EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

Moderadores: Glauber Prestes, Conselho de Moderação

EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

PARCERIA tecnológica e de mercado, mas cada uma permanece independente
61
36%
ASSOCIAÇÃO, onde há interpolações mas continuam independentes
53
31%
FUSÃO, onde ambas se tornam uma só
8
5%
COMPRA, onde a Boeing absorve a EMBRAER e todos os seus produtos
10
6%
NÃO para tudo, as coisas devem permanecer como estão
38
22%
 
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#496 Mensagem por gabriel219 » Seg Abr 23, 2018 12:08 pm

Túlio escreveu: Seg Abr 23, 2018 11:16 am
gabriel219 escreveu: Seg Abr 23, 2018 10:44 am
Quem dera se os imbecis que falo fossem os acionistas da Embraer.

Só queria entender o argumento de "A, se não vender ela some daqui á 10 anos". Certeza de que isso veio de gente que recebe por fora.
Bem que eu gostaria de estar sendo e$timulado, porque realmente penso assim, sequer estaria sendo corrompido. Os desafios são grandes demais para serem ignorados, a Airbus vem com tudo com o CSeries (para o qual, a partir do -500, a EMBRAER não tem rival sequer em projeto, mesmo o -300 já é parada dura), a Bombardier continua no negócio com aeronaves menores (inclusive seu forte, as Executivas), Chineses, Russos e, mais adiante, Japoneses e até Hindus estarão chegando. A EMBRAER simplesmente não tem nem terá como competir de igual para igual com toda essa gente e em tantos mercados pelo mundo todo.

A alternativa seria apostar tudo no 195 E-2 por uma década ou pouco mais e depois tentar um E-3, mas sempre com a limitação do 2+2; um 2+3 custaria os tubos e não vejo de onde sairia o dinheiro para bancar. Admito que posso ter errado apenas em presumir - e votei de acordo na enquete - que se tratava apenas de uma conjugação de esforços e não de uma venda pura e simples.

Em minha defesa, o que mais vejo, aqui e na mídia, são opiniões emocionais, porque FATOS são mais raros que crescer melancia na Serra Gaúcha em pleno inverno... :lol: :lol: :lol: :lol:
Nem é esse o problema, o que digo mesmo é sobre "se não vender ela some".

Há um risco da Embraer se dar mal e também há um risco dela sair por cima. A Embraer também é favorita em outros programas, tem o KC-390 despertando interesse de meia-europa, fora em outros mercados. O E2 está se saindo bem nas encomendas. Se uma empresa não se arrisca em passar de seu limite, nunca aumentará de tamanho.

O problema que temos aqui é, ao invés de arriscarmos, simplesmente vendemos todo o esforço pra uma empresa que tem seu portfólio defasado, quer tomar o caminho mais curto, por fora acionistas recebendo umas boladas para enfiar desculpas e uns negociadores que parecem o Chaves vendendo limonada.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#497 Mensagem por Túlio » Seg Abr 23, 2018 12:20 pm

Desculpes, cupincha, mas acho muito difícil de debater quando a emoção suplanta a razão. Vou aguardar fatos concretos. Aliás, que diferença faz se eu penso assim ou assado? Vão mudar os planos da e para a EMBRAER por minha causa?
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#498 Mensagem por Zelhos » Seg Abr 23, 2018 2:51 pm

Mas essa visão é um tanto catastrófica, não? Hoje a Embraer domina o seguimento de regionais, cabe aos concorrentes correr atrás dela e a Embraer não é uma adversária fraca, tanto que a toda poderosa Boeing preferiu comprar a empresa a projetar seus próprios aviões. O C series foi projetado com muito subsídio e seu preço é abaixo do real, sem subsídio ou o preço sobe ou a Airbus cobre o prejuízo por avião vendido, o que não é economicamente viável. Se alguém está em maus lençóis é a Bombardier, a embraer, como bem disse o seu CEO, está muito bem e não depende nem de parceria e nem de venda. Eu penso que a Embraer não precisa da Boeing e tem um imenso mercado para explorar, com possibilidade de superar a própria Boeing, por isso a americana quer matar o futuro concorrente.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#499 Mensagem por Túlio » Seg Abr 23, 2018 2:57 pm

