LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#61 Mensagem por LeandroGCard » Seg Mar 23, 2015 12:06 pm

Um conto "ligth", para divertir um pouco o pessoal nestes dias sombrios.
Imagem

Abduzido!


Jão parou o carro no acostamento de terra irregular da estradinha de duas pistas, rente ao capim alto que crescia entre as árvores ao redor, e saltou apressado sem nem mesmo desligar o motor. Muitas cervejas em sequencia podiam causar aquela reação. Ele correu para uma grande árvore pela qual havia acabado de passar e que estava alguns metros mais trás, postou-se de frente para o tronco, abriu a braguilha e começou a se aliviar na escuridão da madrugada, tendo apenas o tênue reflexo dos faróis no asfalto para iluminar o que estava fazendo.

A noite havia sido boa. Não excelente, ou ele teria companhia e não estaria voltando para casa, mas boa mesmo assim. Sempre valia à pena ir ao baile na cooperativa da cidade vizinha, tão maior e mais importante do que aquela onde ele vivia que tinha até um shopping e um hospital. As mulheres no baile eram gente refinada, nada de viúvas solitárias, donas de casa entediadas ou mocinhas em idade escolar. Eram todas profissionais, com carreiras sólidas e experiência de vida: faxineiras, diaristas, balconistas de loja e até operárias de algumas das pequenas indústrias de produtos agropecuários que abundavam na região. Elas tinham seus próprios rendimentos, e isso lhes dava a liberdade de sair com quem quisessem e fazer o que bem entendessem, sem ficar cobrando dele coisas que ele não estava disposto a oferecer. Era um verdadeiro paraíso para alguém como Jão, jovem, solteiro, forte e trabalhador especializado da construção civil, que ganhava um salário suficiente até para adquirir o excelente automóvel que ele possuía, um Tempra 1993 prateado quase em estado de novo comprado a perder de vista um ano e meio atrás, em 2012.

O carro era mantido na garagem da casa da família, que tinha bastante espaço já que seu pai nunca pudera comprar um carro próprio, e servia às necessidades urgentes de todos e para as saídas de fim-de-semana do rapaz. Mas ele evitava utilizá-lo em qualquer outra ocasião, para minimizar seu desgaste já que algumas das peças daquele modelo custavam mais caro do que de vários meses do seu salário. Nos sábados à noite, contudo, não havia argumento que pudesse impedir Jão de pegar seu carango e ir até o baile da cooperativa onde o porte, a cor e os bancos de couro do veículo já eram meio caminho andado para que ele conseguisse companhia feminina.

E daquela vez não havia sido diferente. Logo ao descer do Tempra em frente ao baile ele notara as jovens olhando para ele com sorrisos mal disfarçados no rosto, e escolhera a que mais lhe agradara para convidar a dançar. Outras se ofereceram de livre e espontânea vontade ao longo da noite, e ele se esbaldara como poucas vezes antes. Mas no final do baile a moça que ele queria dissera que tinha de chegar em casa cedo, além de estar acompanhada por algumas primas. Assim ele não tivera opção a não ser se despedir dela e combinar para se encontrarem no próximo final de semana. A agora ali estava ele, indo para casa sozinho no meio da madrugada um pouco animado demais e atento de menos devido ao excesso de álcool.

Foi então que ele percebeu pelo canto dos olhos um aumento na luminosidade que vinha da direção de seu carro. Por alguns segundos pensou que era apenas sua vista se adaptando à escuridão, mas quando notou os contornos de sua própria sombra projetada no tronco bem na sua frente achou que aquilo era luz demais. Algum outro veículo devia estar se aproximando pela estrada, em direção oposta à que ele estivera seguindo, e seus faróis estavam a ponto de iluminá-lo e deixar suas vergonhas à mostra. Rapidamente ele terminou o que estava fazendo, e puxou o zíper para cima tão apressado que quase prendeu com ele o que não devia. Soltando um palavrão o jovem virou-se para observar o automóvel ou caminhão que pela intensidade da luz já devia estar quase chegando ali e então estacou, absolutamente estarrecido pelo que via.

Flutuando sobre seu carro, talvez a oito ou dez metros de altura, estava um enorme objeto prateado e luminoso, do tamanho de um avião de passageiros mas com o formato de um prato de sopa invertido, e que emitia estranhos feixes de luzes coloridas de sua parte inferior. Um autêntico disco voador!

Apavorado, Jão não sabia se corria ou se desmaiava, mas não teve tempo de fazer nem uma coisa nem outra. Uma das luzes coloridas o alcançou, e ele imediatamente sentiu uma sensação de enjoo enquanto seus pés descolavam do chão e ele passava a voar indefeso em direção àquela coisa flutuante. Seu estado de pânico era tão absoluto que ele sequer conseguia respirar, mas mesmo se debatendo como um peixe fora d´água ele não podia se livrar da força que o atraía para dentro do que percebia agora ser uma abertura iluminada na lateral do veículo espacial que o capturara. Alguns segundos depois o rapaz era depositado no piso de uma sala de grandes proporções enquanto a abertura por onde ele entrou se fechava e o disco disparava para cima, desaparecendo entre as estrelas em poucos instantes.

Os olhos do pobre azulejista demoraram um pouco para se acostumar à luz cegante que o envolvia, mais forte que a do sol sem, contudo, emitir qualquer calor. Por isso ele não percebeu imediatamente que não estava sozinho. Arfando apoiado de quatro sobre o piso branco e liso da grande sala, apenas quando uma voz soou em sua cabeça ele notou o estranho ser postado alguns metros à sua frente. Um alienígena verídico!

A criatura era bem alta, com mais de dois metros de altura. Seu corpo era estreito, de uma magreza antinatural, e vestia o que parecia ser uma malha justa branca com múltiplos detalhes dourados. Onde a pele estava visível, como na cabeça, no pescoço e nas mãos, ela era coberta por uma curta e densa pelagem amarelada, com minúsculas pintas pretas irregulares lembrando o pelo de um guepardo que Jão havia visto na televisão uma vez. Sua cabeça era larga na base e pontuda, como uma seta que encimasse um poste. Os olhos eram duas grandes semiesferas protuberantes como os de um sapo, mas de um verde escuro uniforme e sem expressão que remetia a enormes esmeraldas polidas. Não havia nenhum sinal de nariz, e a boca mal passava de um pequeno risco horizontal colocado sobre um queixo demasiadamente pequeno e arredondado. E ela não se movia quando a criatura falava:

- Acredito que a esta altura você queira se levantar, – Começou a dizer o alienígena diretamente para a mente de Jão. – esta posição agachada não é natural para a sua espécie.

