Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

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soultrain
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#61 Mensagem por soultrain » Qui Jul 31, 2008 1:31 pm

LeandroGCard escreveu:
soultrain escreveu:Oi Leandro,

Quem vai editar o livro é o António de Almeida Santos, nosso ex. presidente da Assembleia da Républica e Socialista, aqui o perfil:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3n ... ida_Santos

O livro já está escrito, assim que souber da publicação eu aviso.

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Obrigadão Soultrain, fico no aguardo.

Um grande abraço,

Leandro G. Card
Mais ao pormenor ele defendende a "globalização regulada", a todos os níveis, e partindo do princípio que o nosso mundo é mesmo uma aldeia, vai defendendo a Nação única e o Governo único; valorizando as regiões e o poder local.

Isto assusta-me e acho que é complexo e quase impossível.

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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#62 Mensagem por LeandroGCard » Qui Jul 31, 2008 2:52 pm

soultrain escreveu:
LeandroGCard escreveu: Obrigadão Soultrain, fico no aguardo.

Um grande abraço,

Leandro G. Card
Mais ao pormenor ele defendende a "globalização regulada", a todos os níveis, e partindo do princípio que o nosso mundo é mesmo uma aldeia, vai defendendo a Nação única e o Governo único; valorizando as regiões e o poder local.

Isto assusta-me e acho que é complexo e quase impossível.

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Já eu acho não só possível como acredito que é o futuro inescapável da humanidade.

E certamente acontecerá rápido, em menos de 500 ou 600 anos!!!

Leandro G. Card




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Túlio
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#63 Mensagem por Túlio » Sex Ago 01, 2008 12:01 pm

Eu estou dizendo, a crise americana é REAL e está pegando todo mundo...
Será que a quebra de um banco australiano abalará a Wall Street?
O apocalipse australiano
por Mike Whitney [*]
A actividade segunda-feira na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) foi realmente insólita. Começou com a Casa Branca a anunciar que o défice fiscal deste ano ascenderia até uma altura récord de quase US$500 mil milhões. Isso foi seguido pelas notícias da alta dos preços de petróleo, ganhos trimestrais fracos, e uma desaceleração do consumo. Pelo meio da manhã, os mercados se achavam em plena retirada. Foi aí que o gigante de investimentos Merryll Lynch anunciou que afixaria uma perda de $4 mil milhões de dólares no segundo trimestre e cancelamentos de US$9,4 mil milhões de obrigações de dívida colateralizada (CDOs) e outros activos relacionados a hipotecas. As acções rapidamente foram abaixo e o massacre começava. Ao tocar do sino que encerrava o dia, a média Dow Jones — principal índice da NYSE — havia baixado 240 pontos. Os negociadores saíram cambaleando da bolsa, debruçados e desgrenhados, parecendo haverem recebido um aviso de alistamento do exército.

No entanto, terça-feira, o mercado protagonizou uma valente recuperação, ao subir 260 pontos em questão de horas. Era o bastante para dar aos gerentes dos fundos um pouco de alívio e a esperança de que as coisas estavam finalmente a mudar. Mas as mágoas do mercado estão longe de acabarem. O Fundo Monetário Internacional o resumiu numa advertência emitida no começo da semana:

"Os mercados financeiros globais encontram-se 'frágeis' e os indicadores de risco sistêmico continuam 'elevados'… A qualidade do crédito 'através de muitas classes de empréstimos começou a deteriorar com preços imobiliários em declínio e a desaceleração do crescimento económico'. As folhas de balanço dos bancos estão sob um 'stress renovado' e o declínio no preço das acções bancárias tornou mais difícil o levantamento de novos capitais. [Existe uma] probabilidade maior de uma interacção negativa entre o ajustamento do sistema bancário e a economia real'. (Financial Times)

O FMI também manteve a sua previsão anterior de que as perdas totais das instituições financeiras devidas à crise creditícia alcançariam US$1 milhão de milhões de dólares (US$945 mil milhões), uma soma que terá consequências violentas para a indústria, os consumidores e a economia global.

No blog de Nouriel Roubini, o Doutor Calamidade (Doctor Doom) fez a seguinte observação sobre os apuros da Merrill Lynch:


"A decisão da Merrill Lynch de 'vender' uma boa parte de suas ODCs restantes a 22 centavos do dólar foi amplamente louvada como um reconhecimento pela firma da amplitude das suas perdas com esses instrumentos [financeiros] tóxicos. Este cacho de US$30,6 mil milhões de ODCs já havia sido rebaixado a US$11,1 mil milhões. Agora com a sua 'venda' à firma Lone Star a um preço de US$6,7 mil milhões, a Merrill Lynch está a assumir mais US$4,4 mil milhões de cancelamentos, e a 'vendê-lo' por 22% do valor original. Mas esta 'venda' baseia-se no mercado? De maneira nenhuma: chamar esta transacção de 'venda' é uma piada." (O Global EconoMonitor de Nouriel Roubini)

De facto. Isto não é uma "venda"; assemelha-se mais ao abandono de um barco que está a afundar. Os caciques do investimento estão a serem torrados pelos seus bens desvalorizados e estão a despejá-los a qualquer custo. Agora não há mercado para instrumento financeiro algum vinculado a ou sustentado por hipotecas, e não haverá até o imobiliário chegar ao fundo.

