NOTÍCIAS POLÍTICAS
Moderador: Conselho de Moderação
- rodrigo
- Sênior
- Mensagens: 12891
- Registrado em: Dom Ago 22, 2004 8:16 pm
- Agradeceu: 221 vezes
- Agradeceram: 424 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
A negação dos valores
Num tempo em que princípios e integridade são conceitos em extinção no meio político, é hora de lembrar do legado do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill
São Paulo - Foram apenas quatro palavras ditas em inglês, há mais de 70 anos, na Câmara dos Comuns do Parlamento britânico; desde então, fazem parte da linguagem mundial da decência do ser humano. São palavras que não vão morrer nunca. Elas resumem, com perfeição, até aonde pode chegar a coragem pessoal de um líder político, sua recusa em agir contra as próprias convicções e uma determinação absoluta para jogar tudo, mas tudo mesmo, na defesa de um valor moral.
“We shall never surrender”, disse o primeiro-ministro Winston Churchill em 4 de junho de 1940, menos de um mês depois de assumir o cargo — 10 de maio, justamente o dia em que a Alemanha de Adolf Hitler tinha invadido, e rapidamente derrotado, a França, completando na prática a ocupação militar da Europa inteira.
A Inglaterra, nesse momento, estava totalmente isolada. Não tinha nenhum aliado; os Estados Unidos só entrariam na guerra 18 meses depois. Seus recursos militares eram imensamente inferiores aos da Alemanha. Os poucos países não ocupados da Europa, como Espanha, Portugal ou Suécia, eram amigos íntimos dos nazistas.
A Inglaterra não tinha meios eficazes de se defender e muito menos de atacar. Um “entendimento” com Hitler, “costurado” por alguma grande obra de “engenharia política”, estava na mente e na boca dos profissionais — isso que se chama no Brasil de “gente do ramo”. Foi essa a hora que Churchill escolheu para informar à Alemanha e ao mundo: “Nós não vamos nos render nunca”.
Não era um discurso. Não era um anúncio de obras do PAC nem do Brasil Carinhoso. Não era palavrório demagógico, irado e grosseiro contra as elites. Não era um truque de oratória nem uma frase escrita por seu diretor de relações públicas. Não era uma ameaça. Era apenas o aviso de um fato concreto: a Inglaterra, pura e simplesmente, não iria se render. No caso, o que Churchill acabara de fazer era assumir um compromisso, e o aval de que ele seria 100% cumprido estava nos motivos reais que o levaram a assumi-lo — as noções de “valor” ou “princípio”.
Quando uma e outra existem de verdade num pronunciamento público, é bom levar a sério o que está sendo dito — os atos prometidos ali vão realmente acontecer, pois são o resultado de uma decisão que não vai mudar. Dava para suspeitar que Churchill, na hora mais dramática de seu país, tinha optado sem a menor hesitação por colocar valores acima de habilidades ou conveniências políticas. Três dias depois de assumir seu cargo, logo no primeiro discurso que fez, já começou com tudo: “Não tenho nada a oferecer senão sangue, trabalho, lágrimas e suor” (trecho normalmente citado como “sangue, suor e lágrimas”).
Quem tem a coragem de começar um governo dizendo uma coisa dessas? Não, com certeza, esses pigmeus que passam hoje por “líderes” dotados de superior “faro político” ou outra bobagem qualquer saída do mesmo angu. Os alemães não acreditaram no discurso de Churchill. Cinco anos depois, seu país estava reduzido a ruínas. É no que acabou dando essa história de tomar uma decisão motivada por valores.
“Ora (direis), ouvir Churchill! E em pleno ano de 2013? Certo perdeste o senso”, poderia dizer Olavo Bilac se ainda estivesse vivo e calhasse de ler este artigo. Mas, da mesma forma que em seu poema faz todo o sentido ouvir estrelas, também é perfeitamente lógico pensar em 2013 o que Churchill falou em 1940. Desde que foram ditas nos Comuns, suas palavras jamais deixaram de ser atuais, e continuarão assim para sempre; fazem parte do patrimônio universal da humanidade, como as pirâmides do Egito ou o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo.
Há momentos, porém, que parecem pedir mais do que em quaisquer outros a presença de valores na vida política. Quanto a isso vivemos, hoje, o “nada absoluto” de que nos falam os metafísicos. Qual seria, por exemplo, o grande princípio filosófico ou moral de Barack Obama, presidente do maior país do mundo? Quem é capaz de citar uma única convicção verdadeira de Angela Merkel, regularmente citada como a mais firme “liderança” da Europa? Existiria algum remoto vestígio da noção de valor nas ações do presidente Vladimir Putin? Não vale, aí, ficar falando de planos de assistência médica ou apoio ao casamento gay, de firmeza no combate à inflação ou valentia no rigor fiscal.
A questão é saber, nessa gente toda, quem estaria disposto a arriscar a própria vida na defesa de uma convicção moral, na recusa em aceitar o mal no lugar do bem ou na intransigência total em favor da integridade e contra a safadeza. É isso, apenas — é o que Churchill fez e o que qualquer pessoa pode fazer, na guerra ou na paz, se colocar os valores da decência comum como mandamento número 1 de seus atos.
Se o mundo em geral está assim, imagine onde fomos amarrar nosso burro aqui no Brasil. Num artigo recente em sua coluna quinzenal na revista VEJA, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo descreveu o universo político brasileiro como um deserto sem fim, onde é impossível a existência de qualquer forma de vida — ou, melhor dizendo, qualquer forma de vida pública capaz de ter um mínimo de utilidade para o país e para sua população.