Zelhos escreveu: Seg Abr 23, 2018 2:51 pm Mas essa visão é um tanto catastrófica, não? Hoje a Embraer domina o seguimento de regionais, cabe aos concorrentes correr atrás dela e a Embraer não é uma adversária fraca, tanto que a toda poderosa Boeing preferiu comprar a empresa a projetar seus próprios aviões. O C series foi projetado com muito subsídio e seu preço é abaixo do real, sem subsídio ou o preço sobe ou a Airbus cobre o prejuízo por avião vendido, o que não é economicamente viável. Se alguém está em maus lençóis é a Bombardier, a embraer, como bem disse o seu CEO, está muito bem e não depende nem de parceria e nem de venda. Eu penso que a Embraer não precisa da Boeing e tem um imenso mercado para explorar, com possibilidade de superar a própria Boeing, por isso a americana quer matar o futuro concorrente.
Eu também li o que o índio disse e, não obstante, parceria, venda ou algo no meio disso é o que parece estar por vir. Palavras, sempre as palavras!

De resto, eu mesmo acredito que a EMBRAER podeRIA seguir sozinha. Tá, Véio Túlio, mas por que o futuro do pretérito? Oras, falta me dizerem de onde sairia o tutu para fazer 2+3 e encarar Airbus CSeries CS300, 500, 700 e até 900, além de A319, 320, 321, Boeing 737 e por aí vai, apenas isso, cupincha véio...
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#500 Mensagem por arcanjo » Ter Abr 24, 2018 9:23 am

Publicado Em 23/04 - 11h
Acionistas da Embraer aprovam incorporação das empresas Bradar e Neiva

Por Ivan Ryngelblum E João José Oliveira | Valor

SÃO PAULO - Os acionistas da Embraer aprovaram, no dia 12 de abril, a incorporação das empresas Bradar e da Neiva. A ata do encontro foi divulgada nesta segunda-feira (23) no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Bradar é uma empresa pertencente ao grupo Embraer Defesa e Segurança, criada no desde 15 de março de 2011. Na data, a Embraer Defesa e Segurança assinou contrato de compra de 64,7% e, posteriormente, 90% do capital social da divisão de radares da OrbiSat da Amazônia S/A, implicando na cisão da OrbiSat em duas empresas: a Bradar Indústria S/A, com foco em radares de defesa e sensoriamento remoto; e a outra atuando no segmento de equipamentos eletrônicos, com sede em Manaus, que continuou sob controle dos antigos proprietários.

A Neiva é uma fabricante de aeronaves leves comprada pela Embraer em 1980. Fundada em 1954, para produzir planadores, a companhia passou em 1975 a produzir aviões leves para a Embraer. Em 2006, tornou-se unidade da Embraer. De 2007 a 2009, passou por uma ampliação e hoje a Embraer Unidade Botucatu emprega 1,9 mil empregados.

As aprovações ocorreram em um momento em que a companhia negocia com a americana Boeing uma forma de combinar negócios das duas empresas. Para analistas, essa incorporação da Bradar e da Neiva pela Embraer é um movimento relacionado ao contexto de reestruturação com vistas à combinação com a Boeing.

Fonte: JORNAL VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP http://www.fab.mil.br/notimp#n133466

abs.

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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#501 Mensagem por Túlio » Ter Abr 24, 2018 1:00 pm

arcanjo escreveu: Ter Abr 24, 2018 9:23 am Publicado Em 23/04 - 11h
Acionistas da Embraer aprovam incorporação das empresas Bradar e Neiva

Por Ivan Ryngelblum E João José Oliveira | Valor

SÃO PAULO - Os acionistas da Embraer aprovaram, no dia 12 de abril, a incorporação das empresas Bradar e da Neiva. A ata do encontro foi divulgada nesta segunda-feira (23) no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Bradar é uma empresa pertencente ao grupo Embraer Defesa e Segurança, criada no desde 15 de março de 2011. Na data, a Embraer Defesa e Segurança assinou contrato de compra de 64,7% e, posteriormente, 90% do capital social da divisão de radares da OrbiSat da Amazônia S/A, implicando na cisão da OrbiSat em duas empresas: a Bradar Indústria S/A, com foco em radares de defesa e sensoriamento remoto; e a outra atuando no segmento de equipamentos eletrônicos, com sede em Manaus, que continuou sob controle dos antigos proprietários.