O negócio da Merrill Lynch ilustra até que ponto chegou a loucura. A Merrill disse que "proporcionará financiamento ao comprador por aproximadamente 75 por cento do preço de compra". Epa! Por outras palavras, os bancos estão tão afobados para livrarem-se do seu papel-lixo que estão quase a pagar à gente para o levarem embora. Ora, isso é que é desespero! Os problemas a assombrarem os mercados financeiros efectuaram polinização cruzada com a economia real e estão a espalhar a miséria por todas as partes. O desemprego está a aumentar, o crescimento está a desacelerar, a inflação está a subir, o dólar está a cair. Já o ouvimos muitas vezes antes, mas ainda nos assombra vermos as acções da General Motors caírem abaixo das da Bed & Bath (produtos de banho), ou a Starbucks (cadeia de cafés) fechar 600 lojas, ou mansões milionárias serem vendidas por US$425 mil.

Agora que o trabalhador está esmagado pela a sua hipoteca, preocupado com a perda do seu emprego, e a tentar manter a comida na mesa, o mínimo que o Congresso pode fazer é dispersar os especuladores do petróleo, certo?

Errado. Na segunda-feira, o Financial Times divulgou que "Uma proposta no senado destinada a travar a especulação e aumentar a transparência nos mercados energéticos foi bloqueada por legisladores republicanos na sexta-feira. A medida frustra os esforços democratas para mostrarem que o partido está a tomar providências para controlar os preços récord de petróleo. A Lei para travar a especulação excessiva, patrocinada por Harry Reid, o líder da maioria no senado, careceu de dez votos para ultrapassar uma barreira procedimental".

A notícia mais assustadora da semana nos chega lá de baixo [1] , pois o National Australia Bank (NAB) anunciou que reduziria em dois terços uma venda de títulos no valor de £400 milhões. A fuga teve lugar dias depois de esse banco de Melbourne horrorizar os mercados ao anunciar uma redução de 90% de seus £550 milhões de haveres da dívida hipotecária estado-unidense, uma admissão de que os seus títulos classificados como AAA eram virtualmente sem valor. A decisão do National Australia Bank de efectuar provisões contabilísticas drásticas em relação à sua dívida hipotecária estado-unidense poderá ter consequências sérias dentro dos próprios Estados Unidos. O banco optou por um cancelamento de 100% de uma parte das "melhores" CDOs no valor de £450 milhões, embora todas elas fossem classificadas como AAA. (Ambrose Evans Pritchard, "A Austrália enfrenta uma crise pior que a da América", UK Telegraph ).

O artigo original apareceu no Business Spectator sob o título "NBA aturdirá Wall Street", por Robert Gottliebsen. "Aturdir" é eufemismo. Isto é mais parecido a um cutelo de açougueiro a vir abaixo: shuuuuc! Este artigo é uma referência indispensável para aqueles que quiserem entender o arrasamento dos mercados financeiros. Eis um trecho extenso do artigo de Gottliebsen:

"A decisão do Banco Nacional Australiano de cancelar 90% dos seus empréstimos estado-unidenses terá repercussões dramáticas em todo o mundo. Wall Street será profundamente abalada quando entenderem as repercussões do que fez o NAB. Está claro que os bancos não tomaram as mais mínimas providências sequer para protegerem-se contra a sua exposição ao risco dos empréstimos imobiliários estado-unidenses que, nas palavras de John Stewart, estão a experimentar um 'desmoronamento'.

"Estamos agora muito além da crise do sub-prime. O NAB diz que está a sofrer uma perda de 55% sobre empréstimos imobiliários estado-unidenses — um evento que nunca acontecera na história de um país desenvolvido na memória recente. Trata-se de um evento sem precedentes e significa agora que o custo da salvação do sistema financeiro estado-unidense agora está muito para além das mais elevadas estimativas. A recessão estado-unidense agora está selada, mas o que é mais alarmante ainda é que perdas de 55% nos empréstimos apontam para a possibilidade de uma depressão.
"Significa que o custo das salvação das duas maiores seguradoras será tão grande que não deixará margem para salvar nada mais, e há vários bancos estado-unidenses que agora estão em sérios apuros. O NAB diz que a desarticulação do mercado imobiliário está separada do mercado empresarial, mas a tendência é inevitável". (The Business Spectator,"NAB will shock Wall Street")

Os conduits são operações fora do balanço efectuadas pelos bancos as quais contêm centenas de milhares de milhôes de dólares em títulos que agora não valem praticamente nada. Até agora, muitos destes bancos não declararam com precisão as perdas decorrentes dessas transacções na esperança de que o mercado imobiliário se estabilizasse e que o valor dos títulos tornasse a subir. A medida tomada pelo NAB é uma 'mudança de jogo'". (Ídem)

Gottliebsen mais uma vez:

"Os bancos globais estiveram a assinalar ao mercado os activos que possuíam no balanço, mas a maioria dos montantes detidos nas chamadas 'conduit trust accounts' não foram escriturados porque não eram comercializáveis. O NAB desvalorizou-as quando viu as hipotecas podres... Os bancos estado-unidenses desvalorizaram U$450 mil milhões em maus empréstimos habitacionais. A revelação do NAB significa que eles agora certamente precisarão efectuar provisões da ordem de US$1 milhão de milhões. Mas desvalorizações de U$1.300 mil milhões ou talvez ainda maiores são expectáveis". (Business Spectator)

[*] Economista, fergiewhitney@msn.com

NT: a Austrália é conhecida como The Land Down Under, ou seja, "a terra lá de baixo".

