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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Out 01, 2014 11:42 am
por Bourne
LeandroGCard escreveu:Sem dúvida o caminho ideal é a maior integração da economia brasileira ao mercado internacional, fechar ainda mais as fronteiras só vai aumentar o nosso atraso e o custo que o brasileiro paga (que já é absurdamente alto) para ter acesso apenas a produtos defasados quando não totalmente obsoletos.

Mas eu também tenho muito medo dos que batem apenas na tecla da abertura do mercado e dos acordos comerciais. Primeiro porque os "timings" nunca serão iguais (abrir mercado pode ser feito por decreto, com validade praticamente imediata, enquanto acordos comerciais podem levar anos ou décadas para serem negociados). E segundo porque antes de sequer pensar em abrir o mercado temos um monte de deveres de casa para fazer, do contrário será o apocalipse para as indústrias nacionais e o calvário para as estrangeiras instaladas aqui. Por isso os que pregam maior abertura deviam estar falando em melhorias nas condições de produção no Brasil, e a abertura seria o objetivo no médio prazo e não uma ferramenta econômica de aplicação imediata.


Leandro G. Card
O problema é que a industria não é homogênea.

Setores como têxtil pressionam para abertura e acordos comerciais com países desenvolvidos e em desenvolvimento, pois sabem que esse ponto central para manter a expansão, competitividade e se fortalecer no longo prazo. A reclamação desses setores é a falta do governo federal colocar os acordos em pauta e abrir espaço em mercados externos e, assim, valer a pena importar maquinas e tecnologia. Só nesse ano que o governo sinalizou em conversar com os países latino-americanos para acordos de livro comercio setoriais.

Outro ponto é se ir no caminho de uma politica protecionista, precisa lembrar que os importadores vai reagir. Isso significa que também vão dificultar a exportação, sobretudo, de bens semi e manufaturados. Esse é um problema de um pais como brasil que esta no meio do caminho entre agro-exportador e pais industrializados, com um mercado interno insuficiente para viabilizar expansões vigorosas sem importar e exportar muito.

Como oreiro ressalta no texto, o radicalismo ou reinventar praticas dos anos 1950 não funciona, pois a realidade atual é outra. A questão é permitir a integração e apoiar medidas que elevem a competitividade e investimento. Ao mesmo tempo sem preservar oligopólios, praticas anticompetitivas e apadrinhamento de empresas de forma inadequada e aquelas que não precisam. Uma das facetas que se liga ao debate é o artigo sobre TJLP e politica de empréstimos do BNDES ali em cima.

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Sobre o Bresser-Pereira, tenho que detona-lo.

A ideia básica do bresser-pereira é que todos os problemas provem da doença holandesa. Isto é, a valorização do cambio provocada pela exportação de commodities, levando a desindustrialização, pouco investimento industrial e transformação em uma sociedade de serviços e exportação de bens primários. O nome se deve a ter sido identificado em larga escala na Holanda depois que descobriram petróleo em que teve uma gestão muito pior que a Noruega.

Vamos as criticas.

A primeira pergunta é se a doença holandesa existe?

A pergunta se deve por existir enorme questionamento se a exportação de petróleo foi a causa da desindustrialização holandesa ou foi ma aproveitada devido as politicas internas. No mundo, nos casos de Austrália e canada, se beneficiaram de exportar matérias primas. O Brasil financiou as primeiras industrias e infraestrutura pesada com exportação de commodities, especialmente cafe ate anos 1930, refletindo na concentração industrial e de serviços em são paulo e sudeste.

A segunda pergunta é a exportação de commodities tem o poder tao grande sobre o cambio?

Se pensar em um pais teórico nanico, exportador de uma matéria-prima, rural e subdesenvolvido, tipo republica bananeira, pode ate ser. O problema é colocar isso em um pais mais complexo, integrado a economia internacional e que tenha uma estrutura produtiva interna. O determinante do cambio passa ser o fluxo financeiro e investimento direto, minimizando o impacto das commodities sobre taxa de cambio.

O Brasil esta no rol de economias complexas de renda media e com musculatura industrial, a pauta de exportações é 2/3 de produtos industrializados e 1/3 de commodities. Nada indica que a exportação de commodities tem o efeito devastador na taxa de cambio. Pelo menos nunca encontrei alguém serio colocando essa relação em termos nacionais. O que sobre [e a influencia da capacidade de exportação da industria e, principalmente, fluxo de capitais de curto prazo que influenciam na valorizado do cambio.