A Neiva é uma fabricante de aeronaves leves comprada pela Embraer em 1980. Fundada em 1954, para produzir planadores, a companhia passou em 1975 a produzir aviões leves para a Embraer. Em 2006, tornou-se unidade da Embraer. De 2007 a 2009, passou por uma ampliação e hoje a Embraer Unidade Botucatu emprega 1,9 mil empregados.

As aprovações ocorreram em um momento em que a companhia negocia com a americana Boeing uma forma de combinar negócios das duas empresas. Para analistas, essa incorporação da Bradar e da Neiva pela Embraer é um movimento relacionado ao contexto de reestruturação com vistas à combinação com a Boeing.

Fonte: JORNAL VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP http://www.fab.mil.br/notimp#n133466

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Alguma alma caridosa pode explicar essa matéria para um véio burro que nem eu? A Bradar fabrica radares como o SABER e o SENTIR, assim, por óbvio, tem tudo a ver com Defesa; já a Neiva fabricava umas cópias de aviões Piper e hoje é só Ipanema, nada a ver com Defesa. Fico então com outra dúvida: o que é essa "incorporação"? Tirar a Bradar e vender para a Boeing eu creio que inviabiliza aquele lance de "na parte da Defesa não se mexe", botar a Neiva no que sobrar da EMBRAER também fica estranho, ao menos que eu saiba ela não fabrica nada relacionado à Defesa nem muito menos aviões Executivos, fica complicado de entender este movimento, ainda mais levando em conta que, novamente até onde acho que sei, ambas já pertencem mesmo a ela... [085] [085] [085] [085]
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#502 Mensagem por Sterrius » Ter Abr 24, 2018 1:27 pm

Se ta relacionado a defesa ficará com a embraer defesa tulio. Logo a empresa a parte de radares fara também parte da Embraer Defesa. O que ajuda a gerar +receita (e despesa) pra nova empresa.

Ja a segunda empresa se ela só faz copia de aviões etc, ela provavelmente vai pra area comercial provavelmente pra servir de fermento pra adicionar mais um pouco de tamanho a fatia que a boeing vai pegar da embraer sem realmente perder mta coisa.

Certeza que isso tudo ja foi discutido coma Boeing e o governo de antemão.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#503 Mensagem por Carlos Lima » Ter Abr 24, 2018 5:49 pm

Essa "parceria" parece coisa dos Borgs.

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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#504 Mensagem por Cassio » Ter Abr 24, 2018 6:12 pm

Neiva fabrica cópia de aeronaves??? De onde tirou isso...
A Neiva é a Unidade Embraer de BOT... Lá se fabricam as estruturas de praticamente todas as aeronaves da empresa. O nome Neiva foi preservado apenas para a comercialização do IPANEMA, também produzido na unidade de Botucatu.

Já a BRADAR não passou da Embraer Defesa para A Embraer.... ela simplesmente foi incorporada dentro da estrutura de gestão da Embraer, que é única, inclusive a parte da defesa.

Isso se chama racionalização administrativa...
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#505 Mensagem por Túlio » Ter Abr 24, 2018 6:45 pm

Cassio escreveu: Ter Abr 24, 2018 6:12 pm Neiva fabrica cópia de aeronaves??? De onde tirou isso...
A Neiva é a Unidade Embraer de BOT... Lá se fabricam as estruturas de praticamente todas as aeronaves da empresa. O nome Neiva foi preservado apenas para a comercialização do IPANEMA, também produzido na unidade de Botucatu.

Já a BRADAR não passou da Embraer Defesa para A Embraer.... ela simplesmente foi incorporada dentro da estrutura de gestão da Embraer, que é única, inclusive a parte da defesa.