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/whitney07302008.html




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Wolfgang
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#64 Mensagem por Wolfgang » Sex Ago 01, 2008 12:05 pm

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

A economia americana

A perspectiva de um desastre nos EUA não deve ocorrer. Só teremos um período longo de expansão abaixo do potencial

A DIVULGAÇÃO dos dados preliminares do PIB americano para o segundo trimestre do ano permite uma análise clara da dinâmica da economia mundial nessa primeira parte de 2008. As informações confirmam algumas mudanças importantes que estão ocorrendo na maior economia do planeta. A mais relevante delas é que os EUA estão crescendo por causa do dinamismo do mundo emergente. O resultado das exportações menos importações adicionou 2,4% ao crescimento do PIB nesse período. Sem essa contribuição, o PIB teria se contraído em 0,5%.
Isso vem ocorrendo há alguns trimestres, o que dá a essa nova dinâmica uma estabilidade maior do que a considerada pelos analistas mais conservadores. Enquanto o dólar estiver enfraquecido e a demanda doméstica americana estiver fraca -e deve ser por algum tempo-, teremos a inusitada situação de ver a maior economia do mundo sustentada pelo mundo emergente. Essa observação fica reforçada porque o resto do mundo desenvolvido -Europa e Japão, principalmente- também está entrando em um período de baixo crescimento econômico. A isso se chama "DECOUPLING", mesmo que essa expressão não seja a melhor.
Outro dado relevante nos números do PIB do período abril-junho é a redução do impacto negativo dos investimentos privados no setor da construção civil. No último trimestre, ele reduziu-se pela metade em relação aos trimestres anteriores.
Um sinal, ainda tênue, de que o pior pode ter ficado para trás em termos de contribuição negativa do setor.
Essa mesma leitura pode ser encontrada em outras estatísticas do setor e em notícias pontuais como o aumento das vendas de residências tomadas pelos bancos por falta de pagamento em mercados importantes como a Califórnia. Mas será preciso mais tempo para que essa indicação atinja cores mais fortes e mais seguras. Entretanto, a perspectiva de um desastre na maior economia do mundo, trombeteado por muitos, não deve ocorrer. Teremos apenas um período longo de crescimento abaixo do potencial.
Outro dado importante é que as empresas tiveram uma redução expressiva de seus estoques -cerca de 1,9% do PIB- nesse período. Implica dizer que o setor industrial americano tem evitado o acúmulo indesejado de estoques, o que poderia levar a uma redução mais expressiva da atividade nesse setor nos próximos meses. Isso é importante para o restante do ano, quando a demanda dos consumidores deve apresentar uma redução em razão do fim dos estímulos fiscais criados pelo governo Bush. Tenho defendido a tese de que vivemos em um mundo econômico em forte movimento de transformações. Uma das indicações desse processo está no fato de que os EUA dependem hoje da demanda de outras economias para crescer. No passado, tínhamos o contrário, dada a dimensão de seu mercado. Uma outra indicação, complementar a essa, vem do Brasil. Nesse mesmo segundo trimestre de 2008, a diferença entre importações e exportações brasileiras vai retirar algo como 2,5% do crescimento do PIB brasileiro. Estamos exportando demanda de nossos consumidores e empresas. Esses são fatos econômicos que se complementam, sendo um a outra face do outro.
Nesse mesmo trimestre, pela primeira vez em sua história moderna, a China também está contribuindo com sua demanda para o crescimento de outros países. O comércio exterior chinês exportou 0,2% da demanda interna da China. Talvez para os EUA...
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 64, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos.
Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo FHC).




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#65 Mensagem por WalterGaudério » Sex Ago 01, 2008 1:42 pm

Bolovo escreveu:Os EUA vão dar uma pequena freada nas próximas décadas, o BRIC e mais alguns países (México e Africa do Sul, por exemplo) vão crescer MUITO, mas a águia ainda vai estar lá no topo puxando toda essa negada com ele.
Eu acrescentaria a esse grupo Turquia e Indonésia e Colômbia. Gostaria muito de incluir Argentina, mas são eles que deveriam querer se incluir.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#66 Mensagem por soultrain » Sex Ago 01, 2008 1:51 pm

Nas próximas décadas, se não for encontrado mais petróleo, o México vai passar de exportador a importador.

Todos sem excepção, vão sentir na pele a crise, não há quase nenhum país isolado, que não dependa da economia global.

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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#67 Mensagem por Wolfgang » Sex Ago 01, 2008 2:02 pm

Exato, caro soul. Ironicamente, quem sofrerá convulsões graves será a vedete China.




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Guerra
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#68 Mensagem por Guerra » Sex Ago 01, 2008 6:24 pm

Vejam esse texto de 2001.
Efeito dominó
Pode estar chegando a maior recessão
sincronizada do planeta,alerta Beluzzos

WANDA JORGE

A primeira recessão sincronizada no planeta aconteceu em 1974/75 e a segunda em 1982. Provavelmente a maior delas está a caminho, com a desaceleração econômica em países da Europa, no Japão e nos Estados Unidos, e da qual dificilmente o Brasil escapará. A previsão é do professor Luiz Gonzaga de Mello Beluzzo, do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, que relembrou de forma didática a história econômica mundial, durante a Cientec 2001 – Mostra de Ciência de Tecnologia para o Desenvolvimento, sediada pela Universidade entre 24 de agosto e 2 de setembro.

De acordo com o economista, as economias devem crescer para poderem exportar mais e não o inverso, como o governo brasileiro sugeriu recentemente. “Trata-se de uma falácia de composição”, acusa.

Esta situação de crise contagiante evidencia a interdependência dos países e explica o impacto maior nas economias mais frágeis. Com a primeira grande crise dos anos 70, os Estados Unidos impuseram o dólar como moeda de referência para financiamento e reserva de valor e, com a Guerra do Vietnã, se colocaram no papel de gendarme internacional. No final da década, a degradação do dólar como moeda de reserva estável provocou alta das taxas de inflação nos países da periferia. Em 82, quebrou o México e, em seguida, o Brasil. Na década de 90 o mundo observou a supervalorização do dólar e o crescimento acelerado da economia norte-americana.

