RIO — Na primeira entrevista coletiva desde que foi reeleito no último domingo, o presidente Hugo Chávez negou que vá acabar com a iniciativa privada no país e disse que defende a entrada de Bolívia e Equador no Mercosul. Sobre as eleições, Chávez afirmou que o povo venezuelano não derrotou apenas Capriles, mas uma “coalização internacional”, voltou a defender a “forte democracia” existente no país e criticou aqueles que afirmaram que sua vitória foi de uma pequena margem percentual.
- Não derrotamos só a Capriles, derrotamos uma coalizão internacional de muito poder. A batalha não foi só interna. Nossa vitória significa preservar a independência nacional. Por trás da candidatura da direita estava o projeto colonial, os países imperialistas deste mundo. Por isso foi uma grande batalha - declarou, antes das rodadas de perguntas.
Em relação à política internacional, Chávez elogiou Brasil e Argentina na liderança do Mercosul e contou que perguntou a (Rafael) Correa e Evo (Morales) se os dois presidentes têm interesse de participar do bloco.
- Seria muito positivo se Equador e Bolívia se incorporassem a médio prazo.
Chávez também defendeu o regime do presidente sírio Bashar al-Assad. Ele comparou a atual situação à derrocada de Kadafi na Líbia e elogiou o posicionamento de Rússia e China em relação ao conflito.
- Alguém pode estar humanamente de acordo com o que aconteceu na Líbia? Foi uma coisa horrível, bárbara. Kadafi foi assassinado e torturado, quase ao vivo pela televisão. Ele escolheu morrer. A última mensagem que chegou até mim de Kadafi dizia “Morrerei como Che, como um mártir” - disse o presidente venezuelano. - Na Síria, apoio a atitude de países como Rússia e China. Temos que respeitar a soberania dos povos, a Síria é um país soberano como a Venezuela, a Líbia ou os Estados Unidos. Se não concordamos com o que acontece na Síria o que fazemos? Bombardeamos o país? Isso é lamentável. Como não apoiar o governo de Assad, se é um governo legítimo. A quem apoiar, os terroristas? O governo americano é um dos maiores responsáveis por esse desastre. Tomara que Obama seja reeleito e faça algo a respeito, assim como alguns líderes europeus.
Críticas a campanha de Capriles
O presidente eleito também criticou as notícias veiculadas na imprensa de que sua vitória tenha sido apertada, e lembrou as eleições na França e na Espanha, onde François Hollande e Mariano Rajoy, entre outros, ganharam por poucos pontos percentuais.
- Ganhamos por 11 pontos percentuais de diferença, em 22 estados. Como estivemos a ponto de perder com quase 2 milhões de votos de diferença? Até Obama, meu candidato, tem uma diferença pequena contra seu opositor - disse, ignorando pesquisas mais recentes que mostram empate técnico e até a vitória de Mitt Romney nos Estados Unidos. - É muito positivo que o ex-candidato (Capriles) tente novamente ser governador. Mas nós ganhamos até em Miranda, onde ele era governador.
Chávez acusou ainda Henrique Capriles de camuflar sua verdadeira proposta neoliberal, negando sua própria essência e seu próprio objetivo. Quando perguntado sobre a “divisão da Venezuela”, o presidente foi enfático.
- E os EUA não estão divididos? Todos os países estão divididos: França, Itália, Espanha. Às vezes, em regimes parlamentares, por causa do voto de três ou quatro deputados elege-se um outro primeiro-ministro - afirmou. - Antes de votar em Chávez, o povo votou pela continuidade de um projeto politico, econômico e social. Um projeto de continuidade do socialismo, que já está em marcha.
E defendeu novamente o processo democrático em vigor no país, lembrando que, há 20 anos, o diálogo entre governo e oposição era totalmente inexistente. Ele comemorou sua confortável reeleição como sinal de que a democracia na Venezuela é “perfeita”, e zombou dos adversários que o descrevem como um ditador. Chávez obteve 55% dos votos na eleição de domingo, com um expressivo comparecimento de 81% do eleitorado.
- Sem povo não há democracia, sem participação popular qualquer modelo é falso. Se alguém quer ver uma democracia vigorosa, sólida, digna, que venha à Venezuela. Essa é a melhor Venezuela, desde o ponto de vista politico, em 200 anos de historia - disse, aplaudido por centenas de jornalistas nacionais e internacionais.
http://oglobo.globo.com/mundo/chavez-de ... ul-6349367
Logo teremos maiores tratativas de um acordo de livre comércio do Mercosul com a China.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant