Mundo Árabe em Ebulição

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5026 Mensagem por FoxHound » Ter Ago 14, 2012 10:33 pm

Mais de 3 mil snipers iranianos chegaram à Damasco, diz um líder rebelde .
Segundo o Chefe do Conselho Militar Conjunto, mais de 3 mil snipers chegaram à Damasco para se juntarem as fileiras de Assad; O regime não confia mais nos soldados locais, afirma ele.

Ao longo das últimas semanas, mais de 3 mil snipers iranianos chegaram à Damasco para ajudarem as forças leais ao presidente sírio, Bashar Al-Assad, noticia o canal de notícias saudita Al-Arabiya citando Chefe do Conselho Militar Conjunto Rebelde, quem acrescentou que o Exército Síria não confia mais nas suas tropa locais e que os homens são considerados desertores em potencial.

Enquanto isso, um ex-soldado das forças de Assad e que agora está nas fileiras do FSA afirmou que o presidente sírio está em apuros e que ele está se escondendo um abrigo subterrâneo localizado em uma montanhosa não muito distante do seu palácio em Damasco.

De acordo com De acordo com Khaled al-Hamoud, o bunker pertence ao irmão do presidente, Maher Assad e sua esposa.
http://codinomeinformante.blogspot.com. ... garam.html




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5027 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 12:21 am

ONU volta a mostrar impotência absoluta
A demissão de Kofi Annan do cargo de enviado especial da ONU e da Liga àrabe para a Síria veio mostrar uma vez mais o que já se sabe desde há muito tempo: as Nações Unidas são incapazes de resolver qualquer conflito armado, no máximo, conseguem congelá-lo sine die, mas nunca o resolver até ao fim.
Essa tarefa é deixada às partes do conflito, ou melhor, até que uma delas dê definitivamente cabo da outra.
No caso da Síria, a chacina irá aumentar de intensidade e, visto que a oposição começou a receber armamentos pesados: mísseis antiaéreos e tanques, o derrame de sangue irá provocar muitos milhares de mortos e desalojados e é provável que esse país se desintegre.
Os interesses mesquinhos das grandes, médias e pequenas potências prevalecem em relação ao principal direito humano, o direito à vida.
A Rússia teimou e teima em defender regimes odiosos como o de Bashar Assad, não se compreendendo muito bem a natureza de semelhante teimosia. Os negócios de armas entre a URSS/Rússia e os países árabes apenas davam prejuízo, pois Moscovo deixou-se muitas vezes enganar por promessas falsas.
Por exemplo, na Líbia, o falecido Muammar Kadhafi conseguiu o perdão da dívida que tinha em relação à URSS/Rússia, qualquer coisa como cinco mil milhões de euros, em troca de promessas como abrir as portas às petrolíferas russas em condições vantajosas ou adquirir novos armamentos. Mas ficou-se pelas promessas, pois as empresas russas têm de concorrer em pé de igualdade com outras e Moscovo dificilmente receberá o que quer que seja em troca do armamento fornecido.
A única razão plausível para a teimosia da Rússia no caso da Síria parece ser não tanto a perda do último aliado no Médio Oriente, quanto o receio de ver o conflito chegar às suas fronteiras.
Além disso, parecem estar presentes na diplomacia russa mais duas importantes camponentes. O que Bashar Assad está a fazer no seu país foi feito pelas autoridades federais russas, e mais precisamente pelo Presidente Putin, na Tchetchénia: o restabelecimento da "legalidade constitucional" entre 1990 e 1994.
Não nos podemos também esquecer que o Kremlin se considera enganado, diria mesmo, atraiçoado pelos países ocidentais no conflito líbio. Esta ferida é tão profunda como foi e continua a ser a falsa promessa feita pelo chanceler alemão Helmut Koll ao Presidente soviético Mikhail Gorbatchov de que a NATO não se iria alargar a Leste caso Moscovo dissolvesse o Pacto de Varsóvia.
As potências da região, principalmente a Turquia, irão tentar resolver os seus problemas e ambições, o que pode fazer alastrar o conflito. Os Estados Unidos e a União Europeia poderão esperar que a queda de Bashar Assad permita enfraquecer e isolar o Irão, mas ainda não é linear que eles consigam controlar as forças islâmicas extremistas que aumentam as suas potencialidades durante estes conflitos.
Este tipo de jogo já fez com que a Irmandade Muçulmana tenha chegado ao poder no Egipto e aquirido fortes posições na Líbia e na Tunísia. Ou seja, as forças extremistas e radicais no Islão poderão transformar o Médio Oriente num palco de combate entre sunitas e xiitas. Ora, como é sabido, as guerras civis já são cruéis pela sua própria natureza, mas se a isso juntarmos factores religiosos, teremos razões para assistir a combates com a crueldade medieval, mas com armas modernas de destruição em massa.
Bashar Assad é um ditador e assassino, mas os grupos que o combatem não parecem ser mais tolerantes e democráticos. Podem-no ser logo após o derrube do actual regime de Damasco, que parece cada vez mais eminente, mas, passado algum tempo, revelam as suas reais intenções e formas de actuação. Não será preciso esperar muito.
(Com isto não quero defender o regime de Assad, nem a sua continuação no poder. É necessário fazer uma transição, mas não desta forma caótica).
Sendo assim, a área de desestabilização aproximar-se-á perigosamente da Rússia e do seu tendão de Aquiles: o Cáucaso. Além da actuação de guerrilhas islâmicas no interior do seu território: Daguestão, Inguchétia, Tchetchénia, há conflitos congelados nessa região onde Moscovo tem sérias responsabilidades: o conflito com a Geórgia devido à Abkházia e Ossétia do Sul, bem como a contenda entre a Arménia e o Azerbaijão em torno de Nagorno-Karabakh.
Na Ásia Central, a guerra civil voltou ao Tadjiquistão. E também aqui vemos Moscovo a apoiar um regime hediondo como é o do Presidente Emomali Khakhmon que esmaga qualquer tipo de oposição a ferro e fogo.
É de salientar que o Tadjiquistão faz fronteira com o Afeganistão, onde a situação também não é nada famosa.
E ainda não é tudo. Recentemente, um atentado terrorista em Kazan, capital da Tartária matou um dirigente religioso muçulmano e feriu outro. As autoridades locais tentam fazer querer que esse incidente não passou de mais um episódio da luta pelo controlo das viagens dos peregrinos tártaros a Meca.
Porém, analistas locais consideram que por detrás dos atentados podem estar grupos wahabistas, que aumentam as suas actividades nesse enclave muçulmano no coração da Rússia, a apenas algumas centenas de quilómetros de Moscovo.
Eu diria que se trata de um bom momento para que os dirigentes russos e ocidentais pensem a sério no futuro comum, mas parece que continuarão a preocupar-se mais com os seus interesses mesquinhos.
Por isso, esperam-nos tempos difíceis...
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5028 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 12:34 am

