Sobre o KC-390
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Re: Sobre o KC-390
A E5 é uma evolução da A5, pode até soar estranho uma evolução com menos potência, mas ela evoluiu de outras formas, em especial, como você já deve ter percebido, o KC-390 tem potência sobrando pro tamanho dele, precisava evoluir de outras formas.
E em relação a ele ter potência sobrando, não é bem, "sobrando", o A321 (e os E2 da Embraer, e praticamente todas as aeronaves comerciais) é um avião extremamente especializado, é uma especialização com demanda altíssima, ainda assim uma especialização extrema, ele cumpre a tarefa de decolar sem restrições de pista, subir até altitude de cruzeiro, voar em velocidade de cruzeiro por certa distância, descer, e pousar sem restrições de pista, qualquer kN nas turbinas além do mínimo necessário para essa rotina é desperdício de combustível, os motores estão dimensionados para essa rotina, as asas, fuselagem e tudo mais, e ele deve ser extremamente eficiente nessa rotina.
Já o KC-390, é mais "genérico", ele deve ser capaz de decolar de pistas boas e de pistas não tão boas, subir até altitude de cruzeiro, ou não, voar em velocidade de cruzeiro, ou não (imagine reabastecendo helicópteros, voo lento e a baixa altitude), e quando for pousar, talvezem pistas não tão boas, e ainda veículos devm ser capazes de embarcar nele por meios prórpios (quer dizer que asas e motores não podem ficar onde os engenheiros bem entenderem, não da para colocar trens de pouso muito altos que os veículos não conseguiriam embarcar).
Diante dessa diversidade de perfis de voo a Embraer precisou colocar motores um pouco mais potentes do que o mínimo necessário, asas com perfil que não é tão bom para cruzeiro, etc. O ponto é: não da para olhar para aeronaves comerciais e achar que as soluções se aplicam ao KC-390, é um perfil de missão muito diferente.
E em relação a ele ter potência sobrando, não é bem, "sobrando", o A321 (e os E2 da Embraer, e praticamente todas as aeronaves comerciais) é um avião extremamente especializado, é uma especialização com demanda altíssima, ainda assim uma especialização extrema, ele cumpre a tarefa de decolar sem restrições de pista, subir até altitude de cruzeiro, voar em velocidade de cruzeiro por certa distância, descer, e pousar sem restrições de pista, qualquer kN nas turbinas além do mínimo necessário para essa rotina é desperdício de combustível, os motores estão dimensionados para essa rotina, as asas, fuselagem e tudo mais, e ele deve ser extremamente eficiente nessa rotina.
Já o KC-390, é mais "genérico", ele deve ser capaz de decolar de pistas boas e de pistas não tão boas, subir até altitude de cruzeiro, ou não, voar em velocidade de cruzeiro, ou não (imagine reabastecendo helicópteros, voo lento e a baixa altitude), e quando for pousar, talvezem pistas não tão boas, e ainda veículos devm ser capazes de embarcar nele por meios prórpios (quer dizer que asas e motores não podem ficar onde os engenheiros bem entenderem, não da para colocar trens de pouso muito altos que os veículos não conseguiriam embarcar).
Diante dessa diversidade de perfis de voo a Embraer precisou colocar motores um pouco mais potentes do que o mínimo necessário, asas com perfil que não é tão bom para cruzeiro, etc. O ponto é: não da para olhar para aeronaves comerciais e achar que as soluções se aplicam ao KC-390, é um perfil de missão muito diferente.
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- FCarvalho
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Re: Sobre o KC-390
A minha curiosidade não foi nem no sentido de comparar as aeronaves, mas de saber de que forma a disposição de turbinas mais potentes, no caso a própria IAE V2500 ou outra similar, permitiria ampliar a performance já superlativa do KC390 no futuro, permitindo, ou não, eventuais alterações na sua estrutura atual.
Exemplo: os supostos requisitos da USAF para o substituto do Hércules que se comentou muito por aí estariam muito mais para uma aeronave como o A400M do que o KC390.
