#5442
Mensagem
por brisa » Sex Ago 29, 2008 9:49 am
Fragmentos de uma entrevista do MU ao terramagazine
O senhor conclui agora o Plano Nacional de Defesa?
Estou trabalhando com o ministro da Defesa (Nelson Jobim) na formulação do Plano, submetido ao presidente.
Quais os principais eixos?
Não posso esmiuçar o plano porque ele está em mãos do presidente. Ele é... A proposta que nós formulamos é radical. Não tem precedentes na história do País. Parte da premissa de que o projeto forte de desenvolvimento exige um projeto forte de Defesa. O Brasil precisa poder se rebelar. Precisa poder dizer "não". Precisa ter margem pra poder construir seu desenvolvimento se quiser ter um projeto nacional forte. Entendo que o projeto nacional forte é um projeto com quatro atributos: primeiro, mobilização dos recursos nacionais, inclusive da poupança nacional privada e pública, pra não ter de depender da poupança estrangeira; em segundo lugar, independência tecnológica, inclusive nos setores estratégicos - espacial, cibernético e nuclear; em terceiro lugar, democratização de oportunidades econômicas e educativas; e em quarto lugar, tradições intelectuais fortes e também rebeldes, como eu descrevi antes. É pra isso que é pra ser a Defesa. É o escudo de um projeto nacional com esses atributos.
Nosso trabalho se organizou em torno de três grandes vertentes: primeiro, a reconfiguração das Forças Armadas, partindo de um trinômio: monitoramento, mobilidade e presença. Prevendo um grande avanço nos setores estratégicos. A segunda vertente é a reconstrução radical da indústria nacional de Defesa, tanto na sua parte privada, quanto na sua parte estatal. E o terceiro é assegurar que as Forças Armadas continuem a ser a própria Nação em armas, e não uma parte da Nação paga pelas outras pra defendê-las. E, portanto, aprofundar o serviço militar obrigatório.
Aprofundar o serviço militar obrigatório?O serviço militar obrigatório como um espaço republicano no qual a Nação possa se encontrar acima das classes.
Naturalmente, esse plano passa pela Amazônia. Como tocará nela?
A Amazônia é uma das nossas principais preocupações de Defesa. Aí vem uma outra atribuição minha no governo, que é coordenar o Plano de Desenvolvimento Sustentável e includente da Amazônia.
E a regularização de terras?
A regularização fundiária é uma questão central pra Amazônia. É um teste para o Brasil. Se nós não resolvermos esse problema, o resto podemos esquecer. A Amazônia é hoje um caos fundiário. Menos de 4% das terras em mãos de particulares tem a sua situação jurídica esclarecida. A consequência é que ninguém sabe quem tem o quê, a população se sente chantageada e o saque é mais atraente do que a produção. Tem que acabar com isso. Se não acabar com isso, nada mais vai funcionar.
O senhor é favorável à demarcação das terras indígenas?
É assunto que está sob a égide do Supremo Tribunal Federal e a orientação do governo é calar enquanto está nas mãos dos ministros.