Dança macabra na Síria está para continuar e durar
A dança macabra na Síria está para continuar e parece não ter fim. As partes do conflito têm luz verde para se exterminarem umas às outras, até que fique apurado um vencedor ou vários e, neste último caso, poderão continuar a mesma dança macabra mas sob outros pretextos. A luta pela democracia poderá ser substituída pela luta pela pureza do Islão, mas o "mexilhão" é que continuará a lixar-se.
O facto de Kofi Annan se ter demitido do cargo de enviado especial da Liga Árabe e da ONU para a Síria foi o sinal de que, como já escrevemos antes, as Nações Unidas provaram a sua impotência total e absoluta. Annan deverá ocupar o cargo até 31 de Agosto, mas não se prevê que este político consiga fazer milagres em tão pouco tempo.
Ainda antes da cadeira ficar vaga, começaram a surgir nomes para o substituir, mas, a julgar pelas primeiras reacções, a tarefa irá ser difícil, se não impossível de resolver.
Ora vejamos o seguinte exemplo. A Rússia excluiu a possibilidade de Martti Ahtissari, antigo Presidente da Finlândia e Prémo Nobel da Paz, poder vir a substituir Kofi Annan no cargo de enviado especial da ONU para a Síria.
“Isso está fora de hipóteses. Ahtissari está numa demissão profunda”, comentou Vitali Tchurki, representante russo nas Nações Unidas, citado pelo jornal gazeta.ru.
Esta posição de Moscovo, tomada ainda numa fase em que o nome do político e diplomata finlandês surge apenas em conversas sobre futuros candidatos à sucessão de Annan, visa deixar bem claro que o Kremlin não pretende sequer analisar essa possibilidade.
Não obstante a longa experiência do Prémio Nobel da Paz de 2008 na solução de conflitos internacionais, Moscovo não lhe perdoa a forma como conduziu o processo de solução da situação em torno do Kosovo.
Até março de 2007, o ex-Presidente da Finlândia foi o mediador das conversações sobre o Kosovo enquanto enviado da União Europeia. O finlandês traçou um plano que defendia uma independência da província sérvia, sob supervisão europeia, com uma autonomia alargada para a minoria sérvia que habita o Kosovo. Mas este plano foi rejeitado pela Sérvia e pela Rússia, o que acabou por original a independência unilateral do Kosovo a 17 de Fevereiro deste ano.
A Rússia e a Sérvia até hoje não reconhecem os resultados obtidos por Ahtisaari, considerando que eles abriram um perigoso precedente no Direito Internacional, o da inabalabilidade das fronteiras.
Para uma situação de provável impasse há quem proponha as receitas mais "curiosas".
Por exemplo,
Valeri Chniakin, vice-presidente do Comité para Relações Internacionais do Conselho da Federação (câmara alta) do Parlamento Russo, propõe que Kofi Annan seja substituído por um dueto de “representantes que se manifestam a favor e contra a ingerência armada na solução do conflito.
“Então, nenhum dos campos acusaria o outro e agiriam de forma eficaz”, frisa o senador russo que fez parte da delegação so Conselho da Federação que visitou a Síria.
Não lhes faz lembrar nada? Este político russo parece ter vivido já muitos anos na era do dueto Putin-Medvedev e, como as coisas parecem ter corrido às mil maravilhas, tenta aplicar essa experiência no campo internacional.
Mas fica uma pergunta: será que um dueto conseguirá travar o derrame de sangue na Síria? Não estou a ver onde é que o Conselho de Segurança da ONU encontrará dois santos milagreiros e em que base poderão conseguir um acordo.
Há uns meses atrás, a experiência do Iémen talvez pudesse servir para solucionar a crise na Síria. Ou seja, Bashar Assad demitia-se, abandonava o país e os seus adeptos e adversários chegariam a um acordo sobre a forma de transição do sistema político. Hoje, essa possibilidade parece estar fora de hipótese. Ninguém quer ver Assad em sua casa, nem sequer a Rússia ou a China, e o actual dirigente sírio parece estar de malas feitas.
Entretanto, a matemática da morte não pára. No total, pelo menos 21.053 pessoas morreram desde o início do conflito.
Estas 21.053 vítimas mortais incluem 14.710 civis com armas e sem armas, 5.363 soldados e 980 desertores.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5029 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 1:18 am