O ovo da serpente é que não existe política no Brasil, mas, sim, um “conceito de política”, peculiar à nossa terra e à nossa gente; esse “conceito”, escreve Pompeu, nega a possibilidade de uma vida pública em que os embates envolvam a diferença de ideias, programas ou modelos propostos para a gerência da educação, dos transportes ou seja lá o que for. Tudo, absolutamente tudo, é feito na exclusiva defesa de interesses particulares.
Valores? Princípios? Integridade? Separar o certo do errado? Abolir os acordos indecentes para obter apoio? Tomar alguma decisão, uma apenas, motivada pela obediência a um mandamento moral? O “conceito de política” no Brasil não apenas ignora essas coisas mas tem certeza de que todas elas são estupidez em estado puro. A presidente da República pensa e age assim; e, abaixo dela, todos vão exatamente pela mesma trilha.
Há exceções, é claro — sempre há. Mas o que comanda de fato a vida pública brasileira é o tráfico de emendas parlamentares, a compra e venda de cargos no governo e em estatais, a criação de ministérios absurdos para atrair o apoio dos que vão recebê-los, o comércio de minutos de propaganda obrigatória na TV, a submissão sem limites aos “índices de popularidade” e assim por diante.
Fábrica de ministérios
Como é possível, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff nomear para o Ministério da Agricultura, em sua última “reforma ministerial”, um político ligado a um sinistro matadouro clandestino em Minas Gerais? Justo para o Ministério da Agricultura? Não haveria nenhum outro disponível para ele e seu partido? E não haveria, em 190 milhões de brasileiros, nenhum cidadão um pouquinho mais adequado para ser o ministro da Agricultura do Brasil? Se fosse um caso isolado, ainda daria para engolir. Infelizmente, como mostra a experiência, não há casos isolados nesse tipo de decisão — muito menos depois de dez anos seguidos de aplicação do “conceito de política” hoje em vigor no país.
A presidente criou, para contratar aliados, e só para isso, um Ministério da Micro e Pequena Empresa. Será que estaria pensando em criar, mais adiante, um Ministério da Média Empresa ou mesmo um Ministério da Grande Empresa? Criou um Ministério da Aviação Civil. E por que não um da Marinha Civil? Marinheiro também é filho de Deus — e, de mais a mais, já existe um Ministério da Pesca, cujo ministro confessa que não sabe colocar um anzol na linha. O interesse do país, em todas essas decisões, é zero. Só importa quem vai ganhar o quê e qual o potencial de aproveitamento material dos cargos criados.
O resultado, ao mesmo tempo, é aquele sugerido pela aritmética elementar. Quanto mais ministérios — e mais cargos —, tanto mais vai se roubar. Dilma sabe disso melhor do que ninguém. Já teve de colocar no olho da rua, por exposição indecente em público, uma dúzia de ministros e talvez centenas de delinquentes que instalou na máquina pública, inclusive seu braço direito, secretária executiva e sucessora na Casa Civil, a inesquecível Erenice Guerra. É claro, portanto, que sabe — só que não liga. Troca os que não dá para segurar por farinha do mesmo saco, que só serve para assar um tipo de pão. A consequência é o que está aí — um governo aberto ao primeiro batedor de carteira que se apresentar como reforço para a “base aliada”.
O buraco até que não seria tão fundo se o “conceito de política” praticado pela presidente, pelo copresidente Lula e por seus fiéis fosse o único problema. Mas não é. Onde acaba essa tropa toda começa o resto do mundo político brasileiro — a oposição e os que, pelo menos, não têm emprego doado pela gente que manda.
De novo: alguém conseguiria mencionar um, apenas um, pensamento legítimo do governador Eduardo Campos, declarado pelos meios de comunicação como o “novo fator” da vida pública nacional? E o senador Aécio Neves, então, escalado para a posição de número 1 dos opositores — no que ele realmente acredita ou no que se compromete de verdade, além de sua briga com o colega de partido e ex-governador José Serra? E os que foram tocados para fora do PT por se recusarem a roubar ou aceitar cambalachos políticos — o que mais têm em comum? Não se sabe.
A impressão é que os participantes da vida política brasileira e Churchill vieram de planetas diferentes. Mas é só impressão: vieram do mesmo, e o que os separa de forma tão espetacular é algo que costumava se chamar, em português comum, “vergonha na cara”. Trata-se de uma opção de vida. É adotada por pessoas capazes de sentir indignação moral diante de atos repulsivos para a própria consciência. É sacrificar as circunstâncias do momento, sempre, em favor de suas convicções reais. É a intransigência contra qualquer ação que seus valores não aceitem.
É a recusa em aprovar entendimentos, acordos ou situações em que haja injustiça indiscutível. É, em suma, nunca ser surdo para a voz da consciência nem cego para as consequências de seus atos. Na política, enfim, significa a capacidade de ver que os governos só fazem sentido se prestarem serviços aos governados, colocarem-se sinceramente como servidores do público e agirem o tempo todo para sustentar direitos legítimos e impedir a vitória da injustiça.
Certezas morais
Não existe rigorosamente nada, aí, que só um homem como Churchill pudesse fazer ou que só a sua época permitisse fazer — é uma postura aberta a qualquer um, em qualquer tempo. Na verdade, Churchill não era um tipo de político excepcional, privativo das zonas temperadas e pertencente a uma espécie que não sobrevive nos trópicos. Só chegou ao cargo de primeiro-ministro aos 66 anos de idade. Viveu, antes disso, no entra e sai do governo, como dezenas de outros na Inglaterra de sua época, e chegou a ser demitido de um posto ministerial sob a acusação de incompetência.
