Re: SYRIA
Enviado: Ter Jul 23, 2013 5:32 pm
Pentágono sugere que intervenção militar na Síria seria cara
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos forneceu ao Congresso sua primeira lista detalhada de opções militares para conter a sangrenta guerra civil na Síria, sugerindo que uma campanha para transferir a vantagem militar do ditador Bashar al-Assad para a oposição seria uma empreitada de ampla escala, custaria bilhões de dólares e poderia ter efeitos adversos para os Estados Unidos.
A lista de opções --descrita em uma carta enviada pelo chefe do Estado-Maior Conjunto das forças armadas norte-americanas, general Martin Dempsey, ao senador Carl Levin, democrata do Michigan, presidente do Comitê de Forças Armadas do Senado-- é a primeira descrição explícita que os militares oferecem quanto ao desafio formidável que intervir na guerra síria representaria.
O documento surge no momento em que a Casa Branca, que limitou seu envolvimento militar a fornecer armas, portáteis e de maior porte, aos rebeldes, começa a reconhecer implicitamente que talvez Assad não venha a ser forçado a deixar o poder em curto prazo.
As opções, que variam de treinar forças da oposição a conduzir ataques aéreos e impor uma zona de exclusão de voos sobre a Síria, não são novidade. Mas Dempsey ofereceu detalhes sobre a logística e o custo de cada uma.
Ele apontou, por exemplo, que ataques de longo alcance contra alvos militares do governo sírio requereriam "centenas de aviões, navios, submarinos e outros vetores", e custariam "bilhões de dólares".
Dempsey, o oficial de mais alta patente nas forças armadas dos Estados Unidos, escreveu a carta de três páginas, classificada como não confidencial, a pedido de Levin, depois de depor na semana passada afirmando acreditar que Assad continuaria no poder, daqui a um ano.
Naquele dia, a Casa Branca começou a moderar seu discurso com relação a Assad. Depois de afirmar durante quase dois anos que os dias de Assad estavam contados, Jay Carney, o secretário de Imprensa da Casa Branca, disse que "embora estejam acontecendo viradas na situação militar, em nossa opinião Bashar al-Assad nunca mais voltará a governar todo o território sírio".
As quatro últimas palavras representam uma mudança sutil mas significativa no discurso da Casa Branca, uma admissão implícita de que depois dos recentes avanços do governo contra uma oposição cada vez mais caótica, Assad por enquanto parece destinado a manter o poder pelo futuro previsível, nem que apenas sobre uma parte da Síria dividida.
A perspectiva irritou os defensores de uma intervenção, como o senador John McCain, republicano do Arizona, que travou um diálogo irritadiço com Dempsey quando o general depôs diante do Comitê das Forças Armadas, perguntando por que o governo não estava fazendo mais para ajudar os rebeldes.
Os planos de fornecer armas aos rebeldes estão sendo executados como operação clandestina pela Agência Central de Inteligência (CIA), e Dempsey não fez menção a eles em sua carta.
Se ordenadas pelo presidente, Dempsey afirmou, as forças armadas estão preparadas para executar opções que incluem esforços de treinamento, assessoria e assistência à oposição; ataques limitados com mísseis; estabelecer uma zona de exclusão de voos; estabelecer áreas protegidas, provavelmente ao longo das fronteiras sírias com a Jordânia e Turquia; e capturar o estoque de armas químicas de Assad.
"Todas essas opções provavelmente ajudariam quanto ao objetivo militar estreito de ajudar a oposição a pressionar ainda mais o regime", Dempsey escreveu. "Quando entrarmos em ação, precisamos estar preparados para o que virá a seguir. Será difícil evitar envolvimento mais profundo".
Uma decisão de usar a força "é não menos que um ato de guerra", escreveu Dempsey, alertando que "poderíamos inadvertidamente reforçar o poder dos extremistas ou causar o uso das armas químicas cujo controle desejamos garantir".
Na carta, Dempsey avalia os riscos e os benefícios de diferentes opções militares. Mas seu tom é cauteloso, o que sugere que o Pentágono encara todas essas opções com hesitação.
Treinar, assessorar e auxiliar as forças da oposição, ele escreveu, requereria de algumas centenas a alguns milhares de soldados norte-americanos, e um custo de US$ 500 milhões anuais.
Uma ofensiva com número limitado de ataques de longo alcance contra alvos militares na Síria requereria centenas de aviões e navios e poderia custar bilhões de dólares. Impor uma zona de exclusão de voo requereria derrubar os aviões do governo sírio e destruir as bases aéreas e hangares do país.
Também requereria centenas de aviões. O custo seria de US$ 1 bilhão ao mês.
Uma ordem de estabelecer zonas de proteção para garantir a segurança de porções da Turquia e Jordânia e oferecer refúgio aos rebeldes sírios, e também para servir como base para o fornecimento de assistência humanitária, requereria a criação de uma zona de exclusão de voo e o emprego de milhares de tropas terrestres norte-americanas.
Ao descrever a missão de prevenir o uso ou proliferação de armas químicas, Dempsey afirma que isso também requereria uma zona de exclusão de voo além de campanha significativa de ataques aéreos e por mísseis.
"Milhares de soldados das forças especiais e outras unidades terrestres seriam necessários para atacar e proteger os locais críticos", ele escreveu, e os custos seriam bem superiores a US$ 1 bilhão ao mês.
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013 ... cara.shtml