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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Sáb Nov 06, 2010 6:48 pm
por eur2
o Brasil estava virando uma verdadeira africa nos dias de fhc, governava apenas para uma elite

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Sáb Nov 06, 2010 9:15 pm
por Viktor Reznov
Eu concordo com o Prick acima, há um monopólio de mídia, com a Globo junto do SBT e Record fazendo de tudo pra derrubar quaisquer tentativas de diversificar o mercado.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Sáb Nov 06, 2010 9:21 pm
por Naval
Não me surpreende o povo nordestino ser tão apegado a Religião.
Com tanta miséria tem q se apegar a alguma esperança.
E toma-lhe um bando aproveitadores pra explorar essa fé.

Abraços.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Sáb Nov 06, 2010 9:47 pm
por Viktor Reznov
Naval escreveu:Não me surpreende o povo nordestino ser tão apegado a Religião.
Com tanta miséria tem q se apegar a alguma esperança.
E toma-lhe um bando aproveitadores pra explorar essa fé.

Abraços.
E governo após governo, ninguem lhe dá nada de útil, só esmolas e migalhas que os tornam dependentes desse ou daquele governo e partido, e por serem um povo tão pobre, sofrido e humilde, eles accreditam em qualquer mal-elemento com promessas messiânicas.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Sáb Nov 06, 2010 10:58 pm
por Guerra
PRick escreveu:Você sabe como é escolhido hoje um grupo privado para ter um canal de TV ou uma rádio? E tudo feito de forma obscura, não existe transparência na escolha. Pior, não existe hoje um controle efetivo sobre a nacionalidade dos donos, e muito menos do controle de Oligopólio e Monopólio. O CADE existe exatamente para combater Oligopólio e Monopólio da economia, porque, deveríamos aceitar isso na mídia? O CADE colcou uma série de restrições para a fusão da Brahma com a Antártica, que incluiu a venda de participações em uma série de cervejarias no Brasil. Porque a Rede Globo pode ter cadeia de TV, Rádio, Jornais e Revistas?

[]´s
[/quote]

Uma coisa é controlar propaganda, controlar venda de armas, produtos radioativos, psicotrópicos e exibição de lutas violentas . A outra é controlar o que pode e o que não pode ser noticia.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Sáb Nov 06, 2010 11:07 pm
por Guerra
PRick escreveu:Guerra eu fui um dos que presenciou a criação do PT, estava entrando na PUC/RJ então, o PT surgiu de 04 grandes correntes sociais, Sindicalismo, Igreja Católica(Comunidades Eclesiais de Base, Intelectuais e estudantes e antigos quadros políticos do PCB e outros que combateram a ditadura.[/color]
Ninguém do MDB ajudou a organizar o PT politicamente?
O PT nada tem haver com o PRI mexicano, nem sua história, como a política brasileira nada tem haver com a mexicana. O PRI nasceu de uma revolução que falhou, apesar de ter modificado profundamente a sociedade mexicana na época, depois disso a política mexicana se fossilizou, parou no tempo. Por sinal, nunca foi democrática.
Eu não quis dizer isso.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Sáb Nov 06, 2010 11:16 pm
por Guerra
Cross escreveu:Eu concordo com o Prick acima, há um monopólio de mídia, com a Globo junto do SBT e Record fazendo de tudo pra derrubar quaisquer tentativas de diversificar o mercado.
Monopólio da Globo, record e sbt? Pessoal vamos ser realistas. Elas são as maiores e são 3, mas em todo canto tem TV.

Pela lógica vamos ter que controlar as revistas do Mauricio de Souza porque é praticamente a única revista infantil de sucesso no Brasil.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Dom Nov 07, 2010 12:42 am
por Sterrius
Eu concordo que deveria haver separação entre radio, tv e jornais.

