Indústria Aeronáutica Russa
Acha o Motor para a Mudança
"Nós esperamos que a Rússia tenha o bom-senso e o desejo político de escolher o produto, que pode vir a ser o que a Embraer é para o Brasil e a Bombardier é para o Canadá".
Yury Lastochkin, Diretor-Geral da Fábrica de Turbinas Saturn.
Lyuba Pronina
RYBINSK, Rússia Central -- Jean-Jacques Boulanger percorre o brilhante chão da fábrica, iluminado pela luz do sol, o cheiro de tinta fresca está no ar.
"Se você vê isso, "não pode morrer," afirmou o veterano gerente da empresa francesa produtora de turbinas Snecma, apontando o chão da fábrica.
Assim que
a "joint venture" franco-russa Volg-Aero, abrir suas portas, em Junho, será uma evidência em contrário, do sentimento, de que a indústria aeronáutica russa tinha se espatifado, após uma década em parafuso, afirmou Boulanger.
Os parceiros franceses e russos planejam investir mais de US$600 milhões no projeto. E o motor que será montado em Rybinsk será um componente essencial em outro projeto, o qual se for completado -- atestará a competitividade da indústria aeronáutica nacional:
o "Russian Regional Jet" (RRJ). O jato na faixa de até 100 passageiros, desenvolvido pela Sukhoi Co. e Boeing, é sem precedentes na indústria nacional pelo nível de cooperação internacional.
Se o RRJ decolar, como planejado, em 2007, o avião que poderá ser o veículo, que dará à indústria aeronáutica russa uma segunda vida, afirmam analistas do mercado e participantes da empresas. Talvez o setor, nunca reconquiste a glória dos tempos da antiga União Soviética, que produzia um quarto dos aviões comerciais do mundo, o RRJ poderá ser a passagem de volta da Rússia ao mercado aeronáutico global.
O que acontece na distante fábrica da Saturn, em Rybinsk, uma cidade industrial, localizada a 340 quilômetros, ao norte de Moscou, é crucial.
"Se ela será um sucesso, o tempo dirá. Mas ela tem potencial," afirmou Boulanger, executivo da Volg-Aero, o empreendimento conjunto, participação igual de 50-50, da Snecma e a Saturn. Ele foi correspondido por Yury Lastochkin, Diretor-geral da Saturn.
"Os riscos são grandes, mas estamos totalmente confiantes que esse programa vingará," afirmou Lastochkin. "A indústria de aviação civil russa não tem alternativa. Pensar que você pode competir com os aviões Boeing e Airbus, na faixa de 100 -150 passageiros, é insano."
Juntar-se à concorrência é a opção mais pragmática. A Boeing e EADS, acionista da Airbus, cada uma tem mais de um bilhão de dólares em contratos com a indústria nacional. A Boeing emprega 1.000 engenheiros russos no desenvolvimento de projetos, enquanto a Airbus paga o salário de cerca de 100.
Junto com seus colegas em Seattle ou Toulouse, os engenheiros russos projetam partes e modernizações para os jatos já em serviço, assim como para novos modelos, tais como os: Boeing 787 Dreamliner e o superjumbo Airbus 380.
Em Novembro, a Boeing declarou que estava considerando a produção de muitos componentes do B787 , na Rússia. O avião tem a previsão de entrar em produção, em 2008.
Airbus, por outro lado, já está envolvida com a Irkut Corp. -- mais conhecida pela sua produção dos caças Sukhoi -- para produção de componentes para a família de jatos A320. No mês passado o produtor aeronáutico europeu anunciou que a participação da Rússia no novo A350, seria bem-vinda, projeto em desenvolvimento para enfrentar o rival da Boeing B787.Ainda assim, a mera produção de componentes para aviões ocidentais não recuperará a indústria nacional, afirmou Konstantin Makiyenko, vice-diretor do "Center for Analysis of Strategies and Technologies" (CAST).
Assim o RRJ propiciaria a chave para Rússia reganhar sua competitividade no mercado global, afimou.
Lastochkin, da Organização Saturn, afirmou que a Rússia poderia ter uma participação no mercado de aviões regionais, o qual tem crescido a uma taxa de 20% ao ano, e juntar-se aos líderes do mercado, tais como a: Bombardier, do Canadá, e a Embraer, do Brasil.
Embora não tenha encomendas firmes para o RRJ, a Sukhoi espera que mais de 800 RRJ sejam vendidos até 2020, tanto no mercado doméstico como no internacional.
Para isso acontecer, o estado precisa exercer seu poder político e financeiro em apoio ao programa, afirmou Makiyenko.
O governo francês já investiu 250 milhões de euros, em empréstimos para os trabalhos da turbina pela Snecma, enquanto o governo russo alocou 2 bilhões de rublos (US$71 milhões), orçamento federal para a Saturn. O custo do programa do motor está estimado em US$600 milhões.
O projeto da estrutura do RRJ, tem um custo estimado, de mais de US$700 milhões. Na semana passada o banco estatal Vneshtorgbank afirmou, que ele estava pronto a investir US$195 milhões, em financiamento ao programa para a Sukhoi.
Os críticos alertam que o governo russo não está focando em um único projeto de avião. O governo ainda negocia com o projeto Tupolev-334, para 100 passageiros, e não tem dado o apoio ao avião regional Antonov 148, da Ucrânia.
"Nós esperamos que a Rússia tenha o bom-senso e o desejo político de escolher o produto que pode vir a ser o que a Embraer é para o Brasil e a Bombardier é para o Canadá", afirmou Yury Lastochkin.
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