“Ninguém esperava uma onda de revoluções ”
14/08/2012
Vladímir Sneguirev, Rossiyskaya Gazeta
Em entrevista exclusiva à Rossiyskaya Gazeta, ex-premiê russo e um dos especialistas mais renomados em assuntos árabes Evguêni Primakov fala sobre a situação síria e os desdobramentos das revoluções nos países árabes. Segundo ele, o resultado do confronto entre os islamitas moderados e os radicais terá impacto sobre o futuro não só do Oriente Médio, mas do mundo inteiro.
http://nl.media.rbth.ru/web/br-rbth/ima ... ov_468.jpg
Segundo ex-premiê russo Evguêni Primakov, consequências das revoluções no países árabes deverão ser sentidas no mundo inteiro. Foto: RG

Rossiyskaya Gazeta: A situação na Síria está cada vez mais alarmante e os sinais de pânico estão se intensificando. Como o sr. analisa os últimos fatos?



Evguêni Primakov: A Síria está vivendo uma verdadeira guerra civil em que muitas forças estão envolvidas, inclusive externas. O atual regime está sendo combatido não só por sírios como também por mercenários e voluntários estrangeiros de toda a espécie.



A mais recente novidade foi a ordem do presidente Obama à CIA para apoiar a oposição síria. Essa iniciativa é uma interferência grosseira nos assuntos internos de um país que não ameaça de nenhuma maneira os EUA.



Além disso, os rebeldes sírios estão sendo financiados pela Arábia Saudita e Catar, bem como apoiados pela Turquia.



RG: O que aconteceria se o regime de Bashar al-Assad fosse derrubado hoje?



EP: Se a oposição armada conseguir derrubar Assad, um regime sunita poderá ser implantado em Damasco, automaticamente resultando na perseguição aos alauitas, que constituem uma parcela significativa da população. Não só os ativistas do partido governista seriam hostilizados, mas também todos aqueles que não partilham as crenças religiosas da oposição.



RG: A guerra na Síria é uma continuação da chamada “Primavera Árabe”. Como um especialista em assuntos árabes, o sr. ficou surpreendido com os acontecimentos?



E.P.: Sim, isso para mim foi uma completa surpresa. E não só para mim, para todos. Podia-se esperar que houvesse manifestações em um país isolado contra o regime autoritário local ou se deflagrasse um golpe de Estado. Mas ninguém tinha expectativa de uma onda de revoluções por toda a região.



RG: Muitos ficaram surpresos ao ver que os islamitas radicais subiram ao poder na Tunísia e no Egito de forma democrática. A radicalização de uma região tão grande e estrategicamente importante não gera preocupação?



E.P.: Na minha opinião, seria incorreto dizer que o principal resultado dessas revoluções foi o reforço da posição dos islamitas radicais. Os “Irmãos Muçulmanos” no Egito representam uma organização bastante moderada. Os “Irmãos” sírios são mais radicais.



Devemos prestar atenção na forma como vai ser desenvolvida a relação no Egito entre a Irmandade Muçulmana e os salafistas, que são realmente extremistas. Isto é, entre o partido Liberdade e Justiça, que tinha cerca de 50% dos assentos no parlamento dissolvido pelo Tribunal Constitucional, e o partido Al-Nour, com cerca de 30% das cadeiras parlamentares.



O recém-eleito presidente egípcio, Mohammed Mursi, anunciou que iria abandonar a Irmandade Muçulmana para tornar-se o “presidente de todos os egípcios”. Suas recentes declarações e passos no cenário externo e interno permitem ter esperança de que o Egito continue a ser um Estado laico.



