Missão de Paz no Haiti
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Haiti: cambalacho denuncia fiasco da missão
Por Rui Nogueira
O acordo-cambalacho que arrumou o resultado final das eleições no Haiti é a prova do fiasco da missão das Nações Unidas e a quase inutilidade, em particular, do trabalho das Forças Armadas brasileiras naquele país. Fez-se o acordo, para dar por encerrada a eleição, porque a missão da ONU não agüentaria uma nova campanha para decidir a Presidência haitiana em um segundo turno. Optou-se por uma estratégica meio envergonhada, agora, para evitar que o caos de um segundo turno expusesse a missão à vergonha inteira.
Desde o início da crise — e está aí um estudioso do assunto, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que não me deixa falar no vazio — diagnosticou-se que o problema no Haiti era, sim, de manutenção imediata da ordem pública, mas também de criação de um ambiente de institucionalidade que transformasse as futuras eleições presidenciais em uma espécie de ponto de partida para o enraizamento do Estado democrático. Era um trabalho que deveria pôr um fim à fúria violenta e histórica que decide nas ruas o destino sempre macabro do país e, ao mesmo tempo, criar um espaço de manifestação e participação políticas minimamente ordenadas e confiáveis, a ponto de controlar o gangsterismo político.
ONU: repetindo um velho erro
A enormidade da tarefa afastou até norte-americanos e franceses, que eram dois dos candidatos naturais à missão. Desde o início, com os casos do Afeganistão, Iraque, Coréia do Norte e Israel-Palestina a tomar conta da agenda, o Conselho de Segurança das Nações Unidas cuidou da urgência militar da missão para o Haiti, isto é, do envio de soldados para o país, mas nunca se preocupou em planejar o perfil de uma tarefa que precisava ter um caráter interventor profundo e legítimo para quebrar o tal ciclo de violência e de completa destruição institucional.
A ONU já havia cometido esse mesmo erro em Angola, em 1992, quando se concentrou na tarefa de contenção dos bandos armados, que se faziam passar por partidos políticos, e retirou os capacetes-azuis da ex-colônia portuguesa na África. Virou as costas a uma situação que não estava institucionalmente consolidada. O resultado é que o ambiente pós-retirada logo descambou para nova espiral de guerra civil, só igualada em ferocidade à guerra fratricida pós-descolonização, em meados dos anos 70. A paz só voltou em 2002, ao fim de um novo processo eleitoral antecedido por outra missão militar, a terceira, desprovida dos erros das anteriores.
Tanto a ONU sabia da barbeiragem perpetrada em Angola que, no caso de Timor, a tarefa número um do saudoso Sérgio Vieira de Mello foi ditada por ele mesmo assim, em off, à Primeira Leitura, em uma conversa telefônica mantida em agosto de 2001: “Não desejo para Timor as experiências em que a ONU pacifica territórios, organiza eleições e dá as costas a países que jamais conseguem chegar à condição de nação”. Vieira de Mello comandou o processo bem sucedido de pacificação, democratização e institucionalização do Timor, entre 1999 e 2002, e foi morto no Iraque, em 2003, por um ataque terrorista à missão da própria ONU.
Um troféu
O Itamaraty sabia de tudo isso, mas ofereceu de bandeja o Exército brasileiro para cabeça de uma missão em que nossas tropas desempenharam o papel, acima de tudo, de cabos eleitorais da pretensão lulista de chegar a uma cadeira de membro permanente em um Conselho de Segurança reformado. Cada soldado brasileiro fez e faz no Haiti o melhor que pode, mas o máximo que lhe exigem é que sejam todos bons policiais – justo o que eles não são. E no primeiro teste de verdade descobriu-se o óbvio: que nada havia mudado, pois, ao sinal de que a fúria das ruas estava ressuscitando, a ONU e o Brasil trataram de arrumar um jeito de dar por encerrado o processo eleitoral e apresentar o acordo-cambalacho como prova dos bons serviços prestados pela missão.
ONU e Brasil moveram-se em direção ao acordo que pingou uma mancha de origem no governo de René Préval única e exclusivamente para terem em mãos um troféu que justifique a missão pela missão. Porque a missão não cumpriu missão nenhuma. Afinal, que país está sendo criado a partir de uma eleição que decide distribuir proporcionalmente votos brancos por todos os candidatos, aritmética que permitiu atribuir a vitória a um dos concorrentes do pleito?