Se vc tive-se 1 não poderia ter os outros. Essa medida sozinha ja faria maravilhas na diversificação.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Dom Nov 07, 2010 2:08 pm
por marcelo l.
http://www.estadao.com.br/noticias/supl ... 5733,0.htm

Os resultados da competição eleitoral provocaram, como seria de esperar, euforia e júbilo do lado dos vencedores, e perplexidade e mal-estar do lado dos derrotados, mas enquanto no primeiro caso a presidente eleita se esforça para emitir sinais sutis de que pode introduzir mudanças na orientação do novo governo, no caso da oposição são ainda tênues e insuficientes as indicações de que o recado das urnas foi assimilado. Satisfeitos, de alguma maneira, com o fato de que o PSDB e o DEM conquistaram dez governos estaduais, representando mais da metade do eleitorado do país, as primeiras manifestações dos dirigentes desses partidos não mostraram se e como eles avaliam as causas de suas derrotas em 2002, 2006 e 2010 na disputa pelo comando do Estado. A necessidade de se reinventar para estabelecer novas bases de diálogo com os eleitores está demorando para sensibilizar os dirigentes da oposição.

A questão não é simples e envolve uma preocupação relevante: a democracia não pode funcionar adequadamente sem uma oposição robusta, vigorosa e competente. Como observaram Robert Dahl e Giovanni Sartori, entre outros, a democracia é o regime da participação popular e da contestação política, mas além de supor eleições livres e competitivas, ela depende também da existência de uma oposição suficientemente autônoma e forte para ser capaz de limitar o poder e controlar o desempenho da maioria. A oposição não pode impedir a maioria de existir e agir, mas ela tem de ter acesso a meios institucionais adequados para avaliar a legitimidade da atuação do governo e ser capaz de defender os direitos das minorias. Mais do que isso, a oposição tem de ser capaz de sinalizar para a sociedade a qualidade das alternativas que ela defende, de modo que os cidadãos, em sua condição de eleitores, possam avaliar e julgar os governos a que estão submetidos; isso, no entanto, não pode ser apresentado apenas durante as campanhas eleitorais, tem de ser parte do cotidiano da política.

Importante em qualquer democracia, isso é mais ainda em uma sociedade marcada por tantas diversidades sociais, culturais e políticas como o Brasil, em que o vencedor das eleições presidenciais se elege com pouco mais da metade dos votos válidos, mas tem de governar também para a outra metade da nação que opta tanto por alternativas políticas diferentes, como pela não-escolha (abstenções somadas aos votos brancos e nulos no 2° turno deste ano foram mais de 28%, representando mais de 36 milhões de eleitores). Assim, se envolve cooperação entre forças políticas distintas, a democracia também depende de que posições conflitantes sejam toleradas, possam se expressar e estejam representadas no sistema político. Essa exigência depende de que a lei e as instituições a assegurem, mas a garantia de seu funcionamento depende muito da existência de uma oposição ativa.

Nas democracias consolidadas, o sucesso da oposição está associado a fatores como a sua coesão interna, a preservação de sua identidade e a capacidade de sinalizar que se constitui em alternativa, ao mesmo tempo, viável e melhor do que a oferecida pela coalizão governante. Nos últimos oito anos, no entanto, a oposição ao governo Lula e ao PT, centrada no PSDB, no DEM e no PPS, não conseguiu atender direito a esses requisitos: a disputa interna por posições de poder, a dificuldade de assumir um perfil político diferente da coalizão governante e a ausência de projetos capazes de sinalizar as mudanças econômicas, políticas e sociais necessárias ao estágio atual do País não ajudou a oposição a conquistar o coração e as mentes da maioria dos eleitores brasileiros. Exemplos disso foram as três últimas campanhas presidenciais: como sugeriu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB virou as costas para a sua história, deixou de lado as conquistas alcançadas em seus dois governos e foi incapaz de explicar por que a estabilidade econômica, o controle da inflação e as privatizações eram parte de um mesmo projeto de desenvolvimento e bem-estar da sociedade. Menos transparente ainda foi a posição quanto a programas como o Bolsa-Família: primeiro, pareceu que a oposição recomendava abandonar o programa por seu caráter assistencialista, sem apontar o caminho para se enfrentar a dependência política que ele de fato cria; depois, na campanha, o programa foi objeto de promessas de expansão, agora sem indicar como romper com o assistencialismo e torná-lo parte de um projeto social e econômico mais abrangente.

