Clermont escreveu:FCarvalho escreveu:terceira é crianças e armas.
Cada coisa no seu lugar. E lugar de criança é bem longe dessas "abestalhações" e pieguices do mundo adulto.
De vez em quando, a gente lê por aí que algumas das mais ternas lembranças de infância de muitos americanos é a primeira vez que foram com seus pais para um stand de tiro; ou então para um campo de caça. E aprenderam a ter respeito e responsabilidade com a utilização delas.
Também, é bem mais provável que uma criança que tenha tido tal contato com armas, seja a menos provável de sofrer ou provocar acidentes com armas de fogo.
Sem contar que há inúmeros e inúmeros casos (aliás, já postei alguns no tópico sobre "Autodefesa armada") de menores, com a mesma idade do garoto da foto, que salvaram a si mesmos e a suas mães e irmãos menores, usando os ensinamentos que seus pais lhes deram sobre como utilizar com responsabilidade uma arma de fogo.
Aliás, acho difícil dizer que os Estados Unidos ou a Suíça não são "países civilizados". E lá, os filhos aprendem com os pais a manejar armamentos.
Bem Clermont, penso que os USA não sejam, para nós, exatamente o melhor parâmetro sobre este ponto, visto que lá, o loby da industria criou ao longo dos séculos, junto à própria historia americana, um modelo de pensamento e comportamento, que não deixa de traduzir os arquétipos sociais e o padrão cultural deles, que é e sempre foi violento, e que privilegia tão as avessas a vida, em pró da tal da liberdade, que por sua vez, conceitualmente, lá depende, literalmente, das idéias, conceitos e preconceitos, de cada um sobre o que seja.
Visto por este aspecto, uma arma para um americano não é somente um objeto, mas antes, é um símbolo. E desde sempre, símbolos são cosias difíceis de se lidar em qualquer lugar.
Por outro lado, mesmo levando em consideração o que falastes, o país onde se aprende a respeitar e a lidar com armas desde cedo, é o mesmo país mais do que traumatizado por mais de três centenas de mortes de jovens, adolescentes e crianças em escolas e universidades, por motivos fúteis e banais, quando não, como resultado de uma sociedade esquizofrênica que não sabe e não consegue lidar com o fato de que uma arma, por mais importante que seja para a cultura, enquanto símbolo de sua moral e mesmo para a sua história, não pode continuar sendo motivo para a abstração a menor do fato de que a sua juventude e infância estão sendo alienadas sob a tutela de uma industria, tal como a do tabaco, que precisa se nutrir dos medos das pessoas para crescer e manter-se, mesmo que isso continue custando a vida de milhares por lá e por onde for.
Armas não são e nunca serão brinquedos, e penso, sequer merecem ou mereceriam admiração e denodo de quem quer que seja, por mais idôneo que fosses os motivos para tal. E existem, com certeza, outras formas de nutrir respeito e responsabilidade por estes objetos, que não entregando-os nas mãos de crianças.
Um livro, dentre outros materiais mais didáticos, pode obter o mesmo efeito a partir do bom uso e da orientação correta. Não é necessário, e nem preciso, neste caso, colocar a coisa na prática. Eu tenho cá comigo verdadeira admiração por armas e assuntos militares desde criança. E aprendi a respeitá-las, e a temê-las também, sem necessariamente colocarem uma arma na minha mão. Muito embora já as tivesse por várias vezes em mãos em diversas ocasiões.
No meu entender, como disse em princípio, armas e crianças são duas coisas que não se misturam. Armas são coisas de e para adultos.
E não é admissível, ao menos para minha consciência, que se ponha nas mãos de quem mal sabe apontar um lápis, ou escrever o próprio nome numa folha de papel, um objeto, que no final das contas, sejamos sinceros, a depender de condições as mais esparsas, atemporais e incalculáveis possíveis, jamais lhe trará algum benefício prático do seu conhecimento e/ou uso. Porque simplesmente, a infância tem outros objetos mais úteis, importantes e próprios do seu tempo com o que se preocupar. E aprender.
abs.