Admito, dado que as condições não foram criadas, que o cambalacho pode ter sido o mal menor diante das ruas enraivecidas e incontidas que, muito provavelmente, não teriam deixado realizar o segundo turno das eleições. Enfim, chegamos de maneira oportunista. Saíremos do mesmo jeito!
http://www.primeiraleitura.com.br/auto/ ... hp?id=7032
Por Rui Nogueira
O acordo-cambalacho que arrumou o resultado final das eleições no Haiti é a prova do fiasco da missão das Nações Unidas e a quase inutilidade, em particular, do trabalho das Forças Armadas brasileiras naquele país. Fez-se o acordo, para dar por encerrada a eleição, porque a missão da ONU não agüentaria uma nova campanha para decidir a Presidência haitiana em um segundo turno. Optou-se por uma estratégica meio envergonhada, agora, para evitar que o caos de um segundo turno expusesse a missão à vergonha inteira.
Desde o início da crise — e está aí um estudioso do assunto, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que não me deixa falar no vazio — diagnosticou-se que o problema no Haiti era, sim, de manutenção imediata da ordem pública, mas também de criação de um ambiente de institucionalidade que transformasse as futuras eleições presidenciais em uma espécie de ponto de partida para o enraizamento do Estado democrático. Era um trabalho que deveria pôr um fim à fúria violenta e histórica que decide nas ruas o destino sempre macabro do país e, ao mesmo tempo, criar um espaço de manifestação e participação políticas minimamente ordenadas e confiáveis, a ponto de controlar o gangsterismo político.
ONU: repetindo um velho erro
A enormidade da tarefa afastou até norte-americanos e franceses, que eram dois dos candidatos naturais à missão. Desde o início, com os casos do Afeganistão, Iraque, Coréia do Norte e Israel-Palestina a tomar conta da agenda, o Conselho de Segurança das Nações Unidas cuidou da urgência militar da missão para o Haiti, isto é, do envio de soldados para o país, mas nunca se preocupou em planejar o perfil de uma tarefa que precisava ter um caráter interventor profundo e legítimo para quebrar o tal ciclo de violência e de completa destruição institucional.
A ONU já havia cometido esse mesmo erro em Angola, em 1992, quando se concentrou na tarefa de contenção dos bandos armados, que se faziam passar por partidos políticos, e retirou os capacetes-azuis da ex-colônia portuguesa na África. Virou as costas a uma situação que não estava institucionalmente consolidada. O resultado é que o ambiente pós-retirada logo descambou para nova espiral de guerra civil, só igualada em ferocidade à guerra fratricida pós-descolonização, em meados dos anos 70. A paz só voltou em 2002, ao fim de um novo processo eleitoral antecedido por outra missão militar, a terceira, desprovida dos erros das anteriores.
Tanto a ONU sabia da barbeiragem perpetrada em Angola que, no caso de Timor, a tarefa número um do saudoso Sérgio Vieira de Mello foi ditada por ele mesmo assim, em off, à Primeira Leitura, em uma conversa telefônica mantida em agosto de 2001: “Não desejo para Timor as experiências em que a ONU pacifica territórios, organiza eleições e dá as costas a países que jamais conseguem chegar à condição de nação”. Vieira de Mello comandou o processo bem sucedido de pacificação, democratização e institucionalização do Timor, entre 1999 e 2002, e foi morto no Iraque, em 2003, por um ataque terrorista à missão da própria ONU.
Um troféu
O Itamaraty sabia de tudo isso, mas ofereceu de bandeja o Exército brasileiro para cabeça de uma missão em que nossas tropas desempenharam o papel, acima de tudo, de cabos eleitorais da pretensão lulista de chegar a uma cadeira de membro permanente em um Conselho de Segurança reformado. Cada soldado brasileiro fez e faz no Haiti o melhor que pode, mas o máximo que lhe exigem é que sejam todos bons policiais – justo o que eles não são. E no primeiro teste de verdade descobriu-se o óbvio: que nada havia mudado, pois, ao sinal de que a fúria das ruas estava ressuscitando, a ONU e o Brasil trataram de arrumar um jeito de dar por encerrado o processo eleitoral e apresentar o acordo-cambalacho como prova dos bons serviços prestados pela missão.
ONU e Brasil moveram-se em direção ao acordo que pingou uma mancha de origem no governo de René Préval única e exclusivamente para terem em mãos um troféu que justifique a missão pela missão. Porque a missão não cumpriu missão nenhuma. Afinal, que país está sendo criado a partir de uma eleição que decide distribuir proporcionalmente votos brancos por todos os candidatos, aritmética que permitiu atribuir a vitória a um dos concorrentes do pleito?