Muitas das dificuldades para se constituir em alternativa política competitiva se devem ao fato de os partidos de oposição não terem se enraizado na sociedade, sendo incapazes de captar os sentimentos e os anseios de seus diferentes segmentos. Diferentemente do PT, o PSDB, o DEM e o PPS não conseguiram mobilizar e recrutar a classe média, os estudantes, os intelectuais e os artistas, os empresários - para citar apenas setores usualmente mais interessados na participação política; mais espantoso ainda é o caso do PSDB, partido auto-definido como social-democrata, mas que nunca se esforçou para formar uma base sindical sólida que lhe permitisse disputar com as demais forças a condução do movimento; nem mesmo quando os sindicatos brasileiros foram recooptados pelo Estado, no governo Lula, as vozes da oposição foram fortes o suficiente para mostrar à sociedade civil as implicações antidemocráticas dessa tendência neo-corporativista.

Preferindo agir quase que exclusivamente no âmbito do Congresso Nacional (na produção de leis, normas jurídicas e políticas públicas), a oposição tampouco se esforçou em trazer para o debate público o fato de que, diante das enormes prerrogativas reservadas ao Executivo pela Constituição de 1988, ela tem as suas mãos atadas. Não são apenas as MPs que travam a ação do Congresso, mas também as prerrogativas presidenciais únicas de iniciar leis, pedir urgência urgentíssima para suas matérias e elaborar o orçamento da união; por isso, o Executivo tornou-se o grande legislador da democracia brasileira, limitando muito o exercício das funções de fiscalização e controle do parlamento. A atuação da oposição, em anos recentes, foi insuficiente para enfrentar esse nó institucional, tendo faltado suas iniciativas para debater a questão com a sociedade - o que, em parte, deixou o Congresso Nacional isolado e objeto de enorme desconfiança pública.

Um grande desafio ronda, portanto, a oposição nos próximos anos: a sua capacidade de se reinventar. PSDB, DEM, PPS, e agora também o PV, terão de encontrar os seus pontos de convergência e cooperação, mas como ocorreu outras vezes na história terão de ir ao povo se não quiserem desaparecer. A questão não pode, no entanto, ser simplificada por uma razão conhecida: em muitos aspectos, a coalizão liderada pelo presidente Lula se apropriou em políticas que tinham sido introduzidas pelo governo FHC, deixando a oposição em uma situação difícil, como se não tivesse bandeiras próprias. A oposição não soube explicar isso ao País e um dos seus desafios, agora, será reconhecer que parte das bandeiras social-democratas está sendo realizada pelo PT e descobrir, nessa situação complexa, o seu papel diferencial: que políticas econômicas e sociais de longo prazo podem ser apresentadas pela oposição? Quais as suas vantagens e viabilidades? E como traduzir isso para uma maioria de eleitores aparentemente satisfeita com as políticas desenvolvidas pelas coalizões dirigidas por Lula e o PT?

Essas questões serão, por certo, objeto de novas propostas de gestão de parte da oposição, uma vez que apontem para o projeto de sociedade que se deseja construir, mas talvez o modo mais eficaz dela se reapresentar à sociedade seja avançar também em um terreno em que o PT e o presidente Lula têm deixado a desejar: na defesa e no aprofundamento da democracia representativa. Não há dúvida de que temos democracia no Brasil, mas em várias áreas a qualidade do regime é de baixa intensidade: o império da lei ainda não está plenamente estabelecido, alguns direitos de cidadania valem mais para alguns segmentos do que para outros e os mecanismos de avaliação e controle do desempenho dos governos (accountability horizontal e vertical) ainda funcionam precariamente. Além disso, há áreas de claro déficit de representação: o sistema de eleição proporcional não assegura uma relação adequada entre representantes e representados, e os mecanismos de financiamento de campanhas eleitorais, além de torná-las excessivamente caras, são fonte de corrupção e de desconfiança dos cidadãos. A oposição pode mostrar como essas distorções contrariam os princípios de liberdade e igualdade; e empunhar, entre outras propostas, a bandeira do voto distrital e da recuperação da autonomia do Legislativo, propugnando, sem medo de acusações de udenismo, pela introdução de mecanismos mais rigorosos de combate à corrupção. Sua identidade se definiria, assim, pelas propostas de aprofundamento da democracia e pelas implicações disso para a expansão dos direitos de cidadania.