RG: Os talibãs no Afeganistão, os salafistas no Egito, os wahabitas no Cáucaso Setentrional. Em sua opinião, quais são as causas da crescente popularidade dos movimentos islâmicos radicais?



EP: O mundo islâmico é heterogêneo, alguns professam um islamismo moderado, outros seguem movimentos radicais. Portanto, muita coisa vai depender do resultado do confronto entre essas duas correntes. Paralelamente, o resultado de seu confronto terá impacto sobre o futuro não só do Oriente Próximo e Oriente Médio, mas também do resto do mundo.



RG: Quais são as perspectivas dos processos revolucionários nessa região?



E.P.: Acho que, em um futuro próximo, não haverá novas ondas revolucionárias.



RG: Quão provável é o cenário em que Israel, com ou sem o apoio dos EUA, atacará as instalações nucleares do Irã?



E.P.: Os EUA não querem que isso aconteça agora antes das eleições presidenciais e estão contendo Israel. Mas devemos entender que tanto no governo israelense quanto no governo dos EUA há forças e posições diferentes. É difícil dizer agora quem vai sair vitorioso.



Versão integral da entrevista em russo disponível em: http://www.rg.ru/2012/08/08/vostok.html
http://gazetarussa.com.br/articles/2012 ... 15181.html




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5030 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 1:55 am

Premiê e desertores do regime sírio foram ativos na repressão aos opositores

Os políticos do Partido Baath e o alto escalão militar que estão desertando na Síria, incluindo o primeiro-ministro, Riyad Farid Hijab, têm sangue nas mãos. Eles participaram ou apoiaram ativamente a repressão contra os opositores. Apenas pularam fora porque pretendem arrumar um lugar no próximo governo sírio e avaliaram que os dias de Bashar al Assad no poder estão contados. Inclusive, o premiê ganhou o posto justamente pelos “bons serviços prestados”.

O objetivo dos EUA e de seus aliados europeus é justamente manter no poder toda a estrutura do regime, sem o “brand” Assad. Obviamente, com a obrigação de democratizar. Eles não querem repetir o mesmo risco do Iraque, quando acabaram com toda a infra-estrutura do Estado.

Portanto todas as pessoas sem o sobrenome “Assad” podem romper com o regime agora porque não serão punidos. Inclusive, serão visto em alguns casos como heróis. Os rebeldes que estão lutando e morrendo estão em um segundo plano.
http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5031 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 1:56 am

Assad perdeu apoio por fracasso no combate à oposição, não pela repressão

O regime de Bashar al Assad, como se fosse uma organização mafiosa, conseguiu manter o poder e a estabilidade por quatro décadas porque uma série de pessoas e grupos eram beneficiados. Os militares, membros do Partido Baath e do círculo empresarial de Aleppo e Damasco eram e, de certa forma, ainda são literalmente o regime.

O brand “Assad” era o equivalente de “Corleone” do Poderoso Chefão. Abaixo dele, vinham os capos, os conselheiros e todo o esquema para manter a Síria controlada por estes grupos por meio de corrupção e da força. Militares, políticos e empresários viviam bem. O restante da população, não se compararmos com padrões europeus ou mesmo da América do Sul. Não têm liberdade e enfrentam um atraso econômico de uma economia estatal. Mas, por outro lado, achavam a alternativa – viver em um caos como o libanês dos anos 1980 ou o iraquiano de agora, pior.

O problema é que, no último mês, os conflitos restritos ao interior chegaram a Damasco e Aleppo. Assad, o Mike Corleone do momento, se mostrou incapaz de manter a ordem. Como na Máfia, se tornou inútil. Começaram as traições, como no atentado que matou sua cúpula de segurança. As deserções no alto escalão, antes raras, se intensificaram.

Primeiro, foi o general Manaf Tlass. Cosmopolita e bem relacionado na Europa, percebeu que ganharia mais pulando fora. Depois teve o embaixador sírio no Iraque. Agora, até o premiê Riyyad Farid Hijab. No Filme Poderoso Chefão, ele seria um daqueles “bananas” que ninguém leva a sério. Assad o colocou no cargo por ser inofensivo e pelos bons serviços prestados nos massacres de opositores.

Agora, estes militares, diplomatas e políticos, que até dois meses atrás adoravam ver o sangue dos rebeldes e dos manifestantes anti-Assad em Homs, Hama, Daara e Idlib, desertam e se livram de perseguições. Outros farão o mesmo. A imunidade é uma estratégia dos EUA e de seus aliados europeus para isolar internamente o regime.

Os americanos, na Síria, conforme deixou claro o secretário da Defesa, Leon Panetta, querem o Exército intacto. Também querem a manutenção da burocracia. Os EUA não pretendem repetir os erros do Iraque, quando desmantelaram todo o Estado. Todos serão bem vindos, desde que não tenham o “brand” Assad associado aos seus nomes.