- O quê? – retrucou o rapaz, pois não lhe ocorrera nada melhor para dizer.

- Levante-se. – Ele ouviu novamente em sua cabeça. – E siga-me. Precisamos nos apressar.

- Quem é você? – Perguntou Jão levantando-se desajeitadamente, com o corpo todo tremendo de tanto medo e respirando fundo para conseguir articular as palavras. – O que vai fazer comigo?

O alienígena não tinha nenhum interesse em trocar ideias com o terráqueo, mas percebeu que o esforço de falar o distraía de sua situação e o acalmava um pouco. E isso tinha o potencial de evitar problemas desagradáveis. Por isso decidiu responder às perguntas do pobre rapaz.

- Sou apenas um visitante esporádico de seu mundo. A trajetória de nossa espaçonave nos trouxe até este ponto da galáxia e como a sua raça possuiu uma forma corporal semelhante à nossa própria decidimos coletar amostras para posterior análise em nosso planeta, quando retornarmos para casa. Agora venha comigo. - Disse a criatura, virando-se e saindo por uma porta que dava para um corredor curvo tão iluminado quanto a sala anterior e que parecia acompanhar o perímetro circular da nave.

- O quê? – começou novamente a desesperar-se Jão, que apesar disso seguiu o alienígena conforme ordenado. – Vocês vão me sequestrar? Me levar para o espaço?

- Não, isso não é permitido. E nem há motivos para que o façamos. – Respondeu o outro sem se voltar - Precisamos apenas de algumas amostras de materiais dos habitantes locais, e depois poderemos criar clones e estudá-los com calma em nosso próprio mundo, sem afetar nenhum indivíduo de seu planeta nem à sua sociedade. Existem leis interestelares com relação a isso. Você em breve será devolvido a Terra, ileso. Pode ficar calmo.

Ouvindo aquilo o rapaz realmente conseguiu se acalmar um pouco. Ele já havia assistido a filmes sobre este negócio de clonagem, e tinha uma vaga ideia de como a coisa funcionava. Pelo que sabia eles não precisariam matá-lo nem arrancar nenhum pedaço importante de seu corpo para fazer um clone, então ele devia estar seguro, ao menos por enquanto. E esta esperança deu-lhe ânimo para deixar escapar outra pergunta, também derivada dos filmes que ele gostava de assistir:

- Você não devia ser baixinho e cinzento, com a cabeça redonda e os olhos pretos?

- Existem realmente umas poucas raças assim como você descreve na galáxia. – Respondeu a voz do alienígena em sua cabeça. – E uma delas costuma de fato passar por este sistema estelar com certa frequência. Mas há também diversas espécies inteligentes de aparência muito diferente, que vocês deste planeta sequer conseguiriam imaginar. As formas que vocês arrogantemente chamariam de antropomórficas representam apenas cerca de sete por cento das civilizações conhecidas.

- O que é an-po-tro-fór-mi-ca? – Perguntou confuso Joaquim dos Santos Aragão, que todos chamavam de Jão desde criança, tropeçando nas sílabas.

O alienígena pareceu respirar fundo de forma impaciente, embora não tivesse nenhum nariz visível e não abrisse a boca nem mesmo para falar, e em seguida respondeu:

- Antropomórfica. A palavra é antropomórfica, e é da sua própria língua. Significa com uma forma parecida com a sua, a dos seres humanos. Ou como a da minha espécie também.

- Ah tá, acho que agora entendi. Sete por cento então... , – disse meio para si mesmo o rapaz abduzido – isso não é muito, não é? Tão pouco assim? Nos filmes os alienígenas sempre tem uma forma meio que igual a nossa, só que com a pele verde, anteninhas e estas coisas. Não é assim mesmo?

- Não, a nossa não é a forma mais frequente de inteligência, embora também não seja das mais raras. Mas é incomum o suficiente para despertar o interesse quando alguma outra raça de mesma configuração física passa por seu mundo. E por isso muitas decidem levar amostras da humanidade para estudos posteriores, ou mesmo por simples curiosidade sem objetivo definido. Seria como se uma tripulação de algum navio de seu povo encontrasse em uma ilha distante uma raça de macacos falantes. Certamente eles levariam alguns com eles, para mostrar em casa. Só que ao invés disso, fazemos clones.

As implicações daquela analogia deixaram Jão incomodado, embora ele não pudesse explicar ou mesmo entender bem o porquê. Macacos falantes? Isso não parecia algo muito importante, no máximo uma coisa para apresentar em um circo ou no Domingão do Faustão. O que ele, ou a humanidade por falar nisso, tinha a ver com aquilo? Mas antes que pudesse perguntar mais alguma coisa o alienígena o introduziu em uma sala menor que a primeira, envolta em uma penumbra um tanto sinistra que fez retornar as apreensões do rapaz, e ordenou:

- Dispa-se. E deite-se nesta plataforma. – E com suas palavras uma espécie de maca flutuante subiu diretamente do chão, aparentemente suportada apenas por mais um facho se luz.

- Pra quê? – Perguntou Jão, novamente começando a se apavorar.

- Apenas para facilitar a coleta das amostras. Não há nada com o que se assustar.

Ainda inseguro o rapaz começou a tirar sua roupa, devagar, preocupado em ficar nu na frente do estranho alienígena. Mas assim mesmo retirou a calça, a camisa, o tênis e as meias, ficando apenas de cuecas.

-Tire isso também. - Disse em sua mente a voz do outro, impaciente. Fique completamente despido e deite-se.

- Não estou gostando disso. – Retrucou Jão. – Porque preciso ficar nu? Vocês nem são médicos nem nada. Ou são?

- É claro que somos. - Mentiu descaradamente o alienígena. – Pode se despir e se deitar tranquilo, já lhe disse que não há o que temer.

- Está bem, mas eu não estou gostando nada disso – Disse o azulejista, retirando sua última peça de roupa e deitando-se na plataforma que lhe pareceu muito dura mas estranhamente aquecida de forma a não ficar demasiadamente desconfortável. E assim que ele fez isso uma forte luz se acendeu no teto, cobrindo-o com um feixe, e ele não conseguiu mais mover nenhum músculo abaixo do pescoço. Ao mesmo tempo mais três ou quatro alienígenas entraram por portas antes não percebidas nas paredes da sala, portando estranhos instrumentos metálicos de aspecto assustador e com diversas pontas e lâminas.

- Mas o que é tudo isso? – Desesperou-se mais uma vez o rapaz – O que são estas coisas, você me disse que nada iria me acontecer! Me solte!