Hoje, Beluzzo identifica uma polarização ainda maior do papel dos Estados Unidos, que respondem por 30% da demanda mundial. “É como se existisse um sistema americano de comércio; sua posição de economia dominante reflete-se diretamente nos países periféricos. Economias como as da Coréia, Taiwan e Singapura dependem das exportações para os EUA, que participam com mais de 25% de suas receitas. Embora o Brasil tenha uma dependência menor em seu comércio externo com os americanos, se a economia desacelera lá, afeta outros países que compram produtos brasileiros”.

Origens da dependência – O período clássico de integração da economia mundial, sob o comando da Inglaterra e do padrão ouro, foi de 1870 a 1914, quando os países tinham um comércio mais globalizante do que hoje. O sistema bancário inglês financiava o mundo, a Alemanha acelerava seu desenvolvimento industrial e os Estados Unidos cresciam sua participação com uma economia agrícola importante e indústrias em expansão. A inserção do Brasil deu-se com o café. Luiz Gonzaga Beluzzo lembra que é nesta fase que se estabelece a concepção de centro e periferia.

Para o professor da Unicamp, esses períodos foram marcados por um comércio dinâmico e ciclos de atividades bem acentuados. Tais movimentos já afetavam a periferia, que amortizava o impacto para os países centrais, sofrendo com a queda dos produtos primários, desemprego e redução de salários. “A Primeira Guerra põe fim a esta fase e, na reconstrução das posições anteriores, os países em desenvolvimento não conseguem recuperar suas colocações antes demarcadas”.

Os anos de 1918 a 1939 podem ser considerados de desajustamento, com a queda no comércio mundial e recuo na expansão dos países. Esse período entre guerras provocou a assimetria nos processos de crescimento, com a Inglaterra sem expandir, a Alemanha buscando se ajustar e os Estados Unidos em condição mais favorável. A crise de 29 provocou a paralisação do comércio mundial, por conta das desvalorizações competitivas que os países passaram a praticar para proteger suas economias: o café caiu quase 70%, o que significou um desastre para o Brasil; e a carne e o trigo, principais produtos exportados pela Argentina, caíram mais de 40%.

Credores do mundo – Os Estados Unidos saí-ram da Segunda Guerra como credores do mundo, o que iniciou um ciclo de financiamento de economias da América Latina, entre outras. Os vencedores trataram de criar uma nova ordem mundial, agora planejada a partir das experiências negativas. O acordo de Breton Woods resulta da crítica das duas décadas anteriores. Beluzzo ressalta que era preciso evitar o que aconteceu depois da Primeira Guerra, com a falta de hegemonia e organização global. “Em 44, Inglaterra e EUA saem de Breton Woods dispostos a exercer o papel de reguladores da economia mundial”.

Tratava-se, então, de recompor as relações comerciais com pré-condições como taxas fixas de câmbio, ainda que ajustáveis, e criar organismos que resolvessem problemas de liquidez de curto prazo para que o país em crise pudesse rapidamente corrigir suas distorções. É o momento em que surge o FMI. A expectativa era de que a estabilidade de câmbio e a maior previsibilidade impediriam ajustes recessivos nos países. “A desvalorização só seria permitida quando os países apresentassem problema estrutural”. O professor acrescenta que, ao coibir o movimento de curto prazo dos capitais, a tendência foi de se agravar a assimetria entre credores e devedores, com a fuga do risco.

As indicações de Breton Woods não foram levadas a cabo em sua totalidade e o FMI, nos últimos anos, “fez ao contrário”. A chamada era keynesiana, cuja principal característica era a política de intervenção do estado na economia, é considerada por Beluzzo como um período de maior integração internacional e comercial, equilíbrio do gasto interno e expansão do “estado de bem-estar” que significava, na prática, distribuição de renda e suporte para evitar a queda da demanda interna. “Até os anos 80, os países tinham controle da saída de capitais, seja de forma física ou jurídica. O que vivemos, hoje, é uma situação de descontrole, e o efeito sobre economias dependentes, como a brasileira, pode ser perverso”, conclui.
Será que não estamos vivendo hoje o final desse quadro de 2001?




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#69 Mensagem por Túlio » Sáb Ago 02, 2008 11:37 am

Pior que a crise de 1929?
por Alejandro Nadal
Muitos analistas pensam que a derrocada do mercado hipotecário nos Estados Unidos detonou uma crise pior que a de 1929. A ideia central é que as coisas se estão a por realmente feias em muitos outros segmentos do sector financeiro. Os números e as ramificações assim poderiam indicá-lo. Para Nouriel Roubini – um dos analistas mais respeitados desse país –, a crise poderia ter um custo total próximo dos 3 milhões de milhões de dólares, algo como 20 por cento do seu gigantesco PIB. Isso seria um golpe brutal à economia estado-unidense e do mundo.

Apesar dos sinais de alarme, uma das razões pelas quais a crise actual não é percebida na sua justa dimensão deve-se a não se ter produzido algo semelhante à Terça-feira Negra de 1929. Nesse dia, numas quantas horas, o espectacular ajuste de contas adquiriu dimensões cataclísmicas e fortunas inteiras foram apagadas do mapa contabilístico.

É certo que hoje presenciamos episódios como o do banco Bearn Stearns ou a ameaça de insolvência da Fannie Mae e do Freddie Marc, mas, até este momento as quebras estiveram limitadas ao sector financeiro, bancário e não bancário. E ainda que haja algumas empresas gigantes nas manufacturas que estão a passar apuros, a economia estado-unidense está longe de uma segunda fase da crise, que seria equivalente à Grande Depressão, com sua sequela de quebras, desemprego e destruição maciça da capacidade produtiva.

Entretanto, as ramificações podem ir muito longe e parece que cada vez há menos margem de manobra para as autoridades económicas. Depois de tudo, durante os últimos 20 anos a economia estado-unidense alimentou-se de bolhas que lhe permitiram crescer e manter níveis de emprego adequados. Esses tempos já acabaram.