Um outro exemplo é mais simples. A FAB até hoje não possui uma aeronave de carga militar que ao menos igualasse as características dos vestutos KC-137,aposentados há mais de cinco anos e sem solução aparente em prazo previsível.
Abs
Exemplo: os supostos requisitos da USAF para o substituto do Hércules que se comentou muito por aí estariam muito mais para uma aeronave como o A400M do que o KC390.
Um outro exemplo é mais simples. A FAB até hoje não possui uma aeronave de carga militar que ao menos igualasse as características dos vestutos KC-137,aposentados há mais de cinco anos e sem solução aparente em prazo previsível.
Abs
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- hotm
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Re: Sobre o KC-390
https://www.janes.com/article/85157/uk- ... ach-trials
para quando o KC-390 faz isto ou na antartida?
E o contrato com Portugal alguém faz ideia ?
para quando o KC-390 faz isto ou na antartida?
E o contrato com Portugal alguém faz ideia ?
- tgcastilho
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Re: Sobre o KC-390
O contrato vai ser assinado no dia de são nunca à tarde pela manhã. O marajá de são Bento é bom, mas é de letra...
"Socialist governments traditionally do make a financial mess. They [socialists] always run out of other people's money. It's quite a characteristic of them."
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Re: Sobre o KC-390
E o avião desenvolvido com dinheiro do.contribuinte brasileiro vai ser entregue de bandeja para a Boeing.
Que beleza!
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Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: Sobre o KC-390
KC-390, o cargueiro de guerra brasileiro que nasceu graças ao apoio do governo (PAC)
*escrito com Gustavo Rojas
A dominância dos governos como clientes preponderantes no segmento militar é de grande importância no mundo todo. Os contratos de compras de aeronaves militares geralmente incluem contratos de “offsets”, contrapartidas em termos de transferências de tecnologias destinadas aos governos compradores. Estas condições diferenciadas do mercado de aeronaves militares podem reduzir as barreiras para o ingresso de novas empresas de países emergentes com forte respaldo governamental dentro das cadeias globais de valor. Estas características da indústria são importantes para entendermos as perspectivas do Projeto KC-390 da Embraer. A Embraer Defesa e Segurança foi criada em 2011 como o braço da empresa encarregado do desenvolvimento de projetos militares. Entre estes, encontra-se a principal aposta da empresa: o cargueiro militar KC 390. O projeto é fruto de contrato assinado em 2009 entre a Força Aérea Brasileira e a EMBRAER. Os investimentos requeridos para o seu desenvolvimento integraram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), garantindo priorização em sua execução orçamentária.
Com o KC-390, a Embraer busca ocupar um espaço importante no mercado mundial de transportes militares de 20 toneladas, passando a competir diretamente com empresas como a estadounidense Lockheed Martin, a européia AirBus e a ucraniana Antonov. Busca se inserir nesse novo nicho de mercado a partir de um modelo de baixo custo aquisitivo e operacional. Este elevado grau de competitividade apóia-se na ampla utilização de componentes da tradicional família de jets regionais da empresa. O custo de desenvolvimento do projeto custou à FAB apenas R$ 5 bilhões, valor correspondente a apenas um décimo quando comparado com os € 20 bilhões gastos pela Airbus no desenvolvimento de seu cargueiro A400M Atlas. O mercado potencial do KC-390 é extremamente atrativo, pois em muitos países do Ocidente a vida útil de seus cargueiros se aproxima do término. Os novos modelos do Hércules e do AirBus A400, seus concorrentes diretos, possuem custos significativamente superiores e a aquisição de cargueiros russos ou orientais é descartada por ampla parcela das Forças Armadas do Ocidente devido ao seu elevado custo de adaptação. Adicionalmente, a aeronave diferencia-se de seus competidores em outros pontos: 1) é um avião com propulsão a turbina, não a hélice como a maioria dos competidores dessa categoria, reduzindo o tempo de vôo das aeronaves; 2) menor custo e tempo de manutenção; 3) utiliza tecnologias e equipamentos conhecidos e disponíveis no mercado, reduzindo custos e riscos. A perspectiva da aquisição do segmento de aviação civil da Embraer pela Boing significaria, em termos simples, uma ruptura com o ciclo de difusão das inovações geradas no segmento militar e transferidas posteriormente, a baixo risco e maior escala, ao segmento civil. A complementariedade de ambos segmentos é a base da inovação da indústria aeronáutica e o KC-390, um passo inédito do Brasil na aquisição de conhecimentos para a construção de aeronaves de maior porte.