Admito, dado que as condições não foram criadas, que o cambalacho pode ter sido o mal menor diante das ruas enraivecidas e incontidas que, muito provavelmente, não teriam deixado realizar o segundo turno das eleições. Enfim, chegamos de maneira oportunista. Saíremos do mesmo jeito!
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"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Eu não estudei a situação do Haiti, mas não considero o texto deste senhor Rui Nogueira "um tamanho de idiotices". Muito pelo contrário, me parece equilibrado, baseado em argumentos sólidos e e em conhecimento de história diplomática.
Além disso, eu não vi nada no texto que desabonasse as Forças Armadas brasileiras (ou mesmo as das outras nações). Os militares fizeram o que lhes foi ordenado. Ou seja, eles cumpriram a sua missão(*). As falhas e deficiências apontadas no texto estão na conta dos políticos civis, como o Presidente Lula e esse exibicionista ministro do exterior brasileiro. E da alta-administração da ONU.
Resumindo, aqueles que teriam falhado foram os que deram a missão. E não aqueles que a cumpriram.
E, quanto ao destino futuro desse país infeliz, eu espero estar enganado, mas acredito que vai ser mais fácil a Luana Piovani entrar para um convento carmelita do que o Haiti se transformar numa democracia ocidental plena.
_______________________
(*): Com exceção, é claro, do desertor suicida.
Além disso, eu não vi nada no texto que desabonasse as Forças Armadas brasileiras (ou mesmo as das outras nações). Os militares fizeram o que lhes foi ordenado. Ou seja, eles cumpriram a sua missão(*). As falhas e deficiências apontadas no texto estão na conta dos políticos civis, como o Presidente Lula e esse exibicionista ministro do exterior brasileiro. E da alta-administração da ONU.
Resumindo, aqueles que teriam falhado foram os que deram a missão. E não aqueles que a cumpriram.
O Itamaraty sabia de tudo isso, mas ofereceu de bandeja o Exército brasileiro para cabeça de uma missão em que nossas tropas desempenharam o papel, acima de tudo, de cabos eleitorais da pretensão lulista de chegar a uma cadeira de membro permanente em um Conselho de Segurança reformado. Cada soldado brasileiro fez e faz no Haiti o melhor que pode, mas o máximo que lhe exigem é que sejam todos bons policiais – justo o que eles não são.
E, quanto ao destino futuro desse país infeliz, eu espero estar enganado, mas acredito que vai ser mais fácil a Luana Piovani entrar para um convento carmelita do que o Haiti se transformar numa democracia ocidental plena.
Afinal, que país está sendo criado a partir de uma eleição que decide distribuir proporcionalmente votos brancos por todos os candidatos, aritmética que permitiu atribuir a vitória a um dos concorrentes do pleito?
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(*): Com exceção, é claro, do desertor suicida.
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Editorial - Folha de S. Paulo 19/02/06
ATALHO NO HAITI
O desfecho da controversa eleição presidencial no Haiti não traz um saldo positivo para a atuação do Brasil. O Itamaraty e o Planalto cederam ao argumento, de resto verossímil, de que a anulação do pleito, marcado por graves indícios de fraudes, seria estopim potencial para uma explosão de violência naquele país do Caribe.
Em nome da "Realpolitik", Brasília, aliada às demais diplomacias interessadas na estabilização do Haiti, ajudou a desferir um golpe no processo eleitoral. A hipocrisia e a desfaçatez com que as autoridades brasileiras trataram a violação de um princípio democrático pioram o quadro.
Mudar as regras de contagem dos votos depois de o escrutínio ter sido realizado é uma manobra que não seria aceita no Brasil, nos Estados Unidos nem na França. No entanto, os governos desses países não apenas a acataram de bom grado como a incentivaram no caso do Haiti.
Pior para o Brasil, que lidera a missão de paz das Nações Unidas no país caribenho e apenas disfarça com malabarismos verbais o fato de ter sido o mentor da intervenção heterodoxa. A idéia saiu do "pequeno riacho brasileiro, que foi sendo engrossado por outras águas, que se transformaram num caudaloso rio haitiano", declamou Paulo Pinto, embaixador em Porto Príncipe.
