Enviado: Qui Ago 30, 2007 5:46 pm
http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_120534.asp
Polícia encontra refinaria de cocaína durante operação na Rocinha
Um traficante foi preso e 50 quilos de maconha foram apreendidos
Rio - A Polícia Civil descobriu uma refinaria de cocaína, na localidade conhecida como Cachôpa, na parte alta da Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul, na manhã desta quinta-feira, durante operação para encontrar um paiol de armas e drogas que seria de traficantes.
De acordo com delegado Carlos Oliveira, da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), o laboratório processava até meia tonelada de pasta de cocaína por mês. Cada quilo de pasta era transformado em pelo menos três quilos de cocaína em pó.
A descoberta comprovaria tese da Polícia da auto-suficiência do tráfico da Rocinha, que em vez de somente trazer a droga de outros países passou a processar a droga dentro da própria comunidade.
A droga teria como origem Bolívia e Colômbia e, após o processamento na Rocinha, era distribuída para 13 ou 14 favelas domindas pela mesma facção criminosa que domina a Rocinha, a ADA (Amigos dos Amigos), em especial, o Morro dos Macacos, em Vila Isabel, e comunidades do Complexo da Maré.
Durante a operação, foi preso o traficante Leonardo Assunção, de 28 anos, conhecido como Schumacher ou Português, que seria o "químico" da refinaria. Em uma casa abandonada na Rua do Valão, que fica na parte baixa do morro, a polícia apreendeu 50 quilos de maconha em tabletes.
Cerca de 200 agentes chegaram à comunidade às 9h30, hora em que o trânsito foi interditado na Auto-Estrada Lagoa-Barra, em direção ao Leblon, por medida de segurança. Houve explosão de bombas e fogos, mas não há registro de tiroteios. Um veículo blindado da Core está em um dos acessos.
Os policiais tentaram localizar o esconderijo de armas e drogas no último dia 2, mas o vazamento de informações comprometeu a primeira operação. Um inspetor foi preso acusado de avisar os criminosos sobre a chegada da polícia.
Da folha ao pó: Rocinha S.A.
http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_119960.asp
Traficante preso define a favela como ‘caixa-forte’ devido à rapidez com que os criminosos desembolsam altas somas
João Antônio Barros
Rio - Miguel tem pouco menos de 1,60 metro de altura, 34 anos, o corpo atarracado e está bem acima do peso. Mas robustez não lhe tira a mobilidade de como se locomove entre as inimigas facções criminosas do Rio de Janeiro. Há um ano na penitenciária de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde foi parar após ser surpreendido pela polícia boliviana com 450 quilos de pasta-base e cocaína e US$ 280 mil (R$ 560 mil), o bandido é rápido em mostrar o quanto as favelas do Rio são importantes para o crime organizado na Bolívia.
“Eles consomem muito. Botamos bastante coisa lá. Todo dia tem gente indo para o Rio”, anuncia Miguel, para revelar em seguida o poderio dos homens que comandam a venda de drogas na Favela da Rocinha, em São Conrado, a quem chama de caixa-forte. “Tem sempre dinheiro para pagar a gente. Paga na hora que a mercadoria é entregue. Tem muito dinheiro em cash. Não se vê uma coisa dessa neste negócio”, emenda Miguel, com a experiência de quem já passou de 10 a 15 dias trancado num quarto de hotel, em São Paulo, à espera do pagamento dos traficantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Um poderio acompanhado de perto pelos agentes da Polícia Federal. O delegado Vitor Cesar Carvalho dos Santos, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, destaca que o tráfico na Rocinha é tão grande em volume que é servido por mais de um fornecedor de cocaína. “Geralmente, o abastecimento é diário. Chegam em cargas pequenas, com cinco ou 15 quilos por vez. Sempre da Bolívia. Eles negociam na fronteira do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul”, destaca Vitor Cesar.
Seus dados batem com os de Miguel. Durante a entrevista de uma hora com a equipe de O DIA, na cadeia, o traficante fez questão de dimensionar o poderio da Rocinha com a quantidade de drogas que rotineiramente são enviadas à favela. “Todo mundo que eu conheço só bota acima de 50 quilos lá. Vai de pouco, durante cinco dias, com cinco caras diferentes. Mas tem que ser coisa boa. Tem que ser base (pasta-base) ou cristal (cocaína) com 100 (por cento) de pureza. No máximo com uma mistura, com 90 (por cento)”, confirma Miguel.
O mesmo esquema de distribuição vale para o tráfico das favelas do Comando Vermelho. “Boto na Rocinha e nos morros do Comando Vermelho, principalmente no Alemão. Não tem isso de guerra. A gente quer é vender a coisa. Essa história só vale para o pessoal de lá”, avisa Miguel, que antes de nos deixar para ver seus parentes manda um recado: “Dá um abraço no pessoal da Rocinha. Diz que no ano que vem vou lá levar uma carga de cristal (cocaína)”. Agora a polícia já sabe.