A palavra está com os novos governadores, senadores e deputados eleitos; eles têm a densidade eleitoral necessária para reinventar a oposição e surpreender o País. Esperemos que façam isso.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Dom Nov 07, 2010 2:11 pm
por marcelo l.
http://www.estadao.com.br/noticias/supl ... 5754,0.htm

Ela ganhou. E em 1º de janeiro de 2011 vai protagonizar um momento histórico. Aos 62 anos, Dilma Vana Rousseff deverá tomar posse como a primeira presidente eleita do País, a bordo de 56 milhões de votos.

O feito foi celebrado pela ex-presidente chilena Michelle Bachelet, hoje à frente da ONU-Mulheres, como "uma mudança cultural que acaba de começar". Por mais seca que possa aparecer, a chanceler alemã Angela Merkel mandou congratulações "do fundo do coração". Cristina Kirchner, em luto pela perda do marido-parceiro no poder, não se furtou a saudar a colega brasileira: "Bem-vinda ao clube das companheiras de gênero". Hugo Chávez, mais econômico e direto, fez seu assédio político cortando a frase de Cristina ao meio. "Bem-vinda ao clube", resumiu o venezuelano.

Em seu discurso de vitória, Dilma prometeu "honrar as mulheres" e pediu que "pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: sim, a mulher pode!" Para a cientista política cubano-americana Sonia Alvarez, autora de Engendrando Democracia no Brasil: Movimento Feminista e Transição Política (Princeton University), não há dúvida de que "Dilma pode". Mas não se espere que, pelo fato de ser mulher, governará de forma diferente. "Ela o fará de acordo com a sua vontade política", calcula. Nesta entrevista, Sonia despe os estereótipos do mundo da política, inclusive os mais regressivos, como "Dilma, a mãe do PAC", "Lula, o filho do Brasil" e "Getúlio, o pai do povo".


Há quem diga que a participação da mulher na política latino-americana tem sido lenta e retardatária. No entanto, nesta década, tivemos presidentes mulheres na Argentina, Chile, Costa Rica, e agora no Brasil. A situação está finalmente se revertendo?
Primeiro, é preciso frisar que a participação das mulheres na política formal pode ser limitada. Em outros espaços, como nos movimentos sociais, nas organizações comunitárias e nos processos mais significativos de transformação política - como o combate às ditaduras, a defesa dos direitos humanos e as transições democráticas -, a presença delas tem tido muito impacto, mesmo que indireto, sobre a política institucional. Segundo, o problema não é falta de interesse, vocação ou experiência das mulheres. Ele é estrutural, histórico, e envolve a política formal que, no mundo inteiro, continua dominada por homens das classes altas e pertencentes aos grupos raciais dominantes. O que é "lenta e retardatária", então, é a política masculinista e elitista latino-americana, bem como da maioria dos países. Não as mulheres! A solução para a sub-representação das mulheres, especialmente as pobres, negras e indígenas, tem que passar pela reestruturação da política. As cotas eleitorais, mal-sucedidas, por mal implementadas no Brasil, seriam uma medida na direção dessa reforma necessária.


Dá para avaliar o peso simbólico de uma mulher presidente?
O simbolismo da eleição de Dilma serve, antes de mais nada, como exemplo para as cidadãs brasileiras. Uma coisa que Dilma falou em seu discurso é bem verdade: a importância de sua eleição reside na tentativa de desnaturalizar a ausência de mulheres no poder, para que sua eleição deixe de ser uma exceção. Mas, em vez de nos preocuparmos só com as presidentes, é importante pensar nas mulheres que conseguiram se eleger vereadoras, deputadas, senadoras, ou mulheres que estejam na liderança de partidos políticos e sindicatos. É preciso construir uma Nação desde a base, onde tanto mulheres, quanto homens sejam capazes de governar. O fato de só termos 17 mulheres líderes mundiais já diz muito. A agenda não deveria ser como eleger mais mulheres presidentes, mas como mudar a política para que isso não seja mais um feito excepcional. Agora, não há razão pela qual devemos esperar de uma mulher algo em particular na política, ou seja, que sejam mais ligadas às questões sociais. Não é pelo fato da Dilma ser mulher que o Brasil vai ter políticas mais progressistas em relação às mulheres. Isso dependerá da vontade política dela e das relações que mantiver com os movimentos sociais, especialmente, o movimento de mulheres.