Manobrar para eleger presidente o franco favorito René Préval no primeiro turno foi uma decisão "elástica", nas palavras do mesmo diplomata. Ou um "atalho político", como prefere um encabulado Ricardo Seitenfus, enviado especial do governo brasileiro ao Haiti. O golpe fora anunciado de antemão pelo assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Ao encabeçar as gestões para violar a regra do jogo eleitoral no Haiti, o Brasil lembra a ação das potências ocupantes no colonialismo clássico. Supõe que os haitianos possam se contentar com qualquer idéia aproximada de democracia, mesmo que se desvie em pontos fundamentais do modelo que não aceita casuísmos, muito menos para eleger o chefe de Estado. É uma "democracia" mais ou menos, moldável às ocasiões.
Certamente haveria riscos ponderáveis e bastante imediatos caso a opção fosse respeitar as regras do jogo, como defendeu esta Folha. A instabilidade social e institucional no Haiti não precisa de muito para desaguar em violência generalizada. E o cancelamento do pleito -ou mesmo a realização de um segundo turno- poderia ser um catalisador a levar ao descontrole.
Mas o Brasil e a ONU estão no Haiti para ajudar a construir uma democracia moderna. Nessa missão, jamais poderiam concordar com soluções que não as canônicas. Se fosse para optar pelo "atalho político", era melhor que a diplomacia e os militares brasileiros tivessem ficado em casa. Esse é o tipo de desfecho que põe o essencial a perder, porque cede à mesma lógica que tem feito do Haiti um dos regimes políticos mais instáveis do planeta.
ATALHO NO HAITI
O desfecho da controversa eleição presidencial no Haiti não traz um saldo positivo para a atuação do Brasil. O Itamaraty e o Planalto cederam ao argumento, de resto verossímil, de que a anulação do pleito, marcado por graves indícios de fraudes, seria estopim potencial para uma explosão de violência naquele país do Caribe.
Em nome da "Realpolitik", Brasília, aliada às demais diplomacias interessadas na estabilização do Haiti, ajudou a desferir um golpe no processo eleitoral. A hipocrisia e a desfaçatez com que as autoridades brasileiras trataram a violação de um princípio democrático pioram o quadro.
Mudar as regras de contagem dos votos depois de o escrutínio ter sido realizado é uma manobra que não seria aceita no Brasil, nos Estados Unidos nem na França. No entanto, os governos desses países não apenas a acataram de bom grado como a incentivaram no caso do Haiti.
Pior para o Brasil, que lidera a missão de paz das Nações Unidas no país caribenho e apenas disfarça com malabarismos verbais o fato de ter sido o mentor da intervenção heterodoxa. A idéia saiu do "pequeno riacho brasileiro, que foi sendo engrossado por outras águas, que se transformaram num caudaloso rio haitiano", declamou Paulo Pinto, embaixador em Porto Príncipe.
Manobrar para eleger presidente o franco favorito René Préval no primeiro turno foi uma decisão "elástica", nas palavras do mesmo diplomata. Ou um "atalho político", como prefere um encabulado Ricardo Seitenfus, enviado especial do governo brasileiro ao Haiti. O golpe fora anunciado de antemão pelo assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Ao encabeçar as gestões para violar a regra do jogo eleitoral no Haiti, o Brasil lembra a ação das potências ocupantes no colonialismo clássico. Supõe que os haitianos possam se contentar com qualquer idéia aproximada de democracia, mesmo que se desvie em pontos fundamentais do modelo que não aceita casuísmos, muito menos para eleger o chefe de Estado. É uma "democracia" mais ou menos, moldável às ocasiões.
Certamente haveria riscos ponderáveis e bastante imediatos caso a opção fosse respeitar as regras do jogo, como defendeu esta Folha. A instabilidade social e institucional no Haiti não precisa de muito para desaguar em violência generalizada. E o cancelamento do pleito -ou mesmo a realização de um segundo turno- poderia ser um catalisador a levar ao descontrole.
Mas o Brasil e a ONU estão no Haiti para ajudar a construir uma democracia moderna. Nessa missão, jamais poderiam concordar com soluções que não as canônicas. Se fosse para optar pelo "atalho político", era melhor que a diplomacia e os militares brasileiros tivessem ficado em casa. Esse é o tipo de desfecho que põe o essencial a perder, porque cede à mesma lógica que tem feito do Haiti um dos regimes políticos mais instáveis do planeta.
- Vinicius Pimenta
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Ficou mais do que claro que as eleições foram fraudadas e o candidato seria o vencedor. Conduzi-lo ao poder foi a melhor solução. De fato as Nações Unidas não suportariam um novo processo eleitoral. Estavam esperando o que, um padrão suíço num país que em 202 anos só 1 presidente - o próprio que acabou de ser eleito - completou o mandato?