A bolha dos anos 90, no valor dos títulos financeiros, deu uma ilusão de riqueza a muita gente: podiam brincar de ser correctores da bolsa, a comprar e vender títulos pela Internet. O ajuste destruiu essa ilusão nos fins dessa década, mas começou a inchar outra nova bolha: a dos bens imobiliários. Nos últimos 10 anos, boa parte da capacidade de endividamento e consumo dependeu directamente do valor garante dos bens imobiliários. Esta segunda bolha sacou a economia estado-unidense do buraco em que havia caído por volta de 1999, mas hoje também arrebentou.

Ambos os episódios foram ajudados por uma política de laxismo monetário poucas vezes presenciada e um frenesim de eliminação de regras sobre as operações do sistema financeiro. Essa desregulamentação adoptou muitas formas, mas uma das suas piores manifestações consistiu em eliminar as barreiras entre a actividade dos bancos e a do sector financeiro não bancário. Em teoria, os bancos devem ser manejados sob regras prudenciais estritas, ao passo que as correctoras, qualificadoras e outros agentes estão mais próximos da especulação. A desregulamentação aboliu a fronteira e por isso o desastre hipotecário hoje alcança dimensões gigantescas. Prognostica-se que centenas de pequenos bancos locais e dezenas de bancos regionais nos Estados Unidos terão desaparecer devido à sua extraordinária exposição creditícia no sector hipotecário e altíssimos níveis de carteira incobrável. Num par de anos a paisagem financeira dos Estados Unidos vai sofrer mudanças muito importantes.

A única coisa que está a manter os Estados Unidos a flutuar neste momento é a gigantesca injecção de liquidez do resto do mundo. Só neste ano, vários bancos centrais financiaram o pacote de resgates da Reserva Federal e do Tesouro. Esse fluxo de capitais foi o que permitiu à economia estado-unidense não ir à pique e evitar o destino fatal que tiveram as chamadas economias emergentes nas crises financeiras dos anos 90. Não é seguro que o défice fiscal possa continuar com este esquema de financiamento.

Qualquer intervenção nova deverá ter a cobertura dos bancos centrais desses países. Mas, o que se vai passar? A China tem os seus próprios problemas e continuará a evitar a revalorização do renminbi e isso não convém aos Estados Unidos. O ajuste externo para reduzir o défice externo deste funciona pela contracção das importações, mas o efeito de destruição de empregos no resto do planeta é um obstáculo para continuar a receber esses fluxos de capital. A guerra das desvalorizações poderia recrudescer.

Talvez o mais importante no momento é que não há perspectivas de outra bolha que possa resgatar a economia estado-unidense. De facto, os únicos preços que estão a inchar são os das mercadorias básicas: energia e alimentos. Evidentemente, isso não vai ajudar o consumo, o emprego e o crescimento. O fantasma da Grande Depressão não se afasta e, na verdade, a crise pode ser muito pior que a de 1929.


30/Julho/2008

O original encontra-se em http://www.jornada.unam.mx/2008/07/30/i ... e=029a1eco




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#70 Mensagem por cvn73 » Qua Ago 06, 2008 4:30 pm

Acredito que tenha a ver com o tema . Pelo menos no que tange ao B dos BRICs.
TAM já vale mais que JetBlue, United e American Airlines |
Muitas empresas brasileiras superam gigantes americanas em valor de mercado com queda do dólar e crise nos EUA

Gerar valor para o acionista é um mantra repetido à exaustão por executivos de todos os setores. Se alguém estivesse no comando de uma empresa cujo faturamento equivale a 21% do da maior companhia americana de seu setor, e cuja capacidade de produção correspondesse a apenas 12% daquela empresa, a tarefa de superar seu valor de mercado no curto prazo pareceria loucura. E o que dizer, então, de uma companhia que, nestas condições, já conseguiu bater uma rival desse porte? Foi o que aconteceu com a TAM. A aérea brasileira encerrou julho com um valor de mercado de 3,073 bilhões de dólares. A cifra é 35% superior aos 2,268 bilhões de dólares que os investidores pagariam pela AMR, holding que controla a American Airlines, maior companhia aérea dos Estados Unidos em receita, e sua co-irmã American Eagle, de vôos regionais. A TAM também vale mais que outras gigantes da aviação americana, como Delta, United, Continental e Northwest.

Os balanços das empresas mostram que a vitória da empresa brasileira se compara à de Davi contra Golias. No ano passado, a TAM faturou 4,9 bilhões de dólares, de acordo com o anuário Melhores e Maiores de EXAME. Já a AMR registrou receitas de 22,9 bilhões de dólares, quase cinco vezes mais. A disparidade também passa pelo tamanho da frota. No início de agosto, a brasileira alcançou 116 aeronaves – menos da metade dos 296 aparelhos operados apenas pela regional American Eagle. No total, a AMR possui uma frota de 980 aeronaves, sendo que 29 delas não estão em operação. A “capacidade instalada” da TAM permitiu-lhe transportar 27,950 milhões de passageiros em 2007, algo que a AMR demorou apenas 104 dias para fazer. Ao longo de 2007, a americana movimentou um total de 98,162 milhões de pessoas.

Por tudo isso, a TAM ocuparia uma modesta oitava posição no ranking das maiores companhias aéreas dos Estados Unidos, elaborado pela revista Fortune. A brasileira ficaria entre a Southwest, que faturou 9,9 bilhões de dólares em 2007, e a Alaska Air Group, com 3,5 bilhões.