Tinha problemas sérios com o alcoolismo, uma vida pessoal conturbada e um notável talento para construir inimizades. Seu triunfo foi o conjunto de certezas sobre o que pensava e o que devia fazer. Não se trata, por exemplo, de certezas como as do ex-presidente Lula — que acredita ser um equivalente de Abraham Lincoln por causa da quantidade de críticas que recebe na imprensa — ou as da presidente Dilma, para quem a queda de raios não tem nada a ver com as quedas de energia elétrica. Trata-se de certezas morais.
No caso de Churchill, ele tinha certeza de que jamais, em caso algum, aceitaria que seu país fosse ocupado por tropa estrangeira, que os ingleses tivessem de aprender alemão ou que a Gestapo tomasse prédios nas cidades inglesas para instalar neles seus centros de interrogatório e tortura. Simplesmente não poderia admitir, como afirmou em seu discurso, a presença do “odioso regime nazista” na Inglaterra. Estava falando de valores, que não poderiam ser mudados ou negociados — e é disso, precisamente, que vem a fé extraordinária que demonstrou nas próprias palavras.
“Nós lutaremos na França, nós lutaremos nos mares e oceanos, nós defenderemos nossa ilha, custe o que custar”, disse ele, nas frases que antecederam as suas quatro palavras imortais. “Nós vamos lutar nas praias, nos pontos de desembarque, nos campos e nas ruas; nós lutaremos nas colinas. We shall never surrender”. Ditas essas palavras, Churchill não fugiu; não foi se exilar no Canadá ou na Austrália. Ficou em Londres, no seu posto, e correu o mesmo risco de morrer nos selvagens bombardeios nazistas contra as cidades inglesas que corriam todos os cidadãos de seu país.
Não quis discutir pontos de doutrina jurídica com os pares, na época, do ministro Marco Aurélio de Mello. Não queria saber se o Ibope ia aumentar ou baixar seus índices de popularidade. Nunca pensou nas próximas eleições. Apenas considerou, como a primeira-minista Margaret Thatcher faria 42 anos depois na invasão das Malvinas pela Argentina, que a guerra declarada pela Alemanha era algo errado. Se era errado, não podia ser aceito. Se não podia ser aceito, tinha de ser combatido. O que impede, hoje, os homens públicos brasileiros de pensar assim? Nada.
Por que não se comportam como homens que têm valores? Porque não querem. A presidente da República e toda a classe política do Brasil não precisam procurar valores em figuras históricas, ou em outras eras, ou em outros continentes. Têm à sua volta dezenas de milhões de brasileiros que passam a vida inteira sem tirar para si um único centavo que não seja honestamente seu. Recusam-se a viver na criminalidade; preferem trabalhar duro a cada dia, por salários em geral modestíssimos, a desrespeitar a lei. Sustentam, com esforços muitas vezes heroicos, sua família. Vivem em silêncio. São exemplos perfeitos dos valores e princípios que matam de rir todos os devotos do “conceito de política” que comanda o Brasil de hoje.
http://exame.abril.com.br/revista-exame ... res?page=3
Num tempo em que princípios e integridade são conceitos em extinção no meio político, é hora de lembrar do legado do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill
São Paulo - Foram apenas quatro palavras ditas em inglês, há mais de 70 anos, na Câmara dos Comuns do Parlamento britânico; desde então, fazem parte da linguagem mundial da decência do ser humano. São palavras que não vão morrer nunca. Elas resumem, com perfeição, até aonde pode chegar a coragem pessoal de um líder político, sua recusa em agir contra as próprias convicções e uma determinação absoluta para jogar tudo, mas tudo mesmo, na defesa de um valor moral.
“We shall never surrender”, disse o primeiro-ministro Winston Churchill em 4 de junho de 1940, menos de um mês depois de assumir o cargo — 10 de maio, justamente o dia em que a Alemanha de Adolf Hitler tinha invadido, e rapidamente derrotado, a França, completando na prática a ocupação militar da Europa inteira.
A Inglaterra, nesse momento, estava totalmente isolada. Não tinha nenhum aliado; os Estados Unidos só entrariam na guerra 18 meses depois. Seus recursos militares eram imensamente inferiores aos da Alemanha. Os poucos países não ocupados da Europa, como Espanha, Portugal ou Suécia, eram amigos íntimos dos nazistas.
A Inglaterra não tinha meios eficazes de se defender e muito menos de atacar. Um “entendimento” com Hitler, “costurado” por alguma grande obra de “engenharia política”, estava na mente e na boca dos profissionais — isso que se chama no Brasil de “gente do ramo”. Foi essa a hora que Churchill escolheu para informar à Alemanha e ao mundo: “Nós não vamos nos render nunca”.
Não era um discurso. Não era um anúncio de obras do PAC nem do Brasil Carinhoso. Não era palavrório demagógico, irado e grosseiro contra as elites. Não era um truque de oratória nem uma frase escrita por seu diretor de relações públicas. Não era uma ameaça. Era apenas o aviso de um fato concreto: a Inglaterra, pura e simplesmente, não iria se render. No caso, o que Churchill acabara de fazer era assumir um compromisso, e o aval de que ele seria 100% cumprido estava nos motivos reais que o levaram a assumi-lo — as noções de “valor” ou “princípio”.
Quando uma e outra existem de verdade num pronunciamento público, é bom levar a sério o que está sendo dito — os atos prometidos ali vão realmente acontecer, pois são o resultado de uma decisão que não vai mudar. Dava para suspeitar que Churchill, na hora mais dramática de seu país, tinha optado sem a menor hesitação por colocar valores acima de habilidades ou conveniências políticas. Três dias depois de assumir seu cargo, logo no primeiro discurso que fez, já começou com tudo: “Não tenho nada a oferecer senão sangue, trabalho, lágrimas e suor” (trecho normalmente citado como “sangue, suor e lágrimas”).