- Eu não menti, você está seguro. Estas coisas são somente instrumentos para a coleta de amostras. Seu corpo foi paralisado apenas para evitar maiores desconfortos. Permaneça calmo.

- Como assim ficar calmo? Estas coisas não são para deixar ninguém calmo! Que é isso afinal, o que vão fazer comigo?

- Já disse, são apenas instrumentos de coleta, condutos transcutâneos, punções oculares e uma sonda anal. Nada com o que se preocupar.

Jão não entendeu quase nada do que disse o alienígena pintalgado, só o nome do último instrumento citado por ele:

- Sonda anal? Que história é essa de sonda anal? Você só pode estar brincando, o que afinal vão fazer com isso? Não dá para fazer um clone só com uma amostra de cabelo ou coisa assim? - E tentando contemporizar acrescentou: - Tá legal, tá legal, pode tirar o meu sangue, eu aguento, mas pára com esta história de sonda anal, pelo amor de Deus! Bota isso pra lá!

Pela primeira vez a boca do alienígena amarelo pintado de negro mostrou um ligeiro movimento, como se esboçando um sorriso irônico. E de forma deliberadamente calma e didática ele disse:

- Seu DNA apenas não é o suficiente para a confecção de um clone. O organismo humano contém uma série de endobiontes, que são fundamentais para o funcionamento do seu metabolismo, e precisaremos de amostras deles também.

- Endo-o-quê? Do que você está falando?

- Endobiontes. São criaturas que vivem dentro de você. Bactérias, fungos e mesmos animais mais complexos. Alguns podem ser parasitas prejudiciais, mas outros são fundamentais para auxiliar os processos metabólicos de todos os organismos do seu planeta. Há leveduras do trato intestinal, bactérias das vias respiratórias, arqueias em seu fluído ocular e até mesmo vírus bacteriófagos vivendo no seu sangue e complementando seu sistema imunológico, algo que seus próprios cientistas ainda desconhecem. Precisamos de amostras de cada uma destas comunidades de micro-organismos, e para isso servem estes diversos instrumentos, inclusive a sonda anal. A flora intestinal é uma das mais importantes e complexas comunidades de endobiontes existentes em seu corpo.

Ouvindo aquilo Jão percebeu o que aconteceria com ele em seguida, e fitando arregalado um ameaçador instrumento cilíndrico de ponta arredondada na mão de um dos alienígenas ainda conseguiu emitir um último grito desesperado antes de ter seus sentidos desligados pelos impulsos hipnóticos concentrados lançados sobre ele: - Nãããão... !

E assim que o rapaz parou de gemer os alienígenas se apressaram em recolher as amostras de que necessitavam. Mas fizeram isso com muito cuidado, de forma a minimizar a chance de contaminar alguma delas e perder os micro-organismos que estavam obtendo, pois se isso acontecesse teriam que retornar àquele mundo e retirar novas amostras do corpo do pobre Jão.


______________________________________________________________________________


O sol já estava quase surgindo no horizonte quando ele despertou. Sua roupa estava estranhamente desalinhada, e a camisa para fora da calça. E, devido ao bloqueio hipnótico que recebera, por mais que tentasse se concentrar ele não conseguia lembrar-se de muita coisa do final da noite anterior. Só de estar voltando sozinho do baile na cidade vizinha, de ter parado para se aliviar e de que a árvore começara a brilhar, ou fora o seu carro, ou alguma outra coisa estava brilhando, muito mesmo. E então ele acordara ali largado no acostamento, e seu carro ainda estava ligado. Sua carteira estava intacta em seu bolso, e Jão concluiu que não havia sido nenhum assalto. Talvez ele tivesse apenas bebido demais naquela noite mesmo.

Caminhando meio trôpego até o Tempra de faróis acesos ele sentia seu corpo doer de forma difusa em lugares estranhos, como no umbigo e no olho direito. E ao se sentar no banco do motorista sentiu também um certo desconforto em outra parte mais recôndita de sua anatomia. Assustado, ele fechou a porta do carro e saiu o mais depressa que podia dali, mas foi se acalmando durante a viagem para casa e já nem pensava mais naquilo ao estacionar na garagem. Seus pais não estranharam o horário de sua chegada, pois não era incomum ele sair do baile acompanhado e demorar até mais para aparecer no dia seguinte. Além disso, era domingo e ele não precisava acordar cedo nem se preocupar em ir trabalhar. Assim sendo Jão apenas tomou um banho, acompanhou os velhos no café da manhã e foi se deitar, para compensar o desgaste daquela noite agitada. E ele nunca mais pensou nos eventos que se sucederam na estrada.

Apenas esporadicamente, quando seu subconsciente aflorava durante a noite transformando seus sonhos em pesadelos, é que Jão se lembrava dos alienígenas de pele amarela pintalgada de preto, e de seus brilhantes e ameaçadores instrumentos metálicos.
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#62 Mensagem por Túlio » Seg Mar 23, 2015 2:38 pm

LeandroGCard escreveu:Um conto "ligth", para divertir um pouco o pessoal nestes dias sombrios.
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Abduzido!


Jão parou o carro no acostamento de terra irregular da estradinha de duas pistas, rente ao capim alto que crescia entre as árvores ao redor, e saltou apressado sem nem mesmo desligar o motor. Muitas cervejas em sequencia podiam causar aquela reação.

(...) e uma sonda anal. Nada com o que se preocupar.

Jão não entendeu quase nada do que disse o alienígena pintalgado, só o nome do último instrumento citado por ele:

- Sonda anal? Que história é essa de sonda anal? Você só pode estar brincando, o que afinal vão fazer com isso?

(...) e fitando arregalado um ameaçador instrumento cilíndrico de ponta arredondada na mão de um dos alienígenas ainda conseguiu emitir um último grito desesperado antes de ter seus sentidos desligados pelos impulsos hipnóticos concentrados lançados sobre ele: - Nãããão... !

Leandro G. Card

PUTZ, terror puro: acabo de descobrir que não é só NA TERRA que c* de bêbado num tem dono, POWS!!! :shock: :shock: :shock: :shock:


:mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:


Sério agora, só de perceber as possibilidades humorísticas deste excelente (para variar) conto do Leandro véio, quase me dá vontade de escrever um também, só que o personagem principal seria um certo Advogado jostafoguense de Volta Redonda. A frase final ficaria assim:
Ou melhor, de quando em vez, seu subconsciente aflorava durante a noite, transformando seus sonhos em pesadelos, e xxx ( :twisted: adivinhem :twisted: ) se lembrava dos alienígenas de pele amarela pintalgada de preto, e de seus brilhantes e ameaçadores instrumentos metálicos, um deles em particular. As coisas só melhoravam quando alguma parte sua ( [003] ) relembrava deliciosas e assustadoras sensações sobre algo que lhe haviam feito, e murmurava suavemente, dormindo:

- Sinto...sinto que te amo, benhê...