O líder sírio, por sua vez, insiste em permanecer no poder. Provavelmente, deve apostar na possibilidade de manter o controle da costa mediterrânea, onde sua popularidade é enorme devido à presença de alauítas e cristãos. Afinal, por mais que tenha Damasco nas mãos agora, será muito difícil manter no longo prazo.

Ironicamente, muitos antes simpatizantes do regime não dizem que Assad fracassou por ter reprimido a oposição. Na verdade, segundo eles, fracassou por não ter conseguido, como seu pai, Hafez, o “Vito Corleone”, conseguiu nos anos 1980.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5032 Mensagem por marcelo l. » Qua Ago 15, 2012 12:16 pm

FoxHound escreveu:“Ninguém esperava uma onda de revoluções ”
14/08/2012
Vladímir Sneguirev, Rossiyskaya Gazeta
Em entrevista exclusiva à Rossiyskaya Gazeta, ex-premiê russo e um dos especialistas mais renomados em assuntos árabes Evguêni Primakov fala sobre a situação síria e os desdobramentos das revoluções nos países árabes. Segundo ele, o resultado do confronto entre os islamitas moderados e os radicais terá impacto sobre o futuro não só do Oriente Médio, mas do mundo inteiro.
http://nl.media.rbth.ru/web/br-rbth/ima ... ov_468.jpg
Segundo ex-premiê russo Evguêni Primakov, consequências das revoluções no países árabes deverão ser sentidas no mundo inteiro. Foto: RG

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Evguêni Primakov: A Síria está vivendo uma verdadeira guerra civil em que muitas forças estão envolvidas, inclusive externas. O atual regime está sendo combatido não só por sírios como também por mercenários e voluntários estrangeiros de toda a espécie.



A mais recente novidade foi a ordem do presidente Obama à CIA para apoiar a oposição síria. Essa iniciativa é uma interferência grosseira nos assuntos internos de um país que não ameaça de nenhuma maneira os EUA.



Além disso, os rebeldes sírios estão sendo financiados pela Arábia Saudita e Catar, bem como apoiados pela Turquia.



RG: O que aconteceria se o regime de Bashar al-Assad fosse derrubado hoje?



EP: Se a oposição armada conseguir derrubar Assad, um regime sunita poderá ser implantado em Damasco, automaticamente resultando na perseguição aos alauitas, que constituem uma parcela significativa da população. Não só os ativistas do partido governista seriam hostilizados, mas também todos aqueles que não partilham as crenças religiosas da oposição.



RG: A guerra na Síria é uma continuação da chamada “Primavera Árabe”. Como um especialista em assuntos árabes, o sr. ficou surpreendido com os acontecimentos?

E.P.: Sim, isso para mim foi uma completa surpresa. E não só para mim, para todos. Podia-se esperar que houvesse manifestações em um país isolado contra o regime autoritário local ou se deflagrasse um golpe de Estado. Mas ninguém tinha expectativa de uma onda de revoluções por toda a região.


RG: Quais são as perspectivas dos processos revolucionários nessa região?


E.P.: Acho que, em um futuro próximo, não haverá novas ondas revolucionárias.


l
Excelente entrevista Foxhound, mas eu tenho algumas dúvidas quando a depois de começou a Tunísia, um país que tenha tantos analistas quanto os russos não terem informado que a região poderia ruir até pela minha leitura do Russia in Global Affairs.

Se não fosse por isso os modelos matemáticos que tem um levante na região sempre influência os países ao redor, tínhamos semelhanças de baixos salários, desemprego alto e preços alimentares subindo mais de 30% já teria deixado o Kremlin de sobreaviso que o problema era grave.

* Na Tunisa era algo acima de 35% na população jovem que representa 50% do país.

Abraços,




Editado pela última vez por marcelo l. em Qua Ago 15, 2012 1:59 pm, em um total de 1 vez.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5033 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 12:50 pm

Lavrov: Rússia e China defenderam os princípios da ONU.
http://m.ruvr.ru/data/2012/08/15/128380 ... review.jpg
RIA Novosti

Segundo anunciou hoje, quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, os princípios da ONU incluem o respeito à soberania e integridade territorial, a obrigação de não interferir nos assuntos internos de Estados soberanos. No entanto, o chefe do Ministério das Relações Exteriores não considera que o uso do veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU pode ser visto como uma crise de organização.

Falando sobre as formas de resolver o conflito na Síria, Lavrov confirmou a posição de Moscou que reside no fato de que a coerção não deve ser aplicada apenas para um dos lados do conflito.
http://portuguese.ruvr.ru/2012_08_15/la ... sia-siria/




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5034 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 1:12 pm

Eu não duvidaria de a Russia apoiar a isso futuramente dependendo de como as coisas vão rolar.
-----------------------------------------------------------------------------------
Pode existir uma Mini-Síria no Mediterrâneo para alauítas e cristãos?

