#492
Mensagem
por EDSON » Sex Mar 23, 2007 9:32 am
23/03/2007
Mais soldados americanos desertam do que previamente informado
Paul Von Zielbauer
Um total de 3.196 soldados do serviço ativo desertaram do Exército americano no ano passado, ou 853 a mais do que anteriormente informado, segundo números revisados do Exército.
Os novos cálculos do Exército alteram significativamente os totais anuais de deserção desde o ano fiscal de 2000. Em 2005, por exemplo, o Exército agora diz que 2.543 soldados desertaram, não os 2.011 previamente informados. Há alguns anos, os números de deserção eram revisados para baixo. A Rádio Pública Nacional foi a primeira a noticiar na terça-feira que o Exército tinha informado incorretamente os números de deserção.
Um soldado é considerado um desertor quando abandona seu posto sem permissão, deixa sua unidade ou não se apresenta para o dever com a intenção de não mais retornar. Soldados que estão ausentes sem licença - Awol, "absent without leave", uma designação que presume que um soldado ainda pretende retornar ao dever - são automaticamente classificados como desertores e são retirados das listas das unidades quando permanecem ausentes por mais de 30 dias.
Alguns oficiais do Exército associam o recente aumento nos índices anuais de deserção ao fardo das missões de tempo de guerra e ao aumento do percentual de soldados que estão em suas segunda ou terceira temporadas no Iraque ou Afeganistão.
Uma porta-voz do Exército, a major Anne Edgecomb, apresentou motivos diferentes. A maioria dos soldados deserta por problemas pessoais, familiares ou financeiros, ela disse, acrescentando: "Nós não temos quaisquer fatos que indiquem que os soldados que estão desertando agora o fazem por motivos diferentes daqueles pelos quais desertavam no passado".
O tenente-coronel Brian C. Hilferty, um porta-voz do Exército, disse que os erros nos dados de deserção foram causados por confusão entre os funcionários que os tabulam. "Eles estavam contando coisas de forma errada e o fazendo de forma inconsistente", disse Hilferty em uma entrevista.
Ele acrescentou: "Nós estamos vendo um aumento nas deserções, mas os números permanecem abaixo dos níveis pré-guerra e a retenção permanece alta, de forma que a força se encontra com saúde".
O fracasso do Exército em contar precisamente seus desertores é indesculpável, disse Derek B. Stewart, diretor de assuntos de pessoal do Departamento de Defesa para o Escritório de Supervisão do Governo (GAO). "É inacreditável ao GAO ouvir que o Exército não sabe qual é o número", disse em uma entrevista nesta quinta-feira (22/3).
Notando que o problema com os números de deserção surge em um momento em que o serviço não consegue encontrar recrutas suficientes para preencher certas especialidades cruciais, como médicos e desarmadores de bombas, Stewart disse: "No contexto dos atuais problemas de recrutamento para certas ocupações, estes números de deserção são imensos".
Os novos números do Exército mostram uma maior aceleração na taxa de deserção em relação aos dois anos fiscais anteriores do que tinha sido revelado. Em 2006, por exemplo, as deserções aumentaram em 27%, não 17%, como disse anteriormente o Exército, segundo um porta-voz deste.
Os números revisados do Exército mostram 2.543 deserções no ano fiscal de 2005, um aumento de 8% em comparação aos 2.357 do ano anterior. O serviço disse antes que as deserções tinham caído 17% em 2005, de 2.432 para 2.011.
Mas do ano fiscal de 2000 a 2003, ocorreram centenas de deserções a menos do que o Exército previamente informou. Os dados revisados do Exército, apesar de refletirem erros significativos nas deserções ano a ano, mostravam um total de 22.468 deserções desde o ano fiscal de 2000, quase o mesmo que a contagem anterior de 22.586.
Ao todo, as deserções, um problema crônico no Exército, mas não disseminado, atualmente representam menos de 1% dos soldados no serviço ativo. As atuais taxas anuais empalidecem em comparação aos 33.094 soldados - 3,41% do total da força - que desertaram do Exército em 1971, durante a Guerra do Vietnã.
Os dados do Exército não refletem os desertores entre os 63 mil soldados atualmente ativados da Guarda Nacional e da Reserva, e Hilferty disse que tais dados não estavam disponíveis na quinta-feira. Mas ele disse que poucos soldados desertam destas unidades.
Em uma declaração por e-mail na quinta-feira, Hilferty também disse que os registros do Exército foram danificados no ataque de 11 de setembro de 2001 ao Pentágono, que destruiu os arquivos de pessoal. "Infelizmente, nos últimos vários anos nossa metodologia para monitorar desertores no macro foi falha", ele disse.
Tradução: George El Khouri Andolfato
Visite o site do The New York Times