"Na guerra, o psicológico está para o físico como o número três está para o um."

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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#63 Mensagem por cassiosemasas » Seg Mar 23, 2015 5:43 pm

LeandroGCard escreveu:Um conto "ligth", para divertir um pouco o pessoal nestes dias sombrios.


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Abduzido!




Leandro G. Card

Cara Muito bom, como disse o Tulio, da vontade de escrever mesmo...dei muita risada do pobre Jão.
poxa o Joinha faz falta mesmo.




...
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#64 Mensagem por cassiosemasas » Seg Abr 27, 2015 10:58 pm

isso ainda não é um livro mas quem sabe um dia chegue lá...

segue aqui o link de um texto ficcional que ando a desenvolver...quem sabe vire um livro um dia. :wink:
A Viagem




...
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#65 Mensagem por Túlio » Ter Abr 28, 2015 11:39 am

cassiosemasas escreveu:isso ainda não é um livro mas quem sabe um dia chegue lá...

segue aqui o link de um texto ficcional que ando a desenvolver...quem sabe vire um livro um dia. :wink:
A Viagem

PUTZ, como conseguiste fazer a capa? Já favoritei e estou vendo se crio uma conta (é que já tenho na Mesa do Editor, mas gostei da interface do Bookess). E não precisavas editar lá no tópico onde originalmente publicaste, era escrever uma pequena sinopse e fim, adicionando o link. Lembrar que não tem tópico COM DONO, só com AUTOR, no nosso véio DB: tudo é para todos!

Já agora, para quem gosta de escrever contos (leia-se LeandroGCard e outros que ainda não se deram a conhecer), vejam abaixo:


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EDIT - Eu adoraria participar, mas não acredito que consiga escrever um texto que preste tendo entre 2 e 5 páginas apenas...




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#66 Mensagem por LeandroGCard » Ter Abr 28, 2015 12:45 pm

Túlio escreveu:EDIT - Eu adoraria participar, mas não acredito que consiga escrever um texto que preste tendo entre 2 e 5 páginas apenas...
Eu não entendo como as editoras as vezes estabelecem tamanhos tão pequenos para os textos que querem colocar em algumas antologias, é realmente muito difícil escrever alguma coisa que tenha significado e qualidade em um espaço tão pequeno. O meu conto sobre vampiros fou recusado na antologia para a qual eu o escrevi porque ficou com MAIS QUE O DOBRO do tamanho limite, e eu ainda achei que acabou resumido demais. Será que é pelo hábito atual do pessoal de ler tudo no computador ou no pad, onde textos maiores realmente se tornam incômodos?

Mas eu tenho pelo menos um conto que cabe neste espaço. Veja abaixo e me dê sua opinião; valeria à pena enviar para esta antologia?

A Boca!


Ao retornar da cozinha Cláudio estacou sob o batente da porta, estarrecido. A maior parte do piso da sala não estava mais lá, e em seu lugar havia apenas uma gigantesca boca, que falava com uma voz ribombante e se dirigia a ele:

- Você sabia que isso podia acontecer, – disseram os lábios enormes, mais grossos do que o corpo de um homem – e agora você é meu!

O pobre rapaz engoliu em seco, apavorado. Ele jamais imaginara que aquilo pudesse ocorrer tão rapidamente. Apertando a cabeça com as mãos tentou pensar no que fazer. Devia haver alguma forma de escapar do terrível destino que aquilo prenunciava.

- Não, eu não tenho nada a ver com você. Desapareça e me deixe em paz! – Gritou ele para aquela coisa enorme que do chão lhe sorria ironicamente, de parede a parede.

- Não tente agora fugir das consequências de seus atos! – Bradaram os lábios de um rubro sanguíneo e sobrenatural, enquanto uma espuma nojenta se acumulava em seus cantos. – Você só tinha uma única responsabilidade, e fugiu dela por um capricho egoísta e sem sentido. Agora terá que pagar por sua leviandade, e sabe que não há como escapar do que o aguarda.

Cláudio suava frio, pensando furiosamente. A janela! Talvez ele conseguisse alcançá-la se corresse pela lateral do pequeno cômodo, junto à parede, e saltasse sobre a horripilante abertura em que o carpete mofado se convertera onde ela era mais estreita. A queda do oitavo andar o mataria com certeza, mas mesmo a morte era preferível ao que o aguardava no fundo daquele abismo.

- Nem adianta tentar isso, - disse a coisa no chão, adivinhando seus pensamentos - mesmo que conseguisse passar por mim, a tela o impediria de escapar.

O rapaz lembrou-se então de que aquilo era realmente verdade. Quando sua família se cotizara e comprara a quitinete para ele havia tentado ao máximo encontrar um imóvel no primeiro andar, já prevendo algo como o que agora sucedia. Depois de alguns meses de buscas infrutíferas, contudo, isso se mostrara impossível pelo preço pretendido. Por isto acabaram por adquirir aquela unidade em um andar mais elevado, mas mandaram instalar as telas de proteção, imaginando desde o início que pudesse ocorrer o pior. E assim o pequeno apartamento se tornara uma armadilha inescapável, pois a porta ficava do outro lado e ele não tinha como chegar até lá sem se colocar ao alcance da boca monstruosa.

- Venha, de nada lhe servirá prolongar ainda mais esta agonia. Entregue-se e garanto que tudo terminará rapidamente e quase sem dor. – Insistiu a entidade encravada no piso, tentando dar à sua voz um tom amistoso que Cláudio sabia ser inteiramente falso.

Com o arrependimento queimando em sua alma o jovem olhou além dos lábios que pronunciavam para ele promessas mentirosas, e observou os dantescos dentes que tentavam se ocultar por detrás do vermelho intumescido. Brancos como marfim, eles tinham um aspecto quase humano, mas eram afiados como os das mais selvagens feras. E além deles não havia língua, palato ou garganta, mas apenas uma negritude fantasmagórica que prometia as agonias de uma queda infindável. Cair ali seria o princípio de um tormento eterno, do qual ele jamais conseguiria escapar.

