"Jóia da Coroa" do Exército tem 1500 cavalos de potência
A última aquisição do Exército tem cerca de 11 metros de comprimento, 18 rodas dentro de lagartas, está pintado em vários tons de verde e na torre sobressai um imponente canhão suportado por 1500 cavalos de potência.
No dia em que chegaram os últimos oito blindados à Brigada Mecanizada no Campo Militar de Santa Margarida, a
Lusa foi conhecer a 'jóia da coroa' em carros de combate.
No Grupo de Carros de Combate os militares são todos jovens, mesmo os oficiais e as mais de 40 mulheres que ali servem, todos com silhueta magra e em boa forma física, o que se justifica com o esforço de subir os mais de três metros que o novo blindado apresenta.
A dificuldade não se traduz apenas na subida para o carro de combate, efectuada sempre «com três pontos de apoio para não cair, um pé, uma mão e depois o impulso», explica o oficial como se pode aceder, através da torre, ao seu interior.
Após a subida é necessária ginástica e um pouco de contorcionismo para ocupar os estreitos quatro espaços da guarnição no interior do Leopard, a descida pelo meio do 'canhão' origina a segunda advertência do comandante de esquadrão, «é uma peça de 120 milímetros».
A sensação no interior do blindado é claustrofóbica, sem espaços livres ou visão para o exterior, mesmo para o condutor do veículo, com mais de 60 toneladas, que só avalia o cenário exterior através de vários sistemas electrónicos com recurso a periscópios e sem vidro pára-brisas.
Basta ouvir o barulho do motor do Leopard para se perceber a capacidade e a potência da máquina, transmitindo a sensação de que nada consegue parar este «'Porsche' dos carros de combate que alcança mais de 70 quilómetros por hora», e que «passa por cima de tudo», graceja o capitão.
A viagem de demonstração e de treino prossegue pelo meio de matas e arvoredos.
Poças de água, charcos e lamaçais são ultrapassados sem qualquer dificuldade, não fossem os solavancos do Leopard, seria quase um passeio todo-o-terreno, mas que «não são nada comparados com os do velho carro blindado M 60».
A bordo do Leopard estão instalados os segredos militares mais restritos e modernos da NATO para esta arma, sistemas electrónicos, de comunicações e de tiro, que apesar da insistência da
Lusa para explicações, o comandante de esquadrilha limita-se a tapar a tecnologia e a justificar que «está em utilização no Afeganistão, por isso não lhe posso mostrar».
A demonstração impressiona, quanto mais não seja pela peça de fogo com mais de seis metros que o Leopard transporta, e que atinge alvos a mais de três quilómetros, com o blindado a rodar ou aos saltos e o 'canhão' a manter-se fixo e apontado.
Os novos veículos ainda não podem disparar. «Ainda não se pode disparar porque é necessário preparar as guarnições com formação específica e certificar os homens», para além de que as munições ainda não estão disponíveis, explica o capitão.
Para o Exército é um processo totalmente novo, «começar tudo a partir do zero, rotinas, fornecimentos, abastecimentos, qualificação», bem como todos os procedimentos relacionados com a manutenção do Leopard 2 A6, descreve o tenente-coronel Jorge Pedro, comandante da Brigada Mecanizada.
No entanto, e enquanto explica toda a estrutura e orgânica da Unidade, o oficial reconhece que não bastam os carros novos, são também «necessários todos os equipamentos de apoio que acompanham esta evolução» da arma de cavalaria.
«O Exército tem o mais moderno que existe em carros de combate, Portugal não envergonha ninguém, falta o resto para dar apoio», argumenta o tenente-coronel sem entrar em detalhes de equipamento.
O comandante da Brigada Mecanizada concorda com as políticas de reequipamento e defende ser preferível «menos equipamento, mas de melhor qualidade e do mais moderno que existe, como o caso dos Leopard».
O oficial afirma que pretende mais militares para a Brigada: «Temos 269 homens, em vez dos 432 inscritos no quadro orgânico, mas operamos com os que temos», e que no caso da Brigada Mecanizada do Exército «são os melhores».
Lusa