. A arrogância com que, logo depois das eleições, Varoufakis disse, em várias entrevistas, que sabia que, no fim, a Alemanha acabaria sempre por ceder voltou-se contra ele. A petulância com que Tsipras anunciou que não cumpriria as regras europeias também não o ajudou a encontrar um só aliado no Eurogrupo. Nem sequer Chipre, quanto mais a Itália ou a França.

Este processo deve também fazer-nos reflectir sobre algumas coisas que por aí se vão dizendo. A mais comum de todas é que teria bastado a Portugal “bater o pé” ou “dar murros na mesa” para, nestes anos, ter conseguido melhores condições. E que no futuro deve ser esse o caminho. Já se vira o que essa estratégia de muita garganta e pouca substância rendera a François Hollande, agora está a ver-se o que ela trouxe a Alexis Tsipras.

A Irlanda e Portugal, ao longo destes anos, tiveram algumas negociações complicadas no Eurogrupo. E choques com “as instituições”. No nosso caso esteve-se mesmo à beira da ruptura durante a sétima avaliação. Mas os dois países foram conseguindo melhorar as suas condições, já lograram renegociar aqui e além as suas dívidas e as taxas de juro associadas. Portugal até o conseguiu concluir uma dessas renegociações esta semana, no meio da tempestade grega.

Sempre houve quem achasse, e quem continua a achar, que gritando em Portugal contra aquilo a que agora se chama “as instituições” se obteriam melhores resultados em Bruxelas. Não será altura de aprenderem um pouco com os erros e os fracassos alheios?

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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#73 Mensagem por P44 » Sáb Fev 21, 2015 2:30 pm

Tao triste como tantos "portugueses" rezam a todos os santinhos para que a Grécia e o Syriza falhem e matem (alguma) esperança que renasceu após a sua vitória. É ver esses abutres fanáticos da austeridade babarem-se de felicidade a qualquer "recuo"...tristes miseráveis nojentos que nao tem outro nome...vendidos, o retrato mais actual de um povo de cobardes e submissos.

Nao tenho a menor dúvida de que, tivesse a Alemanha invadido portugal na WW2, seriamos o país com o maior numero de colaboracionistas por metro quadrado.

Nojo de gente!




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#74 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 21, 2015 3:12 pm

P44 não é isso, o Syriza fez promessas que não podia cumprir, mandaram bocas a meia europa, ameaçam não pagar o que devem pagar (isto depois de terem sido perdoados em metade da divida).

De onde pensas que sai esse dinheiro? Da Alemanha? Não meu caro, sai de todos, incluindo do contribuinte Português.

Achas que eles fizeram bem em terem recusado tomar esta e a outra medida? Para mim é indiferente, mas na prática a Grécia tem uma taxa de desemprego maior que a Portuguesa e a quantidade de pessoas a emigrar é mais do dobro que em Portugal.

Eu não concordo com muitas medidas defendidas pela Troika e colocadas em prática com excesso de zelo pelo nosso governo, mas pensar que podia continuar tudo como dantes, voltar a chamar FP que já tinham sido despedidos, quando não têm dinheiro para pagar aos que estão em funções, é de bradar aos céus.




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Re: SYRIZA vence eleições gregas

#75 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 21, 2015 3:16 pm

Já fomos visitados muita vez por navios de guerra Chineses, mas nunca vi o PM a ir pessoalmente recebe-los.

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Deve ser para tranquilizar a UE...




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