Quem tem a coragem de começar um governo dizendo uma coisa dessas? Não, com certeza, esses pigmeus que passam hoje por “líderes” dotados de superior “faro político” ou outra bobagem qualquer saída do mesmo angu. Os alemães não acreditaram no discurso de Churchill. Cinco anos depois, seu país estava reduzido a ruínas. É no que acabou dando essa história de tomar uma decisão motivada por valores.
“Ora (direis), ouvir Churchill! E em pleno ano de 2013? Certo perdeste o senso”, poderia dizer Olavo Bilac se ainda estivesse vivo e calhasse de ler este artigo. Mas, da mesma forma que em seu poema faz todo o sentido ouvir estrelas, também é perfeitamente lógico pensar em 2013 o que Churchill falou em 1940. Desde que foram ditas nos Comuns, suas palavras jamais deixaram de ser atuais, e continuarão assim para sempre; fazem parte do patrimônio universal da humanidade, como as pirâmides do Egito ou o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo.
Há momentos, porém, que parecem pedir mais do que em quaisquer outros a presença de valores na vida política. Quanto a isso vivemos, hoje, o “nada absoluto” de que nos falam os metafísicos. Qual seria, por exemplo, o grande princípio filosófico ou moral de Barack Obama, presidente do maior país do mundo? Quem é capaz de citar uma única convicção verdadeira de Angela Merkel, regularmente citada como a mais firme “liderança” da Europa? Existiria algum remoto vestígio da noção de valor nas ações do presidente Vladimir Putin? Não vale, aí, ficar falando de planos de assistência médica ou apoio ao casamento gay, de firmeza no combate à inflação ou valentia no rigor fiscal.
A questão é saber, nessa gente toda, quem estaria disposto a arriscar a própria vida na defesa de uma convicção moral, na recusa em aceitar o mal no lugar do bem ou na intransigência total em favor da integridade e contra a safadeza. É isso, apenas — é o que Churchill fez e o que qualquer pessoa pode fazer, na guerra ou na paz, se colocar os valores da decência comum como mandamento número 1 de seus atos.
Se o mundo em geral está assim, imagine onde fomos amarrar nosso burro aqui no Brasil. Num artigo recente em sua coluna quinzenal na revista VEJA, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo descreveu o universo político brasileiro como um deserto sem fim, onde é impossível a existência de qualquer forma de vida — ou, melhor dizendo, qualquer forma de vida pública capaz de ter um mínimo de utilidade para o país e para sua população.
O ovo da serpente é que não existe política no Brasil, mas, sim, um “conceito de política”, peculiar à nossa terra e à nossa gente; esse “conceito”, escreve Pompeu, nega a possibilidade de uma vida pública em que os embates envolvam a diferença de ideias, programas ou modelos propostos para a gerência da educação, dos transportes ou seja lá o que for. Tudo, absolutamente tudo, é feito na exclusiva defesa de interesses particulares.
Valores? Princípios? Integridade? Separar o certo do errado? Abolir os acordos indecentes para obter apoio? Tomar alguma decisão, uma apenas, motivada pela obediência a um mandamento moral? O “conceito de política” no Brasil não apenas ignora essas coisas mas tem certeza de que todas elas são estupidez em estado puro. A presidente da República pensa e age assim; e, abaixo dela, todos vão exatamente pela mesma trilha.
Há exceções, é claro — sempre há. Mas o que comanda de fato a vida pública brasileira é o tráfico de emendas parlamentares, a compra e venda de cargos no governo e em estatais, a criação de ministérios absurdos para atrair o apoio dos que vão recebê-los, o comércio de minutos de propaganda obrigatória na TV, a submissão sem limites aos “índices de popularidade” e assim por diante.
Fábrica de ministérios
Como é possível, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff nomear para o Ministério da Agricultura, em sua última “reforma ministerial”, um político ligado a um sinistro matadouro clandestino em Minas Gerais? Justo para o Ministério da Agricultura? Não haveria nenhum outro disponível para ele e seu partido? E não haveria, em 190 milhões de brasileiros, nenhum cidadão um pouquinho mais adequado para ser o ministro da Agricultura do Brasil? Se fosse um caso isolado, ainda daria para engolir. Infelizmente, como mostra a experiência, não há casos isolados nesse tipo de decisão — muito menos depois de dez anos seguidos de aplicação do “conceito de política” hoje em vigor no país.
A presidente criou, para contratar aliados, e só para isso, um Ministério da Micro e Pequena Empresa. Será que estaria pensando em criar, mais adiante, um Ministério da Média Empresa ou mesmo um Ministério da Grande Empresa? Criou um Ministério da Aviação Civil. E por que não um da Marinha Civil? Marinheiro também é filho de Deus — e, de mais a mais, já existe um Ministério da Pesca, cujo ministro confessa que não sabe colocar um anzol na linha. O interesse do país, em todas essas decisões, é zero. Só importa quem vai ganhar o quê e qual o potencial de aproveitamento material dos cargos criados.
O resultado, ao mesmo tempo, é aquele sugerido pela aritmética elementar. Quanto mais ministérios — e mais cargos —, tanto mais vai se roubar. Dilma sabe disso melhor do que ninguém. Já teve de colocar no olho da rua, por exposição indecente em público, uma dúzia de ministros e talvez centenas de delinquentes que instalou na máquina pública, inclusive seu braço direito, secretária executiva e sucessora na Casa Civil, a inesquecível Erenice Guerra. É claro, portanto, que sabe — só que não liga. Troca os que não dá para segurar por farinha do mesmo saco, que só serve para assar um tipo de pão. A consequência é o que está aí — um governo aberto ao primeiro batedor de carteira que se apresentar como reforço para a “base aliada”.