Maior autonomia de vôo

A irracionalidade então teria dominado o mercado? Para analistas, a resposta é não. Os papéis da TAM também são castigados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) pelos mesmos motivos que levam os de suas concorrentes americanas a apanhar na Bolsa de Nova York – a disparada do petróleo, o conseqüente aumento do combustível e a corrosão de suas margens de lucro. Até 31 de julho, as ações preferenciais da TAM (TAMM4, sem direito a voto) perderam 26% do valor, em relação aos 42 reais com que eram cotadas no primeiro pregão do ano. Já os papéis da AMR na Bolsa de Nova York caíram 36%, para 9,03 dólares. As perdas amargadas pela TAM são bem maiores que os 5,27% de queda acumulada pelo Ibovespa, principal indicador do pregão paulista, no mesmo intervalo.

A diferença, para os especialistas, é o grau com que o cenário adverso afeta as empresas. No final de maio, a AMR passou a cobrar novas taxas dos passageiros, como uma de 15 dólares sobre a primeira bagagem a passar no check-in. A companhia também pretende cortar em 4,6% a capacidade em suas rotas nacionais até dezembro, e em 11% a dos vôos regionais. Além disso, em maio, circulou na imprensa americana que a American Airlines negociava uma fusão com a Continental, a fim de ganhar escala e cortar custos.

Nenhuma medida do gênero, até o momento, foi adotada pelas companhias aéreas brasileiras. “No geral, o desempenho das empresas brasileiras é melhor que o das rivais americanas”, afirma Kelly Trentin, chefe de análise da corretora SLW. Devido à grande competição no mercado americano de aviação, as empresas já vinham se reestruturando desde a desaceleração do setor, fruto dos atentados terroristas de 2001. “Eles já trabalham com margens pequenas, e não há muito para cortar para enfrentar o petróleo caro”, diz Kelly. Por aqui, a situação é diversa. A competição é bem menor e as companhias aéreas ainda têm espaço para enxugar eventuais gorduras.

Além disso, a queda do petróleo nos últimos dias e a expectativa de que os números do segundo trimestre sejam mais favoráveis também contribuem. O preço-alvo médio das corretoras para a TAM, em dezembro, é de 45 reais por ação, o que indica um potencial de valorização de 41% sobre o fechamento desta segunda-feira (4/8), de acordo com a Thomson Financial, agência americana especializada em informações financeiras. A maioria das corretoras ainda recomenda a compra dos papéis. As projeções para a AMR são opostas: recomendação de venda e preço-alvo de 7,75 dólares, uma queda de 20% sobre a segunda.

Tudo isso reflete nas altas recentes dos papéis da TAM e da Gol (GOLL4) na bolsa. A própria Gol também se beneficia da situação. Seu valor de mercado, 2 bilhões de dólares, superou os 1,43 bilhão de dólares da JetBlue, empresa que inspirou o modelo de negócios da família Constantino.

Sem jabuticabas

A valorização das aéreas brasileiras poderia ser um caso típico de jabuticabas no mercado mundial, mas há outros setores em que as companhias verde-amarelas já superam o valor de mercado de suas concorrentes americanas. No ramo de frigoríficos e abatedouros, por exemplo, a JBS-Friboi e a Perdigão já superam o valor de mercado da gigante Tyson Foods. Embora o faturamento da americana, no ano passado, tenha somado 26,9 bilhões de dólares, seu preço em bolsa é de 5,291 bilhões. A Perdigão vale 5,629 bilhões, mesmo com um sétimo das vendas.

A siderurgia é outro setor que desponta à frente das rivais dos Estados Unidos. A CSN é a empresa brasileira com maior valor de mercado neste segmento, 30,109 bilhões de dólares. A gigante Alcoa, que faturou 4,6 vezes mais no ano passado, é a empresa americana do setor de maior valor na Bolsa de Nova York: 27,452 bilhões.

E a Petrobras, avaliada em 227,103 bilhões de dólares, só perde para a Exxon Mobbil, mas supera a segunda companhia petrolífera dos Estados Unidos, a Chevron Texaco, cotada em 174,903 bilhões de dólares. Detalhe: a americana faturou, em 2007, mais que o dobro da brasileira – 211 bilhões de dólares.

Commodities e câmbio

A alta das commodities agrícolas e metálicas é um fator que explica boa parte da valorização das empresas brasileiras, em ramos tão distintos quanto o frigorífico e o petrolífero. Outro motivo é a situação do mercado interno. Enquanto os americanos beiram uma estagflação – a incômoda mistura de estagnação econômica e inflação -, o Brasil ainda vive um período de expansão econômica, com o consumo estimulado pela maior oferta de crédito.

O terceiro fator é o câmbio. “O dólar fraco também é responsável pela mudança de patamar das empresas brasileiras”, afirma Luciana Leocádio, analista-chefe da corretora Ativa. Segundo o Banco Central, o dólar comercial para venda acumulou uma queda de 12,15% entre o primeiro dia útil do ano e esta segunda-feira. Assim, ao converter os resultados e o valor de mercado das brasileiras para dólares, o real forte também favorece a comparação.

O câmbio é um elemento importante, mas é preciso lembrar que comprar ações na Bovespa ainda está “barato”, na comparação com a Bolsa de Nova York. O P/L (preço da ação sobre o lucro líquido da empresa) médio dos papéis negociados na bolsa paulista é de 10,9 anos. No pregão de Wall Street, o P/L é de 12,4 anos, segundo a Ativa. Na prática, o P/L indica em quanto tempo um investidor obtém o retorno do capital aplicado em uma empresa. Por isso, é dado em anos. Quanto menor o P/L, mais rápido é o retorno ou, como preferem os analistas, “mais barato” é o papel. “A Bovespa ainda está barata, e há margem para um crescimento mais rápido que o da bolsa americana”, diz Luciana, da Ativa. Se isso acontecer, o valor de mercado das brasileiras pode se distanciar ainda mais do de suas concorrentes americanas. Só faltaria alcançar uma escala de produção semelhante à delas. Mas isso é outra tarefa para os executivos que entoam o mantra da geração de valor para os acionistas.