Demagogia criticar uma solução que todo mundo sabe que era o que podia ser feito.
Vejo que a mídia confunde muito a questão da missão da ONU. O Brasil é responsável apenas pelo componente militar e policial. A parte civil e eleitoral é da ONU e OEA.
Brasília tem 2 milhões de habitantes e uma força policial de cerca de 20 mil homens. O Estado do Rio de Janeiro tem cerca de 12 milhões de habitantes e uma força policial de 50 mil homens. O Haiti tem 8 milhões de habitantes e pouco mais de 12 mil (somando os efetivos da ONU). Convenhamos não há possibilidades de segurar essa massa. Podia ser quem quer que fosse, os Marines, Seals, Royal Marines... Não dá.
Dizer o contrário é pura demagogia.
Demagogia criticar uma solução que todo mundo sabe que era o que podia ser feito.
Vejo que a mídia confunde muito a questão da missão da ONU. O Brasil é responsável apenas pelo componente militar e policial. A parte civil e eleitoral é da ONU e OEA.
Brasília tem 2 milhões de habitantes e uma força policial de cerca de 20 mil homens. O Estado do Rio de Janeiro tem cerca de 12 milhões de habitantes e uma força policial de 50 mil homens. O Haiti tem 8 milhões de habitantes e pouco mais de 12 mil (somando os efetivos da ONU). Convenhamos não há possibilidades de segurar essa massa. Podia ser quem quer que fosse, os Marines, Seals, Royal Marines... Não dá.
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Bueno, em primeiro lugar, permitam-me fazer minhas as palavras do Clermont, só para variar...
Segundo, a única coisa que posso falar contra o texto do tal de Nojeira, digo, Nogueira, é a citação do narcodeputado Fernando Gaybeira: para mim, se perguntarem a ele, dirá que a solução para o Haiti é plantar Cannabis e 'assumir'...
De qualquer modo, nossas tropas fazem o melhor que podem, se os politiqueiros deturpam sua função, num me surpreendo, faz tempo que as coisas são assim...
Ah, e num acho que devamos sair de lá, tenho verdadeira ojeriza por deixar as coisas pela metade...
Segundo, a única coisa que posso falar contra o texto do tal de Nojeira, digo, Nogueira, é a citação do narcodeputado Fernando Gaybeira: para mim, se perguntarem a ele, dirá que a solução para o Haiti é plantar Cannabis e 'assumir'...
De qualquer modo, nossas tropas fazem o melhor que podem, se os politiqueiros deturpam sua função, num me surpreendo, faz tempo que as coisas são assim...
Ah, e num acho que devamos sair de lá, tenho verdadeira ojeriza por deixar as coisas pela metade...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Quisiera saber ahora que Haiti ya tiene presidente, cual va ha ser el destino de nuestras fuerzas, en otras palabras, cuando las tendremos de regreso, que planes existen para este año 2006.
Saludos,
JRIVERA
Saludos,
JRIVERA
A triunfar Peruanos !!! que somos hermanos, que sea la victoria nuestra gratitud...Te daré la vida y cuando yo muera, me uniré en la tierra CONTIGO PERU !!!!
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Algumas fotos:
Soldado brasileiro dá cobertura enquanto outro protege hatiano levando a um local seguro.
Integração com a comunidade. Soldado brasileiro joga futebol com meninos haitianos.
Fuzileiro Naval brasileiro com Minimi e M-16A2.
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Batalhão Haiti apreende armamento ilegal
No dia 20 de fevereiro, nas proximidades de Cité Militaire, a tropa brasileira capturou armamento, munição, equipamento de comunicações, celulares e ainda deteve 04 (quatro) suspeitos que foram entregues, juntamente com o material capturado, à polícia da ONU na MINUSTAH (UNPOL). A captura do armamento teve expressiva repercussão na mídia local e mereceu um comunicado de imprensa especial da MINUSTAH.
------------
Batalhão Haiti apóia a mídia brasileira
Entre os dias 02 e 17 de fevereiro, seis órgãos da mídia brasileira (jornais O Estado de São Paulo, O Globo e Folha de São Paulo; TV Globo, SBT e Radiobrás) estiveram no Haiti para a cobertura das eleições. Na oportunidade, a Seção de Comunicação Social do Batalhão Haiti realizou extenso trabalho de apoio aos mesmos. Foram efetuadas 34 idas diurnas e noturnas ao terreno. O resultado dessa atuação foi a veiculação de matérias positivas sobre o contingente brasileiro nos principais telejornais do Brasil, que alcançaram audiência diária de mais de 50 milhões de telespectadores entre os dias 6 e 15 de fevereiro. A impressão desse trabalho entre os jornalistas pode ser traduzida pelo texto abaixo, redigido por repórter do SBT:
“... Não são só as palavras. Há posturas que só o Brasil tem; comprovei isso aqui no Haiti. Parabéns pelo trabalho, que me deixou ainda mais orgulhoso de ser brasileiro. Muito obrigado por tudo”.