Por quê? O que ele fizera para merecer tamanho castigo? É claro, ele sabia que tinha uma responsabilidade, a única que precisava inexoravelmente cumprir e que num rompante de rebeldia abandonara, mas isso não era justo. Ele jamais quisera aquilo, nem fizera nada por merecer tal maldição. Ninguém em sua família ou entre todos os seus conhecidos tinha a mesma obrigação, que o fazia sentir-se diferente, estranho, desprezado e isolado. Por causa de sua sentença todos fugiam dele com medo ou repulsa, e este fato o levara a revoltar-se e a ignorar os rituais que estava condenado a seguir pelo restante de sua vida. E por isso agora o chão do próprio lar que foi adquirido para ele pelos que deveriam ser seus entes queridos, mas que o haviam abandonado ali para ser esquecido, transformara-se na sua nêmesis e ameaçava engoli-lo.

- Vá embora, já disse! – Gritou novamente Cláudio, sentindo uma vertigem causada pelo desespero de saber que o que estava por acontecer era de fato consequência das suas escolhas. – Eu não fiz nada demais, apenas tentei levar uma vida normal, como qualquer um. Não é culpa minha!

- Isso não interessa mais, agora é tarde para desculpas ou arrependimentos. Seu destino já está traçado, e eu sou o instrumento que irá concretizá-lo. Venha, seu tempo acabou!

E assim que a boca gigantesca concluiu esta frase o piso do pequeno apartamento inclinou-se subitamente, transformando-se em uma rampa que levava em direção ao negro abismo. Pego de surpresa pela mudança inesperada Cláudio ainda tentou girar o corpo e fugir de volta para a cozinha, mas perdeu o equilíbrio e tombou para trás, começando a cair de costas para dentro da bocarra escancarada que o recebia com uma gargalhada malévola e ensurdecedora.

E enquanto caía presa do mais absoluto pânico para dentro de seu terrível destino, o pobre rapaz ainda percebeu pelo canto dos olhos o objeto que era a causa de seu infortúnio, e que em um rompante de irresponsabilidade atirara para o lado naquela manhã, se recusando a cumprir o ritual que todos esperavam dele: O pequeno, escuro e soturno frasco de seu medicamento antipsicótico.
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#67 Mensagem por Túlio » Ter Abr 28, 2015 1:16 pm

ESPETACULAR! Sem dúvida, deveria ir.

Para não ficar sem criticar NADA, eu daria um polimento nos diálogos. O que me impressiona no teu modo de escrever é que sempre surpreendes no final, e isso tem VALOR!!!




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#68 Mensagem por LeandroGCard » Ter Abr 28, 2015 1:52 pm

Túlio escreveu:ESPETACULAR! Sem dúvida, deveria ir.
Na verdade eu fico um pouco inseguro com esta história de livros que você tem que pagar para ser incluído. Faça as contas: Eles estão cobrando em média na faixa de 500 reais para cada um dos 75 participantes (um conto típico deve ficar entre 3 e 4 páginas), e entregando menos de 20 livros também em média para cada um. Isso dá de 25 a 30 reais por livro, praticamente o preço de banca. Na prática o que estão fazendo é garantir a venda de uns 2000 livros para os próprios autores, uma tiragem que paga todo o investimento feito na edição e publicação e ainda garante um lucrinho. E em troca oferecem publicação em um livro que não tem nem mesmo um tema definido ou qualidade literária mínima assegurada (qual o critério de escolha dos textos?), e dificilmente vai servir para criar sequer um currículo para impressionar outros editores.

Será que vale colocar 300, 400 ou 500 reais nisso? Quem pegaria para ler um livro de textos soltos, que nem um tema central tem? Ou é só mais uma ação de editora caça-níquel?


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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#69 Mensagem por LeandroGCard » Ter Abr 28, 2015 1:57 pm

Túlio escreveu:Para não ficar sem criticar NADA, eu daria um polimento nos diálogos. O que me impressiona no teu modo de escrever é que sempre surpreendes no final, e isso tem VALOR!!!
Pode dar um exemplo do que colocaria? Gosto das suas dicas, me foram muito úteis no "Em Nossa Defesa", mesmo eu não aplicando exatamente do jeito que você sugeriu 8-] .


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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#70 Mensagem por Túlio » Ter Abr 28, 2015 2:12 pm

LeandroGCard escreveu:
Túlio escreveu:ESPETACULAR! Sem dúvida, deveria ir.
Na verdade eu fico um pouco inseguro com esta história de livros que você tem que pagar para ser incluído. Faça as contas: Eles estão cobrando em média na faixa de 500 reais para cada um dos 75 participantes (um conto típico deve ficar entre 3 e 4 páginas), e entregando menos de 20 livros também em média para cada um. Isso dá de 25 a 30 reais por livro, praticamente o preço de banca. Na prática o que estão fazendo é garantir a venda de uns 2000 livros para os próprios autores, uma tiragem que paga todo o investimento feito na edição e publicação e ainda garante um lucrinho. E em troca oferecem publicação em um livro que não tem nem mesmo um tema definido ou qualidade literária mínima assegurada (qual o critério de escolha dos textos?), e dificilmente vai servir para criar sequer um currículo para impressionar outros editores.

Será que vale colocar 300, 400 ou 500 reais nisso? Quem pegaria para ler um livro de textos soltos, que nem um tema central tem? Ou é só mais uma ação de editora caça-níquel?


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Por este ângulo tens razão. A questão é que nascemos no País errado: o próprio Paulo Coelho bancou do próprio bolso a primeira edição de seu primeiro livro. Mostrou sua capacidade com algo tangível e, bueno, hoje ele é o PAULO COELHO, imortal e tudo, não? O problema é que somos um Povo tão pouco afeito a "essas bobagens de ler" que Editora alguma banca um Autor novo, por melhor que ele seja, sem garantia de retorno. É preciso publicar em papel e mostrar. Se prestar, não vai faltar quem pergunte se não tem mais nada "na gaveta" (isso é uma recordação minha do então segundo grau, quando escrevi uma monografia sobre o Graciliano Ramos; fiquei em segundo lugar no RS e, suprema ironia, perdi para uma colega da minha própria classe. A justificativa da Comissão foi hilária: eu tinha sido criativo DEMAIS, daí me negaram o 1º lugar porque queriam um texto mais didático mas me deram o 2º porque gostaram do texto! De qualquer modo, fomos homenageados diante de todas as turmas por trazermos os dois troféus principais para a nossa escola) ou se oferecendo para bancar novas edições...

De resto, todos sabem que tenho um projeto principal em andamento e outro secundário, menor e a sair ainda este ano. Já estou conformado em pagar a primeira tiragem, economizando para isso e fazendo tudo sem pressa (sem pressa mesmo, recém cortei hoje de manhã a base do Roadmap, amanhã compro os percevejos e papel com linhas para escrita manual), com previsão de começar A SÉRIO na semana que vem. Citei a Scortecci porque o dono é gente buena, me deu montes de conselhos por emails, que finalmente vou seguir à risca. Mas no fim da estrada vou estar com o meu primeiro livro impresso.