Empresa Valor de Mercado (US$ bi em 31/7)* Faturamento em 2007
(US$ bi)** País


Aéreas

TAM 3,073 4,911 BRA
AMR 2,268 22,935 EUA
Gol 2,053 2,708 BRA
United Airlines 1,052 20,143 EUA

Papel e Celulose

Aracruz 8,718 1,491 BRA
VCP 4,901 1,559 BRA
Avery Dennison 4,686 6,307 EUA
MeadWestvaco 4,658 3,02 EUA
Suzano 4,571 2,249 BRA
Klabin 4,24 1,992 BRA

Frigoríficos/Alimentos

JBS 7,606 2,635 BRA
Hormel Foods 4,908 6,193 EUA
Perdigão 5,629 3,838 BRA
Tyson Foods 5,291 26,9 EUA
Sadia 4,892 5,415 BRA
Smithfield Foods 2,887 11,932 EUA
Pilgrim's Pride 903 7,599 EUA

Siderurgia

CSN 30,109 6,619 BRA
Gerdau 28,973 5,187 BRA
Alcoa 27,452 30,748 EUA
Usiminas 21,401 5,843 BRA
United States Steel 18,84 16,83 EUA

Bolsas

Chicago Mercantile 19,633 1,756 EUA
BM&F Bovespa 18,036 0,396*** BRA
New York Stock Euronext 12,519 4,158 EUA
Nasdaq Stock Market 5,545 2,436 EUA

Petróleo

ExxonMobbil 424,968 372,824 EUA
Petrobras 227,103 101,12 BRA
Chevron Texaco 174,903 210,783 EUA
Conoco Phillips 124,046 178,558 EUA

Bancos comerciais

Empresa Valor de Mercado (US$ bi em 31/7)* Valor ajustado dos ativos em 2007
(US$ bi)** País
Bradesco 61,188 177,922 BRA
Itaú 59,102 172,862 BRA
US Bancorp 53,279 237,615 EUA
Banco do Brasil 40,731 206,668 BRA
Bank of New York Mellon 40,606 197,656 EUA
Wachovia 34,4 782,896 EUA
State Street 28,004 142,543 EUA
Unibanco 22,555 89,059 BRA

*Fonte: Economática
**Fonte: Melhores e Maiores de EXAME, Revista Fortune, empresas
***Resultado pró-forma; taxa de câmbio de 31/07/08




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#71 Mensagem por Túlio » Sáb Ago 09, 2008 10:02 am

Notícias
Sábado, 9 de agosto de 2008, 09h12
Crise das hipotecas "subprime" obriga mercado japonês a fazer reajustes
O Japão não foi o país mais afetado pela crise das hipotecas "subprime", embora as perdas de seus bancos tenham sido milionárias, a queda do índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, tenha superado 20% e seu mercado de imóveis esteja em um momento de ajustes.

A segunda maior economia do mundo, que já viveu sua dura bolha financeira no início dos anos 90, foi atingida gradativamente pela crise que explodiu há um ano nos mercados internacionais, e alguns analistas acreditam que o pior ainda está por vir.

Até junho, os seis principais bancos japoneses - Mitsubushi UFJ, Mizuho, Sumitomo Mitsui, Resona, Sumitomo Trust e Chuo Mitsui - acumularam perdas relacionadas com as subprime de 1,03 trilhão de ienes (US$ 9,41 bilhões).

Considerando todas as instituições financeiras, as perdas chegavam, no final de março no Japão, a 2 trilhões de ienes (US$ 18,272 bilhões).

Os dados são pouco representativos perto dos números astronômicos divulgados há meses pelos americanos, mas destacáveis caso se leve em conta que o setor bancário japonês não está imune a esta crise financeira.

Geralmente conservador e pouco dado ao risco, o setor bancário japonês sempre viu reduzida sua exposição à crise. De fato, parte de suas perdas não estão vinculadas diretamente às hipotecas subprime, mas ligadas a produtos financeiros mais complexos que tinham como ativos secundários esse tipo de crédito.

Até final de março, os três primeiros bancos japoneses, sobretudo o Mitsubishi UFJ, possuíam 4,7 trilhões de ienes (US$ 44,389 bilhões) em dívida emitida pelas hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, que tiveram que ser resgatadas pelo Governo dos EUA.

O índice Nikkei registrou queda, desde 9 de agosto de 2007, data que tomada como referência do início da crise, de 23% (quatro mil pontos) e entre as grandes prejudicadas estiveram as companhias financeiras.

Só em janeiro, a Bolsa de Tóquio perdeu 13%, em seu pior início de ano em mais de duas décadas, influenciada pela fraqueza econômica nos EUA.

Neste último ano, dominado pelas conseqüências da crise das subprime, o Japão evidenciou a forte dependência do mercado americano, um dos mais importantes para as exportações de seus fabricantes de veículos e seus gigantes da eletrônica, e, pouco a pouco, seu crescimento foi se deteriorando.

Se no final de 2007 seu Produto Interno Bruto (PIB) chegava a 3,5%, desde o início do ano o crescimento do Japão foi caindo e, hoje, já se começa a falar abertamente em recessão.

Esta semana, o Governo japonês indicou em um relatório que a economia "se debilitou" pela queda das exportações e da produção industrial, e sugeriu o início de uma "fase de contração", dando praticamente por encerrada a maior etapa de expansão econômica no Japão desde a Segunda Guerra Mundial.

Além disso, o relatório assinalou que o emprego "se mostrou debilitado" no Japão e que continua o ajuste no mercado imobiliário.

