Historinha interessante na ultima RFA, artigo sobre transferencia de tecnologia de Carlos Lorch:LeandroGCard escreveu:O caso específico do F-5 não é um bom exemplo de parceria com os EUA, por um motivo muito simples: Ele jamais foi utilizado como avião de combate pela USAF, desde o início a versão F-5 foi pensada como um caça de exportação simples e barato baseado no treinador T-38. E ele já não tinha nada que não pudesse ser encontrado livremente no mercado internacional, então não faria sentido existirem restrições de nenhum tipo com relação a ele. Na época inclusive o que a FAB queria era o F-4, mas este os EUA se recusaram a fornecer.Santiago escreveu:
Segundo a ultima RFA, a aquisicao do F-5E agregou como contrapartida o repasse de novas tecnologias a Embraer, "entre elas as estruturas de material composto tipo favo-de-mel (honeycomb) e, feita uma encomenda pela Northrop para a fabricacao pela Embraer de conjuntos de grandes componentes para esses avioes."
Outro know how repassado foi um pacote completo de treinamento. "Nenhuma restricao nos foi feita e aprendemos tudo que um piloto de caca da USAF poderia saber sobre o emprego do aviao."
"Este fato nos propiciou um enorme avanco no conhecimento do emprego belico de aeronaves de combate, pois ate essa epoca ainda utilizavamos as mesmas taticas e manobras empregadas na II GM, 30 anos antes."
"Ja no ano seguinte, em 1976, os conhecimentos adquiridos comecaram a ser disseminados pelo 1oGAvCa aos demais esquadroes da FAB."
De qualquer forma é verdade que os EUA podem passar alguma tecnologia não sensível no caso de comprarmos aviões deles, mas as restições existem sim e são muito severas. Por exemplo, toda tecnologia de fibra de carbono foi recentemente proibida para exportação, mesmo em aplicações civis (estamos com um problema sério em nossa empresa por causa disso). O risco vem do fato de que eles são muito sutis nestes assuntos, são capazes por exemplo de fornecer por preço muito barato alguns ítens interessantes que as empresas do Brasil podem utilizar , mas como forma de concorrência desleal com iniciativas locais. Não é difícil imaginar nos oferecerem quase de graça as plataformas inerciais que sempre nos negaram, justo agora que o CTA desenvolveu um modelo nacional. Aí o nosso modelo não entra em produção, e dentro de alguns anos estaremos nas mão deles sempre que quisermos produzir ou exportar um produto com este ítem.
Acho mais difícil ter este tipo de situação com a Europa, eles não são tão espertos assim.
Leandro G. Card
(...) Naquela anos, a Rolls Royce era lider inconteste da tecnologia de motores a jato. Seus dois primeiros tipos, as turbinas Welland e Derwent foram seguidas pela Rolls Royce Rb-41, ou Nene, considerada entao a mais avancada turbina a jato do mundo. A Nene dobrava o empuxo das turbinas anteriores provendo cerca de 5.000lb de empuxo, um prodigio para a epoca.
Os russos vinham tentando produzir, sem sucesso, turbinas alemas como a He-011 para o seu novo caca. Frustrados, Mikhail Khrunichev e Alexander Sergeyevich Yakovlev respectivamente ministro e vice-ministro da Aviacao do pais sugeriram a Joseph Stalin, ditador da entao Uniao Sovietica, que comprasse turbinas modernas dos ingleses. Reza a lenda que Stalin teria respondido: "Que especie de idiota nos venderia seus segredos?!"
Mas foi exatamente o que os ingleses fizeram. Talvez liderados por seu ministro do Comercio, Sir Stafford Cripps, que era abertamente pro-Uniao Sovietica, a Gra-Bretanha aceitou transferir informacoes tecnicas e autorizar a fabricacao sob licenca do Nene na Russia. Vinte e cinco turbinas foram enviados para aquele pais sem demora.
Em pouco tempo, cientistas russos realizaram a engenharia reversa dos motores da Rolls Royce e logo surgiam os motores Klimov RD-45 e mais tarde sua versao avancada, a Klimov VK-1. Tres anos mais tarde, cacas MiG-15, equipados com esta turbina ja estavam derrubando aeronaves Gloster Meteor F.8 da RAF sobre os seus da Coreia.
Eh por essas, e outras que transferencia de tecnologia na aerea militar eh topico extremamente sensivel. A verdade eh que, com rarissimas excessoes ninguem transfere tecnologia estrategica para os outros. (...)