Pela primeira vez no Brasil, a campanha presidencial contou com duas mulheres entre os principais candidatos, ou seja, além de Dilma, Marina Silva, do PV.
Marina teve papel expressivo nessa campanha. Provocou um impacto cultural e simbólico interessante no sentido de tentar mudar a cultura política do Brasil, quebrando estereótipos. E se declarou mulher negra, vinda de uma trajetória de vida muito simples. Nesse sentido, ela e Dilma são bem diferentes.


Michelle Bachelet foi uma indicação do ex-presidente chileno Ricardo Lagos, Cristina Kirchner foi apontada pelo marido Néstor, e Dilma Rousseff, a escolhida de Lula. A senhora concorda que, aos poucos, mulheres alcançam o topo do poder, mas ainda são alavancadas ao primeiro escalão por figuras masculinas de forte apelo popular?
Existe um padrão histórico comum, em que as mulheres chegam ao poder a partir de uma relação de parentesco com o "homem político". São esposas, filhas... Elas são "pescadas", por assim dizer. A façanha de Weslian Roriz (esposa de Joaquim Roriz, que desistiu da reeleição ao governo do Distrito Federal) só pode ser imaginada, e muito menos permitida, politicamente, porque o senso comum ainda aceita a ideia de que a esposa seja naturalmente submissa ao seu "dono". Agora, o caso de Dilma é totalmente diferente. É mais parecido com o de Bachelet. Ou seja, não há uma ligação por casamento, ou uma relação consanguínea, com estes homens, mas existe o apadrinhamento político. Não quero tirar o mérito nem de Dilma, nem de Bachelet, que apesar de apresentadas como "amiga do homem", tinham uma carreira política própria, essencialmente administrativa. Mas é fato que a relação com o masculino político de grande influência facilitou-lhes a chegada ao poder. Acredito que o fato de Bachelet, apesar de ter 80% de aprovação no final de seu governo, não ter conseguido fazer o sucessor, tem a ver com o ainda forte viés machista na política eleitoral. O ponto mais importante é dizer que, se Lula conseguiu ajudar Dilma ser eleita, isso significa que, certamente, um esforço institucional partidário, igualmente intenso e convicto - como no financiamento de suas campanhas - poderia levar muitas Dilmas, Michelles e Cristinas ao poder.


Recentemente viúva, Cristina Kirchner terá de provar que consegue governar sem o marido, tido como presidente ‘de fato’. Será um duro teste para ela?
O fato de Néstor ter sido visto como um presidente "de fato" já revela um sério problema. Reproduz estereótipos sobre uma suposta incompetência feminina para com as coisas políticas, e ainda reforça a nossa dependência. Os Kirchner sempre pregaram que eram parceiros, na vida e na política. Mas não há dúvida de que Néstor Kirchner continuou sendo o grande articulador político por trás da presidente. Resta agora saber se Lula estabelecerá outro tipo de papel no governo de Dilma.

Fala-se do feito inédito de Dilma, assim como se falou de Obama por ser o primeiro negro a presidir os EUA. Esses ‘pioneirismos’ tendem a se eclipsar ao longo do mandato?
Não acho que houve eclipse algum da identidade racial de Obama. Ele nunca deixou de ser o "Presidente Negro", muito pelo contrário. As forças conservadoras nos EUA não deixam de remarcar a sua raça e continuamente a ressignificam, para o pior e de forma nem sempre sutil, para deslegitimá-lo. Mas os movimentos que o apoiaram como alternativa ao elitismo do homem branco, que ainda domina a política estadunidense, também não esqueceram de cobrar dele suas promessas de justiça social, racial, de gênero. Nesse sentido, tenho certeza de que as mulheres brasileiras, os pobres, os negros e indígenas, os/as LGBT, e todos os historicamente excluídos também não vão se esquecer de quem Dilma é, nem de onde veio. Vão lembrar quem e o quê a presidente disse que veio representar.