* notas de Vinicius Teixeira
O A-400 está em outra faixa de peso/capacidade. Os concorrentes diretos são o C-130J, que é uma aeronave modernizada, mas conta com 60 anos de projeto e 4 motores, o que implica em custos maiores de manutenção ao longo da vida útil, e uma aeronave russa ainda em desenvolvimento, proposta para ser feita em cooperação com a índia. O fato do KC ter motores turbofan pode ser uma vantagem em alguns cenários mas implica tbm em restrições em outros, como o pouso em pistas não preparadas e na neve, coisa que o C-130 executa sem muitos problemas. Porém o KC da Embraer pode reabastecer aeronaves voando mais rápido, chegar mais rápido, mais longe e com maior carga. Vai depender muito do operador e da doutrina de sua utilização. Tem funções que o C-130 não tem. A retirada do portfólio civil da Embraer pela Boeing, deixando apenas a área de defesa no Brasil certamente vai implicar na inanição desse segmento e falta de continuidade em projetos bancados pela FAB, dada a incerteza de que a tecnologia fique no país.
FONTE: http://www.paulogala.com.br/kc-390-o-ca ... L2xRTReges
*escrito com Gustavo Rojas
A dominância dos governos como clientes preponderantes no segmento militar é de grande importância no mundo todo. Os contratos de compras de aeronaves militares geralmente incluem contratos de “offsets”, contrapartidas em termos de transferências de tecnologias destinadas aos governos compradores. Estas condições diferenciadas do mercado de aeronaves militares podem reduzir as barreiras para o ingresso de novas empresas de países emergentes com forte respaldo governamental dentro das cadeias globais de valor. Estas características da indústria são importantes para entendermos as perspectivas do Projeto KC-390 da Embraer. A Embraer Defesa e Segurança foi criada em 2011 como o braço da empresa encarregado do desenvolvimento de projetos militares. Entre estes, encontra-se a principal aposta da empresa: o cargueiro militar KC 390. O projeto é fruto de contrato assinado em 2009 entre a Força Aérea Brasileira e a EMBRAER. Os investimentos requeridos para o seu desenvolvimento integraram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), garantindo priorização em sua execução orçamentária.
Com o KC-390, a Embraer busca ocupar um espaço importante no mercado mundial de transportes militares de 20 toneladas, passando a competir diretamente com empresas como a estadounidense Lockheed Martin, a européia AirBus e a ucraniana Antonov. Busca se inserir nesse novo nicho de mercado a partir de um modelo de baixo custo aquisitivo e operacional. Este elevado grau de competitividade apóia-se na ampla utilização de componentes da tradicional família de jets regionais da empresa. O custo de desenvolvimento do projeto custou à FAB apenas R$ 5 bilhões, valor correspondente a apenas um décimo quando comparado com os € 20 bilhões gastos pela Airbus no desenvolvimento de seu cargueiro A400M Atlas. O mercado potencial do KC-390 é extremamente atrativo, pois em muitos países do Ocidente a vida útil de seus cargueiros se aproxima do término. Os novos modelos do Hércules e do AirBus A400, seus concorrentes diretos, possuem custos significativamente superiores e a aquisição de cargueiros russos ou orientais é descartada por ampla parcela das Forças Armadas do Ocidente devido ao seu elevado custo de adaptação. Adicionalmente, a aeronave diferencia-se de seus competidores em outros pontos: 1) é um avião com propulsão a turbina, não a hélice como a maioria dos competidores dessa categoria, reduzindo o tempo de vôo das aeronaves; 2) menor custo e tempo de manutenção; 3) utiliza tecnologias e equipamentos conhecidos e disponíveis no mercado, reduzindo custos e riscos. A perspectiva da aquisição do segmento de aviação civil da Embraer pela Boing significaria, em termos simples, uma ruptura com o ciclo de difusão das inovações geradas no segmento militar e transferidas posteriormente, a baixo risco e maior escala, ao segmento civil. A complementariedade de ambos segmentos é a base da inovação da indústria aeronáutica e o KC-390, um passo inédito do Brasil na aquisição de conhecimentos para a construção de aeronaves de maior porte.