O buraco até que não seria tão fundo se o “conceito de política” praticado pela presidente, pelo copresidente Lula e por seus fiéis fosse o único problema. Mas não é. Onde acaba essa tropa toda começa o resto do mundo político brasileiro — a oposição e os que, pelo menos, não têm emprego doado pela gente que manda.
De novo: alguém conseguiria mencionar um, apenas um, pensamento legítimo do governador Eduardo Campos, declarado pelos meios de comunicação como o “novo fator” da vida pública nacional? E o senador Aécio Neves, então, escalado para a posição de número 1 dos opositores — no que ele realmente acredita ou no que se compromete de verdade, além de sua briga com o colega de partido e ex-governador José Serra? E os que foram tocados para fora do PT por se recusarem a roubar ou aceitar cambalachos políticos — o que mais têm em comum? Não se sabe.
A impressão é que os participantes da vida política brasileira e Churchill vieram de planetas diferentes. Mas é só impressão: vieram do mesmo, e o que os separa de forma tão espetacular é algo que costumava se chamar, em português comum, “vergonha na cara”. Trata-se de uma opção de vida. É adotada por pessoas capazes de sentir indignação moral diante de atos repulsivos para a própria consciência. É sacrificar as circunstâncias do momento, sempre, em favor de suas convicções reais. É a intransigência contra qualquer ação que seus valores não aceitem.
É a recusa em aprovar entendimentos, acordos ou situações em que haja injustiça indiscutível. É, em suma, nunca ser surdo para a voz da consciência nem cego para as consequências de seus atos. Na política, enfim, significa a capacidade de ver que os governos só fazem sentido se prestarem serviços aos governados, colocarem-se sinceramente como servidores do público e agirem o tempo todo para sustentar direitos legítimos e impedir a vitória da injustiça.
Certezas morais
Não existe rigorosamente nada, aí, que só um homem como Churchill pudesse fazer ou que só a sua época permitisse fazer — é uma postura aberta a qualquer um, em qualquer tempo. Na verdade, Churchill não era um tipo de político excepcional, privativo das zonas temperadas e pertencente a uma espécie que não sobrevive nos trópicos. Só chegou ao cargo de primeiro-ministro aos 66 anos de idade. Viveu, antes disso, no entra e sai do governo, como dezenas de outros na Inglaterra de sua época, e chegou a ser demitido de um posto ministerial sob a acusação de incompetência.
Tinha problemas sérios com o alcoolismo, uma vida pessoal conturbada e um notável talento para construir inimizades. Seu triunfo foi o conjunto de certezas sobre o que pensava e o que devia fazer. Não se trata, por exemplo, de certezas como as do ex-presidente Lula — que acredita ser um equivalente de Abraham Lincoln por causa da quantidade de críticas que recebe na imprensa — ou as da presidente Dilma, para quem a queda de raios não tem nada a ver com as quedas de energia elétrica. Trata-se de certezas morais.
No caso de Churchill, ele tinha certeza de que jamais, em caso algum, aceitaria que seu país fosse ocupado por tropa estrangeira, que os ingleses tivessem de aprender alemão ou que a Gestapo tomasse prédios nas cidades inglesas para instalar neles seus centros de interrogatório e tortura. Simplesmente não poderia admitir, como afirmou em seu discurso, a presença do “odioso regime nazista” na Inglaterra. Estava falando de valores, que não poderiam ser mudados ou negociados — e é disso, precisamente, que vem a fé extraordinária que demonstrou nas próprias palavras.
“Nós lutaremos na França, nós lutaremos nos mares e oceanos, nós defenderemos nossa ilha, custe o que custar”, disse ele, nas frases que antecederam as suas quatro palavras imortais. “Nós vamos lutar nas praias, nos pontos de desembarque, nos campos e nas ruas; nós lutaremos nas colinas. We shall never surrender”. Ditas essas palavras, Churchill não fugiu; não foi se exilar no Canadá ou na Austrália. Ficou em Londres, no seu posto, e correu o mesmo risco de morrer nos selvagens bombardeios nazistas contra as cidades inglesas que corriam todos os cidadãos de seu país.
Não quis discutir pontos de doutrina jurídica com os pares, na época, do ministro Marco Aurélio de Mello. Não queria saber se o Ibope ia aumentar ou baixar seus índices de popularidade. Nunca pensou nas próximas eleições. Apenas considerou, como a primeira-minista Margaret Thatcher faria 42 anos depois na invasão das Malvinas pela Argentina, que a guerra declarada pela Alemanha era algo errado. Se era errado, não podia ser aceito. Se não podia ser aceito, tinha de ser combatido. O que impede, hoje, os homens públicos brasileiros de pensar assim? Nada.
Por que não se comportam como homens que têm valores? Porque não querem. A presidente da República e toda a classe política do Brasil não precisam procurar valores em figuras históricas, ou em outras eras, ou em outros continentes. Têm à sua volta dezenas de milhões de brasileiros que passam a vida inteira sem tirar para si um único centavo que não seja honestamente seu. Recusam-se a viver na criminalidade; preferem trabalhar duro a cada dia, por salários em geral modestíssimos, a desrespeitar a lei. Sustentam, com esforços muitas vezes heroicos, sua família. Vivem em silêncio. São exemplos perfeitos dos valores e princípios que matam de rir todos os devotos do “conceito de política” que comanda o Brasil de hoje.
http://exame.abril.com.br/revista-exame ... res?page=3
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
-
- Sênior
- Mensagens: 3804
- Registrado em: Qua Dez 03, 2008 12:34 am
- Localização: Goiânia-GO
- Agradeceu: 241 vezes
- Agradeceram: 84 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Pode-se questionar suas atitudes, afinal a livre opinião política vigora! Agora tenho que admitir que o Marconi é velhaco. Está com forte campanha publicitária aqui para tentar recuperar imagem. Contratou nada menos que a Glória Pires, uma das mais famosas atrizes do país, com fortes laços em Goiás e que fez a mãe do Lula no filme sobre o ex-presidente! Vamos ver se terá resultado...