A terceira é se taxar exportações funciona?

Esse procedimento foi comum no Brasil ate primeira metade do seculo XX, pois era fácil de cobrar e o pais era tao competitivos e monopolista em cafe que não prejudicava as exportações. Como tinha distribuição estadual, financiava infraestrutura, obras urbanos, serviços públicos e tudo mais. Outros países como EUA faziam o mesmo.

Hoje em dia não tem sentido e colocar uma taxa no brasil [e esquizofrenia. desincentiva uma setor exportador e vai prejudicar grandes regiões. Por que não existe competição entre investimentos em projetos de exportação e industriais, se perde setores importantes para balança comercial sadia, viabilizar importações e reduzir endividamento.

Se for para desvalorizar o cambio o caminho [e controle do fluxo de capitais para indiretamente evitar distorções cambiais, peneira os investimentos de longo prazo. Isso que o chile faz. Não tem nada de absurdo.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Out 01, 2014 6:40 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:O Brasil esta no rol de economias complexas de renda media e com musculatura industrial, a pauta de exportações é 2/3 de produtos industrializados e 1/3 de commodities.
Tem certeza deste dado? Porque não é esta a informação que anda por aí. Só para dar um exemplo veja na tabela 1 da fonte abaixo, mas há muitas outras que dizem a mesma coisa (lembrando que os semi-manufaturados incluem uma enorme lista de commodities com um mínimo de processamento como farelo de soja e ferro peletizado, que não tem nenhum conteúdo em inovação e não podem ser contados junto aos manufaturados, e entre os manufaturados estão coisas como o suco de laranja concentrado e o óleo de soja refinado :roll: ):

http://www.revistaprincipios.com.br/pri ... 1rias.html

Este gráfico é talvez mais ilustrativo, embora esteja menos atualizado (mas de 2010 para cá a situação piorou, e não foi pouco):

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Observe que lá atrás, em 2010, os manufaturados já eram apenas 40% das exportações. Os números atuais caíram ainda bem mais.

Por números como estes parece que a situação do setor industrial brasileiro é bem pior do que você menciona. E esta é a sensação que tenho trabalhando do "lado de dentro" da indústria.

Se for para desvalorizar o cambio o caminho [e controle do fluxo de capitais para indiretamente evitar distorções cambiais, peneira os investimentos de longo prazo. Isso que o chile faz. Não tem nada de absurdo.
Este ponto eu acho mesmo fundamental, e o absurdo é não termos adotado isso já há muito mais tempo :? .


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Out 01, 2014 8:14 pm
por mmatuso
Leandro, mas houve uma queda na exportação de manufaturados ou os outros setores que cresceram diminuindo o percentual?

Exportação de commodities cresceu muito.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Out 01, 2014 8:55 pm
por Marechal-do-ar
Isso se chama "desindustrialização".

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Out 01, 2014 10:03 pm
por mmatuso
Não sei se fui muito claro na minha pergunta, mas:

Se em 98 era produzido 1 milhão em manufatura e 1 milhão em commodities, então a divisão era de 50%.

Se em 2012 foi produzido 1 milhão em manufatura e 2 milhões em commodities, então temos algo como 33% de manufatura e 66% de commodities, na pratica o primeiro produz a mesma coisa e o segundo dobrou a participação.

A participação pode ter diminuído em termos percentuais mas a produção e valores são o mesmo no exemplo.

Gostaria de ver números aproximados ou exatos para ver como anda a coisa, porque a exportação de matéria prima de um salto gigantesco.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Out 01, 2014 10:53 pm
por Marechal-do-ar
mmatuso... Não foi um salto gigantesco dos commodities, foi queda na indústria mesmo.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Out 02, 2014 12:01 am
por Bourne
Na verdade a exportação na média cresceu para todos os grupos desde 2003. A questão é a mudança de proporção dentro desse maior quantidade e valor.

Isso não é conceituado como desindustrialização. É outra coisa que pode ou não estar envolvida.

Olhem os numeros recentes do comércio exterior. O câmbio batendo 2,5 não impulsionou exportação e desincentivou importações. Por que não é cambio, mas falta de esforço em abrir mercados e fechar acordos. Comércio internacional está muito relacionado ao esforço do governo na area ibternacional. O esquecimento do setor pos crise 2008 esta aparecendo agora. As politicas de fechamento e protecionismo levaram as reações dos parceiros existentes.