Vale a pena? Para mim sim... :wink: 8-]


PS.: se permitires, quoto o teu conto, risco o que não usaria e escrevo em negrito o que usaria, pode ser?




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#71 Mensagem por LeandroGCard » Ter Abr 28, 2015 2:30 pm

Túlio escreveu:Por este ângulo tens razão. A questão é que nascemos no País errado: o próprio Paulo Coelho bancou do próprio bolso a primeira edição de seu primeiro livro.
.
.
.
Mas no fim da estrada vou estar com o meu primeiro livro impresso.

Vale a pena? Para mim sim... :wink: 8-]
Eu também estou me esforçando agora para concluir o primeiro projeto (os livro de contos), e deixando os romances e sagas que tenho esquematizados para depois. Descobri que existe uma certa demanda não atendida para ficção científica mais séria (nada de aventuras adolescentes - que também tem demanda mas são um outro ramo), se os textos forem mesmo criativos e de boa qualidade. E tenho algumas editoras em vista que talvez publiquem sem custos para mim (inclusive já recebi um convite para isso).

Mas se não der certo ou as propostas não forem boas (por exemplo, não quero ser mais um título digital perdido no meio em um catálogo de 1000 de alguma editora que nunca coloca nada em banca) penso também em me auto-publicar. Já estou até vendo revisores de texto e bolando uma capa e estratégia de marketing para isso.

PS.: se permitires, quoto o teu conto, risco o que não usaria e escrevo em negrito o que usaria, pode ser?
Como quiser, o que vale são as ideias, não a forma.

Eu gosto do jeito que você escreve, mais "solto" e menos formal que o meu estilo. As suas ideias ajudam a enriquecer os meus textos. Portanto, se você não se importar em partilhá-las um pouquinho... [010] .


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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#72 Mensagem por Túlio » Ter Abr 28, 2015 4:39 pm

TULIO'S CUT do conto de LeandroGCard escreveu: A Boca

Ao retornar da cozinha, com um copo de leite morno na mão, Cláudio estacou sob o batente da porta, olhos arregalados com o que via. A maior parte do piso da sala não estava mais lá, em seu lugar apenas uma gigantesca boca. Esta lhe falou com uma voz tonitruante, enquanto o copo se estilhaçava a seus pés, espalhando leite e cacos de vidro pelo chão:

- Não negue, você sabia que isso podia acontecer – as palavras brotavam dos lábios enormes, mais grossos do que o corpo de um homem – e agora você é meu!

Atônito, o rapaz engoliu em seco. Ele jamais imaginaria, nem no pior pesadelo - e os tinha bem feios - que aquilo viesse a ocorrer, ao menos não tão cedo. Apertou a cabeça entre as mãos e tentou pensar no que fazer. Devia haver alguma forma de escapar ao terrível destino que aquele horror prenunciava. Balbuciou:

- Não, eu não...não quero...nada... com você.

Os lábios descomunais apenas sorriram. Ou tentaram em vão, não era mais do que um esgar, de parede a parede. Recobrando-se ao menos parcialmente, Cláudio elevou a voz:

- Desapareça! Me deixe em paz, p****! – Aquela coisa enorme apenas lhe sorria, agora de modo irônico. Por fim, tornou a falar, em tom acusatório:

- Não tente me enrolar, você, melhor do que ninguém, deveria saber que não há como fugir das consequências de seus atos!

Ele fitava quase hipnotizado aqueles lábios de um rubro sanguíneo e sobrenatural, enquanto uma espuma nojenta se acumulava em seus cantos. A acusação prosseguiu:

– Você só tinha uma única responsabilidade e, por um capricho egoísta e sem sentido, não a cumpriu. Agora terá que pagar, e deveria também saber que não há como furtar-se ao que o aguarda...

O sorriso agora era escancarado e definitivamente horripilante.

Cláudio suava frio, pensando furiosamente. A janela! Talvez ele conseguisse alcançá-la se corresse pela lateral do pequeno cômodo, junto à parede, e saltasse sobre a mortífera abertura em que o carpete mofado se convertera, no ponto onde ela era mais estreita. A queda do oitavo andar o mataria com certeza, mas intuía que mesmo a morte era preferível ao que o aguardava no fundo daquele abismo circundado por uma infinidade de dentes pontiagudos. Que, claro, não deixariam de mastigar sua carne antes...

- Nem pense nisso - disse a coisa no chão, parecendo ler seus pensamentos - pois assumindo que conseguisse passar por mim, a tela o impediria de escapar. Lembra-se da tela de proteção, não?

Cláudio ouviu a mais pavorosa gargalhada de sua vida. A besta se regozijava com sua própria esperteza.

O rapaz lembrou-se então de que aquilo era mesmo verdade. Quando sua família se cotizara e comprara a quitinete para ele, havia tentado ao máximo encontrar um imóvel no primeiro andar, já prevendo algo como o que agora sucedia ou até pior. Depois de alguns meses de buscas infrutíferas, isso se mostrara inviável, ao menos pelo preço pretendido e próximo de algum parente. Assim, acabaram por adquirir aquela unidade em um andar mais elevado mas, por prudência, mandaram instalar as telas de proteção, temendo uma fatalidade. De modo que o pequeno apartamento se tornara uma armadilha inescapável, pois a porta ficava do outro lado da sala. Ele não tinha como chegar até lá sem se colocar ao alcance da boca monstruosa. O pavor crescia, fazendo seus dentes baterem como castanholas.

E novamente a voz, trazendo consigo o hálito nauseabundo de mil latrinas:

- Venha, de nada lhe servirá prolongar ainda mais esta agonia. Entregue-se a mim e garanto que tudo terminará rápido e quase sem dor. Quase...

Com o arrependimento queimando em sua alma, o jovem olhou além dos lábios que lhe prometiam mentiras, e observou os dantescos dentes que tentavam se ocultar por detrás do vermelho intumescido. Brancos como marfim, eles tinham um aspecto inumano, afiados como os dos mais ferozes predadores. E além deles não havia língua, palato ou garganta, apenas uma negritude fantasmagórica que prometia as agonias de uma queda infindável. Cair ali seria o princípio de um tormento eterno, do qual ele jamais conseguiria escapar. Era uma certeza.