-
- Sênior
- Mensagens: 3804
- Registrado em: Qua Dez 03, 2008 12:34 am
- Localização: Goiânia-GO
- Agradeceu: 241 vezes
- Agradeceram: 84 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
PREFEITO DO RIO AGRIDE ESCRITOR E PEDE DESCULPAS
Xingado de "bosta" pelo escritor Bernardo Botkay e por sua esposa na noite carioca, o prefeito Eduardo Paes reagiu e deu um soco na cara do eleitor, que foi também contido pelos seguranças da prefeitura; "apesar da agressividade do casal, eu não poderia ter reagido como o fiz; peço desculpas à população da minha cidade pela maneira como agi", disse o prefeito em nota; "falei que pra ele que ele é um bosta, de repente ele veio pra cima e agrediu fisicamente, soco na minha cara, homens me segurando", disse Botkay; caso foi registrado como lesão corporal e será investigado pela polícia
(...)
Fonte: Brasil 247
http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/ ... culpas.htm
Xingado de "bosta" pelo escritor Bernardo Botkay e por sua esposa na noite carioca, o prefeito Eduardo Paes reagiu e deu um soco na cara do eleitor, que foi também contido pelos seguranças da prefeitura; "apesar da agressividade do casal, eu não poderia ter reagido como o fiz; peço desculpas à população da minha cidade pela maneira como agi", disse o prefeito em nota; "falei que pra ele que ele é um bosta, de repente ele veio pra cima e agrediu fisicamente, soco na minha cara, homens me segurando", disse Botkay; caso foi registrado como lesão corporal e será investigado pela polícia
(...)
Fonte: Brasil 247
http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/ ... culpas.htm
- Sávio Ricardo
- Sênior
- Mensagens: 2990
- Registrado em: Ter Mai 01, 2007 10:55 am
- Localização: Conceição das Alagoas-MG
- Agradeceu: 128 vezes
- Agradeceram: 181 vezes
- Contato:
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Não concordo.Sterrius escreveu:Apesar do prefeito estar errado o cara tb ta longe de estar certo.
Se os fatos são somente esses mesmos, se o tal cantor agrediu o tal prefeito apenas com palavras, ele pode estar errado moralmente, mas o Prefeito esta totalmente errado. Funcionário Publico, e ainda por cima de cargo eletivo, agindo assim é inadmissível, se fosse qualquer outra função publica do baixo clero seria quase que imediatamente demitido.
- Clermont
- Sênior
- Mensagens: 8842
- Registrado em: Sáb Abr 26, 2003 11:16 pm
- Agradeceu: 632 vezes
- Agradeceram: 644 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Sendo ou não "funcionário público com cargo eletivo", o prefeito não abdicou do seu direito de ser homem.
É muito duro, um homem estar ao lado da sua senhora, e ser achincalhado por um vagabundo sem-vergonha, em público e não reagir.
É muito duro, um homem estar ao lado da sua senhora, e ser achincalhado por um vagabundo sem-vergonha, em público e não reagir.
- Sávio Ricardo
- Sênior
- Mensagens: 2990
- Registrado em: Ter Mai 01, 2007 10:55 am
- Localização: Conceição das Alagoas-MG
- Agradeceu: 128 vezes
- Agradeceram: 181 vezes
- Contato:
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
É engraçado.
Um prefeito, se chamado de "bosta" pode reagir com um soco, usufruindo do direito de ser homem.
Um policial que dá um soco em um pseudo manifestante (que disso nada tinha, porque estava era badernando) é afastado.
Um prefeito, se chamado de "bosta" pode reagir com um soco, usufruindo do direito de ser homem.
Um policial que dá um soco em um pseudo manifestante (que disso nada tinha, porque estava era badernando) é afastado.
- delmar
- Sênior
- Mensagens: 5256
- Registrado em: Qui Jun 16, 2005 10:24 pm
- Localização: porto alegre
- Agradeceu: 206 vezes
- Agradeceram: 504 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Nunca tinha ouvido falar desta tal de Botkay, que é citado como "escritor". O mais certo é que ele buscava seus cinco minutos de fama e conseguiu. Agora sou totalmente contra o soco que o prefeito deu nele, o máximo que de cabia ao tal escritor era uma "bolacha" no ouvido, com a mão bem aberta. Levar uma tapona na cara é humilhação total, soco é bem mais digno.Rodrigoiano escreveu:PREFEITO DO RIO AGRIDE ESCRITOR E PEDE DESCULPAS
Xingado de "bosta" pelo escritor Bernardo Botkay e por sua esposa na noite carioca, o prefeito Eduardo Paes reagiu e deu um soco na cara do eleitor, que foi também contido pelos seguranças da prefeitura; "apesar da agressividade do casal, eu não poderia ter reagido como o fiz; peço desculpas à população da minha cidade pela maneira como agi", disse o prefeito em nota; "falei que pra ele que ele é um bosta, de repente ele veio pra cima e agrediu fisicamente, soco na minha cara, homens me segurando", disse Botkay; caso foi registrado como lesão corporal e será investigado pela polícia
(...)