Pior, a divida externa é a trceira do mundo, maioria privada. O problema é que sem enfase na exportação e integração dará problemas futuros.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Out 02, 2014 4:40 am
por LeandroGCard
mmatuso escreveu:Não sei se fui muito claro na minha pergunta, mas:

Se em 98 era produzido 1 milhão em manufatura e 1 milhão em commodities, então a divisão era de 50%.

Se em 2012 foi produzido 1 milhão em manufatura e 2 milhões em commodities, então temos algo como 33% de manufatura e 66% de commodities, na pratica o primeiro produz a mesma coisa e o segundo dobrou a participação.

A participação pode ter diminuído em termos percentuais mas a produção e valores são o mesmo no exemplo.

Gostaria de ver números aproximados ou exatos para ver como anda a coisa, porque a exportação de matéria prima de um salto gigantesco.
Acredito que o gráfico abaixo ilustra bem a questão e responde à sua pergunta. As exportações do setor industrial estão basicamente estagnadas desde 2008, e as importações estão crescendo bastante. O quadro é piorado quando se imagina que produtos agrícolas processados (como óleo de soja refinado e suco de laranja concentrado) compõem boa parte da pauta de exportações dentro desta rúbrica de "produtos industrializados", ao passo que os produtos industrializados importados se compõem basicamente de equipamentos e bens de consumo (embora também constem itens como fertilizantes compostos).

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O gráfico apresenta uma imagem mais global da indústria brasileira do que apenas a visão das exportações. Além de mostrar que mesmo nos "anos dourados" do nosso crescimento (2007,2008 e 2011) a indústria brasileira não produziu muito mais para a exportação, fica claro que desde aquela época e com maior velocidade nos últimos anos ela vem perdendo espaço dentro do próprio mercado interno para as importações. Resumindo, ela não está apenas estagnada, está encolhendo. O gráfico abaixo deixa isso bem claro:

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O valor projetado para 2021 já está sendo atingido agora, em 2014 :( .

Bourne escreveu:Pior, a divida externa é a trceira do mundo, maioria privada. O problema é que sem enfase na exportação e integração dará problemas futuros.
Esta é realmente uma notícia ruim, corremos o risco do "pesadelo" da dívida externa voltar, embora em uma nova roupagem (antigamente ela era principalmente pública, o que tinha outros impactos).


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Out 02, 2014 5:03 am
por Bourne
O dolar sobe no mundo inteiro. Um sinal que as coisas estão mudando na política econômica do eua.

No brasil, não é culpa da dilma, mas o bc está evitando a desvalorização, possivelmente, para segurar artificialmente a inflação. É errado por que torra reservas e adia por semanas o inevitável.

http://economia.estadao.com.br/noticias ... 48,1569092

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Out 02, 2014 10:45 am
por GustavoB
Razões pelas quais nenhum brasileiro deve votar em Dilma
by Ramses II • 2 de outubro de 2014

Prezados amigos,

Existem razões e mais razões para que nenhum cavalheiro de bens ou boa orientada dama vote na búlgara insubmissa, Dilma e nos representantes deste governo que aí está, eis algumas delas:

A Inflação Galopante:

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E já podemos afirmar que em 2014 a inflação chegará ao patamar, nunca d’antes alcançado, de até 6,3% comprovando o descontrole inflacionário, bem ao contrário dos bons tempos de FHC, Armínio, Malan e outros próceres do tucanato como Çerra e Dr. Aécio, quando estava sob forte controle.


O desemprego é recorde:

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Como recém-divulgado, agosto de 2014 foi o agosto de menor taxa de desemprego da história, ocasionando a elevação do custo Brazil para os homens de bens; notem que nos felizes tempos do sultanato tucano a situação era outra, podíamos escolher os empregados e decidir quanto pagar


O PT destruiu a Petrobrás:

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O lucro médio e o patrimônio líquido da empresa desabaram sob a temerária gestão petista, as perspectivas futuras com o fracasso da aventura do Pré-Sal indicam uma produção de petróleo declinante no futuro, atingindo o Brazil apenas a posição de sexto maior detentor de reservas no mundo sendo que a produção até 2020, chegará a meros 4,2 milhões de barris diários, com os royalties da exploração como já determinado pela legislação indevidamente aprovada por Dilma será inteira e lamentavelmente destinados a educação e saúde.