Fonte: Exército Brasileiro
No dia 20 de fevereiro, nas proximidades de Cité Militaire, a tropa brasileira capturou armamento, munição, equipamento de comunicações, celulares e ainda deteve 04 (quatro) suspeitos que foram entregues, juntamente com o material capturado, à polícia da ONU na MINUSTAH (UNPOL). A captura do armamento teve expressiva repercussão na mídia local e mereceu um comunicado de imprensa especial da MINUSTAH.
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Batalhão Haiti apóia a mídia brasileira
Entre os dias 02 e 17 de fevereiro, seis órgãos da mídia brasileira (jornais O Estado de São Paulo, O Globo e Folha de São Paulo; TV Globo, SBT e Radiobrás) estiveram no Haiti para a cobertura das eleições. Na oportunidade, a Seção de Comunicação Social do Batalhão Haiti realizou extenso trabalho de apoio aos mesmos. Foram efetuadas 34 idas diurnas e noturnas ao terreno. O resultado dessa atuação foi a veiculação de matérias positivas sobre o contingente brasileiro nos principais telejornais do Brasil, que alcançaram audiência diária de mais de 50 milhões de telespectadores entre os dias 6 e 15 de fevereiro. A impressão desse trabalho entre os jornalistas pode ser traduzida pelo texto abaixo, redigido por repórter do SBT:
“... Não são só as palavras. Há posturas que só o Brasil tem; comprovei isso aqui no Haiti. Parabéns pelo trabalho, que me deixou ainda mais orgulhoso de ser brasileiro. Muito obrigado por tudo”.
Fonte: Exército Brasileiro
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- Rui Elias Maltez
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- rodrigo
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O Haiti está menos perigoso que as favelas cariocas. No RJ morreu aquele cabo do EB, no Haiti a única baixa foi por suicídio.Batalhão Haiti apreende armamento ilegal
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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da pretensão lulista de chegar a uma cadeira de membro permanente em um Conselho de Segurança reformado
Como comentar?
No excesso das palavras a ausência fala por todas.
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Difícil falar sobre a decisão tomada quanto ao processo eleitoral.
Não concordo com a decisão tomada, pois ela lembra em muito uma decisão autoritária baseada em uma pretensa democracia forjada de última hora ao gosto dos interventores e dos "vencedores".
Nada diferente do usual.
A cada dia mais me impressiono com a elasticidade de uma democracia que desconheço como legitima, mas que se torna, aos olhos dos interventores, "bálsamo" aplicado a todos os conturbados países de terceiro mundo.
Assim se aplica uma democracia a gosto e em nome dessa deturpada democracia tudo se faz válido.
Nesse mundo moderno, ou pós-moderno para alguns, vivemos com o presença amedrontadora da democracia "tipo exportação". Democracia forjada a hora e ao gosto do cliente.
Infelizmente o Brasil permitiu e apoiou essa prática. Nós que sentimos a navalha cortar a carne à década de 60 atuamos como nossos algozes de outrora.
O risco presente era uma convulsão social diziam os detentores do poder. Poder incrivelmente deslocado do povo para os interventores, efeitos claros da fenomenal elasticidade desse modelo democrático "tipo exportação".
Carlos diz que ama Ana que diz que ama Carlos, mas Ana transa toda a quinta feira com o Roberto. Coitado do Roberto!
Riscos todos enfrentamos. O risco justificava a aplicação da nomeada democracia "tipo exportação"?
Por fim, não sairia pior aquele povo se passasse pela temida convulsão. Ao menos naquele povo cresceria um conceito de amor pela vida.
Acabamos, no fim, por estimular indiretamente a criação de um novo ciclo de erros.
Renasce um estado manchado em seu primeiro dia.
Ficaremos lá para sempre? E quando sairmos? A pretensa democracia conseguirá sobreviver? A que custo?
Talvez o medo das mortes pela liberdade se transforme nos massacres da escravidão, que destroem o corpo e a alma.
O tempo trará as respostas e que sejam boas.
Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.
Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."