Fonte: Brasil 247
http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/ ... culpas.htm
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
- Viktor Reznov
- Sênior
- Mensagens: 6826
- Registrado em: Sex Jan 15, 2010 2:02 pm
- Agradeceu: 1959 vezes
- Agradeceram: 796 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Eu acho que o prefeito está completamente certo na reação dele. Imagine você, num jantar com sua esposa, e do nada um boçal de xinga na frente da sua mulher? Eu não sei quanto a você, mas eu quebraria o joelho direito dele com uma pisada bem posicionada e depois finalizaria com uma joelhada no rosto.Sterrius escreveu:Apesar do prefeito estar errado o cara tb ta longe de estar certo.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
- Clermont
- Sênior
- Mensagens: 8842
- Registrado em: Sáb Abr 26, 2003 11:16 pm
- Agradeceu: 632 vezes
- Agradeceram: 644 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Acho que alguém anda assistindo demais luta livre pela televisão...Cross escreveu:(...) eu quebraria o joelho direito dele com uma pisada bem posicionada e depois finalizaria com uma joelhada no rosto.
- Túlio
- Site Admin
- Mensagens: 61469
- Registrado em: Sáb Jul 02, 2005 9:23 pm
- Localização: Tramandaí, RS, Brasil
- Agradeceu: 6304 vezes
- Agradeceram: 6656 vezes
- Contato:
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Se eu fosse o Prefeito, teria desferido MAIS DE UM soco, afinal, políticos têm IMPUNIDADE...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
- zela
- Sênior
- Mensagens: 2482
- Registrado em: Sex Jul 07, 2006 7:42 pm
- Localização: Paraná
- Agradeceu: 79 vezes
- Agradeceram: 75 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
O prefeito estava em serviço?? É bem diferente do caso do policial...se o policial estivesse jantando e alguém o chamasse de "bosta", e o mesmo desferisse um soco no "agressor", ele não seria tratado como policial , mas sim como um cidadão comum.Sávio Ricardo escreveu:É engraçado.
Um prefeito, se chamado de "bosta" pode reagir com um soco, usufruindo do direito de ser homem.
Um policial que dá um soco em um pseudo manifestante (que disso nada tinha, porque estava era badernando) é afastado.
- Sterrius
- Sênior
- Mensagens: 5140
- Registrado em: Sex Ago 01, 2008 1:28 pm
- Agradeceu: 115 vezes
- Agradeceram: 323 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Em tese. (infelizmente agente público no Brasil é público dentro e fora do serviço, 24h por dia , 7 dias por semana, seja faxineiro ou politico).
- Clermont
- Sênior
- Mensagens: 8842
- Registrado em: Sáb Abr 26, 2003 11:16 pm
- Agradeceu: 632 vezes
- Agradeceram: 644 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
A defesa da classe média.
Rodrigo Constantino - Blog do Noblat - 28.05.13.
Todos vimos, chocados, uma turba ensandecida invadindo agências da Caixa em diferentes estados, após rumores de suspensão do pagamento do Bolsa Família.
Impressionou o fato de que a maioria ali era bem nutrida, em perfeitas condições de trabalho em um país com pleno emprego.
Uma das beneficiadas pelo programa, em entrevista, reclamou que a quantia não era suficiente para comprar uma calça para sua filha de 16 anos. O valor da calça: trezentos reais!
Talvez seja parte do conceito de “justiça social” da esquerda progressista garantir que adolescentes tenham roupas de grife para bailes funk.
Não quero, naturalmente, alegar que todos aqueles agraciados pelas benesses estatais não precisam delas. Ainda há muita pobreza no Brasil, ao contrário do que o próprio governo diz, manipulando os dados. Mas essa pobreza tem forte ligação com esse modelo de governo inchado, intervencionista e paternalista.
O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma perigosa dependência.
Para gerar melhores empregos, precisamos de menos burocracia, menos gastos públicos e impostos, mais flexibilidade nas leis trabalhistas, mais concorrência de livre mercado e um sistema melhor de educação (não confundir com jogar mais dinheiro público nesse modelo atual).
O ex-presidente Lula criticava, quando era oposição, o “voto de cabresto”, a compra de eleitores por meio de migalhas, esquema típico do coronelismo nordestino.
Quão diferente é o Bolsa Família, que já contempla dezenas de milhões de pessoas, sem uma estratégia de saída? Um programa que comemora o crescimento do número de dependentes! O leitor vê tanta diferença assim?
A presidente Dilma disse que quem espalhou os boatos era “desumano”, “criminoso”, e garantiu que o programa era “definitivo”, para “sempre”. Isso diz muito. “Nada é tão permanente quanto uma medida temporária de governo”, sabia Milton Friedman.
Não custa lembrar que o próprio PT costuma apelar para o “terrorismo eleitoral” em época de eleição, espalhando rumores de que a oposição pode encerrar o programa. Desumano? Criminoso?
Depois que o governo cria privilégios concentrados, com custos dispersos, quem tem coragem de ir contra? Seria suicídio político. Por isso ninguém toca no assunto, ninguém vem a público dizer o óbvio: essas esmolas prejudicam nossa democracia e não tiram essas pessoas da pobreza.
As esmolas estimulam a preguiça, a passividade e a informalidade. Por que correr atrás quando o “papai” governo dá mesada?
O agravante disso tudo é que os recursos do governo não caem do céu. Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e “benevolente”.
Para adicionar insulto à injúria, não recebe nada em troca. Paga impostos escandinavos para serviços africanos. Conta com escolas públicas terríveis, antros de doutrinação marxista.
Os hospitais públicos também são péssimos. A infraestrutura e os meios de transporte são caóticos. A insegurança é total. Acabamos tendo que pagar tudo em dobro, fugindo para o setor privado, sempre mais eficiente.