Isso se chama racionalização administrativa...
Eu disse fabricaVA, índio véio! O link abaixo não é minha fuente original mas sim um livro muito antigo, o primeiro que li sobre Aviação, ainda menino, ali pela metade dos anos 70. Chamava-se "Os Aviões", de Enzo Angelucci, que tinha um capítulo adicional (coisas da Dita Dura :mrgreen: ) sobre a indústria aeronáutica Brasileira, algo que eu nem sabia que existia e descobri ali (POWS, o Brasil fabrica avião!!!). Da EMBRAER eram mostrados o Bandeco e o protótipo do Xingu na Regional e Executiva, o Xavante como Treinador e Ataque Leve e o então novíssimo Ipanema agrícola - é, já tá bem veinho - e da Neiva o Regente e cópias de aeronaves da Piper com nomes brazucas. Curiosamente, necas de menção ao T-25 e muito menos à Aerotec e seu T-23 no citado livro, que até hoje quase sei de cor, por ler todos os dias durante anos...

http://cienciatecnologiafoco.blogspot.c ... utica.html
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#506 Mensagem por Cassio » Qua Abr 25, 2018 8:53 pm

Os aviões da linha Piper não eram cópias... mas sim aeronaves montadas sob licença aqui (tem uma enorme diferença).

As aeronaves não eram montadas pela Neiva, mas sim pela própria Embraer em SJK. Depois que a mesma adquiriu a Neiva, ela transferiu para suas instalações em BOT a linha da Piper, abrindo espaço em SJK para novos projetos (EX.: EMB-120). Nessa época a Neiva, snme, já não mais produzia outros modelos como o Regente e o Universal.

Detalhes... eu sei... mas fazem diferença.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#507 Mensagem por Boss » Qui Abr 26, 2018 4:38 pm

Eu não vejo problema nenhum na venda da área de aviação comercial. Negócio absolutamente de âmbito privado, não há porque o governo nem qualquer um de nós meter o bedelho. Por mim seria o mesmo que chorar a venda de uma montadora de automóveis, uma fábrica de cerveja ou qualquer coisa do tipo. Não o farei. Com toda certeza podemos perder empregos, e empregos qualificados, mas isso a gente perde todo dia, e por razões que estas sim, deveriam ser lamentadas, discutidas e resolvidas.

Se é a única "jóia" na coroa da indústria nacional isso diz mais sobre o quão pífia é nossa indústria, que vive do mercado interno garantido pelo protecionismo, só apertando parafusos.

Já a área de defesa continuará "nacional", que era meu problema com o negócio e agora obviamente não é mais.

E se o que sobrar da Embraer vier a fechar, agora que a parte mais lucrativa ficará majoritariamente com a Boeing, irá apenas seguir o destino de várias outras empresas no ramo, graças a nossa incompetência do dia a dia, a falta de encomendas, os programas que são cancelados na metade, a mesma saga que vivemos desde sempre e que parece que ainda durará por muito tempo, ainda mais agora diante da situação do país.
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#508 Mensagem por arcanjo » Qua Mai 02, 2018 8:53 am

Publicado Em 01/05 - 15h36
Quais os desafios da venda da Embraer para a Boeing?
A transferência do controle acionário parece irreversível. Espera-se que o governo brasileiro negocie contrapartidas tecnológicas e industriais

Por Marco Aurélio Cabral Pinto

A Embraer (1969) é fruto de geração de brasileiros que, no devir do pós-guerra, perceberam a importância do poder aéreo para a conquista de soberania sobre território imenso. Soberania enquanto grau de autodeterminação da sociedade brasileira.

É possível se afirmar que a literatura sobre a Embraer trata majoritariamente do período pós-privatização, principalmente a partir de 1998[1], quando a Embraer obteve primeiros pedidos de compra significativos para a família de jatos E-Jets E170/175/190 e 195. Esta literatura pode ser dividida entre (i) temas de interesse da administração de empresas – logística de suprimentos, marketing, organizações, projeto de produtos, finanças etc.; e (ii) temas de interesse da microeconomia – sistema de inovação, comércio exterior, conteúdo nacional, história de negócios etc.

Muito pouco ou quase nada tem sido escrito a respeito da Embraer como parte do tabuleiro da geopolítica internacional. Menos ainda no período pós-Trump.

O objetivo do presente trabalho é dar suporte às decisões de Estado que resultarão no acordo para transferência do controle do segmento comercial da Embraer para Boeing mediante oferta pública de compra de ações a se realizar provavelmente em 2019.

BNDES e direitos especiais

A participação do Estado brasileiro no capital da Embraer encontra-se gerida pelo BNDES e monta 5,37% do capital votante, situando-se entre os cinco maiores acionistas da empresa. Além do poder como articulador político com os protagonistas da assembleia de acionistas da Embraer, o BNDES ainda proveu recursos que somam cerca de 20 bilhões de dólares em financiamento às exportações de aeronaves entre 1997 e 2017.