* notas de Vinicius Teixeira
O A-400 está em outra faixa de peso/capacidade. Os concorrentes diretos são o C-130J, que é uma aeronave modernizada, mas conta com 60 anos de projeto e 4 motores, o que implica em custos maiores de manutenção ao longo da vida útil, e uma aeronave russa ainda em desenvolvimento, proposta para ser feita em cooperação com a índia. O fato do KC ter motores turbofan pode ser uma vantagem em alguns cenários mas implica tbm em restrições em outros, como o pouso em pistas não preparadas e na neve, coisa que o C-130 executa sem muitos problemas. Porém o KC da Embraer pode reabastecer aeronaves voando mais rápido, chegar mais rápido, mais longe e com maior carga. Vai depender muito do operador e da doutrina de sua utilização. Tem funções que o C-130 não tem. A retirada do portfólio civil da Embraer pela Boeing, deixando apenas a área de defesa no Brasil certamente vai implicar na inanição desse segmento e falta de continuidade em projetos bancados pela FAB, dada a incerteza de que a tecnologia fique no país.
FONTE: http://www.paulogala.com.br/kc-390-o-ca ... L2xRTReges
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Re: Sobre o KC-390
Caso confirmado, foi assinado um dos maiores acordos "CARACÚ" de todos os Séculos; pior, com uso de fartas verbas públicas do Tesouro Nacional brasileiro! Dá asco!
Att.
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Re: Sobre o KC-390
Ao que parece a Embraer está tentando se resguardar na sua área de defesa com outra joint venture com a Boeing no KC390, justamente porque ela sabe que essa aérea não irá sobreviver sem o apoio da gigante americana.
Do ponto de vista estritamente do negócio é um passo lógico.
Mas essas decisões não podem ser tomadas apenas olhando planilhas e retornos financeiros na bolsa.
Abs
Do ponto de vista estritamente do negócio é um passo lógico.
Mas essas decisões não podem ser tomadas apenas olhando planilhas e retornos financeiros na bolsa.
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- tgcastilho
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Re: Sobre o KC-390
https://www.rtp.pt/noticias/pais/estado ... o_n1123085O chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), general Manuel Rolo, revelou hoje que o Estado português admite abandonar o projeto de aquisição de aviões KC-390 caso a Embraer não baixe os valores pedidos.
"O Estado não quer ver ultrapassado para além deste montante [cerca de 830 ME], estamos numa negociação férrea e começa a prevalecer a opinião de que, se a Embraer não vier para este valor, o Estado português terá de ir para outras opções", afirmou o general Manuel Rolo no parlamento.
O CEMFA está a ser ouvido na comissão parlamentar de Defesa Nacional sobre a proposta de Lei de Programação Militar, que prevê investimentos de 4,74 mil milhões de euros, até 2030.
O valor previsto para o projeto de aquisição de aviões de transporte tático na proposta de Lei de Programação Militar (LPM) é de 827 milhões de euros no espaço de doze anos.
O general adiantou que a negociação "não está fácil" e que a Embraer "está a pedir muito mais do que razoavelmente" o Governo esperaria.
Segundo o general, está em cima da mesa e "esse é também o sentimento do ministro da Defesa Nacional [João Gomes Cravinho]", fazer "sentir à Embraer que podem ser pensadas outras opções".
Eu só não acerto é no euromilhões.
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- P44
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