Caso os rebeldes avancem no futuro, tomando literalmente Damasco e Aleppo, além de quase todas as outras regiões da Síria, eles ainda enfrentarão muitas dificuldades para conquistar a faixa do Mediterrâneo onde estão Tartus e Latakia. Estas duas cidades, assim como a costa desde a fronteira do Líbano e suas montanhas, são um bastião pró-regime com uma expressiva população alauíta e cristã.

Nos últimos meses, uma série de cristãos e alauítas tem ido para estas áreas, deixando Damasco e Aleppo. Com armas, e o apoio russo, iraniano e do Hezbollah, eles possuem a capacidade de, diante dos acontecimentos, construir um Estado na região, como era previsto no mandato francês. Seria o tão chamado Estado Alauíta, ou “Síria do Mediterrâneo”.

Certamente, lembraria um pouco o Líbano. Primeiro, pelo caráter sectário. Segundo, porque cristãos e alauítas costumam ter hábitos sociais mais liberais para a região. Terceiro, geograficamente, com praias e montanhas, lembraria o país dos cedros.

Ironicamente, assim como o Líbano e Israel, seria uma nação de minorias religiosas em um mundo árabe majoritariamente sunita. Mais interessante, é que minorias costumam se juntar. Será que, em muitos anos, veríamos uma aliança de Israel com a Síria do Mediterrâneo? Obviamente, tudo isso é apenas um exercício de pensamento meu e queria abrir para debates.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5035 Mensagem por marcelo l. » Qua Ago 15, 2012 1:13 pm

pt escreveu:
Bom PT, longe de discordar da sua analise, mas tanto Ocidente quanto a própria Rússia tem a questão dos cristãos que deve ser pensada. Os russos são ortodoxos, o Patriarca Kirim considera-se protetor da comunidade ortodoxa na Síria, vem apoiando publicamente o al-Assad, e ele tem grande força política. Será que é vantagem para Putin ter ele como adversário?
Sim, também existe a questão religiosa e essa mesma questão já levou a Russia para a guerra em 1853, por causa de o Czar exigir o direito de proteger a população ortodoxa do império otomano.
O facto de os russos se considerarem os herdeiros do império bizantino, nunca pode ser esquecido, o que aumenta ainda mais a complexidade da questão, porquanto neste caso, o verdadeiro problema seria o mesmo de 1853. O conflito latente entre o império russo e o império otomano.

Até 1853, a Russia ainda acalentava o sonho de conseguir acesso ao mediterrâneo, retomando Constantinopla (actual Istambul), que os ortodoxos reclamam como a sua cidade por direito.
A França e a Inglaterra apoiaram o Império Otomano e a Russia nunca perdoou a derrota militar que lhe foi imposta e que terminou definitivamente a expansão russa para o sul.

A Síria é deste ponto de vista uma espécie de «lança em África», mas depois da questão dos cristãos, há outro conflito que acho que ainda é mais grave e é o que toda a gente na região teme:
Que o conflito na Síria degenere para um conflito entre xiitas e sunitas.

E então teriamos novamente a guerra declarada no Líbano, com o Hezbollah a apoiar Assad e eventualmente, se fosse vantajoso, a atacar Israel.
Depois há a posição dos iranianos nisto tudo, que obviamente apoiam Assad e apoiam o Hezbolah, mas a somar a isto, há a posição de um Iraque maioritariamente Xiita, que não se sabe para que lado poderia pender.

A ideia de que o Iraque é apenas um satélite americano está muito longe da realidade. Em caso de conflito sectário religioso, é perfeitamente possível que o Iraquie Xiita alinhe ao lado dos iranianos.

E depois quem é o líder dos sunitas ?
Será a Arábia Saudita, ou será a Turquia, que não esconde as suas pretensões na região, na tentativa de juntar de uma forma ou de outra as suas antigas possessões?
Já agiu na Líbia (antigo território do império otomano), pode intervir na Síria, piorou as suas relações com Israel e apresenta-se como um contra-poder neste momento perante os iranianos.

Neste puzzle, não sabemos o que fará o Egipto, que era formalmente parte do império otomano, mas que funcionava como aliado (Os egipcios enviavam tropas para combater em nome do sultão otomano, mas essas tropas eram tropas egipcias).

As recentes ações do novo governo egipcio são confusas.
Por um lado eles claramente tomam posições contrárias ao Hamas, mas ao mesmo tempo um governo da Irmandade Muçulmana passa a controlar os militares.
(Agora para voltar atrás só com golpe de estado e não há clima para golpes de estado no mundo árabe, presentemente).

Portanto, se a situação derivar para um conflito entre sunitas e xiitas, é de prever que as duas maiores potências militares árabes estejam do mesmo lado (Turquia e Egipto) contra os iranianos.
Mas neste caso eles estarão objetivamente do lado de Israel, que também se quer ver livre dos iranianos.

A China, que não gosta nem um pouco de problemas internos e já teve problemas com a sua população de origem turca, não deixará de tomar posição, ainda mais porque um conflito com a república islâmica, cortará parte do petróleo que Pequim precisa para alimentar uma economia que já não está a crescer tanto quando nos últimos anos.