Empobrecimento geral da população:

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Esse é o ponto em que ocorreu o maior fracasso ocasionado por Dilma e pela incompetente administração bolchevique dos vermelhos barbudinhos, é visível o empobrecimento generalizado da população, com hordas de mendigos, despossuídos, circulando sem destino pelas vias públicas, bem ao contrário dos gloriosos dias do grão tucanato quando o número de camelôs e vendedores pelas ruas demonstrava a pujança do desenvolvimento


Redução acentuada do salário-mínimo:

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O salário minimo foi inflacionado pelos comuno-populistas Dilmolullistas como forma de comprar o voto da gentalha ignara, inflacionando o mercado e impingindo perdas inaceitáveis aos homens de bens e benz


A corrupção aparelhada por Dilma e pelo PT

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Nunca antes na história desse país se corrompeu tanto e nunca antes na história desse país se deixou impune tantos corruptos com agora sob a égide petista; de facto, durante os áureos tempos da redentora e nos saudosos anos da boa grei neoliberal dos tucanos os órgãos federais de controle e a polícia federal faziam investigações e operações sem cessar, coibindo mal feitos e prendendo corruptos, aos quais os então procuradores-gerais da república, não davam trégua, acusavam e providenciavam celeremente a condenação, em oposto, como todos sabem, ao que hoje prevalece, o acobertamento e o engavetamento de acusações e processos.

Solicito a licença do professor Hariprado para que os confrades e confreiras deste santo sítio de luta contra o comunismo ateu e o bolivarianismo populista, e a favor do estado mínimo, apresentem outras razões pelas quais não se deve, em nenhuma hipótese, votar em Dilma ou nos candidatos de tudo-o-que-aí-está, devendo os bons homens de bens sufragar sem pestanejar nossa fadinha perseguida Marina, que vai governar com os melhores – nós – ou votar no excelso Doutor Neves, emérito Brigadeiro de Cláudio, representante do que de mais avançado existe na ‘jestão’ pública, assim como administrou a nação FHC, que até em Clinton provocou inveja.

Alvíssaras!

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Out 02, 2014 10:53 am
por Sávio Ricardo
Mas também, com esta tabela de classes sociais...

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Nem em nenhum país da Africa existe pobreza.

É pra acabar...

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Out 02, 2014 11:24 am
por Bourne
LeandroGCard escreveu:
Bourne escreveu:Pior, a divida externa é a trceira do mundo, maioria privada. O problema é que sem enfase na exportação e integração dará problemas futuros.
Esta é realmente uma notícia ruim, corremos o risco do "pesadelo" da dívida externa voltar, embora em uma nova roupagem (antigamente ela era principalmente pública, o que tinha outros impactos).


Leandro G. Card
O problema não e ter divida externa, mas sim estar mal estruturada e não reverter em benefícios. Mal estrutura no sentido de serem débitos de curto prazo e elevadas taxas de juros. As consequências são impactos negativos no endividamento publico, inflação e isolamento do resto do mundo.

Foi o que ocorreu durante a crise dos anos 1980s e, revertida, apenas no governo Lula. Aquilo foi uma exceção o apocalíptica e não regra. No governo militar foi estrategia arriscada, mas tinham planos de reduzi-la ao longo do tempo com elevação na exportação, sobretudo, manufaturados e elevação do valor agregado, mas fatores externos aconteceram.

A divida ser privada não [e ruim, mas sim quer dizer que empresas estão buscando recursos no exterior para investimentos e negócios. A questão [e se revertem em projetos que elevem a produtividade e exportação de bens de maior valor agregado, seja diretamente ou indiretamente. Se as empresas tem receita em dólares ou moeda estrangeira, o endividamento se torna insignificante. Agora se for para investimento em serviços e mercado interno pode ser um problema serio.

Ai que ta, entra a filtragem dos capitais que entram no pais, reestruturação da politica de investimento dos bancos públicos e modelo de desenvolvimento do setor financeiro, reformas para regular e direcionar os empréstimos externos e como as empresas lidam com as divisas estrangeiras. Alem da politica comercial mais agressiva para romper resistência e exportar.

Uma das medidas seria atrair algumas petroleiras e investidores dispostos a construírem refinarias no Brasil para abastecer o mercado interno, auxiliando o pais se livrar das importações de combustível e lubrificantes, e beneficiar o óleo do pre-sal. No momento mais importante que a exploração de petróleo. A Petrobras sozinha não da conta e os investimentos servem para forcar ainda mais as finanças da empresas.