Embora sem chegar às cotas vividas então nem a situações de alguns países europeus, o setor imobiliário japonês tem um ano de crise devido aos altos preços, à queda da demanda atribuída ao baixo consumo e ao endurecimento das normas para a construção.

Há doze meses, cai progressivamente a construção de novas casas no Japão, um indicador que desde do início de 2008 acumulou uma queda de 10%.

Um agravante é que o Japão tem hoje a inflação mais alta dos últimos 15 anos, de 1,9%, e as taxas de juros são as mais baixas do mundo industrializado, só de 0,50%, o que não oferece muita margem para manobras das autoridades japonesas.

EFE

http://noticias.terra.com.br/interna/0, ... ustes.html




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#72 Mensagem por Junker » Dom Ago 10, 2008 11:07 pm

Estagflação no mundo...
FRANÇOISE CROUÏGNEAU
Le syndrome de la stagflation
[ 11/08/08 ]

Les symptômes se multipliaient ces dernières semaines. Désormais, il n'y a plus de doute. L'Europe est, à son tour, touchée par le syndrome de la stagflation. La Grande-Bretagne et l'Italie ont été les premières atteintes. Toutes les capitales, jusque Berlin, s'apprêtent désormais à en reconnaître les méfaits. Après avoir rêvé, il y a un an, de voir la crise du « subprime » cantonnée à l'immobilier américain, puis espéré un découplage entre une Amérique malmenée et une Union européenne en plein rebond, la réalité s'impose. Rattrapée par la crise financière avant même d'avoir pu toucher les dividendes d'un retour en grâce de la croissance, les pays européens étalent l'un après l'autre leurs faiblesses. Resserrement du crédit bancaire aux entreprises et aux ménages, moindre consommation, attentisme des investisseurs, le cercle vicieux s'est lentement enclenché. Avec toutes les conséquences d'une activité en berne pour les résultats futurs des sociétés et les recettes fiscales des cigales budgétaires de l'Union, France en tête.

Certes, il ne faut pas dramatiser et imaginer qu'une récession est inéluctable. Avant que les pays émergents qui tirent la croissance mondiale à des niveaux encore fort acceptables plongent à leur tour, il n'est pas exclu que les Etats-Unis parviennent à panser leurs plaies et les Européens à reprendre souffle. Pour l'instant, l'OCDE ne voit un ralentissement se profiler qu'en Inde ou en Russie. La locomotive chinoise et le Brésil sont jusqu'à présent épargnés. Mais l'alerte est suffisamment chaude pour que le président de la Banque centrale européenne s'inquiète d'un essoufflement au sein de la zone euro.

Un constat bienvenu. L'euro qui, depuis janvier dernier, volait de record en record, au grand dam de bien des exportateurs, s'est brutalement replié pour frôler 1,50 dollar vendredi. Une consécration pour Jean-Claude Trichet, en passe de prendre la relève d'Alan Greenspan, salué en son temps comme l'homme qui savait parler aux marchés... A ceci près que le banquier central européen reste aussi préoccupé par les pressions inflationnistes que par la stagnation. Bref, au mieux, par la stagflation... Or, comme une bonne nouvelle n'arrive jamais seule, le pétrole s'est assagi, tombant à moins de 115 dollars, contre 147 dollars à la mi-juillet. Dégrisés par le ralentissement de la demande mondiale, les marchés courbent l'échine et redonnent un peu de tonus au dollar.

Un double ballon d'oxygène. Pour les Etats-Unis, où Ben Bernanke a sonné l'alarme contre une inflation alimentée par un dollar désespérément faible. Comme pour l'Europe, en quête de nouveau ressorts de croissance. Encore faudrait-il que l'accalmie sur la parité euro-dollar et les matières premières persiste. En ces temps incertains où la moindre étincelle met le feu à toutes les poudrières, rien n'est moins sûr. L'affrontement entre la Russie et la Géorgie sur l'Ossétie en constitue le rappel le plus inquiétant. Aux portes de l'Europe.
http://www.lesechos.fr/info/analyses/47 ... lation.htm




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#73 Mensagem por Brigadeiro » Seg Ago 11, 2008 10:03 am

Caro Junker e amigos,

Poderia fazer um resumo da reportagem? Eu não entendo francês... :(
Fica a sugestão: caso postarem uma notícia em outra língua, coloquem um resumo da mesma, para aqueles que estão mais acostumados com o português entenderem o que se passa... :mrgreen:

Até mais!




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#74 Mensagem por Túlio » Seg Ago 11, 2008 11:02 am

É, Francês eu não pego nada também, num tem ao menos em inglês? Ou, ao menos, o que significa 'épargnés'? :?




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#75 Mensagem por Junker » Seg Ago 11, 2008 12:34 pm

Basicamente, a notícia fala do mundo - entenda-se mundo em Europa e EUA - entrando em stagflation (estagnação + inflação), em especial a Europa. UK e Itália foram os primeiros a sentir, com todos os outros países europeus se contaminando pela crise dos "subprimes". Aperto do crédito para negócios e familias, causando menos consumo.
Daí o artigo fala que não pode se dramatizar em demasia a crise, já que Brasil, Rússia, Índia e China parecem não sofrer (o tal de "épargnés", que é poupados - pode também se referir a economia, mas não é o caso). [000]
Em resumo, a EU parece bastante preocupada com a crescente inflação, mas vê sinais de recuperação da crise como o declínio do dólar na sexta passada, e do petróleo de $147 para $115, em julho. Nos EUA, Bernanke alarmado pela inflação alimentada pelo dólar fraco.

no final:

"Nesses tempos incertos, onde a menor faísca ateia fogo ao barril de pólvora, nada é menos certo. O enfrentamento entre a Rússia e a Geórgia pela Ossétia constitui um importante lembrete. Nas portas da Europa."




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