cabeça de martelo escreveu:
Já se tinha descoberto petróleo em Cabinda nos anos 60 e foram empresas Norte-Americanas que andaram a explorar esses recursos. O governo Norte-Americano mudou de opinião por dois motivos, os observadores internacionais disseram que as eleições eram válidas e o lobby das empresas norte-americanas. Todos sabemos que foi o fim do comércio dos diamantes por parte da UNITA que acabou com a organização. Sem dinheiro, não há mercenários, não armas, não tropa.
Sem o lobby da Chevron, os diamantes de Savimbi continuariam a ganhar o mercado internacional. Foi o contrato firmado com eles que garantiu o apoio norte-americano ao MPLA.
Pepê Rezende escreveu:
A Unita nunca primou pela lógica e há provas concretas de que Savimbi não batia bem da cabeça. Como falei, as provas são circunstanciais mas robustas. Quanto ao fato de a Unita ser ou não um bando de maltrapilhos, há duas fases. Depois de romper com o Protocolo de Lusaka, era uma força formidável, treinada por soldados profissionais sul-africanos. Tudo muda com a decisão de Clinton. Aos poucos ela se transforma num grupo depauperado e esfarrapado.
Na assinatura do tratado de paz o contraste entre os oficiais do governo e a liderança da Unita era chocante. Houve um almoço dançante na Assembleia Legislativa de Angola logo após a cerimônia. De um lado, gente forte. De outro, Lukamba Gato e seus comandantes, subnutridos, com camisetas de lojas de departamento e de refrigente sob a farda.
cabeça de martelo escreveu:Quando a guerra recomeçou já o Exército Português tinha ajudado as novas Forças Armadas Angolanas a criar a sua Brigada de Operações Especiais. Grande parte dos militares dessa unidade era Comando. Os cursos eram dados por instrutores portugueses, por vezes que até tinham feito o curso em Angola durante a guerra do Ultramar, ou seja, homens que tinham sido treinados para combater tanto o MPLA como a UNITA. Lembro-me de um artigo em que um sargento português dizia que todo o curso era dado por eles excepto a fase operacional que já se fazia em território inimigo tal e qual como se fazia nos anos 60/70 pelos Portugueses. Ele lamentava-se porque não podia ir com a sua “rapaziada” porque a sua missão era treiná-los e não entrar em combate. Os Comandos angolanos na primeira fase da guerra sofreram pesadas baixas porque tinham que combater unidades mecanizadas com equipamento russo e com auxílio de mercenários sul-africanos. Quando deu-se a “volta” as coisas mudaram e os Comandos fizeram a “festa”.
A coisa muda de figura bem depois da traição da UNITA, em 1992. Os governantes passaram um mau pedaço e ficaram restritos, durante cerca de três anos, a 30% do território. A virada começa a partir de 1996 com a contratação de mercenários sul-africanos da Executive Outcomes.
cabeça de martelo escreveu:
A teoria que os portugueses fecharam os olhos ao não desarmamento da UNITA e o MPLA estava desarmado (que não estava) porque os brasileiros os desarmaram, não pega por várias questões.
1-Já havia as Novas Forças Armadas Angolanas com apoio Português
2-O contingente português não incluía unidades de infantaria, apenas uma Companhia de Transmissões e uma Companhia Logística e meia dúzia de observadores
3-Havia dezenas de observadores internacionais e os mesmos eram comandados por um oficial brasileiro
4-O contingente brasileiro também estava em território controlado pela UNITA, de tal forma que houve toda uma unidade brasileira (batalhão?) cercada pela UNITA e estava prestes a sair uma operação de resgate desses militares quando a UNITA deixou-os em paz
5-...
Recomendo-lhe que veja esta artigo:
http://www.operacional.pt/%e2%80%9cgae% ... angolanos/
Veja as datas.
Explique porque os comandos angolanos tomaram uma surra da UNITA durante quase seis anos. Porque não tinham armas pesadas. A virada para valer ocorreu em 1998, quando o governo de Eduardo dos Santos finalmente conseguiu apoio norte-americano e se armou para acabar com os bandidos da UNITA. Vcs tinha observadores, além das companhias de transmissão e de logística. O comandante da força brasileira esteve comigo na Radiobras quando eu era diretor. Tínhamos um programa voltado para eles. Ele me confidenciou que avisou os norte-americanos e portugueses das intenções de Savimbi e que ninguém lhe deu ouvidos. Eu estive lá, conversei com comandantes do MPLA e sei o que passaram. Falavam muito dos sul-africanos, mas não dos portugueses.
A aproximação do MPLA com Portugal foi pragmática e, ao meu ver, correta. Lisboa é porta de acesso da Comunidade Européia...
Abraços
Pepê