Brasil é o terceiro país com maior dívida externa, atrás da Espanha e EUA

Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/09 ... 63414.html

O Brasil saltou da sexta para a terceira posição na lista dos países com o maior volume de dívida junto a credores estrangeiros, apontou relatório divulgado nesta terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O país ficou atrás apenas da Espanha, segundo mais endividado, e dos Estados Unidos, que lidera o ranking. De acordo com os dados do FMI publicados pelo jornal O Globo, a dívida externa brasileira total atingiu 750 bilhões de dólares (o equivalente a 1,8 trilhão de reais), ou 33,4% do Produto Interno Bruto (1,01% do PIB global). O órgão observou ainda que o governo brasileiro deve agir com rapidez para reduzir o prejuízo.

No topo da lista figura os Estados Unidos. A dívida externa norte-americana é a mais alta do mundo, chegando a 5,5 trilhões de dólares no fim de 2013, enquanto a Espanha deve 1,4 trilhão de dólares. Mas há uma diferença de peso entre o primeiro e o segundo casos: para os Estados Unidos, esses créditos externos representam 34% de seu Produto Interno Bruto, enquanto para os espanhóis, a dívida equivale a 103% de sua economia. Os números vêm do capítulo 4 do novo relatório global de previsões que o FMI, no qual o órgão alerta sobre a necessidade de continuar reduzindo esse tipo de desequilíbrio.

“Os riscos sistêmicos derivados dos desequilíbrios globais diminuíram, mas reduzir os empréstimos externos nas economias credoras requer melhoras nas balanças correntes e um crescimento mais forte”, afirma o FMI. Mas essa necessidade de atingir uma expansão econômica mais equilibrada (nem muito apoiada na demanda externa, nem demasiadamente dependente da interna) não afeta só os países mais deficitários, mas também aqueles que têm “margem graças a seus potentes superávits”, adverte o organismo, na semana anterior à sua reunião anual.

O Fundo incentivou a Alemanha, que faz parte desse grupo, a impulsionar seus investimentos para animar a economia, mas não teve muito êxito.

Na lista dos maiores credores do mundo figuram o Japão (3 trilhões de dólares) e a China (1,6 trilhões de dólares). Esta, em 2006, antes da grande tormenta financeira, ocupava a sétima posição na mesma classificação. A Alemanha, que era o segundo maior naquele ano, encerrou 2013 como o terceiro grande credor mundial, com 1,6 trilhões de dólares emprestados a outros países.

Por outro lado, os Estados Unidos e a Espanha já eram os mais endividados com estrangeiros antes da crise. O FMI explica que os cortes drásticos nas perspectivas econômicas dos maiores endividados após a crise reduziram o valor dos ativos localizados nesses países. Apesar de gerar um efeito negativo para a riqueza do país, isso também significa um valor mais baixo para seus empréstimos ao exterior, o que pressupõe um ganho de capital. “Os Estados Unidos foram únicos nisso: mesmo sendo os mais endividados e terem uma grande revisão para baixo de suas perspectivas de crescimento, o valor de seus ativos cresceu por causa da preocupação em encontrar refúgios seguros, o que resultou em uma perda de capital na sua posição de investimento internacional”.

Os desequilíbrios globais caíram em torno de 30% entre 2006 e 2013, já que alguns déficits na balança corrente, como o dos Estados Unidos, ou superávits, como o da China, se aproximaram. Mas “os superávits de alguns países do núcleo forte da zona do euro, ao contrário, se mantiveram amplos”, afirma o Fundo. Além disso, eles se deterioraram nos mercados emergentes.

Mais investimento público em infraestruturas

O FMI, que se prepara para reunião anual diante da zona do euro completamente estancada e com potências emergentes como o Brasil em recessão, também aborda em seu relatório de perspectivas mundiais a necessidade de se apoiar no investimento público para impulsionar as infraestruturas. “Os custos de endividamento são baixos e a demanda é fraca nas economias avançadas, e em muitos mercados emergentes e economias desenvolvidas existem limitações em matéria de infraestruturas”, indica o documento.

O problema da receita é a disparidade dos cenários. A Espanha, por exemplo, deixa para trás uma era de investimentos em infraestrutura que passará para a história ligada às palavras “excesso” e “extravagância”, já que muitas grandes obras logo se mostraram desnecessárias, com imagens bastante icônicas, como a do aeroporto de Castellón, que nem chegou a ser inaugurado.

“Um aumento de 1% do PIB no investimento em infraestrutura aumenta o nível de produção em cerca de 0,4% no mesmo ano e em torno de 1,5% nos quatro anos seguintes”, afirmou, em uma entrevista coletiva, Abdul Abiad, diretor-adjunto do departamento de pesquisas do FMI.

O FMI ajusta a proposta aos países às “necessidades” específicas em infraestruturas públicas, as quais são uma “contribuição indispensável” para a produção econômica, que, aliás, é altamente complementar a outras contribuições como o emprego e o capital privado (não correspondente a infraestruturas).

Nesse sentido, a instituição insiste em que é “complicado pensar em um processo de produção em qualquer setor que não dependa das infraestruturas”, e ressalta que qualquer deficiência é percebida rapidamente. “Cortes energéticos, abastecimento insuficiente de água e estradas em mau estado afetam negativamente a qualidade de vida da população e impõem barreiras significativas ao trabalho das empresas”, adverte.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Out 02, 2014 11:33 am
por Bourne
GustavoB escreveu:Razões pelas quais nenhum brasileiro deve votar em Dilma
by Ramses II • 2 de outubro de 2014

(...)

Alvíssaras!
Poderia descolar o governo Lula e da Dilma. Por que os dois são diferentes com equipes diferentes. Por mais defeitos que o Palocci e z[e dirceu tinham e o que fizeram, privilegiaram a qualidade do pessoal técnico e realismo nas medidas e acoes. Depois, com a Dilma, la em 2008 parte foi demitida e, outra, expurgada, em 2010.

Depois se esforçar para defender a politica da atual equipe formada pelo Guido Mantega na fazenda, Alexandre Trombini no BC, Arno Agostin no tesouro, Luciano Coutinho no BNDES, Marcio Holland como secretario de politica econômica que culpam a grande crise internacional e pessimismo do empresariado nacional. Só por isso a economia não cresce e a inflação acelerou. Por que a politica dos últimos 4 anos [e perfeita.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Out 02, 2014 11:47 am
por Bourne
Entrevista com Marcos Lisboa, ex-secretario de politica econômica do governo Lula.
Marcos Lisboa
"O retorno ao desenvolvimentismo deu errado"

Fonte: http://www.istoe.com.br/assuntos/entrev ... DEU+ERRADO+

Ex-secretário de Política Econômica de Lula, Marcos Lisboa classifica o comportamento da economia brasileira de medíocre e diz que o País deve retomar agenda que antecedeu a 2008

Ex- secretário de Política Econômica do governo Lula, o economista Marcos Lisboa avalia o comportamento da economia do País, desde 2009, como “medíocre”. “Quando eu digo medíocre é um baixo crescimento, inclusive em comparação com nossos pares no resto do mundo. As dificuldades dos países desenvolvidos têm contaminado os países emergentes, mas nós temos sofrido mais do que os demais”, afirmou Lisboa em entrevista à ISTOÉ concedida na terça-feira 15 na sede do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) em São Paulo, entidade da qual ele é vice-presidente. O economista atribui esse cenário, que, segundo ele, afeta o setor de serviços e ameaça o mercado de trabalho, à volta ao velho nacional-desenvolvimentismo dos anos 50 e 70, baseado na intervenção na economia.

Para caracterizar esse movimento, ele menciona medidas como o aumento das barreiras protecionistas e da concessão de créditos subsidiados por meio dos bancos públicos, em particular o BNDES, e a reintrodução de políticas públicas discricionárias e intervencionistas em diversos mercados. “Apostava-se que ao proteger a economia e com a concessão pelo governo de subsídios e benefícios, que são pagos com nossos impostos, direcionados para esses setores, se estimularia o crescimento da demanda, do consumo e do investimento e se garantiria a aceleração do crescimento econômico. Má notícia: não funcionou”, lamentou.

ISTOÉ - As perspectivas quanto à economia brasileira não são positivas. A inflação está em alta e o crescimento muito aquém das expectativas. Como o sr. analisa esse cenário?


MARCOS LISBOA - A economia brasileira tem tido um comportamento medíocre nos últimos anos. Quando eu digo medíocre é um baixo crescimento, inclusive em comparação com nossos pares no resto do mundo. O Brasil tem crescido menos do que a média do mundo e menos do que os países comparáveis. Apesar da crise nos países desenvolvidos, os emergentes como Chile, Colômbia, Peru e mesmo outros países desenvolvidos, como Austrália e Nova Zelândia, têm conseguido manter taxas mais elevadas de crescimento que a economia brasileira. Em particular, a indústria no Brasil sofreu muito nos últimos anos. Até recentemente, no entanto, o setor de serviços no Brasil ainda apresentava um bom desempenho com crescimento robusto, o que garantia a geração de empregos. A má notícia é que recentemente o setor de serviços também começou a demonstrar sinais de enfraquecimento, ameaçando o mercado de trabalho.

ISTOÉ - A que o sr. atribui isso?

MARCOS LISBOA - As dificuldades dos países desenvolvidos têm contaminado os países emergentes, mas nós temos sofrido mais do que os demais. Então, existem dificuldades que são específicas da economia brasileira. Nós estamos abaixo, inclusive, da média de crescimento da América Latina. E o Brasil é grande na América Latina. Então, nós estamos puxando a média de crescimento para baixo. Quando analisamos os dados, verificamos que o Brasil estava até os anos de 2008/2009 com um crescimento muito maior do que no passado, chegando a pouco mais de 4%, e isso estava associado ao maior crescimento da produtividade. Com os mesmos recursos, a economia brasileira produzia mais do que antes. Infelizmente, a partir de 2008/2009 a produtividade da economia brasileira declinou.


ISTOÉ - Por que a economia brasileira apresentou essa queda?


MARCOS LISBOA - Esse período de 2008/2009 marca uma significativa inflexão da política econômica no Brasil. O País até 1990 era uma economia fechada, com uma série de restrições ao comércio exterior, muito protegida da concorrência internacional, com forte desequilíbrio fiscal. Isso tudo se traduzia na alta inflação. A partir da década de 90, a economia brasileira entrou em uma agenda de profundas transformações: equilíbrio fiscal, ou seja, acertou as contas públicas, cujo grande passo é a Lei de Responsabilidade Fiscal. A abertura da economia permitiu importar bens de consumo, bens de produção e máquinas. E veio a estabilização dos preços.


ISTOÉ - Qual foi a importância do Plano Real nessa mudança?


MARCOS LISBOA - O Plano Real conseguiu depois de tanto tempo garantir um nível de inflação compatível com o dos demais países e, do ponto de vista institucional, uma série de reformas modernizando as relações do Estado com o setor produtivo. Essa agenda passou pelo governo Fernando Henrique e foi até o início do segundo mandato de Lula. A partir de 2007/2008, mas sobretudo de 2009 para cá, houve um retorno ao antigo nacional-desenvolvimentismo.


ISTOÉ - Como o sr. vê esse retorno?


MARCOS LISBOA - Há um aumento das barreiras protecionistas, da concessão de créditos subsidiados por meio dos bancos públicos, em particular o BNDES, e a reintrodução de políticas públicas discricionárias e intervencionistas em diversos mercados. Isso é um pouco a volta ao velho nacional-desenvolvimentismo dos anos 50 e dos anos 70, baseado na intervenção na economia. Há uma crítica frequente de que o governo fez um modelo baseado no consumo. Acho injusta essa crítica ao governo. O governo tem um diagnóstico de que o desenvolvimento parte da proteção, do estímulo e da concessão de benefícios e estímulos da demanda. E o governo destinou uma grande parte de recursos ao investimento. Basta olhar o que aconteceu com os recursos do BNDES nesse período, por exemplo, entre 2007 e o começo de 2011. O problema é que deu errado. O investimento não reagiu na proporção com que os recursos foram concedidos. Agora, essa não foi uma agenda apenas do governo. Essa agenda foi defendida por muitas lideranças do setor privado. Apostava-se que ao proteger a economia e com a concessão pelo governo de subsídios e benefícios, que são pagos com nossos impostos, direcionados para esses setores, se estimularia o crescimento da demanda, do consumo e do investimento e se garantiria a aceleração do crescimento econômico. Má notícia: não funcionou.


ISTOÉ - É possível voltar atrás?


MARCOS LISBOA - Acho que retomar aquela agenda prévia de 2008 é uma parte importante desse processo. Os trabalhos acadêmicos indicam, por exemplo, que quando você inicia um processo cuidadoso de abertura da economia, há aumento na competição e também no acesso a bens de capital e insumos tecnologicamente mais eficientes. Trabalhos acadêmicos mostram também como a produtividade da indústria aumentou na década de 90 pelo acesso a bens de capital. Uma agenda importante é a que estabeleça justiça econômica e simplificação. Também temos que voltar a fortalecer o Estado. Nos últimos anos a gente enfraqueceu o Estado em favor da discricionariedade do governo. É preciso voltar a fortalecer as agências reguladoras.

ISTOÉ – E as políticas públicas? Não acha que é preciso qualificá-las?