Pesquisas de intenção de voto mostraram que Dilma tinha maior índice de rejeição entre as mulheres. O que isso sugere?
É difícil saber o que esse dado nos diz. Penso que Dilma não teve muita rejeição por ser mulher. A resistência a ela deve ter espelhado uma rejeição ao partido. Mas é claro que o sexismo e a homofobia são nossos principais inimigos, e se expressam também nas urnas. Por isso muitas mulheres não acreditam que mulheres sejam capazes de governar. Mas o Brasil mostrou nessas eleições ter superado esse obstáculo.

Mulheres no poder são associadas à imagens de ‘mãe da Nação’ ou ‘dama de ferro’. Dilma, por exemplo, foi apresentada como ‘mãe do PAC’.
É comum que mulheres sejam representadas como a "grande mãe". É interessante que Dilma seja a "mãe do PAC", e Lula, "o filho do Brasil", enquanto Getúlio Vargas, era o "pai do povo". São estereótipos da política. Há uma tendência de ver o papel político das mulheres como extensão de suas funções no lar. E que elas levariam para a política características femininas que exercem em casa, como o carinho pelos filhos, a administração de despesas, etc. Assume-se que elas seriam mais gentis na política, mais honestas, cuidadosas e preocupadas com o bem-estar social. Mas acho que se explorou a "imagem maternal" de Dilma como forma de contestar sua fama de durona. Para enfrentar o sexismo intrínseco na política, muitas precisam mesmo fazer cara de duronas, mas pode ser mera performance. E, convenhamos, força não é monopólio masculino. Ao contrário, força e garra é o que todas as mulheres, especialmente negras, pobres, marginalizadas, precisam ter todos os dias para enfrentar a vida.


Dilma, além de mãe, é duas vezes divorciada. Ou seja, contesta o modelo tradicional da família cristã. Pode ser um complicador para ela?
A moral cristã, conservadora, patriarcal, esteve muito presente nessa eleição, de forma preocupante para o futuro da democracia. O Estado laico é fundamental para o exercício da cidadania democrática. E o avanço da agenda moral de valores cristãos na política, por parte de evangélicos, mas também por parte de católicos - vide o Papa Bento XVI e suas instruções aos bispos brasileiros sobre como orientar o voto dos fiéis - parece até reprise das "Marchas da Família com Deus pela Liberdade" que a direita organizou contra o presidente João Goulart em 1964, e que serviram de modelo para a manipulação dos papéis de gênero por todos os governos militares da região, nos anos 70 e 80. Nessa campanha, o debate sobre aborto foi preponderante no segundo turno e o confronto moral tornou-se central. A maneira como usaram argumentos religiosos para tentar deslegitimar Dilma não foi bom sinal para o futuro da política brasileira. Ficou evidente que os partidos precisam trabalhar seriamente essas questões ditas "morais", e se engajarem num trabalho político sobre esses assuntos, evitando as manipulações.


Aproveitando a nossa conversa, que rumos tomará o feminismo neste século 21?
Não existe uma consciência única ou mesmo uma palavra-chave que aponte a demanda mais significativa dos movimentos feministas hoje. O que existe são mulheres lutando por seus direitos - muitas nem se dizem feministas - nos mais diversos espaços da sociedade. Ainda encontramos as plataformas históricas, mas a luta das mulheres não se restringe ao lobby do aborto ou do combate à violência doméstica. E isso muitas vezes não se entende. Sempre nos preocupamos com uma visão de mundo ampla, que diz respeito aos homens também. Um mundo mais humano, mais igualitário, menos racista, com mais justiça social e mais respeito aos direitos humanos.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Dom Nov 07, 2010 2:16 pm
por marcelo l.
http://www.nuevamayoria.com/index.php?o ... &Itemid=40

El triunfo de Dilma Rousseff en Brasil consolida, al comenzar la segunda década del siglo, al modelo de Lula como el dominante en América Latina. Deja el gobierno como el presidente más popular en la historia de Brasil y habiendo logrado la victoria de una candidata propia, poco conocida y con un carisma limitado. El centro-izquierda moderado, que también podría ser llamado versión latinoamericana de la social democracia, que combina al mismo tiempo ciertas políticas de redistribución con la satisfacción de los mercados, aparece como el modelo viable para la región. Si bien Lula tiene una personalidad excepcional y su país es muy particular en el contexto latinoamericano, el modelo brasileño genera atracción política. Cuando un Presidente proveniente de una fuerza de centro-izquierda en la región necesita disminuir la incertidumbre económica, suele decir que sigue la línea de Lula y no la de Chávez y de esta forma expresa su intención de mantener la racionalidad económica. Lula ha logrado que en sus ocho años de gestión Brasil llegue a ser la décima economía del mundo, el país sea acepado como actor global al estilo de los otros tres países del llamado grupo BRIC (Rusia, India y China) y un progreso social sin precedentes, al lograr que por primera vez en la historia en su país haya más personas en la clase media que en la baja.