Há aqui pano para mangas e uma incrível quantidade de material para as teorias da conspiração... :mrgreen:

Cumprimentos
Pela narrativa que eu conheço, na Síria quem detém a liderança são os Saud, devemos lembrar que o Riad al-Assad (FSA), foi o chefe da guarda republicana quando Sua Excelência era o comandante da guarda real e trocavam informações, além disso as esposas são irmãs (do rei uma das três), além disso quando começa a revolução propriamente dita, ela acontece em cidade Deir ez-Zor, a liderança era outra pessoa ligada ao Rei por casamento com a sua esposa, além de ser um local que a população trabalhava nos países do Golfo, a queima da casa e a fuga da população já levariam a um quadro ruim.

Soma-se a competição com o Irã e as críticas da SANA tratamento dado a minoria xiita pelos sauditas, os sauditas diferentes dos outros países apoiam sem restrições a queda do al-Assad.

As outras forças sunitas tem interesses e medos ou tem posições a defender em outras revoluções para pensar em contestar a riqueza do Reino, além disso a Síria é grande demais e ainda tem o apoio russo que conta para refrear o impeto deles, mas todos os países árabes pela importância da Síria tem uma participação.

Sobre o Egito pela fraqueza da economia e política, a coisa que eles mais têm que querer é estabilizar o sinai.

Abraços,




Editado pela última vez por marcelo l. em Qua Ago 15, 2012 1:59 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5036 Mensagem por FoxHound » Qua Ago 15, 2012 1:14 pm

Clã libanês diz ter sequestrado sírios e pede libertação de parente.
Um importante clã xiita libanês sequestrou vários sírios, supostamente combatentes rebeldes em retaliação à captura de um parente pelo Exército Sírio Livre em Damasco, disse um familiar nesta quarta-feira.

Maher al-Meqdad disse que mais de 20 sírios foram tomados como reféns durante a noite no Líbano, incluindo um tenente que desertou do Exército sírio para aderir à rebelião contra o presidente Bashar al-Assad. Reféns que não eram membros do Exército Sírio Livre foram libertados, segundo Meqdad.

Ele não revelou como e onde os homens foram capturados, mas a família disse que fará um anúncio no decorrer desta quarta-feira.

Segundo Meqdad, os sequestros foram uma resposta à captura de Hassan al-Meqdad em Damasco, ocorrida há dois dias. O Exército Sírio Livre diz que seu refém havia sido enviado à Síria pelo grupo xiita libanês Hezbollah, um dos principais aliados regionais de Assad.

"Não nos importa o que está acontecendo na Síria. Respeitamos o desejo de democracia. Só queremos nosso filho de volta ao Líbano em segurança", disse Maher al-Meqdad.

A rebelião síria polariza o Líbano, onde muitos sunitas apoiam a rebelião. Assad pertence à seita alauíta, uma derivação do islamismo xiita, ao passo que os sunitas são maioria na população síria e lideram a rebelião.

(Reportagem de Issam Abdullah)
http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 6827,0.htm




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5037 Mensagem por marcelo l. » Qua Ago 15, 2012 9:22 pm

http://lynch.foreignpolicy.com/posts/20 ... bout_islam

Eu fui fascinado por algumas das conclusões de um novo maciço Pew Research Center pesquisa de opinião pública global de muçulmanos em 39 países em cada região do mundo. Pew realizou 38.000 face a face entrevistas em mais de 80 línguas, entre 2008 e 2012. O que faz os muçulmanos do mundo especialmente interessante é que ele não faz perguntas, principalmente de interesse para os americanos, tais como como os muçulmanos se sentem sobre a América. Em vez disso, ele faz uma série de perguntas sobre sua própria compreensão do Islã e suas próprias práticas e crenças religiosas. Os resultados revelam algumas diferenças muito interessantes entre as regiões, países e gerações.

Por exemplo, a pesquisa descobriu uma crença realmente perturbadora e generalizada na maioria dos países árabes que os xiitas não são reais muçulmanos. Curiosamente, no Iraque (82 por cento) e Líbano (77 por cento), países de maioria xiita, mas nomeadamente dilacerados por conflitos sectários, sunitas são significativamente mais propensos a dizer que os xiitas são muçulmanos que são muçulmanos em países árabes com populações xiitas pequenas. Mas 53 por cento dos egípcios, 50 por cento dos marroquinos, 43 por cento dos jordanianos, e 41 por cento dos tunisianos - todos os países com populações xiitas muito pequenas - disse que os xiitas não são muçulmanos. Na Indonésia, 56 por cento disseram que eram "apenas um muçulmano" e rejeitou a identificação como "sunitas".


Ao contrário da sabedoria convencional de que o Oriente Médio está sendo reformulada por uma nova geração islâmico, os muçulmanos com mais de 35 são significativamente mais religiosas do que os menos de 35 anos. Eles são mais propensos a rezar várias vezes ao dia, para assistir a mesquita, a ler o diário Alcorão, e dizem que a religião é importante em suas vidas. E as margens são bastante ampla. Em Marrocos, a geração mais velha é 19 pontos mais propensos a ler o diário Alcorão; na Tunísia, a geração mais velha tem 17 pontos a mais probabilidade de frequentar a mesquita uma vez por semana; nos territórios palestinos, a geração mais velha tem 23 pontos a mais provável para orar várias vezes ao dia. Esta divisão geracional foi o maior no Oriente Médio em relação a qualquer outra região do mundo.

Outra questão interessante tem a ver com a questão da interpretação. Perguntado se havia uma única interpretação do Islã ou múltiplas interpretações, mais de 50 por cento responderam "único" em cada país Africano pesquisados, como os mais de 69 por cento de todos os países da Ásia. Setenta e oito por cento dos egípcios e 76 por cento dos jordanianos disse "single", mas nenhum outro país árabe tinha mais de 50 por cento.

Há muito mais neste relatório importante e intrigante . Quem estiver interessado em como os muçulmanos de hoje pensa sobre sua própria religião deve definitivamente verificar para fora - e também olhar para o segundo relatório focado em questões políticas e sociais prometidas para este ano.

a pesquisa;
http://www.pewforum.org/Muslim/the-worl ... rsity.aspx




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5038 Mensagem por FoxHound » Qui Ago 16, 2012 12:38 pm

Rússia quer manter observadores da Organização das Nações Unidas na Síria
Em reunião entre o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Gennady Gatilov, e a subsecretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman, nesta quinta-feira, 16, em Moscou, a Rússia deixou claro aos Estados Unidos que deseja a permanência dos observadores da Organização das Nações Unidas na Síria. Segundo o vice-chanceler, a saída dos representantes do organismo do país árabe traria sérias consequências negativas.

As autoridades dos Estados Unidos são contrárias à permanência do grupo de observadores desarmados da ONU. Entretanto, Washington vê com bons olhos a presença alternativa do organismo na Síria. O prazo acordado nas Nações Unidas para a presença de seus representantes em território sírio termina no domingo, 19.
http://www.diariodarussia.com.br/intern ... -na-siria/




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5039 Mensagem por FoxHound » Qui Ago 16, 2012 12:39 pm

Enviada especial de Assad elogia esforços da Rússia e da China na solução do conflito na Síria
Bouthaina Shaaban destacou que posição dos dois países está de acordo com o direito internacional.
Bouthaina Shaaban, enviada especial do Presidente da Síria, Bashar al-Assad, declarou que o governo sírio avalia positivamente os esforços realizados pela Rússia e a China para dar uma solução à atual crise naquele país árabe. Segundo a diplomata, a postura russa e chinesa está muito longe da adotada pelo Ocidente, cujas sanções, em sua opinião, afetam, na maior parte, a população civil.

Shaaban, que também exerce a função de assessora de relações públicas de Bashar al-Assad, disse que a postura da Rússia e da China está de acordo com a Carta das Nações Unidas, as normas do direito internacional e os valores universais. A enviada especial do governo sírio se mostrou contrária à aplicação na Síria do modelo líbio, onde os rebeldes acabaram com o regime de Muamar Kadhafi.

Segundo dados da ONU, os confrontos armados entre as forças aliadas do presidente Bashar al-Assad e a oposição já causaram mais de 17 mil mortes desde março de 2011.
http://www.diariodarussia.com.br/intern ... -na-siria/




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5040 Mensagem por FoxHound » Qui Ago 16, 2012 12:39 pm

Rússia apoia ativação do Grupo de Ação para a Síria
Estabelecimento de um governo de transição no país árabe está previsto.
O Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Gennady Gatilov, afirmou que Moscou considera necessária a ativação do Grupo de Ação para a Síria. Em encontro com a Subsecretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman, ele considerou imprescindível que todas as partes do país árabe e os atores internacionais cumpram com a resolução do Conselho de Segurança da ONU e as decisões tomadas no encontro de Genebra. A primeira conferência do Grupo de Ação para a Síria foi realizada em Genebra, no dia 30 de junho, e contou com a participação dos líderes da ONU e dos países da Liga Árabe, bem como os Ministros dos Negócios Estrangeiros de Rússia, Estados Unidos, Grã-Bretanha, China, França, Turquia, Iraque, Kuwait e Qatar, além dos líderes da diplomacia da União Europeia. Após a reunião, os diplomatas chegaram a um consenso sobre os princípios de resolução do conflito da Síria. Estes incluem o estabelecimento de um governo de transição no país, com a participação de todas as partes envolvidas e uma autoridade executiva plena.

Segundo a agência de notícias Reuters, uma próxima reunião do grupo pode ser realizada em Moscou, Genebra ou Nova Iorque.
http://www.diariodarussia.com.br/intern ... a-a-siria/




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