Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Enviado: Qua Out 01, 2014 11:42 am
O problema é que a industria não é homogênea.LeandroGCard escreveu:Sem dúvida o caminho ideal é a maior integração da economia brasileira ao mercado internacional, fechar ainda mais as fronteiras só vai aumentar o nosso atraso e o custo que o brasileiro paga (que já é absurdamente alto) para ter acesso apenas a produtos defasados quando não totalmente obsoletos.
Mas eu também tenho muito medo dos que batem apenas na tecla da abertura do mercado e dos acordos comerciais. Primeiro porque os "timings" nunca serão iguais (abrir mercado pode ser feito por decreto, com validade praticamente imediata, enquanto acordos comerciais podem levar anos ou décadas para serem negociados). E segundo porque antes de sequer pensar em abrir o mercado temos um monte de deveres de casa para fazer, do contrário será o apocalipse para as indústrias nacionais e o calvário para as estrangeiras instaladas aqui. Por isso os que pregam maior abertura deviam estar falando em melhorias nas condições de produção no Brasil, e a abertura seria o objetivo no médio prazo e não uma ferramenta econômica de aplicação imediata.
Leandro G. Card
Setores como têxtil pressionam para abertura e acordos comerciais com países desenvolvidos e em desenvolvimento, pois sabem que esse ponto central para manter a expansão, competitividade e se fortalecer no longo prazo. A reclamação desses setores é a falta do governo federal colocar os acordos em pauta e abrir espaço em mercados externos e, assim, valer a pena importar maquinas e tecnologia. Só nesse ano que o governo sinalizou em conversar com os países latino-americanos para acordos de livro comercio setoriais.
Outro ponto é se ir no caminho de uma politica protecionista, precisa lembrar que os importadores vai reagir. Isso significa que também vão dificultar a exportação, sobretudo, de bens semi e manufaturados. Esse é um problema de um pais como brasil que esta no meio do caminho entre agro-exportador e pais industrializados, com um mercado interno insuficiente para viabilizar expansões vigorosas sem importar e exportar muito.
Como oreiro ressalta no texto, o radicalismo ou reinventar praticas dos anos 1950 não funciona, pois a realidade atual é outra. A questão é permitir a integração e apoiar medidas que elevem a competitividade e investimento. Ao mesmo tempo sem preservar oligopólios, praticas anticompetitivas e apadrinhamento de empresas de forma inadequada e aquelas que não precisam. Uma das facetas que se liga ao debate é o artigo sobre TJLP e politica de empréstimos do BNDES ali em cima.
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Sobre o Bresser-Pereira, tenho que detona-lo.
A ideia básica do bresser-pereira é que todos os problemas provem da doença holandesa. Isto é, a valorização do cambio provocada pela exportação de commodities, levando a desindustrialização, pouco investimento industrial e transformação em uma sociedade de serviços e exportação de bens primários. O nome se deve a ter sido identificado em larga escala na Holanda depois que descobriram petróleo em que teve uma gestão muito pior que a Noruega.
Vamos as criticas.
A primeira pergunta é se a doença holandesa existe?
A pergunta se deve por existir enorme questionamento se a exportação de petróleo foi a causa da desindustrialização holandesa ou foi ma aproveitada devido as politicas internas. No mundo, nos casos de Austrália e canada, se beneficiaram de exportar matérias primas. O Brasil financiou as primeiras industrias e infraestrutura pesada com exportação de commodities, especialmente cafe ate anos 1930, refletindo na concentração industrial e de serviços em são paulo e sudeste.
A segunda pergunta é a exportação de commodities tem o poder tao grande sobre o cambio?
Se pensar em um pais teórico nanico, exportador de uma matéria-prima, rural e subdesenvolvido, tipo republica bananeira, pode ate ser. O problema é colocar isso em um pais mais complexo, integrado a economia internacional e que tenha uma estrutura produtiva interna. O determinante do cambio passa ser o fluxo financeiro e investimento direto, minimizando o impacto das commodities sobre taxa de cambio.
O Brasil esta no rol de economias complexas de renda media e com musculatura industrial, a pauta de exportações é 2/3 de produtos industrializados e 1/3 de commodities. Nada indica que a exportação de commodities tem o efeito devastador na taxa de cambio. Pelo menos nunca encontrei alguém serio colocando essa relação em termos nacionais. O que sobre [e a influencia da capacidade de exportação da industria e, principalmente, fluxo de capitais de curto prazo que influenciam na valorizado do cambio.
A terceira é se taxar exportações funciona?
Esse procedimento foi comum no Brasil ate primeira metade do seculo XX, pois era fácil de cobrar e o pais era tao competitivos e monopolista em cafe que não prejudicava as exportações. Como tinha distribuição estadual, financiava infraestrutura, obras urbanos, serviços públicos e tudo mais. Outros países como EUA faziam o mesmo.
Hoje em dia não tem sentido e colocar uma taxa no brasil [e esquizofrenia. desincentiva uma setor exportador e vai prejudicar grandes regiões. Por que não existe competição entre investimentos em projetos de exportação e industriais, se perde setores importantes para balança comercial sadia, viabilizar importações e reduzir endividamento.
Se for para desvalorizar o cambio o caminho [e controle do fluxo de capitais para indiretamente evitar distorções cambiais, peneira os investimentos de longo prazo. Isso que o chile faz. Não tem nada de absurdo.