En cuanto al gobierno de Dilma, Lula ha dicho que no intervendrá, pero su concurso puede ser requerido en caso de alguna dificultad. En los últimos meses, otros dos presidentes llegaron al poder en América del Sur impulsados por la alta popularidad de sus predecesores: Mujica en Uruguay y Santos en Colombia. En ambos casos, los sucesores mostraron capacidad de manejar el poder por sí mismos sin necesitar, por lo menos hasta ahora, del concurso de los ex Presidentes. Uribe ahora planea presentarse como candidato para la Alcaldía de Bogotá, mientras su sucesor no solo se afianza en el poder, sino que llega, al ser abatido el jefe de las FARC, a ser junto con Lula el otro presidente más popular del mundo. El Presidente uruguayo, aunque su imagen ha perdido algunos puntos durante los primeros meses de gestión, ha logrado un peso propio sin que su predecesor, Tabaré Vázquez, ocupe un lugar político preponderante. Lo mismo hará Lula, quien además tiene por delante un espacio muy amplio como actor en el plano internacional, donde es una figura muy respetada y requerida, siendo el Presidente más popular en el mundo. Lo probable es, en consecuencia, que Dilma logre un espacio propio, como sucedió con Santos y Mujica.

Mientras se confirma el modelo Lula como el dominante en la región, sobre sus flancos se debilita la influencia del eje del ALBA y crece el eje de centro-derecha. Hoy, en América del Sur, los tres Presidentes con mayor popularidad son Lula, Santos y Piñera (cuya imagen ha sido potenciada por el éxito en el rescate de los 33 mineros). Es decir que los dos nuevos presidentes de centro-derecha en la región son los que comparten con Lula la mayor popularidad en sus respectivos países. América del Sur muestra así su diversidad. Por un lado llegan al poder dos presidentes con pasado guerrillero, Mujica y Rousseff, y al mismo tiempo dos de los tres presidentes más populares son un empresario y un político de centro-derecha. El eje del ALBA iniciado por Venezuela y Cuba se encuentra en dificultades. Las dos economías latinoamericanas en recesión son las de Chávez y Castro, cuando el resto de la región tiene un fuerte crecimiento producto del auge del precio de las materias primas y las políticas económicas racionales. Los presidentes de Venezuela y Bolivia han visitado Irán en las últimas semanas, avanzando en lazos militares, pero al mismo tiempo su influencia regional disminuye.

La desaparición de Kirchner genera un vacío en cuanto al rol regional de UNASUR. La política exterior argentina bajo el kirchnerismo -que mantendrá Cristina- ha sido oscilar entre Caracas y Brasilia. Argentina no forma parte del ALBA ni nunca pretendió hacerlo, pero el matrimonio Kirchner era el que tenía mejor relación personal y política con los países de este bloque, incluso mejor que el mismo Lula. Argentina se ubicó en un punto intermedio entre la izquierda populista y la izquierda moderada o social-demócrata, tanto como política regional, como también en alguna medida como modelo político-económico interno. La candidatura de Kirchner para la secretaria general de UNASUR fue lanzada inicialmente por Correa y no tuvo entonces el consenso de Perú, Colombia y Uruguay y Brasil demoró la definición hasta que finalmente decidió apoyar al ex Presidente argentino para el cargo. La Argentina en esta década perdió protagonismo regional frente a Brasil, Venezuela e incluso Chile. Pero jugó un rol en las organizaciones regionales. El ex Presidente Duhalde fue el primer representante permanente del MERCOSR y fue sustituido por el ex Vicepresidente Carlos Álvarez, y a su vez el primer secretario general de UNASUR fue Néstor Kirchner.