Por quê? O que ele fizera para merecer tamanho castigo? É claro, ele sabia que tinha uma responsabilidade, a única que precisava inexoravelmente cumprir e que num rompante de rebeldia abandonara, mas isso não era justo. Ele jamais quisera aquilo, nem fizera nada por merecer tal maldição. Ninguém em sua família ou entre todos os seus poucos conhecidos tinha a mesma obrigação, que o fazia sentir-se diferente, estranho, desprezado e mesmo isolado. Por causa de sua sentença quase todos fugiam dele, evitavam-no, com medo ou repulsa, e este fato o levara a revoltar-se e a ignorar os rituais que estava condenado a seguir pelo restante de sua vida. E agora o chão do seu próprio lar, que foi adquirido para ele pelos que deveriam ser seus entes queridos, mas que o haviam abandonado ali para ser esquecido, transformara-se em sua nêmesis e ameaçava engoli-lo.

- Vá embora, já disse! – falou novamente Cláudio, voz já trêmula e sem convicção, sentindo uma vertigem causada pela desolação de saber que o que estava por acontecer era de fato consequência das suas escolhas. Com a coragem que emana do desespero, prosseguiu, já quase um sussurro:

– Eu não fiz nada de mais, apenas tentei levar uma vida normal, como qualquer um. Não é culpa minha, não cometi crime algum!

Silêncio. Então retornou a voz, agora parecendo algo entediada:

- Isso não importa mais. É tarde para desculpas ou arrependimentos. Seu destino já está traçado e seu tempo acabou. Venha!

Logo que a boca gigantesca concluiu esta frase, o piso do pequeno apartamento inclinou-se subitamente, transformando-se em uma rampa que levava em direção ao negro abismo. Pego de surpresa pela mudança inesperada, Cláudio ainda tentou girar o corpo e fugir de volta para a cozinha, mas perdeu o equilíbrio e tombou para trás, começando a cair de costas para dentro da bocarra escancarada que o recebia com uma nova gargalhada, mais malévola e ensurdecedora do que nunca.

E enquanto caía aos gritos, presa do mais absoluto pânico, para dentro de seu terrível destino, o pobre rapaz ainda percebeu pelo canto dos olhos o objeto que era a causa de seu infortúnio, e que em um rompante de irresponsabilidade atirara para o lado naquela manhã, se recusando a cumprir o ritual que todos esperavam dele: o pequeno e odioso frasco de Haloperidol, seu medicamento antipsicótico.


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Final alternativo:
(...) Logo que a boca gigantesca concluiu esta frase, o piso do pequeno apartamento inclinou-se subitamente, transformando-se em uma rampa que levava em direção ao negro abismo. Pego de surpresa pela mudança inesperada, Cláudio ainda tentou girar o corpo e fugir de volta para a cozinha, mas perdeu o equilíbrio e tombou para trás, começando a cair de costas para dentro da bocarra escancarada que o recebia com uma nova gargalhada, mais malévola e ensurdecedora do que nunca. Rolou e caiu de cabeça.
* * *
Memorando 063/15

Assunto: BOLETIM DE OCORRÊNCIA 233-0415-PM
De: Inspetor de Polícia Figueiredo
Para: Chefe S.I. Inspetor de Polícia Limongi

Recomendo investigação.
Motivo: possível 121.


Toca o telefone. Pelo visor, o homem sabe quem está ligando. Ramal interno.

- Aqui Figueiredo. Fala, cara, tô ocupado pra c******.
- Tu tá de zoação, meu? Que m**** é essa, Figueira?
- Qual m****? Mas tu é f*** mesmo, hein Lima? É só o Corínthians perder e tu já...
- PQP, nem me fala! Mas não é isso, é aquela p**** de memo! Se quer me zoar, então...
- Qual memo?
- O dois-três-três, p****! Até parece que não sabe. Onde que tu viu homicídio naquilo?
- Ora, porta trancada, chave por dentro, janelas protegidas, nenhum sinal de arrombamento e...
- Mas aí é suicídio, fiadap***!
- Foi o que os PMs me disseram, mas o pessoal da perícia me chamou e fui lá. Pelo que vi, se o cara se suicidou, acho que vai pro Guiness, nunca vi nada parecido...
O Inspetor Limongi respirou fundo:
- O que tinha de estranho na cena?
- Lima, você já viu alguém enfiar por vontade própria as fuças num sofá, bem na dobra entre o encosto e o assento, a ponto de ficar com a cara toda deformada? Para mim alguém, talvez algum amigo ou amante que tivesse a chave e fosse bem forte...
- Putz! Faz assim, Figueira, vê com a perícia a...
- Causa mortis? Já vi. As fuças ficaram bem arrebentadas mas o que matou o mané mesmo foi sufocamento.
- Que inferno mesmo! Tudo o que eu não preciso é mais aumento nas estatísticas de homicídios. Mas tá OK, vou botar o Castro no caso.
- Valeu aí, Lima. E que timinho de m**** esse seu, hein?
Rindo, o Inspetor Figueiredo desligou antes de ouvir a torrente de palavrões que certamente viria.
* * *
O soldado Aldimar chegou-se ao patrão do ponto de venda de drogas. Ganhava mal, e tinha em sua posse algo que achara em uma cena de crime e subtraíra sem ser notado; julgando que o dono certamente não iria precisar mais, que mal havia em vender? Olhou o rótulo do frasco: Haloperidol.

Nem parou para pensar no que seria. Que diferença lhe faria que fosse um neuroléptico particularmente potente, usado em casos graves de psicose? Droga é droga, e aquele frasco tinha tarja preta...

Dez minutos e cinquenta reais depois, foi embora.




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#73 Mensagem por cassiosemasas » Ter Abr 28, 2015 6:40 pm

Túlio escreveu:
cassiosemasas escreveu:isso ainda não é um livro mas quem sabe um dia chegue lá...

segue aqui o link de um texto ficcional que ando a desenvolver...quem sabe vire um livro um dia. :wink:
A Viagem

PUTZ, como conseguiste fazer a capa? Já favoritei e estou vendo se crio uma conta (é que já tenho na Mesa do Editor, mas gostei da interface do Bookess). E não precisavas editar lá no tópico onde originalmente publicaste, era escrever uma pequena sinopse e fim, adicionando o link. Lembrar que não tem tópico COM DONO, só com AUTOR, no nosso véio DB: tudo é para todos!
Que bom que gostaste da plataforma, tenho alguns amigos que mostrei e me disseram a mesma coisa que acharam muito interessante, ela é bem amigável no mais com relação a capa, é muito simples, eles tem uma ferramenta que basicamente faz tudo desde a capa as orelhas do começo e do fim, basta você ter as imagens que deseja utilizar...e o melhor é que esses serviços são gratuitos...alguns poucos são pagos...mas isso ai já são para outros como você e o Leandro que já tem a escrita desenvolvida e envolvente, claro se achar necessário ,caso o contrário nem precisam utilizar, e ainda se consegue comercializar em formato impresso ou Ebook pelo próprio site.
Vale a pena.




