Túlio escreveu:FCarvalho escreveu:
Acho que possivelmente sim. A difusão das SOF nos últimos anos tem sido muito grande. Ou então algum tipo de tropa com especialidade no ramo, mas não necessariamente ligada aos pqdt's.
Aliás, este questão de precursor em tropas paraquedistas pode acabar por se tornar apenas mais uma especialização de FE's ou tropa similar, sem a necessidade da existência de uma OM que os agregue.
A ver.
abs.
Concordo integralmente, o paraquedismo militar já é especialização corriqueira em FFEE. A tropa em si, ao menos no Brasil, massivamente composta por conscritos, não é melhor nem mais eficaz do que qualquer unidade de Infantaria Leve. Os PRECs, como disseste, seriam mesmo apenas mais um tipo de especialização de Tropas de SpecOps (eu sugeriria o 1º Batalhão de Forças Especiais, que nasceu na Bda PQDT).
É difícil visualizar hoje vários batalhões inteiros sendo despejados em curto período de tempo via aviões por trás das linhas inimigas, o procedimento todo é complexo demais para o resultado imaginável, faz mais sentido deslocar frações maiores em helis - pelo rápido desdobramento pós-desembarque - e FFEE (menores e mais ágeis) por paraquedas, já que as missões, no quadro descrito, seriam muito diferentes.
Assim, creio que a boina vermelha algum dia terá outra destinação (o boot castanho está se disseminando por toda a Infantaria, ao menos em Países que levam a Defesa a sério), porque a Bda PQDT, em termos práticos, me parece estar com os dias contados. Nasceu na 2GM porque não tinha heli capaz de fazer o serviço. Hoje tem...
Se bem me lembro, as duas últimas operações de "massa" de pqdt's foram respectivamente, os americanos no Iraque, em 2003, e os franceses no Mali, em 2013. Uma espaço de 10 anos entre as duas operações. E antes disso, honestamente não me lembro de nenhuma outra operação recente. Antes disso os paras britânicos foram utilizados como infantaria comum nas Malvinas.
Mesmo assim, nada comparado as operações de assalto aerotransportado da GM II. Mesmo nos 20 anos seguintes, com as diversas guerras coloniais, o uso de paraquedistas em saltos de massa tornaram-se cada vez mais raros. Dien Bien Phu no Vietnã foi talvez a última grande operação dos paras franceses antes do Mali. Isso em 1954.
Os soviéticos no Afeganistão também lançaram mão de suas tropas pqdt's, mas também via de regra mais como undes comuns do que outra coisa. E mesmo antes, em Budapeste, 1956, e Praga, em 1968, torpas pqdt's também foram usadas, lançadas no terreno em pequena escala, ou como simples inf mec.
Na verdade hoje em dia, e no futuro previsível, o uso de operações pqdt's tendem mesmo cada vez mais para o uso de helos de assalto. Até o USMC segue esta linha há anos, apesar de uma certa revisão estar ocorrendo hoje em dia em favor da retomada das operações anfíbias tradicionais. O CFN tem acompanhado essa interessante discussão doutrinária.
Neste aspecto, tendo em vista a periculosidade do ambiente moderno da guerra atual - e que tende a piorar para este tipo de operação - mesmo as últimos laçamentos se deram no âmbito noturno, ou próximo a ele, com fins de expor o mínimo possível as tropas e os aviões. Hoje em dia qualquer força irregular, para ficar em um exemplo bem atual, com um mínimo de contatos e organização dispõe de Manpads em seu arsenal, que via de regra, são mais que suficiente para por abaixo um C-130, C-17 ou IL-76 da vida, e todos dentro dele. Imagine-se então exércitos regulares, mesmo que atrasados sob muitos aspectos.
Fato é que a vida dos pqdt's em termos de assalto aerotransportado pode estar se encaminhando realmente para o seu fim, ou sofrer adaptações cada vez maiores, que por ventura acabem levando à sua total descaracterização enquanto tropa pqdt. Nenhum comandante hoje em dia chega a pensar em operações de salto sem que as ZL's estejam totalmente seguras. E como a guerra irregular parece ser o caminho para o conflito do mundo moderno, sem linhas de contato, e portanto, sem se saber exatamente onde fica a retaguarda inimiga, vai ficar cada vez mais difícil se perceber a necessidade, e a oportunidade, de pqdt's fazerem o que lhes é mister. Ou seja, saltar.
Acho até que a nossa Cia Prec poderia se juntar a Bgda FE em Goiânia, tendo em vista que o treinamento deles não deixa a dever em quase nada ao dos comandos, ou mesmo a do Btl FE. Com algumas adaptações, acredito que este seria até um passo lógico quanto benéfico para as nossas forças especiais, que a bem da verdade, diga-se também, são relativamente pequenas se comparadas aos efetivos das ffaa's brasileira em geral.
Aliás, isso também seria algo muito bom para se discutir em um tópico apropriado. Todo mundo por ai que leva defesa a sério tem implementado e reforçado suas FE's. Mas aqui no Brasil, ninguém sabe, ninguém viu nada a respeito. Fruto de uma visão classista, elitista e talvez até preconceituosa em relação ao acesso a tais forças. Enfim, longe de mim dizer que não são boas, pelo contrário, mas há de se convir que a pergunta sobre se elas são e/ou serão suficientes hoje para suprir todas as nossas necessidades é algo que deveria constar frequentemente da pauta de discussões do EMFA, do MD e dos cmdos das ffaa's.
O ex-cmte do PARA-SAR não me deixa mentir.
abs.