Além da participação indireta como acionista, o Estado brasileiro dispõe de ação de classe especial (golden share). Este instrumento permite ao Estado poder de veto sobre questões que afetem a vinculação tecnológico-industrial da empresa com o território brasileiro.

A golden share é instrumento societário inventado pelas finanças inglesas entre 1979 e 1983 para contornar críticas feitas ao programa de privatizações implantado no governo M. Thatcher. Interesses contrários à época percebiam riscos de enfraquecimento do Estado e de descontinuidade de empresas de tecnologias estratégicas para a soberania inglesa.

Na França, denominou-se por action spécifique, na Itália poteri speciali, na Alemanha goldene Aktie Spezialaktie, na Bélgica action spécifique, em Portugal acções preferenciais e na Espanha regime administrativo de controle específico. Não importa a denominação local, a inovação jurídica permitiu aos governos confiarem a grupos econômicos nacionais ativos estratégicos para a manutenção da soberania. A condição é que o controle sobre estes ativos permaneçam em mãos de residentes.

Embraer, uma empresa cobiçada

A Embraer é atualmente uma organização que combina competências tecnológicas com grande eficácia comercial. Citam-se como fatores cruciais de sucesso documentado na literatura sobre a empresa: (i) inteligência de mercado e rede internacional de vendas e atendimento ao cliente; (ii) tecnologia de projeto de aviões, utilizando-se técnicas de projeto digital em rede com integradores de primeiro nível; (iii) técnicas de fabricação, incluindo-se arranjos físicos em células, fornecimento contínuo, controle de processos etc. A Embraer inovou em técnicas para distribuição das centenas de quilômetros de fios e cabos elétricos dentro das aeronaves, entre outras; e (iv) suporte do Estado brasileiro mediante subsídios tecnológicos e condições de financiamento (prazos e taxas) às vendas.

No entanto, a cadeia produtiva da Embraer no Brasil pode ser considerada muito pequena em comparação ao potencial de desenvolvimento das competências locais. Aliam-se pequeno porte relativo das cerca de 50 firmas nacionais dedicadas a segmentos industriais aeronáuticos de baixo valor adicionado. Fundamentalmente, fornecimento de peças usinadas com conformidade aeronáutica.

O índice de nacionalização dos aviões comerciais da Embraer não supera, retirado valor adicionado como margem de venda, os 5% do valor total de cada unidade [Montoro (2009)[5]]. Por esta razão, a Embraer atua no segmento de defesa como fonte de inovação, mas financia atividades através do sucesso comercial. No entanto, até hoje atuou em uma ilha, isolada no Atlântico Sul e distante dos complexos industriais-militares europeu e norte-americano.

A frustrada tentativa dos franceses em 1999

Em outubro de 1999, consórcio formado por empresas do complexo industrial-tecnológico francês (Aérospatiale Matra, Dassault Aviation, Thomson-CSF e Snecma) adquiriu 20% do capital da Embraer.

À ocasião, o grupo Bozzano-Simonsen+Prevo+Sistel havia adquirido o controle da Embraer apenas cinco anos antes. Dado que a Aeronáutica não foi consultada sobre a transação, a despeito da existência da golden share, foi destacado o Brigadeiro W. Brauer para conduzir investigações confidenciais sobre o curso da venda.

No relatório confidencial da Aeronáutica comprovou-se, mediante exame de documentos, a intenção do grupo Bozzano Simonsen de vender o controle acionário da empresa para os franceses.

Em parecer emitido em janeiro de 2000 pela AGU manteve-se a restrição pré-existente que limitava ao máximo de 40% a participação do capital estrangeiro na fabricante de aeronaves brasileira.

A negociação com o governo federal à época resultou na interrupção das tentativas francesas de adquirir o controle da Embraer, não obstante não se tenha imposto judicialmente cláusula de direitos especiais. Nestes termos, a negociação dos 20% de participação foi acatada.

Com a reestruturação societária de 2006, ao mesmo tempo em que se permitiu a saída do controlador, diminuiu-se ainda mais a influência das firmas francesas sobre as decisões da empresa.

A reestruturação societária de 2006: quem vendeu a Embraer?

Em 2006, a Embraer aprofundou inserção nos mercados de capitais, mediante “pulverização acionária”.