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Dom Nov 07, 2010 4:32 pm
por PRick
Guerra escreveu:
PRick escreveu:Você sabe como é escolhido hoje um grupo privado para ter um canal de TV ou uma rádio? E tudo feito de forma obscura, não existe transparência na escolha. Pior, não existe hoje um controle efetivo sobre a nacionalidade dos donos, e muito menos do controle de Oligopólio e Monopólio. O CADE existe exatamente para combater Oligopólio e Monopólio da economia, porque, deveríamos aceitar isso na mídia? O CADE colcou uma série de restrições para a fusão da Brahma com a Antártica, que incluiu a venda de participações em uma série de cervejarias no Brasil. Porque a Rede Globo pode ter cadeia de TV, Rádio, Jornais e Revistas?

[]´s
Uma coisa é controlar propaganda, controlar venda de armas, produtos radioativos, psicotrópicos e exibição de lutas violentas . A outra é controlar o que pode e o que não pode ser noticia.
Você continua confundindo controle da mídia, com controle do conteúdo, a parte de cima não fala em controle de conteúdo, mas controle da mídia, quer dizer, como são feitas as concessões, quem tem o controle acionário da mídia e controle das falhas de mercado, conhecidas como Monopólio e Oligopólio.

O controle do conteúdo, como já é feito pelo CONAR na propaganda, e não existe qualquer diferença para o público, afinal, existe mais propaganda que notícia, no final dá no mesmo, é como evitar que sejam venculadas mentiras, armações e outras coisas prejudiciais a população, no âmbito eleitoral, evitar que a concessão pública seja usada com cunho partidário. O caminho são os Conselhos com representantes da sociedade civil, estado e gente da área.

[]´s

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Dom Nov 07, 2010 4:36 pm
por PRick
Guerra escreveu:
Cross escreveu:Eu concordo com o Prick acima, há um monopólio de mídia, com a Globo junto do SBT e Record fazendo de tudo pra derrubar quaisquer tentativas de diversificar o mercado.
Monopólio da Globo, record e sbt? Pessoal vamos ser realistas. Elas são as maiores e são 3, mas em todo canto tem TV.

Pela lógica vamos ter que controlar as revistas do Mauricio de Souza porque é praticamente a única revista infantil de sucesso no Brasil.
Você confunde repetidoras locais com TV, na verdade a maioria das TV´s locais são permissonárias das grandes redes, que vendem seu sinal, porém, o conteúdo é feito de modo centralizado.

Me lembro da manobra da Globo que rescindiu seu contrato com sua repetidora da Bahia, para dar entregar seu conteúdo a repetidora local controlada pelo ACM, isso lá na década de 1980.

Isso é uma das coisas que devem ser controladas com urgência.

[]´s

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Dom Nov 07, 2010 4:39 pm
por PRick
Sterrius escreveu:Eu concordo que deveria haver separação entre radio, tv e jornais.

Se vc tive-se 1 não poderia ter os outros. Essa medida sozinha ja faria maravilhas na diversificação.

Aqui no RJ, a Rede Globo tem TV, cadeias de Rádio, além do Jornal O Globo, como estavam perdendo terreno para o Jornal O DIA, do tipo popular, fizeram o EXTRA para competir com ele, na verdade uma competição desleal, isso é Monopólio e Oligopólio juntos.

A Rede Globo em parceria com a Folha de SP fizeram o Jornal O VALOR ECONÔMICO, para arrebentar com o Jornal do Comércio, e levaram ele a falência. Isso é uma vergonha.

[]´s

Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

Enviado: Dom Nov 07, 2010 4:50 pm
por Enlil
Bolovo escreveu:
Boss escreveu:PSDB mineiro tinha que se rachar do paulista (ou nacional - dá na mesma) e se juntar a outro partido, pois creio que sozinho ele não poderia existir.
Se o PSDB mineiro sair e ir pro PSB, como alguns estão dizendo, imagina só um partido com Ciro Gomes e Aécio? Votaria fácil! Seria uma alternativa ao PT e acabaria com o PSDB paulista, que é um grande sonho meu (risada stalinista MUAHUAHU!!)
:lol:...