Em verdade eu creio que quase ninguém aqui no DB consegue sequer
me imaginar como mimizento; quem consegue primeiro precisa ou fazer uma baita ginástica mental e/ou ligar o botão da má fé. Isso posto, me permitas explicar que estava me dirigindo a um Cidadão da União Européia, que até pouco tempo atrás eu considerava a futura URSS mas os desenvolvimentos recentes me parecem indicar que este seria o
best case scenario. De qualquer modo, é a terra dele e eu não tenho nada com isso.
Não obstante, para entender como esse pessoal pensa, primeiro precisamos compreender alguns fundamentos, que absorvem de sua mídia
mainstream. O mais importante, ou melhor, um dos mais importantes, me aparece na forma como conceituam a política em relação a como NÓS o fazemos. Vejamos como são compreendidos tipo BR vs UE:
BR - Extrema esquerda
UE - Esquerda
BR - Esquerda
UE - Centro-esquerda
BR - Centro e centro-esquerda
UE - Direita
BR - Qualquer coisa à direita do centro
UE - Extrema direita
Notar ainda que, ao contrário daqui, eles ainda acreditam em muito do que diz a sua mídia
mainstream, porque ela na maior parte diz o que eles querem ler/ouvir. Não que sejam uns
ignorantes, longe disso, a explicação está na natureza humana e uma forma particularmente divertida de exprimir isso eu vi num filme dia desses, achei magnífico o
insight:
"A Verdade é igual à Poesia, e a maioria das pessoas DETESTA Poesia"
Assim, para alguém da UE (especialmente os "de esquerda", os demais - minoria - são uns FAXIXTXX que deveriam morar aqui pra ver o que é bom pra tosse
), se tem enchente no Brasil é culpa da "extrema direita", se tem seca também. Já se chove direitinho e o resto é tempo bom, isso foi
apesar da "extrema direita".
Agora, quando passo a debater com um brazuca que nem eu, é preciso estabelecer alguns parâmetros: quando falo em Brizola e Rio, falo de quando eu morava/trabalhava lá e ele era Governador, nos anos 80. Não existia web, logo, eu não era formado na Universidade Wikipédia nem tinha PhD no GIT (Google Institute of Technology
) e, por conseguinte, me informava sobre o que estava acontecendo através da única mídia que existia (a
mainstream) para gente comum que nem eu; o resto era ver, ouvir e conversar sobre isso com as pessoas. E o Rio era o melhor lugar do Brasil para isso, aquele Povo é (ou era)
FANTÁSTICO, tipo a pessoa está ali esperando o ônibus na mesma parada que tu, ou no banco ao lado no metrô em movimento, daí puxa conversa e logo está contando a sua vida inteira, junto com suas ideias sobre o que está acontecendo e o que julga ser a razão, e volta e meia perguntando o que a gente acha. Palavra, mesmo com a criação que tive (100% Gaúcho e Tradicionalista), admito que tive menos dificuldade em me adaptar ao Rio do que em me
readaptar à véia São Pedro. De qualquer modo, vi e ouvi muito sobre os "anos Brizola" vivendo na Cidade Maravilhosa e interagindo com as pessoas, não em livros e sites.
E posso dizer coisas da época: se alguém dissesse a palavra "fuzil", entendíamos como referência ao Exército, pois ninguém mais usava, até onde soubéssemos; idem "metralhadora" (na verdade SMG), pela mesma razão; qualquer pessoa podia subir o Morro da Rocinha ou qualquer outro e, desde que se comportasse e de preferência estivesse em companhia de um morador, não era incomodado; se a Polícia aparecia, ninguém se fresqueava (e, eternamente mal paga, o que não faltava era PM morando no morro, cheguei a namorar a filha de um e morria de medo dele
). Por outro lado, o crime começava a se organizar, não como é hoje (facções superarmadas capazes de questionar a Soberania do Estado) mas em quadrilhas que achávamos ter um alto poder de fogo (sendo grandes usuárias do que chamávamos na época de "espingarda de matar elefante", a 12 de canos geminados), tanto no Rio quanto em minha cidade natal, Porto Alegre.
A diferença é que no RS essas facções apenas recentemente começaram a mostrar maior capacidade, e mesmo assim apenas para não serem engolidas pelas mais "políticas", tipo as "lá do Brasil", que aqui até bandido é "bairrista". Já no Rio eles tiveram um Gaúcho se elegendo e "governando" fácil, graças à sua espetacular capacidade de se articular (os "acordões") com uma coisa de que já falávamos mas sempre à boca pequena, chamada simplesmente de "falange", que era entendida por nós como uma mistura entre terroristas e criminosos comuns (lembrar, mesmo durante o exílio ele mantinha contato e articulava as ações de diversos grupos da "rexixtênxxx" de então). Foi com ele e seus "acordões" que a Polícia parou de subir morro e depois os Policiais tiveram que se mudar de lá. Ou morreriam.
Mas não foi por ser "de esquerda" não, que isso ele só era na cabeça de quem caiu no conto: o Brizola, e este vosso criado provém de uma família que, na parte materna, é
brizolista até hoje, era sobretudo um
BANDIDO! Até hoje o que não falta é "cumpanhêro" falando/escrevendo sobre o quanto o cara "expropriou" dos fundos que vinham do exterior e mesmo dos "pedágios" pagos pelos que sequestravam e assaltavam bancos. Deves saber que existia isso também, né?
Assim, a grande praga do Brasil foi o Getúlio; a do Rio, o Brizola. Ambos Gaúchos. Se o D. Pedro II tivesse sido mesmo isso tudo de inteligente, ele teria reconhecido a Independência daqui ainda antes de o General Netto a proclamar (à revelia de seus chefes, todos monarquistas, como o Bento), dois anos após o começo da Revolução Farroupilha, que não foi mais do que uma guerra interna entre Gaúchos. Tipo expulsar do Império mesmo, vão fundar um país pra VOSMEÇÊS lá na PQP e se virem com os castelhanos! Teria se livrado de um pepino dos brabos e nós até hoje muito provavelmente seríamos o Afeganistão da América, em nossa desvairada paixão por nos matarmos uns aos outros.
Mas não: para salvar a São Pedro, sacrificou o Brasil.