Para que o limite de 40% de participação de estrangeiros fosse respeitado, definiu-se que cada acionista só poderia acumular 5% dos votos nas assembleias e que os estrangeiros, em conjunto, não poderiam ultrapassar 40% dos votos. Independentemente da quantidade de ações que cada grupo detivesse.

Às vésperas do anúncio de intenção de compra da Embraer pela Boeing em 2018, os estrangeiros detinham cerca de 85% do capital total da companhia. Na ocasião, ações da empresa encontravam-se cotadas em torno de R$16,00 o lote. Nos dias que seguiram houve rápida valorização de cerca de 30% sobre o valor financeiro investido.

Naturalmente, é esperado que o poder de negociação da diretoria profissional se esgote em situação tal como a de venda da empresa. Torna-se necessário contatar quem representa os donos. Ocorre que bancos que administram fundos de investimento possuem mandato dos acionistas (quotistas) para deliberações em assembleias desde 2006.

Portanto, o anterior “Acordo de Acionistas” foi na prática depois de 2006 substituído pelo “consenso” entre alguns poucos bancos majoritariamente norte-americanos. Há hoje interesse destes no aproveitamento do prêmio que a Boeing irá pagar para fechamento do capital (100% das ações).

A venda da Embraer para Boeing

Em julho de 2017, alguns meses antes do comunicado conjunto Boeing/Embraer, o ministro da Fazenda, H. Meirelles, encaminhou pedido de urgência ao TCU para consulta sobre a possibilidade de a União se desfazer dos direitos especiais (golden shares) mantidos na Eletrobras, Vale, Embraer e IRB[6].

Em parecer emitido pela AGU em 2000, a proibição de venda a estrangeiros do controle da firma só poderia ser retirada por lei específica posterior ou se "o Presidente da República, por razões de Estado, venha a retirar a exigência referente à limitação do capital estrangeiro".

A Boeing pretende adquirir até 100% da Embraer mediante oferta de compra em bolsas de valores. Pelo desenho apresentado pelos bancos que assessoram a Boeing, o segmento de defesa poderia ser segregado em subsidiária específica. Nesta subsidiária o governo brasileiro poderia manter golden share.

Qual o valor da Embraer para a Boeing?

Em outubro de 2017, a Airbus e a Bombardier anunciaram sociedade para programa de jatos comerciais CSeries. Pelo acordo, o grupo europeu assumiu fatia de 50,01% na sociedade. Este acontecimento, que sacudiu a dinâmica do setor, permitiu a formação de maioria entre os controladores da Boeing para a aquisição da Embraer.

O valor da Embraer para a Boeing é, no curto prazo, majoritariamente comercial. Conforme se pode perceber na Figura 1, a Boeing concentra processos de fabricação nos EUA, dispondo-se de pequena estrutura de fabricação internacional[7].

Por esta razão, a perspectiva de manutenção espontânea de processos de fabricação no Brasil é pequena, com diminuição de postos de trabalho qualificados e extinção do ecossistema de firmas que gravitam no entorno dos desenvolvimentos tecnológicos da Embraer.

Já do ponto de vista comercial, a capacidade da Embraer em identificar oportunidades mercadológicas e em desenhar produtos que antecipem necessidades não deve ser desconstruída no curto prazo.

Da mesma maneira, a expedição comercial de aeronaves a partir do Brasil pode extrair valor para Boeing por meio de financiamentos e subsídios do Estado brasileiro.

Conclusões

A venda da Embraer para a Boeing parece evento irreversível, diante da recente fusão entre a Bombardier e Airbus. Espera-se que o governo brasileiro negocie contrapartidas tecnológicas e industriais que permitam ao Brasil dispor de Base Industrial de Defesa e, ao mesmo tempo, participar de política de segurança. A BID deve apoiar a operacionalização das forças armadas e participar de programas tecnológicos definidos a partir de estratégia nacional de defesa. Para isso, o Brasil terá que enfrentar debate sobre soberania e preço que se deseja pagar por isso.