Como se não bastasse tanto descaso, ainda somos obrigados a ver uma das representantes da esquerda, a filósofa Marilena Chauí, soltando sua verborragia em evento de lançamento de livro sobre Lula e Dilma.
Chauí, aquela que diz que o mundo se ilumina quando Lula abre a boca, declarou na ocasião: “A classe média é um atraso de vida. A classe média é estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista.”
É fácil dizer isso quando ganha um belo salário na USP, pago pela classe média. Chauí não dá nome aos bois, pois é mais fácil tripudiar de uma abstração de classe.
Mas não nos enganemos: a classe média que ela odeia somos nós, aqueles que simplesmente pretendem trabalhar e melhorar de vida, ter mais conforto material, em vez de se engajar em luta ideológica em nome dos proletários, representados pelos ricos petistas.
Pergunto: quem vai olhar por nós? Que partido representa a classe média? Com certeza, não é a esquerda das esmolas estatais bancadas com nosso suor, que depois ainda vem declarar todo seu ódio a quem paga a fatura.
Perdemos dois ícones da imprensa independente: Dr. Ruy Mesquita e Roberto Civita. Que a chama da liberdade de imprensa continue acesa!
____________________________________________
Rodrigo Constantino é economista.
Rodrigo Constantino - Blog do Noblat - 28.05.13.
Todos vimos, chocados, uma turba ensandecida invadindo agências da Caixa em diferentes estados, após rumores de suspensão do pagamento do Bolsa Família.
Impressionou o fato de que a maioria ali era bem nutrida, em perfeitas condições de trabalho em um país com pleno emprego.
Uma das beneficiadas pelo programa, em entrevista, reclamou que a quantia não era suficiente para comprar uma calça para sua filha de 16 anos. O valor da calça: trezentos reais!
Talvez seja parte do conceito de “justiça social” da esquerda progressista garantir que adolescentes tenham roupas de grife para bailes funk.
Não quero, naturalmente, alegar que todos aqueles agraciados pelas benesses estatais não precisam delas. Ainda há muita pobreza no Brasil, ao contrário do que o próprio governo diz, manipulando os dados. Mas essa pobreza tem forte ligação com esse modelo de governo inchado, intervencionista e paternalista.
O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma perigosa dependência.
Para gerar melhores empregos, precisamos de menos burocracia, menos gastos públicos e impostos, mais flexibilidade nas leis trabalhistas, mais concorrência de livre mercado e um sistema melhor de educação (não confundir com jogar mais dinheiro público nesse modelo atual).
O ex-presidente Lula criticava, quando era oposição, o “voto de cabresto”, a compra de eleitores por meio de migalhas, esquema típico do coronelismo nordestino.
Quão diferente é o Bolsa Família, que já contempla dezenas de milhões de pessoas, sem uma estratégia de saída? Um programa que comemora o crescimento do número de dependentes! O leitor vê tanta diferença assim?
A presidente Dilma disse que quem espalhou os boatos era “desumano”, “criminoso”, e garantiu que o programa era “definitivo”, para “sempre”. Isso diz muito. “Nada é tão permanente quanto uma medida temporária de governo”, sabia Milton Friedman.
Não custa lembrar que o próprio PT costuma apelar para o “terrorismo eleitoral” em época de eleição, espalhando rumores de que a oposição pode encerrar o programa. Desumano? Criminoso?
Depois que o governo cria privilégios concentrados, com custos dispersos, quem tem coragem de ir contra? Seria suicídio político. Por isso ninguém toca no assunto, ninguém vem a público dizer o óbvio: essas esmolas prejudicam nossa democracia e não tiram essas pessoas da pobreza.
As esmolas estimulam a preguiça, a passividade e a informalidade. Por que correr atrás quando o “papai” governo dá mesada?
O agravante disso tudo é que os recursos do governo não caem do céu. Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e “benevolente”.
Para adicionar insulto à injúria, não recebe nada em troca. Paga impostos escandinavos para serviços africanos. Conta com escolas públicas terríveis, antros de doutrinação marxista.
Os hospitais públicos também são péssimos. A infraestrutura e os meios de transporte são caóticos. A insegurança é total. Acabamos tendo que pagar tudo em dobro, fugindo para o setor privado, sempre mais eficiente.
Como se não bastasse tanto descaso, ainda somos obrigados a ver uma das representantes da esquerda, a filósofa Marilena Chauí, soltando sua verborragia em evento de lançamento de livro sobre Lula e Dilma.
Chauí, aquela que diz que o mundo se ilumina quando Lula abre a boca, declarou na ocasião: “A classe média é um atraso de vida. A classe média é estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista.”
É fácil dizer isso quando ganha um belo salário na USP, pago pela classe média. Chauí não dá nome aos bois, pois é mais fácil tripudiar de uma abstração de classe.
Mas não nos enganemos: a classe média que ela odeia somos nós, aqueles que simplesmente pretendem trabalhar e melhorar de vida, ter mais conforto material, em vez de se engajar em luta ideológica em nome dos proletários, representados pelos ricos petistas.
Pergunto: quem vai olhar por nós? Que partido representa a classe média? Com certeza, não é a esquerda das esmolas estatais bancadas com nosso suor, que depois ainda vem declarar todo seu ódio a quem paga a fatura.
Perdemos dois ícones da imprensa independente: Dr. Ruy Mesquita e Roberto Civita. Que a chama da liberdade de imprensa continue acesa!
____________________________________________
Rodrigo Constantino é economista.
- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21087
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Não acredito que esse picareta foi citado no tópico. Pelo menos não xinga publicamente os algozes como fazia em 2005/2006 no falecido orkut. Ainda arranjou uma teta enorme no Globo. Para ver o nível da imprensa.