Polícia encontra refinaria de cocaína durante operação na Rocinha
Um traficante foi preso e 50 quilos de maconha foram apreendidos
Rio - A Polícia Civil descobriu uma refinaria de cocaína, na localidade conhecida como Cachôpa, na parte alta da Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul, na manhã desta quinta-feira, durante operação para encontrar um paiol de armas e drogas que seria de traficantes.
De acordo com delegado Carlos Oliveira, da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), o laboratório processava até meia tonelada de pasta de cocaína por mês. Cada quilo de pasta era transformado em pelo menos três quilos de cocaína em pó.
A descoberta comprovaria tese da Polícia da auto-suficiência do tráfico da Rocinha, que em vez de somente trazer a droga de outros países passou a processar a droga dentro da própria comunidade.
A droga teria como origem Bolívia e Colômbia e, após o processamento na Rocinha, era distribuída para 13 ou 14 favelas domindas pela mesma facção criminosa que domina a Rocinha, a ADA (Amigos dos Amigos), em especial, o Morro dos Macacos, em Vila Isabel, e comunidades do Complexo da Maré.
Durante a operação, foi preso o traficante Leonardo Assunção, de 28 anos, conhecido como Schumacher ou Português, que seria o "químico" da refinaria. Em uma casa abandonada na Rua do Valão, que fica na parte baixa do morro, a polícia apreendeu 50 quilos de maconha em tabletes.
Cerca de 200 agentes chegaram à comunidade às 9h30, hora em que o trânsito foi interditado na Auto-Estrada Lagoa-Barra, em direção ao Leblon, por medida de segurança. Houve explosão de bombas e fogos, mas não há registro de tiroteios. Um veículo blindado da Core está em um dos acessos.
Os policiais tentaram localizar o esconderijo de armas e drogas no último dia 2, mas o vazamento de informações comprometeu a primeira operação. Um inspetor foi preso acusado de avisar os criminosos sobre a chegada da polícia.
Da folha ao pó: Rocinha S.A.
http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_119960.asp
Traficante preso define a favela como ‘caixa-forte’ devido à rapidez com que os criminosos desembolsam altas somas
João Antônio Barros
Rio - Miguel tem pouco menos de 1,60 metro de altura, 34 anos, o corpo atarracado e está bem acima do peso. Mas robustez não lhe tira a mobilidade de como se locomove entre as inimigas facções criminosas do Rio de Janeiro. Há um ano na penitenciária de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde foi parar após ser surpreendido pela polícia boliviana com 450 quilos de pasta-base e cocaína e US$ 280 mil (R$ 560 mil), o bandido é rápido em mostrar o quanto as favelas do Rio são importantes para o crime organizado na Bolívia.
“Eles consomem muito. Botamos bastante coisa lá. Todo dia tem gente indo para o Rio”, anuncia Miguel, para revelar em seguida o poderio dos homens que comandam a venda de drogas na Favela da Rocinha, em São Conrado, a quem chama de caixa-forte. “Tem sempre dinheiro para pagar a gente. Paga na hora que a mercadoria é entregue. Tem muito dinheiro em cash. Não se vê uma coisa dessa neste negócio”, emenda Miguel, com a experiência de quem já passou de 10 a 15 dias trancado num quarto de hotel, em São Paulo, à espera do pagamento dos traficantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Um poderio acompanhado de perto pelos agentes da Polícia Federal. O delegado Vitor Cesar Carvalho dos Santos, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, destaca que o tráfico na Rocinha é tão grande em volume que é servido por mais de um fornecedor de cocaína. “Geralmente, o abastecimento é diário. Chegam em cargas pequenas, com cinco ou 15 quilos por vez. Sempre da Bolívia. Eles negociam na fronteira do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul”, destaca Vitor Cesar.
Seus dados batem com os de Miguel. Durante a entrevista de uma hora com a equipe de O DIA, na cadeia, o traficante fez questão de dimensionar o poderio da Rocinha com a quantidade de drogas que rotineiramente são enviadas à favela. “Todo mundo que eu conheço só bota acima de 50 quilos lá. Vai de pouco, durante cinco dias, com cinco caras diferentes. Mas tem que ser coisa boa. Tem que ser base (pasta-base) ou cristal (cocaína) com 100 (por cento) de pureza. No máximo com uma mistura, com 90 (por cento)”, confirma Miguel.
O mesmo esquema de distribuição vale para o tráfico das favelas do Comando Vermelho. “Boto na Rocinha e nos morros do Comando Vermelho, principalmente no Alemão. Não tem isso de guerra. A gente quer é vender a coisa. Essa história só vale para o pessoal de lá”, avisa Miguel, que antes de nos deixar para ver seus parentes manda um recado: “Dá um abraço no pessoal da Rocinha. Diz que no ano que vem vou lá levar uma carga de cristal (cocaína)”. Agora a polícia já sabe.