Editado pela última vez por cassiosemasas em Qua Abr 29, 2015 5:36 am, em um total de 1 vez.
...
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#74 Mensagem por LeandroGCard » Ter Abr 28, 2015 7:01 pm

Túlio, valeu pela colaboração.

Agora vou dar uma conferida no que você colocou e fazer uma síntese quando tiver tempo. Mas não vou usar os seus finais, estes tem a sua "assinatura" :lol: .

Obrigadão


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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#75 Mensagem por Coilette » Sáb Ago 22, 2015 11:58 am

Meu primeiro post. :|

Não tenho capacidade de escrever ficção,mas escrevo algumas crônicas despretenciosas e banais vez ou outra,esta é parte de um manual para gringos compreenderem a sociedade brasileira,referente a São Paulo.

A SOBREMESA


É óbvio que vocês vão me dizer,que eu não fui o primeiro nem serei o ultimo,e que isso é mais comum do que se imagina,ainda mais em uma cidade deste tamanho.

Não,eu não estou falando que sou corno,minha mulher me ama e é fiel.

Quando saia pela manhã de minha casa em Alphaville,bem que minha jovem esposa me advertiu que na noite anterior seu mestre de yoga e guru espiritual, havia visualizado um certo “karma pesado” em nossa casa,e como só ela se cuida semanalmente nestas questões espirituais transcendentais,o karma pesado possivelmente se devia a mim.

Mas eu estava em um patamar, muito alem dessas questões espirituais banais,mesmo porque estava com minha melhor armadura Armani,minha gravata Ferragamo de seda e sapatos italianos,minhas abotoaduras e Rolex de ouro,fora a camisa branca inglesa feita sob medida no Augusto, impecavelmente passada pela Chiquinha,nada poderia me deter,estava pronto para a batalha,e eu não tinha sequer um milímetro de duvida que mais um milhãozinho ia brotar na minha horta.

Normalmente essas reuniões com alemães são um verdadeiro porre,depois de quase um ano amansando e cevando a média e alta hierarquia da empresa deles, na base de putas de luxo e muita cerveja e caipirinhas quando vinham ao Brasil,a hora da verdade tinha chegado para esses arrogantes, que alem da empáfia, ainda acham que tem senso de humor imbatível quando enchem a cara,é impossível não rir amarelo e forçado das piadas e atitudes dos ridículos chucrutes.

Hoje o almoço definitivo, ia ser com o presidente da empresa,finalmente a hora da batida do martelo estava na eminência de acontecer,o cheiro das verdinhas estava no ar,minha BMW, o único alemão que eu gosto de verdade, já estava com 15000 milhas, bem na hora da troca,pelo que haviam me adiantado e pude ver através da Internet,o tal presidente tinha realmente cara de pastel da feira do Pacaembu amassado e quase dois metros de altura. Quando das minhas duas idas a Alemanha sob um frio antártico, o branquelo não quis sequer me receber,fui obrigado a aceitar convites para jantares terríveis, nas casas de seus estafetas,e comer aquelas bostas daquelas salchichas e croquetes do caralho,e pior de tudo,preparados por suas próprias esposas,sem sombra de dúvida, cozinheiras do capeta do meio do inferno gelado.

Em pensar que esse bando de manés desbotados do primeiro mundo,sequer tem empregadas domésticas em suas casas aquecidas como um forno,escuras,cheias de livros e cds,se soubessem que tenho quatro empregados só em minha casa de São Paulo e mais duas na Ilha Bela, suas mulheres gordas e engorduradas possivelmente só de raiva e despeito, nunca mais se disporiam a fazer aquela gororoba de batata para agradar seus infelizes convidados,quase falei para uma delas só para tripudiar,quantas empregadas minha jovem esposa tinha para não ter que quebrar suas lindas unhas,pensei mesmo em dizer,estaria prestando um favor a humanidade se alguma parasse de cozinhar por raiva do marido mão de vaca.

Para não haver erro, fiz uma reserva em um dos melhores restaurantes de São Paulo,mesa de canto para não chamar atenção dos papagaios de pirata,o chucrute grandão ia sair de lá rindo,tropeçando e eu finalmente estaria com as verdinhas garantidas.

O grandão caiu de cabeça nas caipirinhas, e nossa amizade após ser vencida a barreira limite do álcool, já parecia de infância,tudo lindo e perfeito,almoço maravilhoso,minha felicidade era tanta que quebrei uma regra de mais de 30 anos,pedi uma sobremesa antes do conhaque:creme brulê, o deslize favorito da minha esposa,eu preferia o tiramissu, mas aquela linda crosta de açúcar queimado sorriu para mim,e eu cavei fundo a colher e levei a boca com prazer aquele néctar dos deuses,imediatamente percebi que havia algo errado com o creme,já que topei com alguma coisa inacreditavelmente sólida e pontiaguda para estar presente em um creme brulê,feriu minha gengiva,instintivamente mordi para tentar parti-la e a tal coisa resistiu bravamente,e não era pequena,foi então que cometi meu maior erro:pousei-a na língua e retirei com a ponta dos dedos para ver o que era.

Em uma fração de segundos me perguntei mentalmente: será de preto ou de branco?,de velho?de algum cozinheiro nordestino pobre?,do pé ou da mão?,uma mancha esquisita denunciava alguma micose podre,antiga e renitente,meu jato de vómito espontâneo e incontrolável infelizmente teve a potência dos tempos áureos dos porres da juventude,bem diferente da minha ejaculação atual que bem poderia ser assim também,e espargiu tão violentamente que o altivo empresário chucrute, ficou sóbrio na hora com o banho, e poderia até lamber os beiços se quisesse,eu só não contava que as duas crianças loiras e lindas na mesa ao lado,impecavelmente vestidas como se estivessem em plena época vitoriana,tivessem o estomago tão sensível e seus pais também,aliás percebi naquele salão rico e luxuosamente decorado várias pessoas que tinham o estomago sensível,inclusive o maitre.

Pelo jeito minha nova BMW vai ter que esperar mais um pouquinho até as coisas se acalmarem, amanhã vou começar a fazer yoga para a terceira idade com o guru sarado da minha esposa,o filho da puta cobra caro para aliviar um karma.

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