Fonte: REVISTA CARTA CAPITAL, via NOTIMP http://www.fab.mil.br/notimp#n133682

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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#509 Mensagem por Túlio » Qui Mai 10, 2018 2:01 pm

Pode parecer esquisito eu estar postando um link para um link mas garanto que vale a pena: dá uma senhora explicação para muita coisa que não estamos vendo, pois está nos bastidores da negociação da EMBRAER e mostra o que me parece ser a Big Picture da coisa toda, que envolve muito mas MUITO mais do que algumas fábricas de aviões. Leiam, garanto que vão saber mais do que sabem agora...

http://defesabrasil.com/forum/viewtopic ... 6#p5518516
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#510 Mensagem por Túlio » Dom Mai 13, 2018 3:42 pm

Mesmo com tantos dados (ou até por causa disso), continuo com sérias dificuldades para entender o que de fato está acontecendo. A imprensa divulga tantos dados contraditórios (ora é uma aquisição pura e simples da EMBRAER pela BOEING, ora é uma joint-venture, ora é outra coisa, ou seja, desinformação para todos os gostos) que me parece uma temeridade sair dizendo que é definitivamente isso, aquilo ou aquilo outro, pois simplesmente não sabemos e isso não é informação que se encontre no Google. Ao menos até serem publicados os termos definitivos do acordo e a posição do governo/FAB, bem como as verdadeiras razões para a referida posição (pois aí sim, poderemos inferir o que é verdade e o que não passa de cortina de fumaça), vou continuar meio de canto.

Aliás, não encontro sentido algum no preço publicado para a "troca de dono" (uns USD 3B ou menos), quando só em pedidos firmes para a linha que vai do 170 "comum" ao 195-E2 (Área Comercial) há mais de dez vezes este valor, e sem contar a parte de Serviços (manutenção, treinamento, etc) e muito menos as opções, pois aí poderíamos mais do que dobrar (mais do que triplicar, na verdade) o "bolo" todo, que fecharia em algo perto de USD 100B. Há ainda a área de Marketing, Suporte, Instalações (e a OGMA, como fica nisso tudo?) e um corpo de Técnicos, Engenheiros e Cientistas de ponta como a cereja do bolo, ante o envelhecido grupo homólogo da BOEING. Apenas USD 3 bi por isso tudo, sério? Ou os ianques estão fazendo o melhor negócio do milênio ou estão em via de entrar por um cano daqueles! Senão vejamos:

:arrow: AIRBUS - Com a compra de cerca de metade da linha CSeries da Bombardier (e pelo preço simbólico de um dólar Canadense), a Airbus passa a ter acesso a uma aeronave que pode ser "espichada" e muito, como os planejados CS-500, 700 e 900 (abaixo):
Imagem
Parece que os caras já estão tirando o A-319 (3 + 3) do portfólio só por causa dos CSeries (3 + 2) que já têm; desenvolver os demais da imagem tiraria também A320 e bobear até o A321 mas nem isso seria o mais interessante, pois na prática toda a linha 737 da Boeing estaria em grande desvantagem e provavelmente iria também pelo ralo. Seria uma paulada das brabas no lombo dos ianques. E estes, que contramedida teriam?

:arrow: BOEING - Com a compra ou seja o que for mas tirando o nome EMBRAER da Aviação Comercial (ao menos por uns anos*), teriam o que para concorrer com a arquirrival da Europa? Teriam é um baita dum "buraco" entre o 2 + 2 dos E-Jets e o 3 + 3 dos 737 e nada para botar ali que se compare ao potencial do CSeries, que é uma aeronave já em operação (CS-100 e 300) e, portanto, excelente base para ser ampliada em curto prazo; no caso da Boeing, com ex-Embraer e tudo, precisariam partir do zero e, naturalmente, chegar ao mercado vários anos depois. Ou seja, sua área de Aviação Comercial (737/E-Jets) enfrentaria produtos da Airbus (agora com um 3 + 2 alongável e quase imbatível pelo 3 + 3 em custos por assento ou hora de voo) e do que sobrou da Bombardier (CRJ-1000, 2 + 2, p ex). Não encontro cenário onde isso possa fazer sentido (não que os ianques costumem tomar decisões que precisem fazer sentido)...

* - Reitero que não sei dos detalhes do contrato em gestação mas, segundo disseram alguns Colegas, ao vender ou sei lá o que sua área de Aviação Comercial, a EMBRAER teria que se comprometer a passar alguns anos sem lançar nada capaz de concorrer naquele mercado; o que não disseram é se também não pode projetar nada do gênero, seria interessante saber isso.
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