MARCOS LISBOA - Sem dúvida. Certamente outra agenda importante é a da qualidade da política pública. A política social brasileira até 88 estava delegada a um plano inferior. Por exemplo, a educação nunca foi prioridade no Brasil até 88, tal como boa parte da política social, ao contrário de outros países. Para se ter uma ideia, em 1960 o Brasil era quase três vezes mais rico que a Coreia e, no entanto, 20 anos depois, a Coreia ficou tão rica quanto o Brasil e hoje apresenta indicadores de educação impressionantemente superiores. Isso não vale só para a Coréia. Se compararmos com nossos vizinhos, o Brasil destoa deles pelos baixos indicadores de educação. E não à toa o Brasil apresenta uma realidade desigual de renda. E isso está associado à desigualdade dos indicadores de escolaridade.


ISTOÉ - Nos últimos 25 anos aumentamos muito o investimento em educação. Mas por que nossos indicadores ainda estão defasados em relação a nações vizinhas e a outros países em desenvolvimento?


MARCOS LISBOA - Felizmente, o Brasil mudou, em parte. A partir de 1988 começou a destinar mais recursos para a área social. Em particular na educação, o Brasil conseguiu massificar o ensino fundamental e isso foi um avanço. Ainda há um desafio no ensino médio, mas resta, sobretudo, um desafio na qualidade da educação. A nossa educação ainda é de baixa qualidade. Com a descentralização da política de educação, ela passou a ser de responsabilidade tanto do governo federal como do estadual e do municipal. E nós sabemos hoje, com alguns dados disponíveis, que alguns governos foram muito bem-sucedidos em melhorar a qualidade da educação. Sobral, por exemplo, no Ceará, conseguiu melhorar seus indicadores de qualidade de educação em menos de uma década e hoje tem indicadores melhores que São Paulo gastando muito menos. Parece que não tem muita magia aqui. O segredo é boa gestão.


ISTOÉ - O que seria uma boa gestão para melhorar a qualidade de educação, na opinião do sr.?


MARCOS LISBOA - Primeiro, avaliação, independentemente de resultado. Não pode o próprio gestor avaliar a qualidade daquilo que ele fez. É preciso ter órgãos independentes avaliando, aplicando provas, para saber quanto o aluno aprendeu, quem está ensinando bem e quem não está. Segundo, boa gestão nas salas de aula. Plano de aula bem definido, com acompanhamento periódico do aluno. Nós sabemos hoje que é preciso aprender na idade certa. O atraso na educação é muito custoso para a formação. O impacto que a educação tem na vida das pessoas depende da qualidade e de quão cedo começou. É preciso também valorizar o bom professor. O problema do Brasil é muito mais de gestão da sala de aula do que de recurso.


ISTOÉ - O desenvolvimento econômico passa pelo investimento na qualidade da educação?


MARCOS LISBOA - O desenvolvimento econômico passa pela melhora do bem institucional, regras homogêneas, princípios gerais e criação de mecanismos de resolução de conflitos. Mas passa também, e nós sabemos do peso disso, pelo impacto da educação sobre a produtividade. Uma maior qualidade da educação melhora a produtividade, gera crescimento econômico e provoca uma melhor distribuição de renda. Nesse processo, foram fundamentais as políticas de transferência de renda que começaram no governo Fernando Henrique com o Bolsa Escola, que é a origem do Bolsa Família. O Bolsa Escola era uma política compensatória que procurava garantir condições mínimas de vida a pessoas com dificuldade no mercado de trabalho por causa da baixa escolaridade. Mas também era uma política estrutural, porque a contrapartida desse auxílio era que o filho tinha de ir para a escola. Então, o Brasil tem hoje uma agenda de produtividade pela frente. E a educação é parte dessa equação. Melhorar a qualidade na educação tem um impacto na produtividade da pessoa, na capacidade de geração da renda pessoal e, portanto, da renda do País. Essa agenda de produtividade passa por melhorar a qualidade da política pública em geral, e a educação é parte fundamental.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qui Out 02, 2014 12:06 pm
por Boss
Defensores da anta querem passar a imagem que o governo do PT desde 2003 é uniforme, como se não fizesse diferença se o presidente em 2003-2010 fosse o Lula ou a gerentona. :lol:

É visível o penhasco que o governo caiu a partir de 2012. 2011 ainda não dava para avaliar.

Não adianta, não cola. A mulher é incompetente, e dificilmente deixará de ser.

E ela não é o Lula. Se fosse, eu até estaria mais tranquilo com esses quatro anos que virão, caso o PT vença. Mas...